A Mais Vitoriosa escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 12
Capítulo XI




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/806526/chapter/12

20|06|1743 Palácio de Hampton Court 

As casas soberanas europeus conheciam apenas uma língua: a do poder. E os dois únicos meios que essas casas usavam para ganhar poder eram primeiramente a guerra, mas isso era muito difícil, haviam muitas perdas e o povo não gostava de guerras, e segundo era o casamento.

E esse último era o mais usado, o mais fácil e mais infalível, mas ao mesmo tempo poderia ser o pior. Isso fazia com que nenhuma pessoa na Europa que tinha sangue real fosse capaz de fugir dessas táticas de poder.

Maria Theresa era um exemplo disso, seu casamento com o duque de Lorraine foi para que o poder dela não morresse junto com seu pai. E quando o casamento não foi suficiente, a guerra pelo poder aconteceu, e continuava.

Anne também não escapou da conquista de poder pelo casamento, como era bem sabido, o casamento de Anne com Frederik, um Orange-Nassau, era o primeiro de muitos casamentos que deveriam assentar a influência dos Tudor-Habsburg.

E seguindo a lógica da genealogia, depois que Anne se casou, era a vez de Catherine.

  – Como você ousa fazer isso Anne? Por que você não volta a cuidar de Alfred e Henry?- Catherine estava com muita raiva, Anne não entendia o porquê, Catherine sempre falava que gostaria que ir para bem longe das pessoas de Londres, a Alemanha não era longe o suficiente?

  – Chegou a sua vez Catherine, você não pode fugir do destino. E eu posso sim, sou sua marquesa.

  – Certamente chegou a minha vez. Mas é de meu desejo escolher meu marido. ‐ Anne tinha a pequena impressão que se ela pudesse escolher, seria o filho de um barão, um capaz de pagar o gastos dela claro, e ela faria isso apenas para a irritar.

  – O mundo não funciona desse modo, não funcionava antes, não funciona agora, nem mesmo no futuro vai.‐ Era uma audácia na verdade Catherine falar isso.

  – Uma pessoa deve ter o poder de escolher com quem vai se casar. Sei que papai iria pensar da mesma forma.‐ Catherine sempre tão resoluta de tudo, sempre falando com tanta confiança, as vezes nem percebia sua tolice.

  – Ele não iria Catherine. Papai sabia muito bem que nós, a realeza, devemos sempre fazer sacrifícios para o bem de nossa família, para nosso bem, e o casamento é um desses sacrifícios.

Catherine ficou calada, ela sabia que não tinha argumentos contra isso, era toda a verdade. Ser dessa família significava isso, fazer sacrifícios.

  – Quem você escolheu?- Anne não via isso como uma rendição, estava muito fácil. Catherine não aceitava o que não gostava de forma fácil.

  – O príncipe de Nassau-Saarbrücken e o duque Ferdinand de Brunswick-Wolfenbüttel.- Era suspeito mas Anne deveria falar.– Você pode escolher, mas será melhor se for Nassau-Saarbrücken, ele pelo menos tem uma corte.

Ele não era também um soldado do rei Friedrich II da Prússia, era apenas o governante rico de um principado pequeno. Ele era perfeito para Catherine.

  – Se eu posso escolher não escolherei nenhum dos dois. Um deles é muito velho e o outro é... é... um soldado.

  – O príncipe é apenas seis anos mais velho, quanto ao fato do duque Ferdinand ser um soldado, isso é irrelevante. Lembre-se que Frederik, meu marido, também é um soldado.- Em todo caso o objetivo do duque também vir era que ele se casasse não com Catherine, mas com Alice.

Catherine novamente ficou calada, um sinal de que algo ela planejava falar. Era cansativo na verdade a relutância que Catherine tinham em se casar. Era apenas um casamento, todos os dias pessoas faziam isso.

Depois que um momento quase interminável, Catherine se virou, e saiu do escritório em que Anne estava, não sem antes falar algo:

  – Você não pode me obrigar Anne.- E com isso Catherine saiu, deixando Anne sozinha com seus pensamentos. E Catherine estava errada, Anne poderia sim a obrigar, ela era a marquesa, e a recusa de sua irmã não a iria impedir.

Logo depois que Catherine saiu, a duquesa de Newcastle entrou, assim como suas outras damas. Era provável que elas tenham ouvido tudo.

  – Duquesa eu desejo um convite da festa que a duquesa de Richmond irá fazer daqui a cinco dias.- Catherine iria sim se casar, e ela iria sim conhecer seus pretendentes. Todo mundo estaria na festa da duquesa de Richmond.

  – Não está um pouco perto demais da festa?‐ Sim estava, mas isso não significava nada, ainda se poderia ter um convite, e na falta de resposta a duquesa entendeu.– Faz tanto tempo que não vejo Sarah, um visita será muito boa.

  – Ela certamente irá ficar feliz.‐ Assim como Anne, mas agora Anne também deveria fazer outra coisa.– Lady Beaumont poderia ir chamar a marquesa-viúva até mim.

No final mesma Anne teve que ir até sua mãe, a marquesa estava muito ocupada em seu luto pelos dois filhos, pelo marido é recentemente pela mãe. Mesmo assim quando Anne entrou nos aposentos de sua mãe, ela poderia dizer que ela ainda era claramente um pessoa alegre e bela, e não muito triste, uma de suas damas estava lendo para ela.

  – Você veio me ver Anne, que surpresa. Qual é o problema?

  – Estou sempre lhe vendo mamãe. Também não fale como se não fizesse nada, você está sempre muito ocupada cuidando de Ocenia.‐ Para falar a verdade o castelo era a principal preocupação de sua mãe.

  – Muito bem então Anne, você é um filha muito amorosa que cuida sempre de sua mãe quase esquecida. Mas me diga, qual foi o problema? Se foi com Frederik me perdoe mas...

 – Catherine se mostra muito teimosa em relação ao casamento, já foi decidido com quem ela vai se casar, mas ela diz que não.

  – Esse dia então chegou, eu e seu pai sempre soubemos que seria para Catherine mais difícil.‐ A melancolia como ela dizia isso era impressionante.– Eu irei falar com Catherine, ela vai se casar.

  – Eu espero que sim mamãe. Sei que Catherine tem uma personalidade muito forte, e teimosa, bastante sarcástica, mas é para nosso bem que ela se case.- Anne não gostava de obrigar os outras a fazer sua vontade, mas quando era preciso ela faria sem pensar.

  – Você está certa Anne, não é de meu desejo que minhas filhas me deixem, mas é necessário. Catherine irá ver isso. Mas eu lhe peço Anne, que você se mostre mais gentil, atenciosa e se coloque mais no lugar de Catherine.-Isso foi insultoso, sua mãe não poderia fazer isso, mas antes que Anne pudesse falar algo sua mãe continuou.– Catherine não é você Anne, como você disse ela tem uma personalidade forte. Isso a faz falar o que deseja e a ver e defender sempre o seu certo.

  Era uma verdade. Catherine via, não gostava e comentava, mesmo que isso fosse incomodar alguém. 

  – Mas nem sempre devemos falar tudo que pensamos

  – Seja apenas paciente Anne, e tente a entender. E assim você vence uma guerra.

  – Eu vou serei mamãe. E diga a Catherine que iremos a festa da duquesa de Richmond.

                      *****

A sociedade britânica era uma das coisas mais estranhas e diferentes da Europa, apenas os franceses tinham algo parecido, mas seu centro social era uma corte cheia de status.

E uma das coisas que mostrava essa diferença era a temporada social, um período do ano com eventos que não haviam em nenhum outro lugar do continente. Nos outros países havia sim ópera, festas, jantares e saraus, mas em sua maioria todos funcionavam como um tributo ao rei, e eram cheios de regras.

Mas não na Inglaterra, o baile da duquesa de Richmond, estava acontecendo apenas para sinalizar o último baile de um duque. Afinal todos eles voltariam para o interior, ou para a Escócia e Irlanda.

Mas mesmo a Grã-Bretanha sendo muito diferente, Frederik ainda poderia ver que ela não era completamente. Os ingleses se diziam muito simples e que tinham uma boa moral, mas era muito bem visível que não era completamente verdade, os ingleses poderiam se comparar aos franceses. Mas no momento era melhor Frederik voltar a sua atenção para o baile, seu cansaço e saudades da Holanda poderiam ser vistos mais tarde.

  – Em uma dança você olha para seu par Frederik. Mesmo sendo eu.‐ Frederik voltou então sua atenção para Alice, que apenas recentemente havia sido apresentada a corte.

  – Estou apenas observando Anne, ela está conversando com o duque St. Martin, e você sabe como são essas conversas.‐ Era uma mentira na verdade. Anne estava sim conversando com o duque, mas Frederik não se preocupava muito com isso, o duque falava muito, mas Anne se defendia muito bem de palavras.– Mas estamos dançando um minuet não um allemande.

Era melhor mudar para outra coisa, Frederik não desejava falar para Alice como ele achava a sociedade em que ela vivia cansativa e contraditória. Poderia estragar assim toda a doçura dela.

  – Me desculpe. Não estou acostumada com tantas pessoas, não é como as tardes em que mamãe me levava para visitar amigas.‐ Por um momento a alegria característica de Alice foi embora, mas logo seu sorriso voltou.– Mas me diga. Qual dos pretendentes de Catherine será meu marido?

  – Uma boa pergunta. Mas se Anne pudesse oficializar algo, seria com Brunswick.

  – Ele está no exército prussiano!- Isso atraiu alguns olhares, mas a dança acabou e eles saíram para o mais afastado.– Se for necessário me casarei com ele, serei sempre bondosa e gentil. Mas ele serve ao maior inimigo de minha família.

  – Pensei que você gostava de Romeu e Julieta.- Alice parecia ter decorado essa peça, e ela estava sempre com livros sobre o amor, poemas e romances.
— Gosto do amor entre inimigos, mas não para mim.- Certamente eram inconveniente estar casado com alguém que lhe odiava.– Eu espero que... duque Ferdinand !

Foi uma surpresa ver o duque, ele agora a pouco estava com Catherine, e não havia sinal de que ele queria se afastar.

  – Minha príncesa Alice, príncipe Frederik. É uma alegria imensa finalmente os conhecer, principalmente minha princesa.- Uma pessoa muito agradável o príncipe, mas ele claro estava em público.

  – Posso dizer o mesmo. Meu príncipe me gerou uma grande curiosidade, eu sempre tive o desejo de saber mais sobre Brunswick, o lar de nossos ancestrais.‐ Era muito impressionante como Alice poderia mostrar bondade e interesse mesmo para quem ela não gostava.

  – Acho que você terá que esperar minha amada irmã.‐ Foi agora a vez de Catherine aparecer, com o príncipe de Nassau-Saarbrücken logo atrás.– Ouvi dizer que a próxima dança é a quadrilha, e creio que meu príncipe Ferdinand deseja conhecer essa dança, com Alice.

  – Eu ficaria honrado.- Alice continuava com um sorriso, mas era muito visível que não mostrava muita alegria. Mas ela aceitou a dança e logo se foi.

  – Para mim é um prazer meu príncipe, conhecer mais um Nassau, um que é da família.- Apenas assim o príncipe de Nassau-Saarbrücken percebeu Frederik, ele estava apenas olhando para Catherine.

  – É também um prazer. Minha senhora gostaria de dançar?

  – Eu gostaria sim, mas não posso, prometi que iria dançar com o conde de Congreve, então terei que cumprir.‐ Lord George Congreve, depois disso se juntou a eles, eles realmente iriam dançar.– Mas tenho certeza que meu príncipe terá uma boa companhia na conversa com meu príncipe Frederik. Tenham conversas alegres.

Com essa última parte tudo começou a fazer sentido na cabeça de Frederik, Catherine havia planejado se livrar dos príncipes. E ela conseguiu. Primeiro ela se livrou de Anne, que no momento parecia ter uma grande multidão para conversar; logo depois foi o príncipe Ferdinand o fazendo dançar com Alice; e por último ela se livrou de Frederik e do príncipe de Nassau-Saarbrücken, ela mesma prometendo uma dança a um amigo.

Ela foi muito inteligente e ardilosa, Frederik iria concordar, mas Catherine o deixou com um possível marido, então os assuntos do príncipe iriam se resumir em apenas uma coisa.

  – Orange suas cunhadas são esplêndidas.‐ Na verdade ele quis dizer que Catherine era esplêndida.– Embora a príncesa Catherine não seja como no retrato.

  – As príncesas perderam muitas pessoas nos últimos anos. Decidi então que novos retratos não fossem feitos por um tempo.‐ Era uma mentira na verdade. Foram pintados novos retratos, infelizmente muitos, mas não eram para negociações de casamento.– Mas não acho que ouve uma grande mudança.

O príncipe então mostrou a miniatura. Realmente não havia mudanças significativas, Catherine apenas parecia mais velha, Frederik sabia que a miniatura foi feita quando Catherine tinha 16 anos, e agora ela tinha 19.

  – Mesmo assim a beleza dela me impressionou muito. Ela poderia ser claro mais gentil e doce.‐ Nem amando grandiosamente alguém isso seria possível para Catherine.– O que me leva a outra pergunta. Como é o dote dela?

  – Isso será discutido depois.

E assim foi o restante da noite, com o príncipe sempre levantando o assunto do dote. E o mais ruim era que Frederik realmente deveria cuidar disso, ele nem mesmo tinha filhas, mas iria cuidar do casamento das irmãs de sua esposa, Anne dizia que não gostava dessas negociações então as deu a ele, mesmo ele não sabendo nada sobre esse dote.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Mais Vitoriosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.