Catherine não sabia o que pensar ou como reagir ao que William disse.

Catherine naturalmente sendo uma arquiduquesa não foi criada com o pensamento de que deveria haver um limite para o poder do imperador, e William também foi criado do mesmo modo. Mas idea de manipular o parlamento que limitava o poder do rei era algo completamente drástico, talvez mostrando que os anos na Inglaterra fizeram algum efeito.

Mas William estava esperando uma reação, mas só poderia sair uma coisa da boca de Catherine.

  – Não entendo como manipular o parlamento britânico pode nos ser de ajuda.

 – Não é manipular no sentido de governar por ele.– Isso ainda não tirava as dúvidas de Catherine.– Vejo que você está confusa, e em seu lugar minha querida Catherine eu também estaria.

  – Então me esclareça a situação por favor.- Catherine só esperava que não fosse algo horrível, embora ela não tivesse um bom pressentimento.

 – A regra de sucessão dos meus títulos diz que apenas minha descendência masculina legítima pode herdar eles. Mas não temos filhos, apenas filhas, então temos um problema. Mas há casos em que se permite que mulheres herdem os títulos, como no caso dos duques de Marlborough, dos barões Wentworth, e de nossos bons amigos os barões Wiston.- Catherine não estava gostando muito do rumo em que essa conversa iria tomar.– É nesse momento em que o parlamento irá nós ajudar. Vamos pedir que, para a paz e a continuidade, eles mudem as regras de sucessão, e meus títulos passem por via feminina.

Esse era o temor de Catherine. Não que ela não achasse que Anne não era adequada para ser marquesa, mas isso seria ter aceitar que ela falhou. E ser humilhada não era algo que Catherine gostava.

 – Não poderíamos continuar a tentar ter filhos?- Catherine deveria falar algo e isso era a única coisa que poderia no momento, fazer uma oposição.

  – Catherine estamos tentando a três anos. E o resultado foi um aborto e um natimorto, colocar nossas esperanças que vamos ter um filho pode nos machucar e não vai ajudar em nada.- Catherine sabia que William tinha razão, mas era muito doloroso, não era fácil.

 – Os comentários que farão não serão nada bons. Vão dizer que nós, que eu, e principalmente eu, estou desesperada.

 – Os comentários virão e disso temos certeza. Mas somos o marquês e a marquesa de Bristol, não precisamos dar ouvidos. Estamos fazendo o melhor para nossa família.- William não estava vendo as coisas como Catherine, não era tudo tão fácil assim.

  – Você diz isso porque você é um homem, eu sou mulher. Minha única missão era dar a você um herdeiro homem, e eu falhei nessa missão. Aceitar isso só vai gerar mais comentários horríveis sobre mim, assim como vai mostrar como sou uma mulher miserável, desgraçada e que sou exatamente igual a minha mãe.

Catherine não pode mais conter isso. Não era uma questão apenas do que as pessoas iriam comentar, mas também envolvia orgulho.

  – Você acha que eu não vejo isso Catherine. Eu sei muito bem como você se sente. Deus é minha testemunha que eu passei os últimos anos fazendo o meu melhor, mas não era para ser assim, e devemos aceitar que NÓS DOIS falhamos.- Para William poderia ser fácil desse modo, mas não para Catherine, era doloroso, era humilhante, era horrível.

  – Eu seu que falhamos William. Mas eu não tenho forças para aguentar tudo isso.- Seriam comentários, críticas, oposições, e todos iriam falar da "incapacidade" dela, isso era muito para suportar.
Catherine sentiu William se aproximar, ela Já poderia sentir o abraço.
— Eu disse uma vez que se lhe faltasse forças eu lhe daria as minhas, isso ainda está valendo. Todas as críticas, comentários ou qualquer outra coisa, vamos suportar juntos.- Catherine sentiu William a abraçar, era um abraço quente e confortável, fazia Catherine desejar que nunca acabasse.

Mas William esperava uma resposta, uma que seria muito dolorosa para Catherine dar, mas ela mesma sabia que não havia outra solução.

— Irei fazer isso William... Sou uma arquiduquesa austriaca, fui ensinada que devemos manter o poder, as vezes perdendo o orgulho e isso vamos fazer.- Catherine só nunca imaginava que faria realmente isso. Ela não imaginava que estaria no mesmo lugar de sua mãe, tudo parecia estar se repetindo.

William e Catherine ficaram abraçados por um bom tempo. Mas logo eles decidiram que deveriam falar das "notícias" para Anne, era um novo futuro para ela afinal.

Logo Anne foi chamada, e quando ela entrou na sala, Catherine não poderia deixar de pensar em como tudo não estava sendo como o planejado. Anne estava se tornando muito bela, logo ela poderia se casar. Mas qualquer planos sobre casamento agora seriam atrasados, no lugar estaria o grande pesso de uma família.

  – Me chamaram papai e mamãe?- Catherine apenas assentiu, ainda era muito difícil fazer isso.

 – Eu e sua mãe, conversamos e pensamos sobre um assunto de extrema importância sobre você e seu futuro. Como você bem sabe Anne, não temos herdeiros homens, e isso é um problema. Então tomamos uma decisão que pode mudar tudo.- Catherine pode ver confusão e também curiosidade nos olhos de Anne.– Em resumo você provavelmente será a 2° marquesa de Bristol.

Anne caiu sentada no sofá perto dela, Catherine podia ver que ela estava agora assustada, confusa, e até triste, e Catherine imaginava pelo que, ela estava talvez pensando que estava "tomando" o lugar de Ernest.

  – Provavelmente serei marquesa?- O modo como Anne falou isso encheu de tristeza o coração de Catherine, principalmente a parte do provavelmente.

 – Minha querida esse não era o futuro que queríamos para você. Mas você ganhou esse presente, cabe a você apenas o aceitar. Não tenha medo, você não será marquesa agora.- Esse era o melhor que Catherine poderia fazer.
— Você será boa Anne.- Com esses comentários de Catherine e William, Anne mesmo triste ainda pode dar um sorriso de conformidade.

Era uma pena, ela era a visão da desolação, sua Anne sentia e mostrava tudo que Catherine também sentia.

Anne logo saiu, claramente ela não estava feliz, a vida da adorável Anne parecia um poço de incertezas, assim como a do resto da família Tudor-Habsburg.

  – Amanhã iremos esclarecer como faremos isso acontecer.- Essa foi a última vez na noite que William tocou nesse assunto, o que foi muito bom opinião de Catherine.

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William não queria realmente fazer o que fez, ele não desejava ferir Catherine, nem deixar Anne triste, e tudo isso também o feria, mas era necessário fazer isso, tomar decisões drásticas em momentos drásticos.

  – A Câmara dos Lords nunca aceitará isso meu marquês.- Pelo modo como o visconde Morpeth, herdeiro do conde de Carlisle, falou, William estava disposto a acreditar.

E tomando essa decisão, primeira coisa que William fez depois do café da manhã foi chamar, o visconde Morpeth, o conde de Hertford, e duque de Devonshire, para o ajudar a planejar o seu triunfo parlamentar. Mas na verdade seriam o conde e o duque que o iriam realmente ajudar. William por ser estrangeiro não poderia entrar na câmara, mas esses lords poderiam, e eles tinham uma grande voz, uma grande influência.

  – Lord Morpeth o milorde pode ter certeza que o marquês e eu temos conhecimento disso.- E Catherine também estava presente, assim como Anne, que estava estranhamente estoica desde a noite anterior.

  – Minha senhora eu não posso esconder que os lords são um bando de homens mais preocupados com suas terras e riqueza do que com o título de outros, para eles será muito mais fácil simplesmente discordar e pronto. Afinal eles são um grupo de...

  – Creio que já chega Morpeth.- William Cavendish, o 3° duque de Devonshire parecia ser a pessoa na sala com a maior habilidade política, o visconde se calar era a prova disso.– Mas ele está certo. Os lords não vão votar a favor da sucessão feminina. Primeiro eles irão fazer uma pequena comissão, e essa comissão não vai aceitar.

  – E porque eles não aceitariam? Os Tudor-Habsburg não são um símbolo de paz?- Esses homens estavam todos envolvidos com política, e eram Whigs eles poderiam dizer a William o que acontecia no parlamento e no governo.

  – Era assim quando não havia um tratado de paz com a Áustria. Agora há, então Walpole não ligará em fazer com que os Whigs aceitem isso. Para falar a verdade seria até conveniente para Walpole o fim de sua família.

Algernon Seymour, conde de Hertford, o herdeiro do duque de Somerset, falou com uma sinceridade tão grande que William poderia entender a situação de sua família, eles não eram mais tão importantes, eram apenas a garantia.

  – Hertford está certo meu senhor. Há também a questão de que a maioria dos Whigs não tem muita simpatia com o senhor.- O que Lord Morpeth disse era novo. Então se não bastasse o povo, os políticos também não gostavam dela, era triste isso. Quando William ouviu isso sua primeira ação foi olhar para Catherine e ver o que ela achava, e ela parecia igualmente surpresa.– Os Torys praticamente não dão a mínima importância para o senhor, eles chamam o senhor e a marquesa de Whigs.

A situação não era muito boa, tanto com os Whigs, como com os Torys, embora o último fosse quase insignificante.

  – Há algo que poderíamos fazer para melhorar nossa posição?- Catherine fez a pergunta que William desejava fazer, mas não tinha no momento forças.

  – Seria uma comissão pequena. Então é possível ganhar o favor dos possíveis lords que farão parte dela.‐ A resposta do duque parecia fácil.– Por mais que seja ruim falar isso, acho que devem ganhar também o favor dos Torys, especialmente dos que são pró-Hanover.

Que situação ruim, eles teriam que buscar apoio, não apenas dos dominantes Whigs, mas também dos insignificante Torys, William quase que se sentia humilhado. Mas no final tudo foi útil.

  – Milordes seus conselhos foram muito úteis para nós. Agradecemos muito a sua ajuda nesse momento.- Os lords apenas assentiram.– Eu também peço que mantenham tudo isso em segredo. Será mais estratégico os milordes pediram ao parlamento isso daqui a alguns anos, será tempo o suficiente para ganharmos apoio.

Seria assim, era o melhor plano. Esperar, planejar e ganhar apoio com o tempo, eles poderiam até mesmo tentar fazer amizade com Walpole.

As conversas continuaram por muito tempo. Mas finalmente os lords foram embora e William e Catherine poderiam conversar eles mesmos sobre o assunto.

Mas ainda havia Anne, que durante toda a reunião permaneceu calada e sem ação, William realmente não esperava que ela dissesse algo, por ser muito jovem, mas Anne sempre se mostrava muito ativa, e não gostavam em nada de perder ou ser ofendida, ela era até orgulhosa, e nada disso ela mostrou.

  – Anne você pode agora voltar a seus estudos com suas irmãs.- Anne despertou ao ouvir Catherine, então ela rapidamente assentiu, os beijou e foi embora. Finalmente William estava sozinho com Catherine.– O que eu tenho que fazer?

Durante esses anos parecia que Catherine aprendeu que ela sempre teria uma grande papel. 

  – O que você faz de melhor. Sorrir, assentir e fazer amigos; vamos para mais festas, para o teatro, para saraus, e lá vamos nos aproximar de mais nobres, de mais pessoas importantes e influentes, e você deve ser amiga de Whigs e Torys.

William não iria precisar falar também que ele mesmo deveria fazer o mesmo, não eram todas as esposas que tinham influência sobre os maridos.

  – Eu certamente farei isso. E também irei escrever a minha mãe pedindo que ela interceda o apoio do imperador e de minhas irmãs.‐ William já iria pedir o apoio do imperador, mas duas pessoas eram melhor que uma. Mas sobre isso havia uma coisa que incomodava William.

E talvez até mesmo Catherine.

  – Sua mãe irá aceitar? Não foi você que disse que não iria interceder ao rei pelo apoio a suas irmãs?

  – Ela é minha mãe, ela vai entender, ela deve me apoiar.- William pode sentir um pouco que dúvidas nas palavras de Catherine, principalmente na última parte.

 – Vamos conseguir, vamos sobreviver.‐ William que estava sentado com Catherine pegou a suas mãos.

  – Apesar de tudo seremos fortes.- William sentia Catherine apertar suas mãos ainda mais.– Somos fortes.

Era nesses momentos que William mais se alegrava por ter Catherine a seu lado, eles teriam forças juntos, agiriam juntos, iriam sobreviver juntos.