Uma Era De Ordem E Honra escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 29
28. ... isso ainda está muito longe de acabar... ainda temos muito que viver.


Notas iniciais do capítulo

Pois é, o fim. Esse não é um capítulo simplesmente de finalização, assim como não é o melhor. Na minha perspectiva é uma conexão, uma apresentação ao futuro.



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25|03|1777 Bravandale House, Londres

Um novo ano havia se iniciado, assim como novas oportunidades foram se formando. E assim que a temporada social iniciou, entre o final de fevereiro e início de março, essas oportunidades foram vistas por meio de ações partidárias.

A guerra com as Treze Colônias, ou Treze Estados Unidos, também continuava com toda a força, na verdade o conflito parecia estar ganhando dimensões ainda mais destruidoras. Todos os dias chegavam em Londres notícias da guerra, embora com algumas semanas de atraso, e com as notícias também vinham os rumores, como o de que os franceses estavam secretamente ajudando os rebeldes americanos.

E como um resultado imediato da guerra, os nobres e aristocratas britânicos estavam tomando muito mais cuidado ao escolher suas roupas, principalmente as damas. Todos desejavam mostrar qual era o seu lado de apoio, se era a favor ou contra a guerra. Para as damas, e principalmente para as damas, a melhor forma de fazer isso era por seu cabelo e suas roupas.

Elizabeth estava então fiscalizando de forma muito mais minuciosa todos os vestidos das suas filhas, assim como ela planejou com muita atenção os penteados que elas usariam durante todos os eventos sociais da temporada. Dando mais atenção ainda ao que elas usariam no baile da duquesa de Bravandale, onde eram esperados convidados muito ilustres.

Com isso, no cabelo de Katherine foi feito um pouf enfeitado com joias, rosas e cardos, com um exagero maior em rosas e cardos, o objetivo era mostrar o amor a Grã-Bretanha; o de Elizabeth foi enfeitado com símbolos da Britannia, mostrando assim o poder e superioridade da Marinha Real Britânica; e por último veio o de Charlotte, que foi enfeitado apenas com pequenas águias imperias de prata e algumas fitas douradas, mostrando que ela estava prometida a Áustria.

As Rosas de Bristol exalavam orgulho a Grã-Bretanha, orgulho as culturas que formavam a Grã-Bretanha, orgulho ao poderio naval e militar britânico.

— Suas Altezas Sereníssimas, o marquês e a marquesa de Bristol!— Ao serem anunciados e entrarem no salão, o casal de Bristol já recebeu muitos olhares de atenção, assim como algumas mesuras.— Juntos de Suas Altezas Sereníssimas, as princesas Katherine Rose, Elizabeth Rose e Charlotte Rose.

Quando as três princesas entraram atrás dos pais, os olhares dos convidados ficaram ainda maiores. Elizabeth percebeu que os olhos de muitos se arregalaram, alguns ficaram surpresos e ainda outros horrizados. Mas a questão era apenas uma: a atenção foi capturada, e não foi pouca.

— Eu me sinto como uma vaca sendo avaliada em uma feira.— Entre sorrisos doces e assentimentos, a jovem princesa Charlotte comentou irônica.

— Se você é a vaca, Charlotte, certamente eu sou o pasto.— Entre risinhos e belos sorrisos, Katherine respondeu.

— Não vamos reclamar, minhas rosas. Poderia ser pior.— Com um leve olhar de aviso, Elizabeth ordenou. O objetivo da marquesa havia sido alcançado, a mensagem foi deixada bem clara a todos. Então ela queria aproveitar essa vitória. Olhando para a frente, as pupilas de Elizabeth dilataram assim que ela viu um casal.— Não resmunguem mais, meninas. Os anfitriões estão vindo.

Por estar de braços dados com Alfred, Elizabeth conseguiu ouvir ele falar um muito baixo "oh meu Deus, Bravandale não", ela sentia a mesma coisa que o marido em relação ao duque, mas nada eles poderiam fazer. Então Elizabeth apenas apertou a mão de Alfred.

E eles pararam, agora a família de Bristol estava frente a frente com o duque e a duquesa de Bravandale, assim como um jovem que Elizabeth não se recordava quem era.

— Suas Altezas, todas as Altezas.— O duque os comprimentou e riu com sua própria piada, fazendo a duquesa ao seu lado revirar os olhos, e o jovem sorrir envergonhado.— Estamos muito gratos pela presença de todos aqui.

— Nós é que agradecemos o convite.— Com um leve sorriso Elizabeth respondeu, e falou logo em seguida olhando para a duquesa:— Foi uma terrível pena a nossa falta nos anos anteriores, os imprevistos são sempre implacáveis, não é, Sua Graça?

— Certamente, Sua Alteza Sereníssima.— A duquesa respondeu com uma tentativa de sorriso. Logo em seguida ela olhou para trás do marquês e da marquesa, em direção as três princesas de Bristol.— E olhe as rosas de Bristol!Como estão belas agora. Veja, James, o que você acha?

Oh Senhor! Pela forma como a duquesa falou com o jovem, só poderia ser... A lembrança veio rapidamente a Elizabeth, e um sorriso verdadeiramente surpreso não pode ser impedido de surgir em seus lábios.

— E esse é o pequeno Ernel? Oh Senhor! Já não é mais o pequeno Ernel, como você cresceu James!— Elizabeth estava impressionada, como o tempo passou rápido. O pequeno James agora era um jovem homem, e um muito vistoso com seus ombros largos e corpo atlético.

— Eu agradeço pelo elogio, Sua Alteza Sereníssima. Eu também estou impressionado com a beleza de Kathe... das princesas.— O jovem conde de Ernel se corrigiu corando, fazendo as damas de Bristol rirem levemente. James parecia ter um humor tão bom. O jovem conde olhou para seu pai, e logo em seguida olhou para Katherine.— Sua Alteza Sereníssima, princesa Katherine, eu... poderia ter a sua primeira dança hoje?

Katherine sorriu graciosamente para James, e estendendo sua mão a ele, ela assentiu para o pedido. Logo o conde de Ernel já havia levado a herdeira de Bristol para dançar.

— O jovem Ernel se tornou muito... vistoso.— O marquês comentou olhando os dois jovens se distanciando. E isso foi uma surpresa para Elizabeth, Alfred nunca chamou uma pessoa que não era da família de bonita.— Falei algo...

— Nosso herdeiro é um verdadeiro homem, meu príncipe.— O duque de Bravandale falou interrompendo Alfred. O marquês e a marquesa assentiram com um sorriso, Elizabeth estava se cansando de falar com os Bravandale.— Oh, lembrei-me de algo. Meu príncipe, poderíamos ir ao mais reservado para conversarmos?

— Pois muito bem.— Alfred sorriu para o duque, ao mesmo tempo que olhou tenso para Elizabeth, ela deu alguns tapinhas de apoio nas suas mãos.— Minhas princesas, façam o que bem desejarem.

O duque e o marquês saíram de perto das damas. Deixando Elizabeth e suas filhas em um silêncio quase mortal com a duquesa de Bravandale, a salvação de todas foi a súbita chegada de Charles Sarlen, o desastrado 3° duque de Clifton.

— Suas Altezas Sereníssimas, Sua Graça.— As damas fizeram uma mesura em reconhecimento ao duque. Ele olhava para Elizabeth, na verdade as duas Elizabeth.— Poderia eu, minha marquesa, ter a primeira dança da princesa Elizabeth.

— Ah, a primeira dança com a princesa?— Elizabeth repetiu desnecessariamente, apenas para ter tempo  de olhar para a filha, buscando uma resposta. A princesa parecia desconfortável.— Se ela assim desejar, não vejo motivos para protesto.

Os olhos de duque se voltaram completamente para a segunda princesa, havia tanta esperança nos olhos castanhos dele. E talvez tenha sido essa esperança que fez Elizabeth ceder.

— Seria muito agradável.— Com muita dificuldade a segunda princesa mais velha estendeu sua mão ao duque.

Logo os dois também saíram de perto, e por fim a duquesa fez uma mesura respeitável e foi embora. Agora Elizabeth e sua filha, Charlotte, poderiam migrar para conversas que fosse mais agradáveis. Mas antes delas irem, a marquesa se lembrou de algo: 

— Charlotte, não fique muito preocupada com as danças.— Sua filha a olhou com uma expressão confusa.— Agora você pode estar sozinha, mas logo os cavalheiros irão lhe buscar.

— Oh mamãe, não se preocupe. Eu não estou nada preocupada com as danças.— Charlotte respondeu com um risinho. Não estava?— Eu entendo que não sou a carismática personificação da beleza como Katherine, ou a perfeita dama inglesa que é Elizabeth. Sei que a minha hora irá chegar.

Depois de um pequeno momento Elizabeth sorriu em concordância. Apesar de Charlotte ser a princesa mais insistente e difícil as mudanças, de todas as suas irmãs ela ainda era a mais discreta, e isso não era ruim.

— Muito bem, minha rosa. Sua hora vai logo chegar, tenha certeza.— Charlotte respondeu apenas com um leve sorriso. Pois então agora...— Vamos para um lugar mais agradável, acho que estou vendo Beatrice...

Acho que estou vendo a esposa do tio Carlisle.— Onde? Elizabeth também começou a procurar, e logo encontrou ela, a sua cunhada.— Acabei de ver também Lady Christinie Berkeley e a Srta. Augusta Leke. Vou falar com elas, mamãe.

Antes que a marquesa pudesse falar qualquer coisa, Charlotte já havia saído de perto. Agora ela estava sozinha, e sendo o destino principal da sua cunhada, Elizabeth colocou um belo sorriso no rosto. Lady Margaret Caroline Leveson-Gower, a condessa de Carlisle, não era odiada por Elizabeth, a marquesa até que gostava da condessa, mas enquanto Frederick era vaidoso e pretensioso, sua esposa era arrogante e igualmente pretensiosa, o par perfeito realmente.

E a condessa não vinha sozinha, atrás de si ela arrastava o general Henry Clinton, que não era para ele estar nas Treze Colônias?

— Elizabeth! Finalmente eu lhe encontrei, Bravandale House está tão cheia hoje que parece um labirinto de pessoas.— A jovem Lady Carlisle comentou com um risinho.

— Mas que coisa, Margaret. Eu sempre estive aqui, apenas para sua informação.— Talvez fosse por isso que ela estava sendo tão difícil de encontrar, Elizabeth ainda estava perto da entrada.— General Clinton, que alegria o ter conosco hoje. Creio que sua estadia em Londres esteja próxima do fim, não?

— Certamente, Sua Alteza Sereníssima. Logo irei voltar para as Treze Colônias, o dever militar me chama.— O general respondeu seriamente.— Mas não poderia faltar hoje, os bailes nas colônias não são a mesma coisa que os bailes em Londres.

Por educação Elizabeth assentiu e voltou a olhar para sua cunhada.

— Frederick me apresentou o general agora pouco, Elizabeth. Então eu pensei: talvez os Bristol gostem dele.— Por que Margaret pensou uma coisa dessas?— Já você gosta tanto das colônias.

— Eu...— A marquesa parou e pensou por um momento. Poderia ser interessante, lhe trazer algum benefício.— A proclamação de Lord Dunmore, sempre fui muito curiosa em relação a ela.

O general ficou surpreso de início, mas logo ele começou a falar. Elizabeth ouviu com atenção, embora também se perguntasse como Alfred e suas filhas estavam.

*****

Desde o incidente em Amelian House, Alfred não se sentia mais o mesmo, alguma coisa havia mudado, sua saúde parecia ter mudado. Porém não era um progresso, mas sim um regresso.

A guerra de nada estava fazendo bem a Alfred e sua saúde, ela, a saúde de Alfred, parecia estar a cada dia se deteriorando mais ainda. E não era apenas ao marquês de Bristol que ela estava fazendo mal, mas a Grã-Bretanha também. Todos sabiam disso, percebiam isso. A questão era que ninguém queria resolver esse problema agora, primeiro a guerra. Por isso havia a vida social, os balés, peças de teatro, concertos e bailes,  cumpriam muito bem a sua tarefa de distrair a rica alta sociedade londrina dos problemas da guerra, e da própria guerra.

Porém, isso hoje não estava sendo o suficiente. A presença do general Clinton e de Lord Dunmore não deixavam Alfred se esquecer nem por um momento da guerra, na verdade eles lembravam o marquês da guerra.

— É uma grande beleza isso, não é mesmo, Bristol?— Como? Alfred olhou para o lado, para o duque de Bravandale, por um momento ele esqueceu da presença dele.— Todos esses jovens dançando, suas filhas sendo estrelas da sociedade, é certamente lindo.

— Lembra-me muito dos dias de glória.— O marquês esboçou um pequeno sorriso ao lembrar. Ele e Elizabeth eram estrelas da alta sociedade, uma guerra também estava acontecendo, mas essa e aquela eram diferentes.— Éramos jovens, bonitos, saudáveis e não tínhamos as mesmas preocupações que temos hoje.

E pensar que já faziam dezenove anos, iniciando em 1758, parecia que passou apenas alguns meses, mas não, eram anos! Elizabeth passou da bela jovem dama inglesa, dançante e inexperiente, para uma líder social, uma que já estava apresentando suas filhas. E Alfred? Ele era tão jovem, popular e bonito, um príncipe alemão, o conde de Rivers, e agora era o maduro marquês de Bristol, envolvido diretamente em uma guerra desgastante.

— Não sei se tenho saudades dos meus dias de juventude. Nunca fui realmente popular.— E novamente Alfred havia se esquecido do duque. Agora o marquês colou seus olhos em Bravandale, para não esquecê-lo mais.— Eu prefiro os dias de hoje, sou feliz e fui feliz. Então não tenho do que reclamar.

Alfred muito se surpreendeu com as palavras do duque. Então nem mesmo os tolos eram completamente tolos. Depois de um pequeno momento em silêncio, o marquês se obrigou a falar:

— O duque está completamente certo.— Agora foi o duque que ficou surpreso pelo elogio, ele olhou para o marquês com um sorriso impressionado. Assim parecia até que ele nunca havia recebido um elogio.— A dança acabou, Bravandale. Nossos filhos estão voltando.

A duque voltou sua atenção para a frente, para o alívio de Alfred, que homem estranho.

— Realmente, meu marquês.— Lord Ernel e Katherine vieram em direção a seus pais, talvez agora Alfred tivesse um refrigerio...— Não formariam um belo casal, meu marquês? Até mesmo em altura parecem iguais.

O marquês olhou sério para o duque, isso foi inconveniente, assim como muito presunçoso da parte de Bravandale. Katherine, uma princesa, se casar com Lord Ernel, um simples Berkeley, um simples futuro duque, era humilhante. Mas Alfred foi impedido de responder, os dois jovens chegaram.

— Meu pai, meu marquês. Aqui está a princesa.— Muito sorridente o duque falou entregando a mão de Katherine para Alfred.— E devo dizer que sem dúvida alguma essa foi a melhor dança da minha vida.

— Foi uma ótima dança.— Katherine completou sem dar muita atenção, na verdade ela parecia estar procurando algo.— James dança muito bem.

— Eu agradeço, minha princesa, mas duvido muito, em Eton eles não nos ensinam a dançar.— Com um tímido sorriso o jovem Ernel respondeu. Mas esse sorriso durou até ele perceber a distração de Katherine.— Minha princesa perdeu algo?

Com esse pequeno toque do conde, Katherine voltou a olhar para os cavalheiros, embora inicialmente confusa.

— Se perdi algo? Não que eu tenha percebido.— Logo em seguida ela percebeu o real sentido da pergunta.— Perdão! Eu me distrai agora.

— Apenas agora? Ah minha princesa, devo dizer que estas sempre muito distraída.— O duque comentou, rindo logo em seguida.

Mas isso foi uma ofensa! Uma terrível ofensa. Katherine continuava a sorrir para o duque, mas ao olhar para os olhos dela, Alfred percebeu a irritação da sua filha mais velha, e não era uma pequena irritação. Apesar de tudo, ela sorriu e comentou:

— Sua Graça, o senhor é sempre tão engraçado.— Katherine comentou tolamente rindo, assim como o duque.— Estou tentando encontrar a duquesa de Devonshire, na verdade. Ouvi algumas pessoas dizerem que hoje ela estava mais bela e bem vestida que o normal. Espetacular, era essa a palavra.

— Espetacular ainda não é o suficiente, minha princesa. A duquesa de Devonshire está magnificamente divina, ouso dizer que ela é a mulher mais bem vestida nesse baile.— Foi um terrível erro do duque falar isso, Alfred até fechou os olhos sentindo o perigo. O sorriso de Katherine, que já era falso, morreu completamente.— Mas bem, devo também dizer que a princesa, sua mãe e suas irmãs são grandes oponentes contra a duquesa.

Katherine consegui dar um pequeno sorriso de lado.

— Meu pai, acho que está na hora de dançar com Christinie, não?— Lady Christinie Berkeley era outra parecida com o pai, Alfred ainda se perguntava como ela e Charlotte eram "amigas".— Até mais.

O duque e o jovem James fizeram uma mesura e saíram de perto do marquês e sua filha. E com isso o sorriso de Katherine morreu, mas ela esperou mais um pouco para falar:

— Papai, eu não gosto do duque de Bravandale. O acho um dos piores tipos de homem desagradável.

— Você não é a única Katherine, assim como não é a primeira, e certamente também não será a última.— Com um tom contido Alfred respondeu irônico.

— Ele me chamou de tola!— Katherine quase gritou.— E se não bastasse isso, ainda me colocou abaixo de Georgiana Cavendish, ninguém me coloca abaixo da duquesa de Devonshire, papai.

Katherine não acabou de expressar o seu descontentamento com o duque de Bravandale. Sir Holland Brocket, o arquiteto dos Tudor-Habsburg, que os servia desde a marquesa Anne, se aproximou deles, obrigando a princesa a se calar. Pelo que parecia a duquesa havia convidado toda Londres, desde o sueco príncipe Frederik Adolf, duque de Östergötland, que estava visitando Londres, até a baixa nobreza rural, como o  4° baronete Brocket.

— Sua Alteza Sereníssima, que honra lhe ver. Assim como Sua Alteza Sereníssim, a princesa Katherine. E minha princesa está tão bela... e grande também, era possível a ver de longe com Lord Ernel.— Sir Holland certamente já havia sido mais agradável, o tempo foi infeliz com ele.

— Sir Holland, posso lhe dizer o mesmo. Creio que você se lembra de Sir Holland, Katherine.— A princesa não respondeu, ela apenas continuou a sorrir.– Amelian House.

— Ah, Sir Holland Brocket, o arquiteto.— O marquês assentiu para a filha.— Se bem me lembro, o sir foi encarregado da reforma de Amelian House, não?

— Fico feliz que meu trabalho ainda é lembrado, embora essa tenho sido minha última grande construção.

Isso foi para Alfred, era quase certeza. Mas o que ele poderia fazer? Mandar reformar Josephean Hall? Eles desprezavam aquele lugar, talvez mais até do que Bristol.

— Infelizmente não temos muito o que fazer, Sir Holland, não existe o que reformar ou construir.— Haviam algumas propriedades secundárias, mas elas eram insignificantes.

— Se bem me lembro, a marquesa Anne, antes de morrer, mostrou muito desejo de construir uma grande residência para os Tudor-Habsburg em Bristol.— Ah, isso. Era triste para o marquês só de lembrar.—Meu marquês também mostrou muito interesse, até mesmo mandou construir uma estrufa.

Tudo não passou de planos, até mesmo as plantas tiveram que ser colocadas nas estufas de outras residências. Mas enquanto Alfred se lembrava disso com pesar, Katherine estava curiosa.

— Eu não tinha conhecimento desses planos, papai.— Porque eram muito discretos.— Por que não foram adiante?

Alfred iria responder, iria sim. Mas ele foi interrompido, uma voz com um gritante sotaque sueco o interrompeu:

— Mas que honra eu tenho, Sua Alteza Sereníssima, o príncipe de Niedersieg.— Era o príncipe Frederik Adolf da Suécia. A sua chegada foi uma surpresa, principalmente para Katherine, que logo se tornou o foco do príncipe.— E essa deve ser a princesa Katherine? Da qual a beleza é conhecida em todo o continente.

A princesa sorriu e estendeu sua mão ao príncipe sueco.

— Que belo elogio, Sua Alteza Real.— O príncipe deu um sorriso lascivo e beijou a mão de Katherine.— Eu não sabia que era assim tão famosa no continente.

— Pois minha princesa é. Todas as cortes que visitei comentavam sobre a bela rosa inglesa que é a princesa Katherine de Niedersieg.— Katherine sorriu ainda mais lisonjeada.— Porém, eu devo dizer que minha princesa não merece esse simples nome, talvez algo maior, mais digno.

— Maior? Mais digno?— Katherine repetiu pensativa.— Qual a sua sugestão?

O príncipe foi pego se surpresa pela pergunta, mas logo essa surpresa foi substituída por um sorriso e um risinho.

— Eu a chamaria de "a mais bela rosa inglesa" ou de "a bela inglesa", porque minha princesa não é apenas uma mulher bela, mas sim a princesa mais bela de toda a Inglaterra.— Mas que audacioso! E Katherine riu dessa audácia, para ela era divertido?— Meu príncipe, poderia eu dançar com a princesa Katherine?

Sem nenhuma outra possibilidade, Alfred assentiu. Seria um erro dizer não, esse era um príncipe sueco, e poderia se dizer que entre a Suécia e a Dinamarca, a Grã-Bretanha tinha uma relação melhor com a Suécia. E os dois saíram também.

Passando a sua surpresa, Alfred percebeu que agora estava sozinho, até mesmo Sir Holland havia ido embora. Mas essa solidão não durou muito, logo Elizabeth surgiu na multidão, ela vinha na direção de Alfred, e estava surpresa.

— Quem é aquele belo cavalheiro com Katherine?— Ela não havia percebido?

— Ele é o mais ilustre dos visitantes de Londres esse ano.— Isso foi o suficiente para Elizabeth perceber quem era.— E ele escolheu nossa Katherine para sua primeira dança. Onde estão Elizabeth e Charlotte?

Antes de responder, Elizabeth passou mais um tempo olhando sua filha mais velha dançando com o príncipe Frederik Adolf.

— Estão dançando.— Até Charlotte?— Elizabeth não mostrou muita recusa em dançar com o conde de Courteney, mas eu precisei de muito esforço para fazer Charlotte concordar em dançar com o Lord Pembroke, não entendo o porquê.

— Não seria Sir Henry Pembroke?

— Creio que você esqueceu, mas ele foi elevado a barão a algumas semanas.— Sim, agora isso veio a Alfred, ele mesmo estava lá.— E eu nunca iria insistir para uma de minhas filhas dançar com um plebeu.

Eles então continuaram a observar a dança, cada um com seu par. Alguns se divertindo, outros flertando, e ainda outros se apaixonando.

— Nos traz lembranças tão boas, não é, Elizabeth? Nossa primeira dança foi em um baile como esse. Era da... duquesa de Newcastle.— Alfred se recordou com um sorriso. A duquesa de Newcastle, pelo menos ela agora estava descansando com o duque.

— Acho tão impressionante que já fizemos tanto, vivemos tanto.— O marquês olhou para sua esposa, suas palavras eram...— Alguns dias atrás éramos nós que estávamos dançando no lugar de nossas filhas, agora somos simples observadores.

— Mas não acabou ainda.— Alfred falou sorrindo para Elizabeth, que também olhava para ele agora.

— Realmente, ainda não acabou.

Talvez não fosse recomendado, impróprio para pessoas casadas, mas...

— Você não quer dançar, Elizabeth? Como fazíamos no início?

Com um sorriso no rosto, Alfred ofereceu sua mão a esposa, e com um sorriso ainda maior Elizabeth aceitou. E os dois foram em direção aos outros casais dançando.


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Notas finais do capítulo

E por fim, chegamos ao pressuposto fim.
Ainda tem o epílogo claro. Mas ainda assim eu gostaria de agradecer aqui mesmo todos que leram, essa história que eu postei foi de longe a mais vista, então obrigado.
Especialmente eu gostaria de agradecer ao ilustre Arrogante, cuja identificação eu me idêntico muito( isso tem sentido?). Seus conselhos, críticas, os comentários, foram de muita ajuda.
Eu não vou dizer que "Uma era de ordem e honra" foi um perfeito romance, mas foi uma agradável escrita, pelo menos me ensinou a arte da mudança extrema.
De qualquer forma, obrigado.