O Homem que Perdeu a Alma escrita por Willow Oak Acanthus


Capítulo 2
Capítulo I - Meu irmão se ergue dos mortos


Notas iniciais do capítulo

Notas iniciais: IMPORTANTE:
FATOS ALTERADOS: Algumas coisas mudaram. Primeiro de tudo, aqui na fic, a Jessica nunca existiu. Não faria sentido por conta de algumas coisas que vocês vão ver adiante. Aqui, o "Sam sem alma" é beeeeeem diferente do da série. Criei algo novo para encaixar com o enredo da história. Estão se desprendam daquela imagem, ok?
PARA OS QUE AINDA NÃO VIRAM ATÉ A SEXTA TEMPORADA DE SPN E MESMO ASSIM QUISERAM LER A FIC: Para impedir o apocalipse de acontecer, Sam e Dean tentaram de tudo contra os arcanjos Miguel e Lúcifer, já que foram eles que romperam os selos do inferno ao matar Lilith e "causaram" tudo isso. Rolou treta com os quatro cavaleiros do apocalipse e tudo mais..., mas no fim das contas, o Sam resolve se sacrificar pela humanidade, aceitando Lúcifer em seu corpo e ficando preso na jaula do inferno, "morrendo". Logo em seguida ele retorna a vida sem alma. Daí em diante eu alterei as coisas, mas conforme forem passando os capítulos vocês vão entender.

É isso, boa leitura ♥



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Ponto de vista de Dean Winchester, Hotel Mormont, entrada de Nova York.

Ligo a televisão e ouço a cada detalhe com atenção.

Memorial especial da MTV:

Hoje é dia 13 de outubro, aniversário de quatro anos de morte dos fundadores da banda de rock psicodélico “The Church”. O casal teve seu fim em um trágico incêndio em sua residência em Lawrence, Kansas, no ano 2000.

A morte extravagante não foi o único escândalo de Harvey Talbot e Amélie Laverne, já que a banda declarou seu fim em 1997 devido a dívidas e abuso de drogas por parte dos integrantes. Amélie, filha de um casal de imigrantes italianos donos de negócios no ramo de vinhos, ficou conhecida não só por sua voz melódica e estridente. Com a personalidade arisca e visceral, Amélie era responsável por escrever as letras das músicas. Laverne também foi uma sex symbol apelativa, protagonizando a capa da revista playboy na edição especial de 1985. Ao lado do namorado problemático, Harvey Talbot, filho adotivo de um casal disfuncional, viveram o ápice da loucura de Los Angeles nos anos 70, protagonizando histórias bizarras do background hollywoodiano e sua participação como membros da controvérsia e criminosa seita “Família universal”, onde criaram sua filha, Hazel Laverne, que hoje tem 21 anos, única sobrevivente do incêndio.

A garota vive uma vida normal em Nova York, embora tenha passado um período internada em um hospital psiquiátrico para lidar com o estresse pós traumático, quando seus pais morreram. Se passaram anos, mas Hazel Laverne parece protagonizar acontecimentos quase mortais com frequência, já que há sete dias ela sobreviveu ao terrível desabamento da biblioteca da NYU. A garota passa bem, mas infelizmente a bibliotecária Leah Galway veio a óbito. Alguns dos nossos repórteres tentaram contato com a garota, mas não obtiveram sucesso. Como é de costume em 13 de outubro, fãs de The Church espalham teorias bizarras em fóruns da internet e deixam flores no túmulo dos seus ídolos, como Mike Wilson, 31 anos, membro do fã clube “Members of church”:

— É uma tradição, levar essas flores. A verdade é que a música de Harvey e Amélie, fez parte de um período muito importante na vida de muitas pessoas. Claro que a gente tem várias teorias sobre como as coisas acabaram...é natural que os fãs falem sobre isso. É natural que haja especulação...- Diz o rapaz ao repórter.

—Mas não acha que as coisas passam um pouco dos limites? Alguns fãs tentaram invadir o hospital onde a garota se internou, anos atrás, para obter respostas. Outros criam teorias de que a garota seria responsável pelo incêndio. Não há limites? – O repórter, com os cabelos molhados pela garoa Nova Yorkina, pergunta ao rapaz corpulento de cabelos compridos.

—Ah, sei lá. Eu não gosto de falar sobre a garota. Ela claramente cuspiu no prato que comeu, já que sempre se recusou a fazer qualquer coisa ou prestar qualquer homenagem aos pais. Isso acaba alimentando as teorias. Mas não acho ela importante, de verdade. Parece ser apenas uma garota problemática e mimada que nunca deu valor na arte dos pais. – O homem dá de ombros e traga seu cigarro, não se importando nada com a aspereza de suas palavras.

—A MTV não tem um posicionamento sobre isso, mas é no mínimo bizarro que Hazel Laverne tenha, novamente, escapado da morte em uma situação tão trágica. Não estou tentando começar nada aqui! – O fã, com a camiseta da banda, ri de maneira irônica.

—Bom, aí que está. Não dá para culpar as pessoas por ficarem curiosas. Por mim ela pode apodrecer em sua mansão com sua avó estrangeira e ricaça. Só me machuca saber que o precioso legado de seus pais só vive por meio dos fãs. Mas hey! Quem precisa dela, não é mesmo? O fã clube de The church sempre estará aqui para deixar a chama da música deles viva! – O homem coça a barba e aponta para sua camiseta com o nome da banda impressa nela.

—É, acho que os fãs de “The Church” merecem o prêmio de fãs dedicados! Em homenagem aos gênios da música, aqui vai a homenagem anual da MTV para essa banda fenomenal!

A imagem do repórter e do entrevistado é substituída por um clipe da música “Emerald City”, um dos maiores hits da banda.

Acabo desligando a televisão do quarto de hotel por impulso.

Me levanto e vou ao banheiro, para jogar uma água no rosto. Estou sem dormir já tem duas noites, mas minha investigação só está começando. Passo a mão pela barba por fazer, muito maior do que de costume. Minhas olheiras escuras me lembram o quanto odeio tudo o que está acontecendo. Odeio pesquisar, odeio analisar...isso sempre foi o trabalho do Sammy.

Não quero pensar em como me sinto sobre ele agora. Não posso me dar esse luxo, ou nunca serei capaz de fazê-lo voltar ao normal.

Chacoalho a cabeça, afastando o pensamento de que talvez não haja volta.

Não posso sucumbir. Tem uma lista de nomes que podem fazer com que eu desabe agora...Lisa, Ben, Cas...e Sammy. Há pouco mais de um ano atrás, meu irmão mais novo morreu na minha frente para salvar o mundo. Embora tenha tentado de tudo para trazê-lo de volta...nada funcionou. E então apareci na porta de Lisa, um homem completamente quebrado, desesperado por ajuda.

Boa parte da minha insônia é causada pelo pesadelo recorrente de estar novamente naquele cemitério, vendo Miguel e Lúcifer se enfrentando. Relembro cada soco que Lúcifer me disferiu usando o corpo do meu irmão...

Me lembro do último olhar que ele me deu. Nos olhos dele, o medo e a coragem se mesclaram...e eu podia jurar que vi um vislumbre de quando ele era pequeno. Sammy estava sempre entre o medo e a coragem. 

E então ele se foi. 

O ano que se passou foi um ano muito agridoce, para falar a verdade. Enquanto Lisa e Ben me providenciaram tudo o que eu sempre quis, não houve um dia em que não chorei, silenciosamente, quando ninguém estava olhando. Porque sabia muito bem onde Sammy tinha ido parar. As coisas começaram a piorar sempre que eu presenciava a merda de mundo com a merda de pessoas vivendo nele, completamente inconsequentes ao fato de que um anônimo, cujo eles nunca saberiam o nome, havia salvado a cada um deles.

Parei de caçar nesse período. Tentei ser um bom padrasto para Ben...um bom homem para Lisa. Não chamei por Cas, na verdade, deixei de ver meu melhor amigo e a qualquer um que me lembrasse o Sammy. Bobby foi o único com quem mantive contato.

Por um ano, sequer relei na Baby.

Meu humor, que sempre foi meu escudo, praticamente me deixou.

E então, no aniversário de morte do meu irmão, me distanciei de Lisa e viajei durante a noite até o túmulo da nossa mãe. Precisava falar com ela, mesmo que ela não me escutasse. Mesmo que fosse só uma lembrança.

Mesmo que seu túmulo fosse apenas simbólico já que não havia sobrado nada dela para enterrar.

Ouvi "Hey Jude" em looping até chegar lá. Se eu fechar os olhos, quase consigo lembrar do som da voz dela cantarolando essa música para me fazer dormir. Quase, porque quando as pessoas morrem e os anos passam, detalhes desaparecem. Primeiro a voz, depois traços do rosto.

Tenho medo de esquecer a voz de Sam.

Ao chegar me sentei na grama molhada pelo sereno noturno e abri uma garrafa de Whisky. Não sei dizer como, mas cheguei na metade dela rapidamente. Fiquei me lembrando de tudo o que havia vivido com Sam nos últimos anos, desde que apareci em sua porta e interrompi sua vida em Stanford.

"O papai está caçando. E não aparece em casa há dias"

Não sei se queria admitir isso, mas Sam me salvou naquela época. E só consigo pensar no quanto fui egoísta em trazer ele de volta para a vida da estrada, mesmo sabendo que ele estava destinado ao sobrenatural, graças a Azazel.

E ao sangue de demônio,

E o fato de ele ter poderes sinistros,

E claro...o fato de ele ter sido a casca perfeita para Lúcifer.

Com flashes de imagens de nós dois caçando por aí, rindo por aí, nos magoando por aí, finalmente comecei a ficar bêbado. Fiquei com a cabeça apoiada na lápide de Mary Winchester, deixando minhas lágrimas caírem, sem censura.

Não é como se eu as controlasse, de qualquer forma.

—Mãe, eu não sei se já te contei isso, mas eu queria que você tivesse passado mais tempo com Sammy do que comigo... - Tudo ficou girando e o álcool foi me amolecendo - Sinto que se tivesse sentido o seu amor, a escuridão dentro dele não teria o engolido...- Molhei os lábios ao dar mais um gole generoso - Mas chega dessa porra de melancolia. Eu não me reconheço mais, porra! Porra, mãe!

Voltei a ficar silencioso por um momento. 

E foi então que eu o vi. Não muito longe de mim, sua silhueta foi se formando. Sammy estava lá, na minha frente, de pé no cemitério. Tive a plena certeza de que estava ficando louco ou bêbado demais, mas mesmo sendo burrice, corri em sua direção. Sendo um caçador, eu devia imaginar todo o tipo de coisa ou explicação, mas não consegui...

Sou humano antes de ser um caçador.

Quando cheguei perto o suficiente dele, tudo virou de cabeça para baixo. Vi em seu olhar que algo estava errado. Seus olhos antes marrentos e gentis, não eram mais os mesmos. Seu olhar era frio e vazio.

Oco. Perdido.

E em suas mãos e por toda sua roupa, sangue.

Aos seus pés, um caçador chamado Kubrick Harriot, que eu conhecia de vista, estava enrijecido e sem vida. Meu coração ficou tão acelerado e minhas mãos tão geladas que, pela primeira vez em muito tempo, fiquei sem nenhuma reação.

Consigo ver a cena com clareza em minha mente, como se estivesse lá.

—Sammy...? Sammy! O que você fez? — Foi tudo o que saiu da minha boca. As palavras pareciam engasgadas na minha garganta.

—Se afaste, cara. – Meu irmão ergueu a mão, me apontando uma arma calibre 22. Seu olhar impassível recaiu sobre mim, e foi quando eu entendi.

Ele não me reconhecia.

Com as mãos erguidas no ar, em posição de rendição, minha voz saiu tremula:

—Sammy, calma! Se acalma! Abaixe essa arma...quando foi que você voltou? Como você voltou?! – Tudo estava confuso graças ao álcool e toda a insanidade da situação. Permaneci com as mãos ao alto, cambaleando um bocado.

—Esse não é meu nome, eu não tenho um nome. E você é o cara mais azarado do mundo nesse momento. Não posso deixar você sair vivo com o que você viu, não é? Meu pequeno projeto aqui no chão... – Ele inclinou a cabeça para o corpo morto em seus pés, o olhar apático e um sorriso escárnio nos lábios – E então, como prefere morrer? Cabeça ou coração?

Abri a boca, incrédulo. Dei um passo em falso para trás.

E então tentei recobrar uma pouco de sobriedade. Aquele não podia ser o Sam...aquilo só podia ser alguma armadilha maldita. Sam jamais faria isso.

—Você...não é meu irmão. – Essas palavras saíram cortando minha garganta – Então quem é você?

Ele deu um passo para frente, quase encostando a arma em meu rosto. Seus olhos semicerrados me fitaram por inteiro, com o corpo completamente enrijecido.

—Eu sou o cara que aperta o gatilho, sou o servo do meu criador. E agora é hora de você me dizer o seu nome... – Sua voz carregava um tom de ameaça. – Você não pode ser um cara normal...não ficou nem um pouco chocado ao ver um corpo sem vida...então me diga, lugar errado na hora errada, qual o seu nome?

—Dean. Dean Winchester. Mas você já sabia disso. – Engoli em seco. Não tinha uma arma comigo e não estava sóbrio – E então? Metamorfo? Demônio? Quem te mandou aqui?

E então ele começou a rir de uma maneira irônica. Aquele sorriso escarnio voltou ao seu rosto:

—Você é um caçador! Não posso acreditar na minha sorte. Dois coelhos com uma cajadada só...e então, Winchester, eu vou perguntar novamente: Cabeça ou coração? — Seu olhar de desprezo evidente estava me encarando nos olhos e seu dedo estava muito rígido no gatilho.

Eu não sabia o que fazer. E pela primeira vez em muito tempo, pensei em Castiel. Pensei em como eu estava sem forças, e em como precisava de ajuda.

Antes que qualquer coisa pudesse acontecer, ambos ouvimos passos vindo em direção as suas costas. Ele virou o mais rápido que seu corpo permitiu e apertou o gatilho, sem pensar duas vezes.

O barulho do tiro fez minha cabeça latejar, e foi então que vi em quem ele tinha atirado:

—Seja bem-vindo de volta... Sam Winchester. – Castiel tinha seu olhar analítico e sereno, e o tiro que ele havia levado no peito não demorou a se fechar. Apenas uma mancha de sangue seco sobre seu sobretudo permaneceu – Vejo que não está muito bem.

—Winchester? – Ele respondeu, incrédulo pelo seu tiro inútil no anjo. Sua confusão mental parecia genuína – Já disse que não possuo nome.

Castiel parecia quase tão confuso quanto eu.

Sam, ou melhor, o que parecia ser Sam, pegou um frasco de dentro de sua jaqueta marrom, pequeno como uma ampola. De olho em ambos Castiel e eu, ele bebeu o conteúdo vermelho, com uma gota escorrendo pelo seu queixo.

Sangue de demônio.

— Interessante. Se regenerou rápido..., mas você não é um demônio. Então só pode ser um anjo. – Havia desdém em sua voz enquanto ele analisava Castiel, e então ele voltou a atenção novamente para mim, mirando a arma novamente no meu peito. Castiel estava parado ao meu lado, enquanto Sam me olhava em uma ira pura e sincera – Mas você, é de carne e osso. E me parece ser um cara emocional, então acho que temos nossa resposta, não é? – Ele mirou a arma em meu coração, mas Castiel me empurrou para o lado antes que a bala furasse o meu peito.

Quando caí na grama, senti um líquido quente escorrendo pelo meu ombro. E então finalmente senti a dor excruciante da bala cravada bem perto da minha clavícula.

Castiel tentou dar um passo à frente para enfrentá-lo, mas quando seu olhar recaiu sobre mim e percebeu o meu ferimento, apenas estalou os dedos.

E nos transportou para longe, de volta para a casa da Lisa.

XXX

Desde aquele dia, soube que precisava deixar Lisa e Ben para trás. No fundo, eu sempre soube que esse momento chegaria. O olhar deles quando reapareci em casa, bêbado, confuso e baleado, foi o estopim. Acho que nunca vou me perdoar.

Castiel cuidou dos meus ferimentos, e fomos de imediato procurar por Bobby. Juntos, foram meses no rastro de..."Sam", ou  quem quer que fosse aquele que era idêntico ao meu irmão, e torturamos o máximo de demônios que conseguimos para tentar encontrá-lo ou obter pistas de seu paradeiro.

Nada.

Até que uma demônio antiga resolveu dar as caras. Lembro de tudo com clareza.

Meg não ficou com a gente por mais do que cinco minutos, parecia estar fugindo de algo, e realmente estava.

—Poupem a porcaria de água benta e me escutem, seus idiotas! – Nunca vi seus olhos tão cobertos por medo como naquele momento – Não tenho muito tempo. Estão sabendo, não é? Sam Winchester está de volta ao mundo dos vivos.

—Aquilo não é meu irmão! – Cerrei os dentes, com raiva.

—Está enganado. Quer dizer, mais ou menos. – Ela contornou a mesa de Bobby e se sentou na cadeira, olhando para nós três – Quando Sam Winchester foi parar naquela maldita jaula com Lúcifer e Miguel, o inferno virou uma anarquia. Dois demônios começaram a disputar a porra do trono. E um deles foi poderoso o suficiente para tirar Sam lá de dentro. Mas não trouxe a alma dele, Dean! – Ela me olhou nos olhos, e vez ou outra olhava de canto de olho para a porta – Só o corpo. E o que ele fez com o corpo...

—Ele quem?! – Dissemos os três em uníssono.

—Crowley. – O nome parece sair amargo da boca de Meg. Olhei para Bobby, e então para Cas. Nada daquilo fazia sentido, mas a deixamos continuar – Ele está disputando o trono com outro demônio, um que nunca ouvi o nome antes e sequer o vi. Só seus seguidores sabem esses detalhes. E Crowley quer eliminar o máximo de caçadores que puder, para tirá-los do caminho, e para isso transformou o corpo de Sam em um exterminador, que também cumpre o dever de matar os opositores de Crowley. Como recompensa, ele consome sangue de demônio... - Meg deu um suspiro de cansaço e depois deu de ombros - Acho que um corpo sem alma não pensa muito, só...faz o que lhe mandam. Não ajuda nada o fato de Sam Winchester não ter memória nenhuma...

Aquilo começou a me dar ânsia. Mas eu não tinha tempo de processar emocionalmente o que toda aquela informação fez com a minha cabeça. Precisei fazer apenas as perguntas certas:

—Você está me dizendo que Crowley trouxe o corpo de Sam de volta a vida para usá-lo como uma arma para alcançar o trono? E que ele deixou a alma de Sam apodrecendo na jaula? – Meg apenas assentiu.

Dei as costas para os três e comecei a pegar o máximo de artilharia pesada que consegui ver em minha frente, metendo tudo quanto é arma dentro de uma bolsa militar.

—Que diabos você acha que está fazendo, idiota? Vai caçar o Crowley as cegas? – Bobby me disse em tom de bronca enquanto arrancou a bolsa e as armas da minha mão.

—Bobby tem razão, Dean. E tem outra coisa que vocês devem saber, uma pista que eu ouvi quando fugi do inferno: Sam Winchester também está em uma missão para matar uma garota... - Meg começou a andar em círculos, ansiosa.

—Uma garota? Que garota, porra?! – Minha voz se tornou agressiva.

—Hazel Laverne. Eu não fiquei tempo o suficiente para ouvir o resto, mas ela tem alguma coisa a ver com o outro demônio, é uma peça importante. Sam deve matá-la até o fim do ano, em um ritual... até onde ouvi.

Engoli em seco.

—Hazel Laverne? A garota que sobreviveu ao incêndio em Lawrence, em 2000? – Imagens da garota me passaram na mente por um breve momento. Me lembro claramente dos problemas que envolviam o pai dela, Harvey...não sei se sequer a reconheceria hoje em dia. Sammy nunca mais foi o mesmo depois que terminaram – Ex namorada do meu irmão, essa Hazel Laverne?!

—Sim, essa maldita garota. Disseram algo sobre esse incêndio, mas eu não sei mais do que isso, além do fato de ela estar relacionada com toda essa merda que está acontecendo. Tenho certeza de que ela é má notícia, Dean. Se ela realmente tem algo a ver com esse demônio...ela é perigosa. – Meg se levantou e olhou para a janela, os nervos claramente tensos e o olhar alerta – Eu não sei de mais nada, antes que me perguntem. Já disse tudo o que sabia, agora eu preciso ir.

—Por que deveríamos confiar em você? – Castiel disse, encarando-a. A criatura infernal deu de ombros.

—Isso é com vocês. Eu não tenho lado nenhum nessa batalha, só quero ficar de fora, sobreviver até que o novo líder assuma. Mas não vejo as coisas ficando boas com Crowley no poder, então...bom, só conheço uma pessoa burra o suficiente para enfrentar Crowley nesse momento...- Meg me encarou – Então façam a porra que puderem. Agora preciso ir, se tudo der certo, nunca mais os verei de novo.

Meg correu para a porta dos fundos, e quando Castiel fez menção de segui-la, segurei seu ombro e o impedi.

Cas me olhou tentando entender minha atitude:

—Isso vai parecer loucura, mas acho que ela está falando a verdade. Vou atrás de informações sobre a garota, talvez no rastro dela eu encontre respostas. E então talvez eu possa....

Queria dizer “Salvar o meu irmão”, mas deixei minha voz morrer. A única coisa que eu disse depois de um breve silêncio, foram as seguintes palavras:

—Temos trabalho a fazer.

XXX

Desde aquele dia, tenho pesquisado tudo sobre a garota. Estou perto de Nova York, e Castiel está tentando rastrear Sam.

Meu irmão, que nesse momento, é só uma casca sem alma enquanto seu verdadeiro eu apodrece no inferno.

Ele sumiu sem deixar rastro nos últimos tempos, mas nem Cas, nem Bobby e muito menos eu, vamos desistir. Deve haver alguma maneira de concertar as coisas.

E até onde eu entendi, depois que analisei toda a situação de fora, é mais uma situação onde o mundo está em risco. 

E lá vamos nós, os idiotas. Idiotice deve estar na porra dos genes dos Winchester.

Arrumo minhas tralhas enquanto seguro e verifico minha nova identidade falsa em mãos:

Dr. Ashton Hawthorne. Psiquiatra.

Preciso de algumas horas de sono. Preciso estar preparado para ficar cara a cara com a garota que pode ou não ter respostas amanhã. 

Preciso estar preparado para enganar Hazel Laverne. Preciso estar preparado para arrancar todo pedacinho de informação dela que puder. Se ela for realmente serva desse demônio desconhecido, eu vou fazê-la pagar caro. Porque se isso tudo for verdade... então ela enganou Sam direitinho, anos atrás. E eu vou ajudar o meu irmão.

Custe o que custar.

 É bom que ela seja inocente, para o próprio bem dela.


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Notas finais do capítulo

Gente, é importante falar umas coisas: Não se esqueçam que a fic é sim de romance, mas também é de ação, terror, aventura etc. etc etc. E eu não quero criar uma história mixuruca com uma personagem original sem personalidade só para ela viver um amor com o Sam e fim.
Eu AMO a Hazel de paixão, e a história dela é muito, muito importante para mim. De certa forma, ela é a minha protagonista, então sim...teremos muita água para rolar antes de ela sequer ver o Sam novamente.
Amo explorar os personagens e a história, e sei que isso não agrada todo mundo.
Aos que permanecerem nessa jornada comigo, saibam que darei tudo de mim para entregar uma história incrível para vocês: Com drama, profundidade, amizades desenvolvidas, traumas superados, e muito, muito amor.

É isso. Até mais, Hunters . Deixem um comentário ♥



XOXO Willow.



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