A Mais Vitoriosa escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 11
Capítulo X.




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... Talvez a loucura seja uma característica da família de sua esposa. Fiquei horrorizada ao saber que Maria Theresa continuou uma campanha no inverno, ela deveria estar desesperada ao saber que o eleitor da Baviera era agora imperador, mas fiquei mais chocada ainda em ver que parece que está dando resultados. Tome muito cuidado com sua esposa, quem sabe ela não tenha os mesmos problemas que os familiares dela, mamãe havia me dito que o último rei Habsburg da Espanha era louco...
Fico feliz que Nassau-Larh não está envolvido nessa guerra, estamos assim como a Holanda e Hanover, neutros. Ludwig sabe que não tem um exército, nem para servir de mercenários, e meu Karl concorda. Mas espero que continue assim, mesmo o pequeno Adolf ficando muito animado com essa situação, Joseph e Wilhelm nem mesmo ligam, minhas Luise e Amalia estão assustas. Imagino que Luise também, nossa irmã acabou de ser mãe, e Dietrich já vai para a guerra, no lado prussiano mesmo sendo um príncipe Anhalt-Dessau. É uma graça que Sophia não terá de suportar isso, mesmo Georg sendo um marechal prussiano, ele serve o seu irmão, o rei da Suécia, sendo ambos príncipes de Hesse-Kassel...
... Mas fique bem meu irmão. E cuidado com essa família.

De sua irmã
Princesa Amalia de Orange

12|02|1742 Catedral de Bristol, Bristol

O continente estava um desastre, e a Grã-Bretanha parecia prestes a entrar no desastre, Frederik poderia até dizer que as colônias também estavam um desastre.

Em novembro Praga foi capturada e a Boêmia foi perdida. Para Maria Theresa, para a Áustria, para os Tudor-Habsburg, foi uma terrível tristeza, um grande desastre. Também foi uma vergonha considerando que Praga foi tomada sem muita dificuldade.

Em Dezembro tudo parecia estar novamente calmo, Frederik agradecia muito por isso, no continente já se finalizava um ano, então sendo pacífico seria muito bom. E junto com essa paz, Anne descobriu que novamente estava grávida, um presente muito bom, a criança nasceria durante uma guerra no continente, melhor notícia impossível.

Janeiro teve um bom começo, Frederik pode ver que seu trabalho em relação aos guardas da marquesa estava dando um resultado. Eles tinham a coragem e a força de guerreiros germânicos, como seu nome já dizia, embora em sua maioria fossem ingleses e galeses, mas não tinham o treinamento de guerreiros, isso os fazia então ser inúteis. Eles não sabiam nem mesmo usar as boêmias.

Frederik pode perceber que o marquês William negligenciou muito sua guarda, ele afinal tinha problemas maiores para resolver, sendo assim, sua guarda de pouco mais de cento e cinquenta homens era insignificante em comparação ao futuro de sua família de cinco pessoas.

Mesmo que tenham passado apenas três meses, Frederik poderia dizer que eles estavam muito mais bem treinados agora, pelo menos para a anglicização em fevereiro, e para colocar medo o suficiente.
Mas janeiro logo teve seus problemas, o Eleitor da Baviera, o marido da arquiduquesa Maria Amália, que era irmã da marquesa-viúva, foi eleito imperador do Sacro Império Romano Germânico. Isso fazia dele o primeiro não Habsburg a ocupar esse cargo desde o século 15, foi mais uma derrota para os Habsburg, e essa era amarga.

Outro acontecimento, talvez não tão horrível, foi que Robert Walpole, o homem que governava a Grã-Bretanha desde 1721, renunciou ao seu cargo, agora um novo primeiro-ministro deveria ser escolhido.

Isso fazia com que o dia 12 de fevereiro, o dia da anglicização de Anne, fosse visto como uma dia de mudanças, perdas, e a visão de um futuro incerto, afinal o novo primeiro-ministro ainda não foi escolhido, e o novo imperador também estava sendo coroado no continente.

Anne entrou na catedral com suas damas, a atrás dessas haviam os estandartes com os símbolos Habsburg, ingleses e os pessoais da marquesa. Ao chegar no lugar principal da catedral, Anne fez o seu juramento ao rei George II, um juramento muito igual ao que o marquês William havia feito ao primeiro rei George 22 anos atrás.

Logo depois de fazer seu juramento e o rei aceitar, Anne se levantou e foi fazer a sua oração, oração essa que era uma repetição do que o bispo dizia. Depois da oração Anne voltou para frente de todos e se sentou na cadeira onde anteriormente o rei havia sentado.

O bispo falou, comparou Anne com Cristo, por fazer sacrifícios para o bem inglês, embora Frederik se perguntasse qual o bem. Logo depois os pés de Anne foram lavados pela duquesa de Newcastle e o bispo perguntou se Anne validava tudo que havia acontecido, o que ela fez com um sim.

O Anel de Prata da Paz, o Broche da Rosa Dourada, o Robe Marquesal, a Coroa Marquesal, e os dois cetros com a carta patente do marquês de Bristol e o tratado de 1720, foram trazidos e colocados em Anne na frente do embaixador imperial, do novo imperador, o bávaro, não o Habsburg.

Frederik sabia que isso era uma afronta ao imperador, mostrava a ele que os aliados de Maria Theresa estavam vencendo, ela iria também vencer, logo o enviado iria ver Maria Theresa e seu marido ganharem a maior das glórias da Europa, a dignidade imperial.

Mas depois de Anne ganhar todas essas regalias era o momento que caberia a Frederik aparecer e fazer seu papel. Até o momento Frederik ficou afastado de Anne nessa cerimônia, ela era a marquesa, o título era dela. Então isso fazia dele apenas mais um dos muitos espectadores. Mas não agora.

Frederik caminhou de seu lugar até a frente de Anne, e então ele se ajoelhou.

  – A Sua Alteza eu não posso prometer nem glórias e nem poder, mas posso prometer minha proteção e lealdade. Minha senhora prometeu ser leal a Sua Majestade o Rei, então a minha senhora eu também faço uma promessa, uma promessa de lealdade. Eu prometo que por toda a minha vida serei seu mais fiel protetor, irei estar sempre pronto para a defender e cuidar de ti, não importa o que seja. E peço que o Todo Poderoso me ajude.

Frederik fez seu melhor para organizar esse juramento, foi algo pensado por ele, era algo único, embora no futuro provavelmente seria em parte copiado. Mas era único, com um significado único, uma eterna ligação de Frederik com Anne, embora Anne não soubesse em exato.

Depois então do juramento de Frederik, o bispo de Bristol novamente voltou a ser o foco da atenção, com as últimas palavras.

  – A marquesa de Bristol, uma inglesa.‐ Depois do bispo de Bristol declarar isso era o momento da congregação mostrar sua aceitação.– Que Deus abençoe a marquesa de Bristol. Deus salve o Rei!

Depois de fazer isso quatro vezes, a cerimônia acabou. Frederik poderia dizer que isso foi estranho até mesmo ridículo. Uma família de simples marqueses tinha para si uma cerimônia que rivalizava com uma coroação. Nem mesmo os da família de Frederik, que eram membros da realeza, tinham coroações, os príncipes de Orange não eram coroados.

Mas estava feito, era a hora de voltar a Bristol House, para o baile em homenagem ao rei, a marquesa-viúva dizia que agradar ao rei seria sempre melhor.

  – Você foi muito boa Anne, não mostrou nenhum medo.- Na viagem para Bristol House, Frederik não poderia ficar calado.

  – Não existe motivos para medo. Você treinou muito bem meus guardas. Fez algo melhor do que faria.‐ Era bom ter reconhecimento em certos momentos, as vezes Anne se esquecia disso.– Eu também agradeço muito por você ter feito o juramento, foram belas palavras. Elas me tocaram.

Frederik sentiu um grande contentamento ao ouvir isso. Esse nunca foi o objetivo, não importava se Anne gostasse, o importante era falar. Mas o que Anne disse alegrou muito do mesmo modo.

  – Falei tudo o que estava no meu coração.- O rosto de Anne ficou vermelho, e Frederik pode sentir o seu também, talvez ser romântico não funcionasse do modo certo neles dois.– Mas o que faremos agora? O que você fará agora?

  – Sobreviver.- Curto e fácil de entender. Levando em consideração que havia uma guerra no continente, era o certo.

                          *****

A vida não era feita apenas de tristezas, mas de alegrias também. O dia da anglicização de Anne foi um dia alegre. Não por causa da "anglicização" em si, mas pelo que aconteceu nesse dia.

Nesse mesmo dia no continente o novo imperador foi coroado, e nesse mesmo dia Munique, a capital da Baviera, foi tomado pelas tropas de Maria Theresa, um vitória de verdade enfim. Foi uma alegria essa notícia, uma alegria tão grande que Anne encomendou uma pintura da sua anglicização, algo que não deixasse de sinalizar a vitória austriaca.

Fora isso não havia acontecido nada de especial nos dois meses que se seguiram, apesar de serem muito agitados. Anne sentia que nem mesmo grávida o mundo era gentil. Houve mais festas, saraus, ópera e jantares, embora isso acontecesse por nesses meses haver mais duques, marquesas, condes, viscondes, barões, baronetes e herdeiros em Londres, as grandes casas eram abertas e a "simplicidade" do campo era esquecida e substituída pelo luxo e esplendor da alta sociedade londrina.

Era cansativo ter que estar sempre nesses eventos. Foi então um alívio quando uma das melhores amigas de Anne, Lady Louise Lancaster, a esposa de George Lancaster, o filho mais velho do visconde Cambridge, a convidou para passar uma pequena tarde em Hoten Abbey, uma propriedade do visconde que ficava próxima a Londres.

Lady Louise também convidou, a condessa de Berland, sua cunhada; e a agora Blanche Parker, esposa de Thomas Parker, barão Parker de Chelmsford, o filho mais velho e herdeiro do conde de Rochford. Eram todas as três grandes amigas de Anne, nasceram no mesmo período, foram apresentadas a corte no mesmo período e se casaram no mesmo período. Lady Louise não se esqueceu dos maridos de suas amigas e eles também vierem, afinal eles também eram amigos, que nasceram no mesmo...

  – Será que eles irão demorar muito?- Anne sempre gostava de ficar com suas amigas, eram sempre muito divertidos os jogos de Caroline.

  – É provável. A macieira em questão está um pouco longe, e só há maçãs no alto. Será divertido.- Blanche então respondeu a pergunta de Anne. E Anne concordava, fazer eles competirem por maçãs era ótimo.– Mas me pergunto o motivo de fazermos isso?

  – Porque é sempre bom ver homens bonitos, jovens e fortes trabalhando.‐ Todas riram da resposta de Caroline, não foi algo muito virtuoso, embora a realidade.– Mas é verdade. Seu querido Frederik, Anne, é um exemplo disso. Embora meu August esteja vencendo, eu acho. Não consigo ver direito.

  – Frederik não é um granadeiro Caroline. E claro que August irá vencer, jogos de corrida são sempre vencidos por ele.- August parecia ter uma talento muito grande em correr, principalmente de problemas e brigas, todas elas haviam ouvido as histórias de August de seu tempo em Eton.

  – Você não disse nada sobre o que falamos. Parece até que não acha seu marido bonito.- Anne não havia pensado nisso, Caroline a ofendida com essa insinuação.– Para mim ele parece muito bom. Mas August é melhor.

  – A beleza não deve ser a única coisa que se deve levar em conta. Saiba que não acho meu marido feio, ele é apenas normal.‐ Era a verdade, as duas partes.

  – Você tem razão. Mas olhe nós três, somos amigas, e olhe nossos maridos, somos todos amigos, já nos conhecíamos quando nós casamos, mas não temos a maior das confiança neles. E você se casou com um homem que nunca viu e não conhecia, um estranho, mas parece ter uma confiança muito grande nele.

A explicação de Louise foi muito boa. Mas Anne não tinha uma resposta, Frederik apenas a fazia se sentir segurar e em paz. Anne simplesmente sabia que ele merecia toda a confiança, e que ele nunca iria fazer nada.

  – Vamos mudar de assunto.- Com isso, suas amigas ficaram por um tempo caladas, não era muito normal Anne mostrar irritação com elas.

  – E como está o pequeno Alfred?- Blanche fez uma pergunta típica, mas bem vinda.

  – Mamãe o levou para o Castelo de Ocenia, ele estava com um pequeno problema na respiração e o médico disse que o bom ar do oceano fará bem.‐ Anne não diria que foi um horrível luta para sua mãe a convencer a ficar em Londres, pior ainda foi convencer Frederik, mas a marquesa-viúva conseguiu, como sempre.

  – Vai fazer bem. O ar natural da América que o vento do oceano traz vai purificar ele, eu li esse no...‐ Louise era muito inteligente, mas ela também era muito excêntrica.

  – Como você sabia que ele não estava respirando direito?‐ Essa era a pergunta de Blanche? Era normal mães saberem disso.– Não me diga que todas as noites você acorda, vai até ele e vê se ele está respirando?

  – Eu faço isso sim.‐ Anne não sabia dizer se isso era ruim, mas pela expressão de suas amigas era muito estranho.– É algo fácil de se entender. Minha mãe perdeu dois filhos, eu só estou me certificando que ainda tenho herdeiro.

  – Anne você está grávida, qualquer coisa você tem um reserva.‐ Caroline foi muito insensível e errada, nada impedia o reserva de morrer também, no caso de sua mãe o reserva foi antes do principal.

 – Essa conversa está muito estranha. Muito bem Anne pelo seu cuidado, mas não faça muito isso, pode fazer mal.- Graças a Blanche agora sim havia algo sabio nessa conversa.– Mas vejam eles estão voltando. E meu Thomas está na frente.

Logo todas voltaram a sua atenção para o campo, e o barão Parker foi ultrapassado por August, que ficou na frente durante todo o resto do percurso.

August, o conde de Berland, foi então o vitorioso na corrida, logo depois veio Thomas, Frederik, e por último George. Todos eles fizeram como o mandado, correram até a macieira, pegaram várias maçãs e voltaram.

  – Eu venci minhas belas damas...

  – Não de forma justa.- Não era uma novidade, Thomas sempre falava isso, porquê August sempre fazia algo.– Uma maçã "misteriosamente" caiu em mim.

  – Assim como "misteriosamente" eu caí na grama.‐ George sempre caia na grama.

  – E eu fui derrubado quando subia.‐ Agora a reclamação de Frederik era uma novidade. Mas as belas damas reagiram todas da mesma forma, rindo.– Pelo menos digam o que farão com essas maçãs.

  – Orange está certo. Pegamos suas maçãs, e com muito sacrifício, desejamos saber agora qual a utilidade delas.- Eles pareciam sérios e bravos, mas era sabido que eles também desejavam rir.

  – Meu George querido, irei mandar fazer tortas de maçã. Obrigada pela ajuda dada aos criados.‐ Louise finalmente revelou o objetivo das maçãs. A reação foi de desgosto fingido e no final risos.– Ou meu príncipe deseja torta de laranja.

  – Eu dispenso as laranjas.

Houve mais risos, e os criados de Louise vieram pegar as frutas. Que divertido essa brincadeira e esses momentos. Anne gostava de ver Frederik sendo amigo de seus amigos.

  – Vamos as cartas agora.- Anne dispensaria.


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Notas finais do capítulo

Uma pequena nota, existem alguns títulos de nobreza na Inglaterra que tem o mesmo nome, mas são de destinatários diferentes, por isso as vezes se usa um lugar como referência, isso acontece principalmente em baronatos e baronetes. Um exemplo são os Baronetes Dunbar de Northfield, título criado em 1700, e os Baronetes Dunbar de Hempriggs, criado em 1706.



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