As Crônicas de Aethel: O Livro dos Magos escrita por Aldemir94


Capítulo 16
A Lenda da Espada




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Muito tempo já havia transcorrido desde que o jovem Aethel caminhou pela floresta de Avalon, com suas árvores milenares e suas brumas incessantes, mas, em Gravity Falls, a situação estava a beira do abismo: Gael não tinha mais paciência para tolerar a resistência inútil de Merlin e Min, então ordenou que seu poderoso exército marchasse em direção da Cabana do Mistério e pusesse fim a tudo aquilo.

Lanças, espadas, camadas grossas de tecido para proteção, elmos de ferro das velhas minas; nenhum general poderia ter mais orgulho de comandar um exército tão bem preparado como aquele.

“Aethel, porque está demorando? Você deve retornar e assumir seu lugar”, sussurrou Merlin para si, enquanto criava com sua varinha um gigantesco escudo azul em torno da cabana e de seus arredores – uma tentativa simples de evitar o avanço daquela força militar.

Enquanto isso, Pacífica Northwest estava junto de Dipper (ainda ferido por seu encontro infeliz com Björn), segurando sua mão esquerda e dizendo “tudo bem, você vai sair dessa”, mas seria verdade? Dipper olhava com fraqueza para aquela garota que fora, tempos antes, uma figura detestável, mas que, naquele momento, era seu único alento:

—Pacífica… você precisa fugir…

—Não sem você! – disse a garota, aflita – Já passamos por coisa pior.

—Pacífica… as pessoas estão morrendo… acho que o escudo… não vai durar muito.

—As coisas também ficaram estranhas com o Bill, mas você não desistiu, não é verdade? E nenhum Northwest vai fugir de alguém que se veste tão mal! 

—Haha… eu gosto de … ouvir sua voz… mas Gravity Falls está caindo.

Pacífica não era boa em animar as outras pessoas, afinal, fora criada como a herdeira da família mais rica, poderosa e esnobe daquela cidade: como poderia ser boa em fazer os outros se sentirem melhor diante dos problemas?

Mas a garota estava tentando, à sua maneira, animar o pobre Dipper, que começava a ficar cada vez mais fraco, sentindo dores terríveis pelo ataque do elfo sombrio.

Pacífica ainda possuía um pouco da arrogância característica de um Northwest, mas já não era a mesma desde o último verão: o evento no Solar Northwest, a descoberta de todas as coisas terríveis que sua família havia feito, a ascenção e queda de Bill Cipher…

Como alguém poderia permanecer igual, após tantas mudanças ao seu redor? Não estavam ocorrendo mudanças ainda piores naquele momento?

Aquela garota de cabelos dourados, pele rosada e trajes sempre dignos de sua nobre casa, estava ali, diante do rapaz que lhe mostrara o melhor que havia nela…

E esse melhor não era a soberba dos Northwest.

Pacífica não aguentava mais manter sua pose orgulhosa (que, a bem verdade, mantinha mais por hábito que por necessidade, tendo em vista o grande prejuízo que sua família havia sofrido após o estranhagedon), então abraçou Dipper e, escondendo o rosto em seu peito, começou a chorar.

Mas Gael não daria atenção às lágrimas de uma garota, tampouco seus soldados, que avançavam em direção ao escudo e o golpeavam com força, gerando rachaduras e tremores que enchiam ainda mais o clima de tensão.

Andando até Merlin e madame Min (que ainda mantinha aquele olhar ranzinza de sempre), Stanford Pines perguntou para o bondoso mago o que deveriam fazer, tendo em vista a falta de armamentos e recursos de defesa, recebendo uma resposta da desagradável bruxa:

—E o que você acha, seu idiota?! Se não pararmos Gael, está tudo acabado! Até para mim! E a culpa é desse velho imbecil!

—Mais respeito, madame! – disse Merlin, sentindo-se cansado das constantes ofensas de madame Min (o que enchia a feiticeira de uma alegria indescritível).

—Neste caso – começou Ford – não deveríamos evacuar a cidade e buscar abrigo enquanto montamos mais uma contraofensiva?

—Isso é impossível, seu idiota! – começou madame Min a despejar sua bile – Você ainda não entendeu nossa situação?! Se fugirmos daqui, Gael nos caçará e depois nos matará como gado! E a culpa é toda desse velho babão!

—Senhor Pines – disse Merlin, com calma – neste momento, tudo que podemos fazer é orar e esperar que, de alguma forma, as coisas fiquem melhor. Por enquanto, peço que mostre uma expressão mais confiante, pois as crianças já estão assustadas demais.

Stanford esperava uma resposta mais substancial, porém, assim que viu o estado de Dipper e a expressão de medo nos olhos de Mabel, não teve dúvidas e tentou seguir a orientação do mago.

O que um sorriso de confiança poderia fazer em uma situação desoladora como aquela? Na verdade, poderia ser a diferença entre viver ou morrer.

Tudo o que Mabel e os outros tinham, naquele momento, era esperança. Esperança de superar aquele terror assim como haviam feito, meses antes, com Bill Cipher e o estranhagedon.

Se Gravity Falls perdesse a última centelha de esperança (naquele momento, personificada por Merlin), então, estaria tudo acabado.

Por esta razão, Ford caminhou até Stanley, explicou a situação em sussurros e disse “anime a Mabel, eu vou ajudar o Dipper”, ao que Stan concordou, sem resmungar, pois já havia percebido que, muito e breve, Merlin ficaria sem energia e os soldados poderiam avançar.

Com sua costumeira expressão de canastrão, Stan foi até Mabel e ambos começaram a conversar:

—Então… – disse o tivô Stan – o que acha de panquecas mais tarde?

—Acabou, não é? – perguntou Mabel.

—Vai acabar logo, querida – disse Stan, segurando as lágrimas e limpando os óculos – depois você vai poder descansar na sua cama, toda enrolada no seu cobertor… e vai poder esquecer toda essa esquisitice.

—Tivô Stan… eu te amo.

—Também te amo… minha pirralhinha – disse Stan, enquanto abraçava Mabel.

Quanto a Dipper, Ford sorriu para o menino, enquanto Pacífica seguia o gesto do tivô, tentando passar um pouco de esperanças para o jovem Pines.

“Tudo vai ficar bem, Dipper, eu estou aqui com você”, disse Ford, enquanto a herdeira dos Northwest segurava a mão esquerda do garoto, em lágrimas, mas sempre mantendo aquele sorriso tímido, simples e pueril que aquele jovem ferido precisava tanto naquele momento.



Enquanto todas estas desgraças se abatiam sobre Gravity Falls, Aethel ainda se via diante de Nimue, a sedutora Dama do Lago, dentro daquela realidade distinta, no coração da Excalibur.

O rapaz ainda tentava entender sua situação, mas sabia que não havia tempo para longas considerações, de forma que tentou seguir pela linha que, ao menos naquela situação, parecia ser a mais direta:

—Saudações, senhora Nimue… pode me dizer a razão de ter me trazido aqui?

—Meu querido Aethel – disse a Dama do Lago – tenho esperado sua chegada por muito tempo. Fico feliz que Merlin lhe tenha ensinado a boa educação, sem a qual o mundo se enche de bárbaros e incivilizados.

—Agradeço os elogios, minha boa dama de olhos azuis – prosseguiu Aethel – mas ainda careço da resposta que trará paz ao meu coração. Acaso foi o teu poder, a vontade da espada ou alguma outra manifestação sobrenatural a responsável por me trazer aqui?

—Você está aqui a meu pedido, meu jovem galanteador, pois desejava lhe falar antes que fosse de encontro ao seu destino – disse Nimue – agora escute, pois você não tem muito tempo. Seus amigos estão cercados por Gael e começam a perder as esperanças.

Após dizer isso, a Dama do Lago pediu que o rapaz se aproximasse do poço de pedra, onde esse pôde ver os acontecimentos dramáticos de Gravity Falls projetarem-se nas águas com grande nitidez.

Aethel conseguia ver Stan e Ford consolando Dipper e Mabel, o escudo de Merlin fraquejando, Wendy, Soos e o restante da Cabana do Mistério em choque, apenas aguardando o fim de tudo.

“Talvez eu nunca devesse ter pisado nessa cidade”. lamentou Aethel, “eu trouxe a ruína a todos; desgracei o nome de Merlin”, mas a Dama do Lago tinha algo diferente a dizer para aquele que, por inocência ou cobrança própria, decidira assumir toda a responsabilidade por aqueles eventos sombrios:

—A culpa não foi sua, essas coisas apenas deveriam acontecer. Fosse neste dia ou em qualquer outro, a ascensão de Gael era inevitável e Merlin entendeu isso como nenhum outro sábio na Terra poderia entender.

—Em poucos minutos o escudo de Merlin cairá… Gael venceu. – disse Aethel, desanimado.

—Chega de se lamentar – disse Nimue – Merlin buscou prepará-lo para o mais brilhante dos futuros, sendo o motivo pelo qual todos estão enfrentando os dias de caos, em Gravity Falls.

—Um futuro brilhante? Para mim? Mas senhora Nimue… Não sou ninguém! Se tenho um teto para pernoitar é apenas porque Deus colocou pessoas boas no meu caminho, como Soos. Já estou satisfeito por ter um pouco de pão na mesa de vez em quando.

—Me escute, Aethel, porque eu, a Dama do Lago, não posso mentir. A quase 20 anos Ghalary não possui rei e, por essa razão, o império tem enfrentado um eterno estado de crise… por esta razão, Merlin te educou por tanto tempo, desde o dia em que você o conheceu: para que você, no momento certo, viesse até Avalon e passasse pelo teste da espada. Porém, se você fraquejar agora, tudo terá sido em vão.

—Nimue, eu não sou Arthur. – disse Aethel.

—Não, você é Aethel O. Sakhar Absalom Ryu. Apesar de suas dúvidas, já tem todas as respostas que precisa dentro de si: porque, então, hesita em puxar a espada e abraçar seu destino?

—Porque o mundo precisa de alguém maior do que eu. Sou tímido e pouco entendo as pessoas. Esse cálice deve ser dado a outro, de sangue azul e a coragem de um leão. Alguém dotado de sabedoria e que entenda aqueles que estarão sobre suas asas, tal como a águia que protege suas crias.

—Meu jovem príncipe – começou Nimue, com certo ar sedutor que, a bem verdade, lhe caia muito bem – por ser tímido e pouco entender os outros, você vigia as palavras e considera o que deve ou não dizer e, por essa razão, sua língua não profere barbaridades. Quanto aos chamados de “sangue azul”, bem sabemos que o púrpura enche tanto o camponês quanto o rei, pois a nobreza se mede de formas que vão muito além da linhagem. Por fim, de que lhe valeram os livros e estudos diversos, se não lhe tornaram tão sábio quanto os maiores eruditos?! Se for este o caso e nada tiver aprendido, então você terá, realmente, desonrado o nome de Merlin!

—O que espera que eu faça, Nimue?! Pegue uma espada mágica e salve o dia?! Com a mão esquerda vencerei Gael e ,com a direita, seu exército? Isso não aconteceu nem em Camlann!

—Você entende que a espada lhe trás um desafio, não um momento de paz… por isso resiste? Por isso se julga um covarde? Quantas vezes você não se arriscou sozinho? Já se esqueceu de quando enfrentou os mortos para salvar os vivos, naquela Cabana do Mistério? Não é isso a que chamariam “coragem de leão”?! E onde está sua fé?

Aethel ficou em silêncio, envergonhado, pois entendia que o momento de se tornar um verdadeiro homem havia chegado, inesperadamente, e ele não poderia fazer nada para evitar o que, por bem ou mal, era inevitável.

Resignado, desculpou-se por sua hesitação inicial e prosseguiu:

—Fui de encontro à morte mais de uma vez e, se for a vontade de Deus, verei esta minha velha conhecida mais uma vez, mas não abandonarei aqueles que foram bons para comigo. Se a espada me julgar digno de segurá-la, então eu aceito a honra e o peso que ela trará.

Neste momento, Nimue sorriu e abraçou Aethel, como uma mãe ao filho pequeno e, olhando nos olhos do rapaz, lhe disse:

—Siga para a cidade em ruínas e lembre que muitos são aqueles que, de perto ou longe, torcem pela vitória dos justos.

Em seguida, Nimue beijou a testa de Aethel, com seus lábios delicados, fazendo o jovem ficar com o rosto corado…

E, como se tudo tivesse sido um sonho doce, Aethel se viu novamente na bela clareira florida, segurando o cabo da espada Excalibur, enquanto uma luz do céu brilhava em sua direção e iluminava seu corpo por inteiro.

Aquela arma era uma peça extraordinária, em cada detalhe, mas algo na lâmina, próximo a empunhadura, lhe chamou a atenção, como não havia feito antes (talvez pela hesitação inicial); uma inscrição em letras de ouro, que dizia “Quem conseguir retirar esta espada da pedra, será coroado o legítimo rei de Ghalary.”

Com a mão esquerda ainda no cabo, Aethel puxou a espada e a removeu da bigorna, como se fosse apenas uma faca presa em um pãozinho macio: o desafio da Excalibur fora superado.

“Ghalary? mas não era Inglaterra?”, pensou o rapaz, tentando rir um pouco quando, distraidamente, viu a rainha Clarion e lhe pediu:

—Por favor, majestade, leve-me para a Cabana do Mistério, pois Dipper e Mabel precisam de mim.

—Como achar melhor, mas como espera lidar com o exército inimigo? – perguntou a rainha.

—Com meu próprio exército… que está dentro daquela cabana decaída.

Com um riso apaixonante, Clarion rodeou Aethel com um redemoinho de pó mágico que, em alguns minutos, levou o jovem para a floresta de Gravity Falls, próximo ao local onde Merlin havia erguido a grande barreira.

 Despedindo-se, Clarion desapareceu em meio ao pó mágico e Aethel seguiu até a cabana, quando, inesperadamente, foi visto por Arquimedes (empoleirado no galho de um velho pinheiro) que, diante do amigo, voou em sua direção e lhe disse o quanto a grande batalha parecia perdida:

—Merlin está ficando cansado, ele não tem mais 18 anos. – disse a melancólica coruja.

—E madame Min deve estar sendo um grande peso. – complementou Aethel.

—Madame Min! – resmungou Arquimedes – Devia estar achando que, caso Gael e Merlin se destruíssem, ela poderia sair por cima e se tornar a maior feiticeira do mundo… mas teve uma surpresa desagradável.

—Hahaha, ela nunca pareceu alguém de grande inteligência, mas ainda precisamos dela. Por favor, Arquimedes, vamos até Merlin, temos muito trabalho a fazer.

Seguindo para a cabana, os dois se depararam com as tropas de Gael avançando para o escudo de Merlin (que já se encontrava cheio de rachaduras e falhas), o que fez Aethel pensar em um plano rápido, enquanto se escondia em meio a alguns arbustos com frutinhas vermelhas.

Pedindo a atenção de Arquimedes, o rapaz lhe deu instruções sobre o que deveriam fazer para salvar seus amigos:

—Escute, meu amigo Arquimedes. A Excalibur é poderosa, mas duvido que seja suficiente para vencer Gael, então preciso que você voe até Merlin e lhe peça para criar armaduras, espadas e proteções para os residentes da cabana. A seguir, ordene que Mabel, Ford, Stan e Wendy usem os unicórnios como montaria e fiquem enfileirados, logo atrás de meu mestre.

—Está querendo que eles entrem em combate? Mas nada poderão fazer contra um exército profissional!

—Não, amigo Arquimedes, não espero que lutem, mas preciso usar um pouco de guerra psicológica. Gael pode ser o homem mais poderoso do mundo, mas aprendeu a ser precavido contra Merlin, depois de tantos séculos, logo, é razoável presumir que ele não agirá de outra forma, ainda que tenha um grande poder… Entende o que estou falando? Os velhos hábitos são muito difíceis de mudar.

—Muito esperto, meu rapaz! Mas precisará de algo mais?

—Sim. Peça a Merlin um escudo triangular para mim, igual aqueles que tinham forma de brasão. Por fim, diga a ele que mantenha segredo de meu retorno até que a espada seja erguida para reclamar a casa dos ghalarianos.

—Então… ficarão todos na ignorância, a exceção de Merlin?

—Sim. Não desejo que ninguém saiba disso, pois desejo manter o elemento surpresa. Esconda tudo até de madame Min, pois não tenho razão para confiar nela. Por enquanto, todos deverão ficar no escuro, exceto pela minha palavra.

Atendendo seu amigo, a coruja voou rápido e entrou em uma das falhas daquele grande escudo que, naquele momento, era tudo o que havia restado da fútil resistência, e falou para Merlin cada palavra que o rapaz lhe transmitira.

O mago sorriu, como no dia em que viu Arthur como o novo rei dos ingleses, mas escondeu tudo, como solicitado, enquanto olhava para o céu e dizia em sussurro "inteligência supera força… agora mostre-nos o que aprendeu, meu discípulo querido.”

Após pedir que Min segurasse o escudo um pouco, Merlin moveu sua varinha em círculos e começou a pronunciar o encantamento:

Higitus Figitus Zomba Kabom! Metais, atenção! Enquanto a varinha eu fico a girar, espadas, escudos e armaduras vocês vão se tornar! Agora vistam a família Pines e os outros!

Ao término das palavras, todo o aço e ferro se tornaram em armaduras completas, com elmos, escudos redondos, braçadeiras, caneleiras, peitorais reforçados, proteções de malha, espadas longas e, para completar, um escudo em forma de brasão triangular, seguindo as indicações de Aethel.

Com sua mágica, o mago fez com que todo este conjunto (que muito bem seguia o modelo da alta idade média) cobrisse Mabel, Dipper e os outros (a exceção de madame Min e do próprio Merlin), cada um, segundo seu tamanho, espécie e utilidade no exército improvisado de Aethel, o rei.

Certamente aquela tropa tinham algo de cômico, mas a necessidade tornava aquela a única forma de preservar o que restava de esperança, de forma que nem mesmo madame Min fez deboche dos ridículos gnomos de armadura reluzente, unicórnios insuportáveis (ao menos no caso de Celestabelleabethabelle, que sempre preservava sua futilidade habitual), minotauros musculosos, etc., em suma, uma visão digna de um circo.

Stanford perguntou o que significava aquilo, tendo em vista que dificilmente seriam numerosos ou habilidosos o suficiente para combater as hordas de Gael (embora ele se colocasse como exceção), ao que Merlin respondeu “mais tarde, lhes oferecerei um chá com bolo e biscoitos, pois teremos muito a comemorar", o que fez Ford cogitar se o mago não havia encontrado alguma solução para os dilemas que tantos os afligiam.

Após ordenar que Stan, Ford, Mabel e Wendy montassem os unicórnios, Merlin desfez o escudo que cobria a Cabana do Mistério ,o que fez Stanley segurar a carteira, com uma expressão de choque: o que aquele velhote estaria pensando?!

Stan não foi o único a se surpreender, pois Gael, que tudo assistia, também não entendeu do que se tratava: seria alguma armadilha de seu antigo camarada? Por via das dúvidas, o feiticeiro sombrio optou por fazer suas tropas recuarem temporariamente, temendo subestimar aquele que, tantas vezes, havia lhe impressionado com sua brilhante perspicácia.

Enquanto esses eventos se desenrolavam, Mabel caminhou até seu irmão (que estava tão atônito quanto ela) e ambos tentavam entender quais seriam os próximos movimentos que seriam feitos naquele cruel jogo de xadrez onde, por calamidade, haviam se tornado em peças.

Pacífica ainda segurava a mão de Dipper e, embora achasse aquelas armaduras que vestiam a todos (inclusive ela) fora de moda, não demonstrou qualquer sinal de desgosto, pois percebeu o sorriso de orgulho daquele rapaz que, de alguma forma estranha, fazia seu coração acelerar.

Não restava muito tempo para conversas, então Mabel obedeceu o comando de Merlin e montou Celestabelleabethabelle (que não parecia muito alegre em ser usada como montaria), determinada a proteger seus amigos e sua família, enquanto ouvia Dipper falar com Pacífica:

—Pacífica… minha espada.

—Fique deitado, Dipper, você se machucou muito.

—Se a batalha vai começar… não quero ser o único… que ficou parado. Por favor… me ajude a… ficar de pé.

Pacífica temia pelo garoto, mas sentiu que, de alguma forma estranha, não atender aquele pedido seria errado, então, colocando o braço esquerdo de Dipper em volta do pescoço, a garota o levantou devagar, ao que ele agradeceu:

—Obrigado Pacífica… me perdoe por te preocupar de novo.

—Está tudo bem… vamos fazer isso juntos, está bem? – respondeu a garota, sem dizer mais nada.

Embora estivesse cansado demais para fazer mais magias, Merlin aliviou um pouco das dores de Dipper com um movimento de sua varinha, embora já não fosse capaz de curar o rapaz por completo.

De repente, Björn apareceu e golpeou Dipper, fazendo-o cair junto de Pacífica:

—Ainda não tive o prazer de enviá-lo para Hell, por favor, receba minhas desculpas.

O elfo sombrio segurou o rapaz pela camisa e o levantou, mas liberou-o rapidamente ao sentir uma enorme dor no braço: Mabel havia disparado uma flecha com o arco de Aethel e, ao entrar em contato com as escamas douradas de Björn, liberaram uma corrente elétrica insuficiente para causar grandes danos, mas dolorosa o bastante para acalmar o elfo.

Björn olhou, furioso, para Mabel, mas desviou os olhos para uma nova visão aterradora: Alguém que, surgido do meio das árvores e passando pelos vestígios de fumaça, segurava uma lâmina brilhante e um escudo retangular…

Aethel havia retornado para pôr fim a tudo aquilo.

 


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Notas finais do capítulo

Camlann:
Aethel se refere a batalha de Camlann, supostamente ocorrida em 537 d.C.
Embora sua localização seja indeterminada, talvez Camlann se trate da chamada "Ponte do Massacre", sobre o rio Camel, na Cornualha.
Arthur era casado com Lady Guinevere, porém, sir Lancelot iniciou um caso com a bela mulher, o que dividiu a Távola Redonda e mergulhou o país em uma guerra, onde as forças de Arthur e Lancelot se enfrentaram na França.
Devido a necessidade de se ausentar da Inglaterra por causa do conflito, Arthur deixou sir Mordred na regência do país, porém, esse traiu sua confiança e usurpou a coroa...
A batalha de Camlann foi travada entre as forças de Arthur e Mordred, o usurpador.
Embora Arthur tenha saído "vencedor", apenas ele e seus leais cavaleiros, sir Lucan e sir Bedivere sobreviveram ao terrível massacre, além disso, o rei ficou gravemente ferido da batalha. De certa forma, aquele foi o fim do reino de Arthur.

Hell:
Filha de Loki e Angrboda, Hell é a deusa do Reino dos Mortos, na mitologia nórdica.



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