O Desabrochar de Uma Dinastia escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 11
Capítulo X.




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10|03|1722 Palácio de Hampton Court

A solução de William foi simplesmente não fazer nada, não dizer nada. Apenas deveriam fazer uma coisa: se misturar, se aproximar com a nobreza.

Então seguindo isso, os próximos meses foram gastos em recepções, jantares, visitas. Todo isso feito com um grupo bastante seleto. Eles ainda eram da realeza não poderiam se misturar com qualquer um.

Mas hoje não seriam Catherine e William a irem para a casa de um duque ou marquês para jantar mas sim o contrário.

E a preparação para esse jantar não poderia ter sido mais horrível para Catherine. O pequeno Ernest não parava de chorar, e mesmo que ele ficasse a maior parte do dia com Mary Caroli, a baronesa Monmouth, que era a "Dama do berçário" e suas babás, o barulho ainda foi muito irritante; logo depois Catherine descobriu que seu chef apenas sabia fazer doces ingleses e apenas, o jantar seria então austriaco feito com ingredientes ingleses.

Mas a pior das situações foi pela manhã quando Catherine ouviu uma pequena comoção nos aposentos de William, e quando foi ver descobriu que na pele de William havia algumas manchas vermelhas, e os seus cavalheiros suspeitaram que era varíola. Um médico foi chamado, e descartou varíola, ele apenas disse que William tinha um problema com os perfumes dele.

  – Lady Monmouth eu espero que a milady e as outras babás consigam acalmar o conde de Rivers.‐ Por mais que Catherine amasse seu Ernest ela não poderia deixar ele irritar seus convidados com seu choro.

  – Eu entendo. Mas pode ser difícil acalmar crianças, nunca sabemos o que elas desejam.- Lady Monmouth calma como sempre, firme mas paciente.

  – Eu certamente entendo isso. Talvez ele só está com raiva. Será que a cor do berçário não está a seu gosto?- Ernest não fez nada, apenas piscou. Talvez fosse um pouco frustrante ser uma mãe nobre.

  – Ele deve estar com saudades de seu amado papai.- A entrada de William significava então que ninguém mais estava com medo de varíola. William então logo pegou Ernest.– Você certamente estava com saudades. Eu nem pude brincar com você. Mas papai estava mostrando a todos que não estava com varíola.

Ernest em resposta começou a chorar, o que Catherine achou muito engraçado.

  – Bem William. Ele não estava com saudades.- William estava pronto para responder, mas Lady Monmouth interviu.

  – Creio que está na hora de levar o pequeno conde para sua ama de leite.- Com isso Lady Monmouth pegou o pequeno e o levou para ser amamentado.

  – Dizem que as mães desejam amamentar seus filhos é como um instinto natural, você também queria isso Catherine?- Era uma boa pergunta, não era para esse momento, mas boa.

  – Só uma vez. Mas depois nunca mais pensei nisso.- Isso a fazia ser uma mãe ruim?– Mudando de assunto, você acha que está bem para o jantar?

  – Eram apenas manchas vermelhas, o médico disse que era meu perfume, tive que encontrar outras fragrâncias.- Então esse deveria ser o motivo de Catherine estar sentindo um aroma de rosas.– Eu sei que você está sentindo, mas nosso símbolo é uma rosa, nada mais lógico que usarmos perfumes de rosas.

Catherine poderia encontrar várias formas de ir contra esse lógica, mas ela preferiu não.

Logo depois os convidados começaram a chegar, todos duques, marquêses e condes, ou herdeiros dos dois primeiros.

O jantar aconteceu lindamente, apesar de Catherine perceber uma ou outra careta para os pratos, ou de ouvir alguns cochichos sobre eles serem muito austríacos. Mas logo o jantar acabou, e como era o costume as damas foram conversar em outra sala.

  – Alteza eu tenho que comentar que seu jantar está sendo ótimo, estou me sentindo na Áustria.- Catherine esperava que o que Harriet Pelham-Holles, a duquesa de Newcastle, disse fosse verdade.

 – Harriet sabe o que fala. Mas é uma pena que Lady Everton não pode ter vindo.- Catherine ficou surpreendida com as últimas palavras da duquesa de Devonshire.– Não me olhem assim, ela não é tão tola quanto parece, e olhar para ela, com sua beleza e vigor é refrescante para uma senhora como eu.

Catherine teria que concordar, mas isso deveria ser algo famíliar, o príncipe Von Herrlich também parecia, de primeira vista, apenas um homem bonito e tolo.

  – Também acho uma pena, mas ela ainda está se recuperando do nascimento da pequena Lady Caroline Everton.- Catherine não estava lá naquele dia, mas Lady Penryn falou que os gritos de Lady Everton foram horríveis, no momento do parto e quando soube que era uma menina. Catherine só poderia dizer "pobre Charlotte".

Os assuntos logo mudaram de Lady Everton, e seguiram outras rumos, como as novas críticas em relação aos Bristol, que Catherine não sabia o que diziam. William baniu esses folhetos de casa, então Catherine ficou horrorizada quando soube do que eles estavam falando. Quem fazia esse folhetos certamente odiava o continente.

Mas Catherine decidiu mudar novamente de assunto. Uma soprano vinda de Florença iria cantar para todos hoje e isso pode entreter as damas por algum tempo.

Mas toda essa alegria acabou por causa de um barulho de janelas sendo quebradas. Depois vierem gritos, um choro, e por fim vários guardas entraram na sala.

  – Alteza. Estamos sendo atacados!- O que se seguiu depois foi uma grande confusão, de gritos, desespero e as palavras "tentem se acalmar" que foram ditas em vão.

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William estava no escritório, Catherine estava sentada na sua frente com Ernest, e William sabia que era apenas para acalmar a raiva, medo e frustração dela.

O final dessa noite não foi como planejaram, ela deveria ter acabado com uma linda apresentação de uma soprano italiana. Mas acabou com todos os seus convidados voltando para suas grandes casas com medo, assustados, e alguns, William poderia apostar e ganhar, nunca mais iriam voltar a Hampton Court.

No final não era nada grande, apenas um louco que conseguiu entrar na propriedade do palácio e queria fazer medo a eles. Ele quebrou janelas na sala de leitura, de jantar, de música, dos aposentos da marquesa, e do berçário, esse último foi o que mais os fez ter medo. Mas mesmo sendo algo pequeno, as ações não deveriam ser.

  – Sir Karl aumente o número de guardas para a nossa proteção, quero guardas em prontidão. Quanto ao invasor, não desejo saber nada dele, faça com que ele tenha muito medo da Guarda Germânica e depois o entregue as autoridades.

   – Sim meu senhor. E em relação ao ataque, meu senhor sabe o que estava escrito nas pedras?‐ William certamente viu, mas pela pergunta do capitão ele deveria reler.

  – Sim eu li. Estava escrito: arrogantes, estrangeiros, papistas, alemães, filha da devassidão e descendente de cobras.- Eram palavras muito horríveis, e eram sinais de perigo. E estranhamente Catherine permanecia calada.

  – Meu senhor isso são ameaças e difamações, isso não deve ser tolerado.

  – Sir Karl, não estamos na Áustria mas sim na Inglaterra, não podemos fazer nada. Mas o senhor o Sir Karl tem razão, isso é perigoso, e eu e a marquesa iremos discutir isso. Agora faça o que eu mandei. Agora!!- O capitão apenas assentiu e saiu, William nunca levantava a voz, geralmente ele preferia mostrar sua raiva de forma bastante contida.

  – Bem William. Eu certamente sei o que você vai dizer, mas eu não posso deixar de perguntar, não há outra opção?- Catherine estava bastante contida, William apenas imaginava o que ela estava sentindo.

  – Quando ouvimos a palavra "novo" do seu tio naquele dia, ambos sabíamos o que isso significava. Você ouviu Catherine o que andam escrevendo. Não são elogios. Ninguém pode viver assim.

 – Eu sei que você está certo. Mamãe também me escreveu sobre nossos "hábitos estrangeiros" e como eles poderiam irritar os ingleses.- Certamente avisos eles recebem, e muitos, os próprios folhetos eram avisos.

  – Os ingleses não gostam do que é estrangeiro e do que está ligado a católica Europa. Se queremos sobreviver para representar o que significamos devemos mudar, devemos nos adequar.

Catherine permaneceu calada, e olhando para Ernest, e isso estava matando William, ele estava os forçando a mudar, eles também teriam que criar Ernest e seus próximos filhos de um modo diferente.

  – Vou mandar pela manhã chamarem uma costureira. Mas tenho um aviso. Eu posso me vestir como uma inglesas, posso usar penteados mais simples, posso usar joias e enfeites igualmente mais simples, mas me recuso a parar e empoar meu cabelo.

O modo como Catherine falou mostrou que ela estava decidida, eles mudariam primeiro seu modo de se vestir.

  – Eu agradeço Catherine. Eu decidi então que vamos na próxima semana para a festa que a viscondessa Kensington vai fazer.- A expressão de Catherine não foi a das melhores.

 – Então nos adaptar significa também nos misturar com todos os membros na nobreza. Imagino então que haverá lá também baronetes e cavalheiros... Estou disposta então.

Isso também não era muito agradável para William, na Áustria eles não estavam sempre em contato com todos da aristocracia, eles foram ensinados de que o lugar deles era com a realeza e com a alta nobreza.

  – Eu prometo Catherine, que depois disso não teremos que mudar mais.- Catherine apenas sorriu fracamente e voltou sua atenção para Ernest, e William a seguiu, ambos sabiam que estavam pensando a mesma coisa. Que tudo isso era para seus filhos.

A semana que passou não foi a mais agradável para Catherine, e também não foi para William, ver como Catherine parecia desanimada em ter que realmente deixar para trás a Áustria, deixava William de coração quebrado. Mas era necessário ambos sabiam disso.

Logo o dia da festa de Lady Kensington chegou, William só poderia imaginar como a viscondessa estava feliz com a presença deles, enquanto eles não estavam, um grande contrastes. William nunca teve uma viagem de carruagem tão triste quando aquela.

 – Logo chegaremos William. Tentamos fazer com que esse dia não chegasse mas ele chegou.- William não sentia pesar nessas palavras, apenas reflexão.

  – Eu peço perdão pela fazer isso com você. Me dói ver você mudar para ter alegrar os ingleses.- Catherine o olhou e sorriu.

 – Não há necessidade de pedir perdão, esse dia chegaria e ninguém poderia empedir. E você também está mudando, ambos tivemos que mudar nossas roupas, nosso modo de ser, nossas ações.

  – Eu só posso agradecer você por isso Catherine, mesmo sofrendo você aceitou mudar comigo. Eu amo você por isso.‐ O sorriso que Catherine deu depois disso foi o mais bonito que William já viu dela.

  – Eu também amo você. Só com amor alguém seria capaz de suportar juntos o que estamos fazendo.- Logo depois a carruagem parou, eles tinham chegado em seu destino.– Eu estou belamente inglesa?

  – Você sempre está bela sendo austriaca ou inglesa.- Depois disso William saiu, e pegou mão de Catherine. Logo a frente estava o final de um período e o começo de outro. Mas ele estavam juntos isso que importava.


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Notas finais do capítulo

• Varíola é uma doença infecto-contagiosa causada por um vírus e que se destaca como uma das doenças que mais causou mortes na história da humanidade, mas que desde 1980 é declarada erradicada. Os sintomas iniciais incluíam febre e vômitos. Isto era seguido pela formação de úlceras na boca e uma erupção cutânea. Ao longo de vários dias, a erupção cutânea se transformou em bolhas características cheias de líquido. As protuberâncias então se espalharam e caíram, deixando cicatrizes. A doença era transmitida entre pessoas ou através de objetos contaminados.

• Baronete é um título hereditário britânico, mas que não faz parte da nobreza, mas sim de uma categoria chamada de "baixa nobreza". Um baronete é inferior a um barão, mas superior a um cavaleiro.



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