A Mais Vitoriosa escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 15
Capítulo XIV.




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... Frederik eu peço que você dê um jeito na sua esposa e nas irmãs dela. Mamãe e Wilhelmina não param de me escrever para reclamar, mamãe sobre a frieza da marquesa ao escrever para ela, e Wilhelmina reclamando que vai passar de cunhada e tia da princesa Alice. Eu estou cansada disso, seja homem e coloque algum limite na marquesa...

Apenas para que você não pense que escrevi apenas para lhe dar ordens, eu irei dizer que estou bem, muito melhor do que papai, ele está doente, e como mamãe é ela já deve ter avisado. Embora eu ache um exagero, vejo que ele não está bem, parece um resfriado, mas eu já disse que um médico deve ser chamado... E recebi as pinturas de Alfred e Henry, são tão bonitinhos, Henry parece um dos nossos, apesar de ter o cabelo da família dela, tem nossos olhos, muito diferente de Alfred que tem os olhos, o cabelo, espero que ambos sejam Orange, não Habsburg...

De sua irmã 

Henriette de Orange-Nassau 

07|09|1743 Palácio de Hampton Court 

Não podemos sempre fazer nossas vontades, e existem escolhas que não vão ser tomadas por nós mesmos. Mesmo assim, é seu dever, nosso dever, assim fazer.

Tudo isso Catherine já havia antes ouvido, e também já tinha aceitado, primeiro quando era uma criança, depois quando chegou a notícia de que ela iria se casar, e novamente, quando Catherine descobriu com quem iria se casar.

Catherine sabia se destino, e já havia o aceitado, mesmo assim ela não poderia se casar sem lutar, sem mostrar alguma resistência. O príncipe Ferdinand não era um homem insuportável, nem desagradável. Ele não era muito rico, nem muito bonito, e ele era um militar do rei da Prússia, mas nada disso era motivo para Catherine se opor a se casar, mas sim o medo.

Mas o destino já havia sido aceito. E talvez esse fosse um dos últimos momentos em que Catherine iria passar em seu quarto.

  – Catherine querida, sorria mais por favor.- O pedido de sua mãe era difícil de obedecer.

 – Não sei se posso sorrir mamãe. Existe motivo para sorrir?

  – Seu pai ficaria muito feliz se você sorrisse mais. Assim como ficaria muito orgulhoso.‐ Catherine decidiu não responder a sua mãe, a marquesa-viúva teve muito esforço para dizer isso.– Não precisa ter medo.

Isso era difícil de fazer, sentir medo era a coisa que Catherine mais fazia desde seus 13 anos. Mas antes que Catherine pudesse se aprofundar novamente nisso, Anne entrou em seu quarto. Que conveniente.

 – Chegou Anne, a honrosa. A pessoa que devo agradecer pelo meu casamento.

  – Não precisa agradecer Catherine.‐ Pelo visto Anne também sabia ser irônica.– Você está muito bonita.

  – Eu agradeço minha senhora por seu elogio.

 – Catherine não seja assim por favor.- Não havia motivo para responder.– Não precisa ter medo. Você pode ser feliz, se desejar.

  – Eu tenho certeza que irei.‐ Isso foi o máximo que Anne aguentou, depois disso ela mandou que todas saíssem do quarto deixando apenas elas duas.

Catherine não sabia o que iria acontecer, o que Anne iria dizer, mas pelo menos de Anne ela não tinha medo.

  – Qual o seu problema Catherine?

  – Não existe...

  – Existe sim um problema. Você se opõe muito a se casar, mamãe diz que você não deve ter medo e suas ações mostram medo. Me diga então qual o seu medo?‐ Não havia mas motivos para não dizer.

— Você tem razão Anne, eu tenho medo, tenho receio. E você sabe do que eu tenho medo? Eu tenho medo de ser como você e mamãe.‐ Nesse momento os olhos de Anne brilharam perigosamente. Mas Catherine não se deixou vencer.– Tenho medo se ser apenas uma mulher que deve ter filhos, tenho medo de ser deixada de lado, traída e esquecida assim como Lady Everton foi.

  – Eu não acho que você...

  – Me deixe acabar agora Anne ! Eu também não desejo ficar sozinha, ser maltratada, desprezada. Eu não quero ser como as outras mulheres no mundo, sem alegria e sem liberdade.

Tudo ficou em silêncio, tudo que Catherine sentia foi falado, e isso foi muito bom.

  – A sua preocupação e seu medo é justificável, toda mulher pode se sentir da mesma forma.‐ Catherine apenas imaginava o que Anne falaria.– Você não deseja sofrer, deseja apenas ser feliz. E você será feliz Catherine, você não é como as outras. Você é você, alegre, espontânea, bela e independente.

  – E como isso me faria feliz?

  – Isso vai lhe garantir que ele nunca a despreze, ele não vai lhe esquecer. E mesmo que isso aconteça, mesmo que você seja deixada sozinha por causa da guerra, você não vai ser infeliz. Você nunca precisou de ninguém para ser feliz Catherine, você faz sua alegria.

  – E como você tem certeza do que diz Anne?

  – Somos irmãs Catherine! Eu lhe conheço a muito tempo, sei que você será automaticamente amada na corte em Wolfenbüttel.- Já fazia muito tempo que Catherine não ouvia isso.

Há muito tempo as irmãs Tudor-Habsburg não eram as mais unidas e amigas. Era como se houvesse um abismo. Mas ele parecia menor agora, era uma pena que fosse só agora.

  – Estou disposta a acreditar em você.- Anne apenas sorriu em resposta.– Eu serei feliz, e talvez encontre o amor, se não o amor de meu marido, terei o amor de nossos filhos. Eles claro não serão muitos.

  – Você vai Catherine... Eu sentirei saudades de você.- Catherine poderia dizer o mesmo, assim como também de sua mãe e Alice.– Mais uma coisa. Lembre-se que a corte em Wolfenbüttel é muito diferente da de Saint James.

  – Eu tenho conhecimento disso, mamãe chamou Lady Hastings apenas para me lembrar disso.- Com isso Anne saiu, e Catherine ficou sozinha com seus pensamentos.

O medo continuava, as preocupações também. Mas agora havia também um sentimento pequeno de que ela seria sim feliz. Não por causa do duque, ou por ter amor, mas sim porquê ela queria ser feliz. E Catherine permaneceu assim, até que sua dama de companhia a avisou que já estava na hora de ir para Saint James. O momento de casar-se com o duque Ferdinand havia chegado.

                      *****

21|11|1743 Greenwich, Londres

Dois meses depois do casamento de Catherine com o duque Ferdinand de Brunswick, assim como sua mudança para Wolfenbüttel, foi a vez de Alice.

Em 19 de novembro foi a vez da príncesa mais nova se casar, não foi claro um casamento muito significativo já que havia sido por procuração, mas já se poderia dizer que Alice estava casada, embora quando ela chegasse em Saarbrücken haveria novamente uma cerimônia de casamento.

E isso era o que levava a presença de todos em Greenwich. Alice iria embora, então suas amigas, e sua família deveria dar seu último adeus, apesar do horrível frio que estava fazendo.

  – Seja sempre gentil, atenciosa e bondosa.- Se Frederik não se enganava, a marquesa-viúva disse o mesmo a Catherine.– Lembre-se que você será a mais alta mulher na corte de Saarbrücken, então aja de acordo, cumpra sempre seu dever e seja uma alemã.

  – Eu farei isso mamãe.- Logo depois a marquesa viúva então abraçou Alice e beijou sua testa.– Eu sentirei saudades mamãe.

Era sempre assim, muito belo, muito bonito, muito emocionante. Frederik bem se lembrava de passar por essas mesmas despedidas sete vezes, e todas foram iguais.

 – Eu agora estou sem minha irmãzinha.- Agora era a vez de Anne.– Seja feliz Alice, sempre escreva, e não se esqueça de nós.

  – Eu farei isso não se preocupe. Mas você também Anne, seja feliz. E cuide-se.- Veio então mais um abraço. Frederik esperava que não houvesse lágrimas, apenas fazia sofrer mais.

Mas depois de se despedir de sua mãe e irmã era a vez de Frederik, que estava bastante curioso com o que Alice iria dizer.

  – Frederik eu peço que cuide por favor de mamãe e de Anne. Você já estava fazendo isso antes, mas agora não poderemos mais ver.

  – Não se preocupe. Anne sabe se cuidar. Mas não se preocupe vou cuidar delas, assim como de você e Catherine mesmo no continente. Então se Saarbrücken fazer algo errado, haverá vários Orange e Nassau para tirar satisfação. Podemos ser da mesma família, mas não somos unidos.- Alice riu com isso, mas era uma verdade. Alice era como uma irmã mais nova para Frederik, a que ele nunca teve, então ele iria cuidar dela.

  – Eu espero que eu nunca acorde com um exército invadindo Saarbrücken. Cuide por favor também de Alfred, de Henry e do novo bebê que virá. E eu espero que se for uma menina não se chame Alice.

  – Não se preocupe. Se for uma menina ela deve dar continuidade a tradição. Será uma Anne, assim como eu, nossa avó, bisavó e assim por diante.- Anne fez muito bem em lembrar a Frederik dessa tradição. Depois eles deveriam conversar.

Depois disso, Alice novamente se despediu, abraçou e beijou, tudo a tempo para que Lord Ormond a chamasse e dissesse que estava na hora. E minutos depois, o navio já estava navegando, e não iria mais parar. Agora não havia mais príncesas Tudor-Habsburg. Só haviam duas marquesas, dois príncipes e um estrangeiro. Frederik apenas poderia imaginar como a marquesa-viúva e Anne deviam estar se sentindo, de sua família original só havia elas agora.

Mas certamente esse era um sentimento bastante comum. Os filhos nasciam, cresciam, se casavam e iam embora, os pais um dia ganhavam a viuvez e ficavam com um dos filhos. O que estava acontecendo com os Tudor-Habsburgo não era algo incomum ou novo, era apenas incomum o fato de estarem sem família na Inglaterra, apenas no continente.

  – Ainda é muito estranho saber que minhas filhinhas que antes eram bebezinhos, agora estão todas casadas, e com filhos.- As palavras da marquesa viúva despertaram então Frederik, que logo percebeu já estavam na carruagem de volta a Hampton Court.

  – É uma verdade mamãe. Nada mais será o mesmo em casa.- Na verdade desde que o marquês havia morrido nada era o mesmo.

  – Eu acho que deveria ir para Ocenia.‐ O silêncio que havia foi destruído pelas palavras da marquesa, palavras essas que nem Anne nem Frederik gostariam de ter ouvido.

 – Não acho necessário mamãe. Você vai estar sempre comigo e com Frederik, assim como as crianças.

  – Nossos filhos serão seus filhos.

 – Eu sei disso. Mas acho que eu deveria me aposentar da vida em Londres e ir para meu amado Castelo de Ocenia.- Isso não poderia acontecer, a marquesa deveria estar com eles, ela deveria aconselhar Anne, ajudar Frederik.

  – Minha senhora não acho bom isso. Nós precisamos da senhora, precisamos de seus conselhos e que nos guie.- A expressão da marquesa viúva nada mudou, ela não parecia muito disposta.– Não poderíamos viver sem a senhora por perto.

  – Vocês são jovens, um casal jovem. É necessário terem uma casa só para si.

  – Você poderia então mamãe, morar em um dos palácios reais. Não precisa se aposentar em Ocenia, afinal você também é jovem.

A marquesa-viúva continuou do mesmo modo, mas Frederik poderia ver que ela estava disposta a aceitar.

  – Está certo então. Mesmo assim vou para Ocenia, fará bem.‐ Frederik nesse momento sentiu um grande alívio. A marquesa-viúva era muito importante, não só no sentido de ser mãe de Anne, mas também dela sempre estar perto dos meninos.

E havia o mais importante, ela estava sempre mediando entre os dois em seus brigas. Frederik sabia, assim como Anne também, que sem a marquesa, nenhum dos dois iria estar disposto a ceder depois de uma discussão. Era sempre assim. Havia as discussões, as vezes gritos, depois cada um se retirava para seu lugar, então a marquesa falava algo, um deles perdia perdão, cedia, faziam as pazes, e tudo acabava muito bem, as vezes com uma gravidez.

  – Está certo então. O que você acha então Anne, de seguirmos sua mãe? Eu sempre apreciei muito o clima de Cornwall.

Anne deu um grande sorriso em resposta, então todos iriam para passar um pequeno período no Castelo de Ocenia. Seria bom, o clima lá era melhor, e o médico dizia sempre que faria bem a Alfred.


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