O Homem que Perdeu a Alma escrita por Willow Oak Acanthus


Capítulo 25
Capítulo XXIII - Caim e Abel.


Notas iniciais do capítulo

Oi oi : )
Nesse capítulo acontece um rompante que eu estava muito, muito, muito ansiosa para escrever. Parte do conflito estava escrito a mais de um mês, e o momento finalmente chegou.

No próximo capítulo vai acontecer um negócio babado, e no outro...
Vou deixar vocês especularem.

Boa leitura ♥

Verde é a cor de sua preferência
A rapidez dos olhos engana a mente
A inveja é o laço entre o esperançoso e o condenado - Pink Floyd.



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Ponto de vista de Sam Winchester.

Entro no hall do motel, e a primeira pessoa que encontro é Dean, parado em frente a uma máquina de comida instantânea. Assim que coloca os olhos em mim, meu irmão mais velho forma um vinco em sua testa e anda em minha direção.

—Cadê a Laverne? – Ele me pergunta, um pacote de comida em suas mãos. Dou um longo suspiro de raiva, enquanto minha mão machucada treme por dentro do bolso.

—Ela...- Começo a falar, mas paro no mesmo momento. Hazel e Noah descem as escadas do hall, ambos indo rumo ao café do motel. Dean os encara, completamente confuso, e Hazel acena para Dean timidamente, seguindo com seu caminho. Não sem antes me olhar com uma indiferença fria e tremenda.

Seu olhar dói tanto que chega a queimar.

—Onde ela tá indo? Quem é aquele?! – Dean se vira novamente para mim, as sobrancelhas erguidas, a expressão confusa.

—Noah. – Me limito a dizer, engolindo a seco pelo nervosismo. Dean me disfere uma expressão de incredulidade, pois sabe muito bem quem é Noah, e eu umedeço os lábios antes de continuar – A irmã do cara desapareceu, e só tem quinze anos. Hazel quer ajudar, claro, e eu também. Achamos que foi o Wendigo. Como ele conhece ela, sabe que não é do FBI, e ficou muito confuso quando deu de cara conosco, lá na base. Bom...- Dou de ombros, respirando fundo e desejando desaparecer – Ela vai explicar a situação para ele, por isso estão indo juntos para o café.

—Você só pode estar brincando, Sammy! – A voz de Dean é grossa e ele parece irritado – Tá me dizendo que vocês dois tropeçaram no ex-namorado dela justo quando você fez uma merda gigantesca com ela, é isso? E que a irmã do cara, ainda por cima, faz parte do caso?! – Dean fica me encarando, como se desejasse que eu desmentisse tudo e dissesse que não passa de uma pegadinha.

Respiro fundo e olho para baixo, sentindo meu coração ruir.

—É, é exatamente isso. – Minha voz sai firme, mas é pura encenação. Eu preciso me conter, eu preciso ser maduro e segurar o tranco. Fui eu quem colocou um ponto final na nossa história antes mesmo de ela recomeçar, para a proteção dela. E faria de novo, se isso garantisse que Lúcifer vai deixá-la em paz.

Não sei se minhas visões são reais ou não. São reais o suficiente para mim.

Azazel quase a matou uma vez, por meu egoísmo em amá-la. Não vou cometer o mesmo erro duas vezes. E preciso fazer as pazes com isso.

—E você deixou ela ir?! – Dean coloca as mãos nos meus ombros, quase me chacoalhando.

—Como assim, “deixei”? Dean, ela é solteira, tem o direito de fazer o que quiser! – Minha voz vacila por um momento. Dizer isso em voz alta dói como se eu estivesse engolindo alfinetes, um por um – Eu não posso ser hipócrita, Dean. Não posso prendê-la a mim, não quando não posso dar a ela o que ela quer e precisa...

—Você não pode estar batendo bem, cara... – Dean coça a própria nuca, indignado e vermelho, uma veia lhe saltando da testa – Eu sei que as visões acabaram com você, e que você surtou. Mas você não pode estar levando essa decisão a sério, Sammy!

—Estou, Dean. Quando se trata dela, eu sempre estou falando sério. Ela corre risco comigo, e você...

—Ah, cala a boca! – Dean me interrompe, claramente alterado – Você não é mais “a criatura”, Sammy. Sua alma está de volta onde pertence, e honestamente, com os poderes dela, ela é mais ameaça para você do que você para ela! Então me diga, pelo amor de deus, o que te convenceu que de repente você é uma bomba relógio perto dela?!

Todo o meu corpo estremece, porque não posso contar a ele sobre Lúcifer. Não posso contar a ninguém. Por que, e se o Diabo não for apenas uma alucinação? E se estiver, realmente, arranhando a minha mente em busca de liberdade?

Todos correm perigo perto de mim. Essa é a verdade.

No momento em que eu decidi me sacrificar pela humanidade, dizendo sim a ele, eu me condenei.

—Você está escondendo alguma coisa, Sammy. – Meu irmão diz, com a voz e os olhos desconfiados – Sei que está. Seja lá o que for, por favor, fale comigo, porra! O que te convenceu de que não pode ficar com ela?!

Olho para os cantos, com um arrepio percorrendo o meu corpo. Todas as vezes que Lúcifer aparece, me estremeço por completo, como se nunca fosse ser feliz de novo. Como se meu corpo e minha alma pesassem toneladas.

Ele ainda não está aqui. Me machuquei tão fundo que acredito que talvez eu esteja livre dele pela noite, mas nunca se sabe.

—Toda a minha história com ela, acho que isso é convincente o suficiente, não acha? – Desconverso, a minha cabeça latejando com tantas informações recebidas nas últimas vinte e quatro horas. Isso porque ainda nem me lembrei do inferno...— Você acha que ela ficaria com ele, Dean? Acha que ela me machucaria assim?

Olho para o meu irmão com uma dor genuína nos olhos. Me sinto um garotinho inocente e idiota, vulnerável, preso no corpo de um homem adulto. Quero implorar a ela que não faça isso.

Quero me afogar em alguma coisa que me faça parar de pensar nela.

—Não, não acho. – Dean diz, de maneira sombria – Hazel é uma boa garota, Sammy. Ela não usaria o cara para te machucar. Tenho certeza disso.

Aquiesço, incerto. Sei que ela é uma boa garota, a questão nem é essa. Boa ou má, Hazel está com o coração inflamado e machucado por mim.

E isso pode alterar e abalar a mais firme das morais.

—Bom, eu... vou ir a um bar. Jesse livrou a área de demônios, certo? Vou esfriar a cabeça... – Começo a andar em direção a escada, e Dean me acompanha. A última coisa que quero é ficar sóbrio durante a noite, imaginando o que ela pode ou não estar fazendo com Noah Andrews – Vou me trocar, esse terno está me matando... – Começo a tirar a gravata já no corredor, e Dean coloca a mão em meu ombro.

—Eu vou com você, tudo bem? – Meu irmão tem um olhar preocupado, e eu pondero por um momento. Queria ficar sozinho, me afogar em solidão, mas aquiesço.

Talvez estar sozinho seja perigoso para mim hoje.

XXX

Ponto de vista de Hazel Laverne.

Se alguém me dissesse que um dia eu estaria nessa situação, eu iria rir e perguntar o quão sádico é o ser que escreve a minha história.

Estou em uma mesa, com meu ex-namorado, cujo a irmã está desaparecida e provavelmente morta, e este calha de ser o meu primeiro caso. O meu outro ex-namorado, ao qual eu amo e odeio de maneira incandescente, “terminou” comigo, e acabo de vê-lo saindo pelo hall com o irmão (que é apaixonado por mim) para sabe-se lá onde, enquanto o meu irmão (que roubou as minhas memórias) está por aí.

É. Pode-se dizer que a minha vida é uma comédia de mau gosto. Ou uma tragédia muito, muito cafona.

—Eu espero não ter te causado problemas, Laverne. – Noah me diz, me despertando dos meus devaneios de autodepreciação. Onde Sam foi? O que será que fará essa noite? Todo o meu interior se contorce, só por imaginá-lo com outra.

—Não me causou problema algum, Noah. O que o faz pensar isso? – Noah dá um sorriso de lado, deixando sua covinha evidente, enquanto beberica um copo de café expresso.

—Hazel, não sou idiota. Aquele é Sam Winchester...- Noah destaca o nome de Sam, e eu me retraio dentro do meu blazer – Não sei em que situação complicada vocês dois estão, mas é evidente que tem algo rolando.

—Está enganado, Noah. – Digo, respirando fundo e bebericando um leite quente, tentando evitar o arrepio que me percorre graças ao frio do ambiente. A neve cai impiedosa lá fora – Estamos trabalhando juntos, é só isso.

—Você devia ter visto os olhares de vocês dois, do lado de fora da base... – Noah sacode a cabeça em negativa, se lembrando do momento que está se referindo – Vocês dois estavam se encarando de modo... intenso. Não sei se por amor ou ódio, ou as duas coisas misturadas, mas... enfim, nem é da minha conta. Só quis dizer que não quero ficar no seu caminho. Obrigado por ter aceitado meu convite, Hazel. Significa muito para mim você querer ajudar a encontrar Dalilah. – Seus olhos castanhos se tornam pesarosos. Dou um longo suspiro. Tenho certeza de que não há salvação para a garota.

—Não se preocupe com isso, Andrews. Jamais negaria qualquer tipo de ajuda a você ou a sua família. – Digo isso com sinceridade. Passei seis meses com Noah no passado, e foi o suficiente para conhecer a pessoa boa que ele é. Embora não o tenha amado, gostei muito dele, e ele me ajudou em um momento muito sombrio na minha vida. Devo a ele muitas coisas, e uma dessas coisas é gratidão.

—E isso me leva a pergunta principal...- Noah começa a dizer, após pigarrear – Por que diabos você e Sam Winchester estavam se passando por agentes do FBI?

Seu olhar de carvalho me encara, e eu engulo em seco. Essa não vai ser uma conversa fácil. Por onde é que eu começo? Não adianta mentir para ele, já que sua irmã está em jogo. Dean sempre me disse que em casos em que um familiar está envolvido em um caso, a melhor coisa a se fazer é contar a verdade. E que isso, honestamente, é uma das coisas mais difíceis que um caçador pode fazer.

Contar a alguém inocente que os monstros debaixo da cama são reais.

—Noah, as coisas que você vai ouvir não serão fáceis de assimilar, e eu peço que considere que eu nunca mentiria para você, especialmente se tratando da sua irmã... – Começo a dizer, a voz firme para passar confiança para ele. Noah se endireita na cadeira, nervoso com as minhas palavras – Então por favor, tente manter a mente aberta...

Noah Andrews fica em silêncio, e me ouve pacientemente por mais ou menos vinte minutos. Deixo de fora os detalhes mórbidos sobre mim. Me atenho a contar a ele apenas sobre o Wendigo, sobre o que é um caçador e como acreditamos que todas essas pessoas foram levadas por esse monstro do inverno. Explico a ele que eu e os Winchester estamos trabalhando no caso, mas que ele precisa se preparar para o pior.

Enquanto absorve minhas palavras, Noah disse muito através dos seus olhares. Ele foi da confusão, a incredulidade, a aceitação durante todo o percurso.

—Eu... não sei o que dizer ou o que pensar. Se qualquer outra pessoa do mundo estivesse me dizendo isso, eu acharia que essa pessoa ou é louca ou é cruel. – Ele começa a dizer, passando as mãos nos cabelos pretos e sedosos – Mas vindo de você...

Ele suspira, pesadamente, os olhos lacrimejando.

—Eu não vou aguentar perder Dalilah, Hazel. Ainda mais se o que você diz for verdade...não vou suportar. – Ele sacode a cabeça em negativa, e limpa uma lágrima que escorre do seu olho esquerdo – Sabe o pior de tudo? Ela fugiu de casa porque meu pai não aceitava a sexualidade dela. Minha família é mulçumana, você sabe. Essas coisas são complicadas para os meus pais, eles não... entendem. Se ela estiver mesmo morta... – Ele esfrega o próprio rosto com raiva, limpando mais lágrimas teimosas que irrompem dos seus olhos – Vou culpar meu pai, para sempre. Vou culpar até mesmo Alá... – Ele aponta para cima, se referindo ao deus que ele cultua, com raiva em seus olhos – Como pode levar a vida de uma garota inocente? Quando tantos homens vis saem ilesos, porque minha irmãzinha deve morrer, por amar outras garotas? Isso tudo é tão injusto...

—Acho que a fé, não importa em que formato, gera revolta as vezes. E acho isso saudável, sabia? Seja a fé em nossos pais, ou em um deus, ou deuses, ou o que seja. É importante se revoltar. – Suspiro, nervosa e com medo de tudo o que está para acontecer –Não está errado em estar com raiva, Noah.

—Eu quero ajudar, Hazel. Nessa sua investigação... paranormal. Quero fazer alguma diferença, para ajudar Dalilah. – Noah tem o olhar suplicante, e se ofereceu para ajudar, como eu sabia que faria. Disfiro a ele um sorriso gentil, e seguro sua mão, tentando prover a ele algum tipo de conforto.

—Não pode, Noah. Me perdoe por isso, mas não pode. Já é perigoso para nós, caçadores... – Dizer isso em voz alta é tão estranho. Fazer parte de um mundo sobrenatural é uma coisa, admitir fazer parte dele, é outra coisa. O torna mais real, mais palpável – Preciso que fique em segurança, para que possamos trabalhar da melhor forma possível. O que pode, na verdade, ajudar, é você conseguir o máximo de informação possível e pressionar as autoridades para que façam melhores buscas, como você tem feito.

Ele assente, contrariado, o olhar longínquo de repente.

—Você acha que ela está morta, não acha? Posso ver nos seus olhos, Laverne. – Ele me pergunta isso com a voz quebrando. Ergo as sobrancelhas, com um olhar de dor. Só posso tentar imaginar o que ele está sentindo.

—Não vamos nos precipitar, ok? – Digo isso com esperança na voz – Vou prometer uma coisa, Noah. Se estiver ao meu alcance, farei de tudo para salvar Dalilah.

—Se não conseguir salvá-la, por favor, mate essa coisa que a levou. – O olhar de Noah se torna inflamado, a ira muito clara na íris – Me prometa isso, Hazel.

Assinto, o coração disparado pelo medo da promessa. E se eu não conseguir?

Preciso conseguir.

—Prometo, Noah.

XXX

—Espero que vocês dois se resolvam... – Noah diz, parado em frente a porta do meu quarto. Troquei de quarto com Dean, que vai ficar com Sam no meu lugar – De verdade. Só eu sei o quanto você o ama, afinal.

Ele dá de ombros. Sei que lá no fundo, Noah se recente de mim.

—Noah...- Começo a dizer, mas ele sacode a cabeça em negativa, e ergue a mão no ar, como se soubesse exatamente o que eu estava prestes a dizer.

—Não peça desculpas por amar alguém, Hazel. É haraam...— Sorrio ao ouvi-lo falando uma palavra que costumava dizer com frequência. “Haraam” é pecado, em árabe – Se vocês se reencontraram, é porque era para ser. Maktub.

—Mak..tub? – Essa palavra eu não conheço. Franzo o cenho para ele, que sorri e assente.

—Significa “Já estava escrito”. Aceite seu destino, Hazel. Talvez ele aceite o dele também. – Noah dá um passo a frente, e pega a minha mão delicadamente, beijando-a respeitosamente, e então se afastando – Por favor, me dê notícias sobre o caso amanhã, e tome cuidado. Estarei aqui, esperando. Boa noite, Hazel. E muito obrigado pelo que está fazendo pela minha irmã, eu certamente não irei me esquecer disso.

Assinto, olhando em seus olhos com sinceridade.

—Farei o impossível por ela, Noah.

Digo isso com um amargo na língua. Porque sei que a vida de uma garota inocente recai sobre minhas mãos nesse exato momento.

XXX

Ponto de vista de Dean Winchester.

O bar é decadente, como todos os outros. Sam está na quinta dose de whisky, e não disse uma palavra desde que chegou aqui. Uma de suas mãos está enfaixada, e vejo um pouco de sangue brilhando por entre o curativo. Os cabelos dele estão levemente bagunçados, e embora esteja congelando lá fora, ele resolveu vir sem blusa alguma.

Parece até que está tentando se punir.

Tomo minha segunda dose de vodca, e suspiro fundo. Fico encarando as luzes piscando pela decoração, e tento ignorar a música ruim que sai dos alto falantes do local.

Durante todo esse tempo, tentamos impedir o muro dele de ruir, e agora, os primeiros sinais de demolição deram as caras. Qual o próximo passo? Tenho tanto medo do que pode acontecer com ele...

Medo, não. Pavor. E se ele não suportar? E se for demais para ele? A alma dele foi literalmente esfolada na jaula, por Lúcifer e pelo Arcanjo Miguel.

Encaro meu irmão caçula, com a certeza de que está escondendo algo de mim. Ele não pode ter decidido “terminar”      com Hazel apenas por causa das lembranças, não. Aí tem coisa....

Mas tentar fazer o Sam se abrir é como tentar socar um rochedo com as mãos. É inútil.

Sacudo a cabeça de um lado para o outro, imaginando o quão destroçada Hazel deve estar por dentro. E sinto um incomodo subindo por toda a minha pele por imaginá-la com Noah Andrews, conversando, nesse exato momento.

Perdê-la para o meu irmão, é uma coisa.

Perdê-la para outro cara é insuportável. Mas ela não faria isso...

Faria?

Fico me afogando em álcool junto com o meu irmão, ambos sofrendo. Pela mesma garota.

XXX

Ponto de vista de Sam Winchester.

Queria beber sangue de demônio. Minha garganta está seca a dias, e minhas veias imploram por isso. Mas não posso matar a minha sede, não com todo mundo de olho em mim. Então álcool vai ter que servir, afinal.

Fico imaginando a mão de Noah na coxa dela. Bebo mais um copo.

Imagino ela beijando ele, com raiva de mim. Bebo mais uma dose.

Os imagino....

Sacudo a cabeça, perturbado. Bebo meia garrafa de algum líquido âmbar.

—Ei, posso te pagar uma bebida? – A voz vem de uma mulher que se senta ao meu lado, ela é loira e deve ter em torno da minha idade.

—Não, não quero... – Digo, com a voz embriagada.

—Mesmo? – Ela insiste, os olhos me percorrendo por completo.

—Mesmo. Eu tenho namorada. – Minto, amargamente. Como queria que fosse verdade. Como queria que Hazel fosse a minha namorada. Como queria estar com ela agora— Mas meu irmão é solteiro! – Aponto para Dean, mesmo que esteja vendo tudo embaçado graças ao álcool. Me levanto, deixando o dinheiro da bebida no balcão e me levantando, cambaleando.

Saio pela porta da frente do bar, sem nem olhar para trás. Começo a andar, meio a neve, indo rumo ao Impala, desejando cair no meio da rua e ser atropelado por um carro.

Eu a amo e eu não posso tê-la. Eu a amo e não posso tê-la....

Lúcifer está me deixando louco. As lembranças estão me deixando louco.

Minha mente está tão confusa, tudo em meu campo de visão girando em mil cores. Me encosto no carro, e esfrego o rosto, e sinto como se ele derretesse, como cera de vela.

—Ei, vamos embora! – Dean se aproxima, nem vejo de onde. Toda a minha percepção está alterada – Chega por hoje, Sammy.

Assinto, meio que chutando o chão e a neve. Sinto todo o meu corpo se estremecendo pelo frio, mas nem ligo. Quero sentir tudo o que puder sentir fisicamente. Quero sufocar as minhas emoções. Sei que estou com uma expressão de raiva no rosto, sei que estou uma bagunça, porque Dean me olha assustado e preocupado. Meu irmão me conduz para o lado do carona, me enfiando no carro e dando a partida.

XXX

O álcool começa a se assentar em meu sangue, mas não muito. Eu estou bêbado, mas estou um pouco mais consciente no momento que chegamos no motel. Assim que saio do Impala, junto com Dean, vejo Hazel sentada no meio fio do estacionamento com o irmão, Jess, e parecem estar conversando.

Meu olhar se cruza com o dela. Me sinto tão aliviado de vê-la aqui.

Se está com Jesse, então talvez não tenha feito nada com Noah.

Hazel, por outro lado, não parece nada aliviada em me ver. Na verdade, ela fica me analisando com os olhos preocupados e irritados, e então olha para Dean com um olhar acusatório.

—Ele tomou um porre? Você levou ele para tomar um porre?! – Ela se levanta e vem em direção a nós dois, Jesse a acompanha.

—Ei! Ele que quis ir, ok? A ideia foi dele! – Dean aponta para mim, irritado – Eu só o acompanhei, Laverne.

—Ele não está bem, Dean. – Ela diz isso evitando o meu olhar, mas mesmo bêbado, posso notar que está aflita com relação a mim – A mente dele está vulnerável!

—E você acha que eu não sei disso? – Dean rebate, enfiando as mãos no casaco verde militar que ele traja, se encolhendo pelo frio – Ele já é grandinho, Hazel. Não é como se eu pudesse impedir ele de ir a um bar.

—Eu estou muito bem, na verdade. – Digo, tentando ficar em linha reta, mas cambaleando por acidente. Jesse dá uma risadinha discreta, e é imediatamente censurado pelos olhos da irmã.

—É, estou vendo mesmo! – Ela me rebate, a voz firme e coberta de irritação – Onde está o seu casaco? Está congelando, Sam!

—Por que você se importa, ein? – Rebato, com certa irritação na voz, cerrando os olhos para ela. Estou com tanta raiva dela por ter ido se encontrar com Noah... e o álcool está revelando todo o ciúmes que eu tentei conter durante o dia – Você não devia estar com o seu namoradinho?!

As sobrancelhas dela se erguem imediatamente, e seu queixo cai, incrédula com a minha audácia. Dean arregala os olhos e me olha como se fosse me dar um soco, e Jesse assume uma postura séria.

—Tá, isso foi idiota...- Eu mesmo digo, imediatamente, esfregando o meu rosto, sentindo a cabeça pesar – Me desculpa. Eu vou...embora. – Aponto para trás de mim, e me viro para sair dali.

—Coloca idiota nisso! – Ela responde, a voz magoada. Paro de andar. Nem preciso me virar para ela para saber que eu a magoei. De novo— Porra, Sam...

Sou atravessado pela decepção em sua voz, e isso me paralisa. Fico imaginando como é que ela deve estar se sentindo, me vendo bêbado assim.

O pai dela era um bêbado. Ela não merece isso.

Ela não merece isso, porra.

Começo a me afastar, as lágrimas brotando nos meus olhos e o meu peito ardendo, e Dean vem atrás de mim. Me encosto, tonto e vendo tudo girando, no Impala. Hazel e Jesse estão a poucos metros de nós, e vejo os olhos verdes e profundos que tanto me lembram as florestas do colorado, que pertencem a garota que eu amo, cheios de lágrimas.

E a culpa é toda minha.

— Você não tem ideia do que está fazendo, tem? - Dean me pergunta, os olhos enegrecidos pela irritação. Tento focar a visão nele, mas é como se dois dele estivessem se fundindo em um caleidoscópio, uma imagem sobrepondo a outra - Acha que o que está fazendo é a resposta?!

Me viro para ele, com raiva. Ele não tem ideia do que isso está fazendo comigo.

— Você é que não faz ideia, Dean. Meu corpo a machucou, a torturou! E eu sei que vocês dizem que a culpa não é minha, que não fui eu, e eu sei que não foi! - Começo a me alterar, as veias do meu pescoço saltando, o álcool correndo em minhas veias. Digo tudo isso mesmo que ela esteja ali, porque sequer estou raciocinando direito - Mas as imagens não saem da minha cabeça, Dean. Não saem. E eu duvido que saiam da dela. Hazel já sofreu demais, Dean. Demais. E agora, com os meus muros caindo....

Minha voz morre momentaneamente. Esfrego o meu rosto, irritadamente, todo o meu corpo se arrepiando pelo frio, o sangue do meu machucado mais evidente a essa altura. Os olhos de Dean se tornam feridos, como se isso, de alguma forma, o afetasse. Evito olhar para Hazel nesse momento.

—Ela ama você, seu idiota! O que não sai da cabeça dela é isso, e apenas isso! Os sentimentos dela por você! – Dean aponta para Hazel, que fica desconcertada ao ouvi-lo dizer isso.

Mas ela não nega as palavras dele.

—Estou morrendo de medo, porra! - Grito, gesticulando com as mãos - Estou morrendo de medo de tudo isso. Eu tenho medo de machucá-la! – Sinto o meu coração sangrando ao dizer isso, perturbado por imaginar as mil maneiras que Lúcifer poderia machucá-la através de mim. Olho para ela, com os meus olhos cheios de lágrimas que não consigo conter.

Há tanta dor no olhar dela. Tanta...

—Já está a machucando! – Dean grita, alterado, e se aproximando de mim -E ver você fazendo isso me dá uma vontade enlouquecedora de quebrar a sua cara! - Dean respira fundo, o peito subindo e descendo pelo nervosismo - Ver ela sofrendo, me deixa louco!

Ele parece se arrepender de dizer isso no mesmo momento que as palavras saem de sua garganta. Me sinto até meio sóbrio de repente, como se tivesse tido a minha cabeça enfiada em um balde de água gelada. Franzo o cenho para o meu irmão, uma sensação queimando na garganta. Vejo Hazel arregalar os olhos, assim como Jesse. Vejo os três se entreolhando, como se soubessem de algo que eu não sei.

Minha cabeça começa a girar e eu começo a me lembrar de todas as vezes que fiquei paranoico sobre os dois, nesse último mês que se passou. Todos os olhares dele para ela, ele segurando a mão dela no hospital, agindo como se ela fosse...

Não, não pode ser. Eu confio nele.

Eu confio nela.

Minhas suspeitas não podem...ter fundamento algum. Estou bêbado demais, é isso.

Tem que ser isso.

—Do que está falando, Dean?! – Pergunto, sentindo meu coração se apertar com medo da resposta. Não pode ser.

—Isso... isso saiu errado. - Ele fica desconcertado, nervoso. Empalidece. O mesmo acontece comigo, e eu dou alguns passos para trás. Por que ele parece tão culpado?!

—Dean, quão próximos vocês ficaram um do outro? – Aponto dele para ela, analisando os dois com o olhar, em choque.

Dean começa a gaguejar. Sequer olho para Hazel.

—Sammy...você precisa se acalmar. Ok? Escuta...aconteceu, simplesmente aconteceu! E não....

Não o deixo terminar de formular sua frase. A única palavra que absorvo é "aconteceu".

Conheço Dean a uma vida inteira. Sei muito bem o que significa “aconteceu” no vocabulário dele. Vejo tudo ficando vermelho, seja pelo álcool ou não, não importa.

Aconteceu. Aconteceu. Aconteceu.

Quando disfiro um soco em seu rosto, em cheio, Hazel grita e coloca as mãos em frente a própria boca, em choque. Meu sangue está fervendo. Perco a cabeça de vez. Dean esfrega o próprio rosto, com uma expressão de dor que vai além da dor física.

Culpa. Seus olhos estão encharcados por culpa. Sinto meu corpo inteiro tremendo.

Ele dormiu com a minha garota. Dean dormiu com a Hazel.

Tudo o que consigo imaginar nesse momento de confusão, é ele em cima dela, sabe-se lá onde, sabe-se lá em que momento, enquanto ela fala o nome dele, de novo e de novo e de novo...

Chacoalho a cabeça, tentando exorcizar isso da minha imaginação. Olho dele para ela com uma raiva absoluta, um tipo de sentimento de traição que nunca havia sentido em toda a minha vida me percorrendo por completo.

—Aconteceu?! Caralho, Dean! – Fecho o punho, irado dos pés a cabeça, e tento lhe dar outro soco, mas ele me atinge antes. Cambaleio para trás, sentindo meu nariz começando a sangrar.

—Me deixa terminar de falar, porra! - Ele grita comigo, e eu começo a respirar com dificuldade, cerrando os dentes e enrugando o meu nariz enquanto eu o empurro prensando-o no Impala, segurando o seu colarinho.

—Você quer me dar a porra dos detalhes?! - Limpo o sangue do meu nariz com raiva, o ar entrando com dificuldade em meus pulmões - É a Hazel, Dean! A Hazel! A porra do amor da minha vida, droga! E você tinha que dormir justo com ela?!

—Tá ficando maluco?! - Ele responde, desviando de outro soco meu, os olhos transbordando em desespero. Se eu estivesse sóbrio, ele não teria escapado— Eu não transei com ela, Sammy! Você vai me deixar explicar?! – Ainda agarrando o colarinho dele, bato as costas de Dean contra o Impala, a raiva me consumindo, me devorando por dentro. Meu peito sobe e desce em fúria, repassando mentalmente todas as coisas que esconderam de mim até aqui. Fica difícil confiar em suas palavras

Durante todo esse tempo, me culpei por desconfiar dos dois. E no fim das contas...

—Dean, eu juro por tudo que me é mais sagrado, se você dormiu com ela eu... – Nem consigo terminar a frase. O solto, respirando fundo, as lágrimas de raiva por todo o meu rosto. Olho de relance para Hazel, e vejo que Jesse a está segurando, impedindo ela de intervir.

Ela não pode ter me traído assim, não pode.

—Eu não dormi com ela, Sammy. Por favor, me deixa explicar... – A súplica no olhar do meu irmão mais velho é real. Estamos ambos machucados, fisicamente, um pelo outro. Mas tenho a sensação de que as cicatrizes emocionais que estão sendo formadas essa noite serão impossíveis de apagar.

—Então explica, caralho! – Grito com ele, sentindo o meu peito arder. Eu nem sei se quero ouvir.

Realmente não sei. Devia dar as costas para os dois e nunca mais olhar para trás.

—Eu me apaixonei por ela, Sammy. – Ao dizer isso, a voz de Dean sai quebrada. Fecho os olhos por um momento, me retraindo ao ouvir suas palavras. Como se um arpão me atravessasse - Saímos um dia para espairecer, bebemos juntos e dançamos juntos, como amigos! Só que eu me apaixonei por ela, Sammy. Eu não pude evitar. Estava frágil e ela também, ela é linda e ela...

Ele vê a minha cara, e tenta maneirar nos adjetivos. O olhar ferido dele cruza o dela, que parece estar desmoronando por dentro. Odeio a sensação horrível que me cobre quando vejo os dois trocando olhares. Odeio.

—Ela virou a minha melhor amiga, a única pessoa que estava lá para mim no meu pior momento! – Dean tem o olhar dividido entre mim e Hazel, como se fôssemos o júri em um tribunal - E a cada segundo que passou, ficou mais difícil lidar com isso. Até o dia que eu contei a ela. E pelo que estou prestes a contar a você agora, mereço sim um soco...eu tentei beijá-la, tentei saber se ela correspondia. E se ela tivesse correspondido, eu provavelmente teria caído em tenta....

Dou outro soco nele, louco da vida. Uso tanta força que não sei como não o nocauteio. Sinto até mesmo os meus ossos tremendo, só de imaginar ele flertando com ela, tentando, realmente, beijar ela.

—Esse eu mereci... - Ele esfrega a boca com a mão, os lábios sangrando - Mas quer saber?! A garota te ama, Sammy. Nunca me deu trela alguma, ok? Vocês nem estão juntos e ela foi fiel a você. Do início ao fim...

Dean olha para baixo, lágrimas rolando em seus olhos, se misturando ao sangue.

Sinto um alívio momentâneo me percorrendo. Olho diretamente para os olhos dela, e vejo Hazel sacudindo a cabeça de um lado para o outro, as lágrimas de indignação rolando pelo seu rosto iluminado pela neve e pela lua, os cabelos castanhos tão compridos emoldurando seu rosto, corado pelo frio. Seu irmão a segurando, para impedir que ela intervenha entre Dean e eu.

Estou machucando-a em tantos níveis, que merecia nunca, jamais, ser perdoado por ela.

Viro as costas, decidido a ir embora, o rosto doendo e o nariz sangrando, o coração estilhaçado, mas a voz de Dean me impede de ir embora.

—Tem mais uma coisa que você precisa saber, e essa é a última coisa que faltava, de todas as informações que estávamos protegendo você... – Me viro para ele, as narinas infladas, o peito inquieto. Esfrego as costas da mão no rosto, limpando o sangue que escorre do meu nariz, cambaleando para o lado.

—Estou ansioso para ouvir o que mais você fez pelas minhas costas! – Digo, abrindo os braços no ar por um momento, o olhar irônico e cheio de ódio disferido a ele. Dean respira com dificuldade, mas antes que abra a boca, Hazel intervém.

—O que ele está prestes a te contar não é culpa dele, Sam. Nem minha. Mas de Ruby. – A dor em sua voz é clara, e eu franzo o cenho, confuso. O que Ruby tem a ver com os dois? Fico em silêncio, olhando do meu irmão para ela, e me encosto no Impala quando sinto que vou cair para trás.

Vou ter a pior ressaca da minha vida amanhã, tenho certeza disso.

—Se lembra do barracão onde Hazel e eu fomos torturados por...? – Dean evita dizer “você”, e eu me retraio. Ele engole em seco e respira fundo, com dificuldade – Por Ruby e... o seu corpo. Houve um momento em que ficamos sozinhos com ela, Sammy. E a cadela nos torturou de outros jeitos, brincou com as nossas mentes...

A voz dele morre por um momento, enquanto vejo em seu olhar que ele parece estar revivendo um trauma. Fico em silêncio, aguardando suas palavras.

Ele passa as mãos nos cabelos loiro-escuros, e umedece os lábios antes de falar.

—Basicamente, tinha um outro demônio lá, obediente a ela. Abraxas, o nome dele. Ela dava ordens a mim, e se eu não cumprisse o que ela dizia, então...

Sacudo a cabeça, incrédulo.

—Então o demônio teria de fazer no seu lugar, não é? – Digo isso com nojo da mente de Ruby. Dean assente, o olhar ferido, as mãos enfiadas nos bolsos.

—Basicamente, é. Pode imaginar, não é? – Ele diz, dando de ombros, devastado. Olho para Hazel, e Jesse a soltou. O olhar dela é tão difícil de decifrar a essa altura...— Eu vou resumir para você, porque os detalhes não importam, mas ela me forçou a beijar a Hazel, Sammy. E eu sinto muito por isso. Eu garanto a você que não me aproveitei desse momento por nenhum um segundo. Foi, na verdade, uma das coisas mais difíceis que já tive de fazer.

Abaixo a cabeça, e fecho o punho. Não com raiva de Dean ou de Hazel.

Mas de Ruby.

Eu vou me vingar dela, assim como me vingarei de Crowley, prometo isso a mim mesmo. Todo o meu corpo queima, e fecho os olhos momentaneamente, absorvendo essa informação, tentando digeri-la. Tenho vontade de vomitar.

Limpo as lágrimas do meu rosto, decidido a impedi-las. Respiro fundo, dividido em sentimentos demais.

Sentimentos que me mastigam e que me cospem. Ódio, ciúmes, culpa, compreensão...

Caminho até Dean, que fecha os olhos, esperando um soco. Ao invés disso, o abraço.

Ele fica confuso a princípio, mas me abraça de volta, me dando alguns tapinhas nas costas. Me desvencilho dele depois de um tempo, respirando fundo.

—Eu sinto muito pelo que Ruby fez, Dean. – Digo a ele, com sinceridade. Mas é inegável como é difícil lidar com o fato de que ele a beijou. Dói demais, sequer imaginar os lábios dos dois colados um no outro. É enlouquecedor— Mas espero que entenda que pelo resto das coisas que me contou... – Me afasto dele, bufando de raiva e tirando os cabelos do meu rosto, com certa agressividade – Entende que não posso te perdoar por isso, não entende?

Fixo meus olhos nos dele. A dor e a culpa cobrindo sua íris de esmeralda, enquanto ele assente.

Paro de olhar para ele, decidido a não olhar nem falar com ele por um bom, bom tempo.

É muito para processar. Não só ele se apaixonou pelo amor da minha vida, mas tentou ficar com ela.

De todas as pessoas do mundo, Dean seria a última que eu imaginaria me traindo dessa forma. Mas acho que quando se trata de assuntos do coração, até o mais nobre dos homens pode ser corrompido.

Estando tão rodeado por figuras bíblicas e mitológicas, é difícil não nos comparar a Caim e Abel nesse momento, onde um matou o outro por ciúmes. Jamais o mataria de verdade, mas quando não perdoamos as pessoas, é como se as enterrássemos vivas dentro do cemitério da nossa alma.

Dean está morto para mim, eu o matei dentro de mim. Sou Caim, o primeiro homicida de todos.

Ando em direção a Hazel, e enfio minhas mãos nos meus bolsos do jeans, me retraindo. Jesse me encara com ódio no olhar, com o punho fechado, como se me desafiasse a fazer alguma besteira. Respiro fundo, fixando meu olhar ferido no dela.

—Eu sinto muito, muito, Hazel. Pelo que Ruby fez. – Minhas palavras são encharcadas de sinceridade, e ela assente, encolhida. Queria tanto abraçá-la. Tanto. Mas não irei. Seria egoísmo meu – Sinto muito pelo que você acabou de testemunhar. Sinto muito por ter sido um babaca com você. Me desculpe por estar...bêbado! – Abro os braços no ar por um momento, como se me rendesse, e então esfrego meu rosto, tentando clarear minha visão – Me perdoe por te amar tanto ao ponto de isso me deixar louco, Hazel.

Ela abre a boca por um momento, para me responder, mas nenhum som sai dos seus lábios.

Ela me dá o silêncio como resposta, como uma incógnita.

Saio andando pela neve, tentando me manter na linha reta, com dificuldade.

Espero apagar na cama. Espero conseguir sumir dentro de mim, dentro do nada, por algumas horas.

Quero acordar amanhã em um mundo diferente do que o que está me embalando hoje a noite... um onde meu irmão não morre dentro de mim dessa forma, um onde a garota que amo pode ser minha. Afinal, a inveja é o laço entre o esperançoso e o condenado, me lembro da letra dessa música muito bem.

Me lembro de tudo muito bem.


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Notas finais do capítulo

Geente. Eu não sei se fiz jus ao que vocês esperavam desse conflito e tal, mas tentei fazer tudo na medida certa - Teve porrada, mas não foi um quebra pau sem sentido, ao menos, tentei fazer com que não fosse.
Há muita raiva na superfície, mas há amor demais em jogo, então... vamos ver.

Espero que tenham gostado, aceito feedbacks ♥
XOXO



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