Depois daquela conversa franca com Castiel, tudo voltou ao normal... Ou quase. Ele ainda estava meio estranho comigo, não conversava direito. Parecia que o fato de eu ser amiga de Nathaniel lhe dava nos nervos, mas não me preocupava tanto assim.

            Eu e Ken havíamos nos aproximado bastante, então eu continuava passando o recreio com ele. Ele me contava sobre sua vida na antiga escola e era um inferno pelo o que ele dizia.

            Eu descobri que ele, assim como eu, amava biscoitos de chocolates e cookies com muitas gotas de chocolate. Eu acabei tendo uma idéia e sorri.

— Ken, eu quero que você experimente os meus cookies. – Ele me olhou surpreso.

— S-sério? – Ele estava corado por trás daqueles grandes óculos fundo de garrafa e cabelo estilo surfistinha. Concordei com a cabeça. – Quando? – Eu parei um pouco para pensar e logo o olhei.

— Mas tem uma condição. – Ele me olhou curioso e receoso.

— Q-qual?

— Você tem que guardar o meu segredo. – Ken estava bastante confuso. – Promete guardar?

— C-claro Blan. – Ele havia começado a me chamar apenas de Blan ultimamente. Sorri.

— Ótimo. – Comemorei. Eu sabia que Ken era confiável e que não iria me trair. – Me encontre no Palace Center hoje, às 17h. Vai ter uma mesa reservada em meu nome.

— T-tudo bem. – Ken sorria para mim. – Devo levar alguns cadernos? – Mas estava longe demais para ouví-lo.

            Depois do recreio, tínhamos horários diferentes então não pudemos ficar mais juntos para conversarmos. Após a aula, eu segui para o Palace Center e estava bastante adiantada, afinal não se passava das 15h40min da tarde.

***

            Eu havia deixado meu nome na recepção da Confeitaria com Vivian e fui lá para dentro, afinal tinha uma fornalha novinha de cookies para ser feita. Às quatro horas, eu estava começando a seguir a receita decorada em minha mente.

— Espere...— E murmurava para mim mesma enquanto adicionava os ingredientes. – Isso não é daqui.— Coloquei a embalagem de lado e peguei outro ingrediente. – É isso aqui!

— Fazendo cookies querida? – Minha mãe apareceu me entregando à vasilha com gotas de chocolates.

— Sim mamãe. – Eu coloquei a vasilha do meu lado para terminar de mexer a massa. – Um amigo meu da escola virá estudar aqui comigo, então estou a fazer cookies.

— Que gentil! – Ela sorriu. – É um bom rapaz?

— Sim, ele é muito inteligente e gentil.

— Ele... É seu namorado? – Minha mãe me perguntou com uma voz meiga, me fazendo parar de mexer a massa. Meu coração acelerou e eu congelei. Namorado?! NÃO! NUNCA!

— M... mamãe. Ainda é cedo para isso. – Eu disse fitando a parede a minha frente. Minha mãe, notando meu desconforto, recuou um pouco.

— Tudo bem, querida. – Ela parou por uns instantes. – Eu vou ir lá fora, ver se alguém precisa de mim.

— Claro. – Abaixei meu olhar para a tigela e voltei ao meu trabalho.

            Coloquei as gotas de chocolates e voltei a mexer. Feito isso, comecei a modelar para por na forma e deixá-lo no forno para que terminasse logo, estava ansiosa para um pouco de doce em minha boca, estava precisando. Depois de algum tempo, retirei os cookies do forno e os deixei esfriando.

“Cheguei.” Meu celular tocou e vi que era uma mensagem de Kentin. Sorri.

— Tudo bem, estou saindo... Gosta de suco de laranja? – Enviei e comecei a pegar alguns cookies esperando a resposta.

“Gosto...” Sorri, pelo o que eu conhecia dele, já devia estar bem confuso. Peguei o suco, servi em dois copos e coloquei tudo em uma bandeja, logo saindo da cozinha e seguindo até a mesa onde havia reservado.

— B-blanche? – Quando Ken me viu, ficou totalmente vermelho. Acho que ele não esperava que sua amiga o servisse.

— Os cookies acabaram de sair do forno senhor. E aqui está um delicioso suco de laranja feito na hora. – Coloquei tudo em mesa e sorri. – Bom apetite!

— B-blanche... – Ele estava completamente perdido, parecia ter travado.

— Tudo bem Ken?

— S-sim. Eu só não sabia que você trabalhava aqui. – Ri de seu comentário.

— Ninguém da escola sabe. – Sentei-me a mesa.

— V-você tem vergonha?

— Não, nenhuma. É só que não conheço ninguém ainda. – Sorri para o garoto que me fazia companhia.

***

            Segunda-feira. Outra semana já havia passado e eu novamente estava acordando para ir à escola. Levantei da minha cama e me arrependi assim que olhei lá para fora, parecia ventar muito além de o dia estar meio fechado.

            Com um pouco de relutância atravessei meu quarto e cheguei ao meu banheiro, fiz minhas higienes rotineiras e tomei um banho rápido e bem quentinho. Assim que fui para meu quarto olhei a Previsão do Tempo. Frio. Arrumei-me e logo desci para tomar café.

— Bom dia! – Cumprimentei minhas tias e minha avó. – Cadê mamãe e o vovô?

— Sua mãe saiu mais cedo e o papai está resfriado. – Tia Marlise disse tomando seu chá de camomila. – Aceita chá? – Eu me encolhi um pouco e neguei.

— Não, obrigada tia. – Sentei-me à mesa e peguei um mamão para comer enquanto tomava suco.

— Mãe, eu não vou dormir em casa hoje. Vou sair depois do trabalho. – Tia Dayane avisou e me olhou. – Querida, hoje você está livre.

— Tudo bem, eu vou aproveitar para colocar algumas coisas da escola em dia. – Eu sabia o que significava as saídas da Tia Dayane. Ou ela iria sair com as amigas e beber para ter uma noite das garotas, ou arrumou um ficante novo e vai sair com ele e... Bem, não importa.

            Eu segui para a escola a pé hoje, fazia frio e esse vento frio não era bom de sentir andando de patins. Na escola, eu fui direto para dentro da escola onde estaria bem mais quentinho e agradável de ficar.

            Fui até meu armário pegar meu material, até que vejo Ken sendo abordado pela irmã de Nathaniel e suas amigas. Ele parecia nervoso, então achei melhor me aproximar para poder entender o que se passava ali, até que pude ouvir o que a loira fazia.

— Me entrega logo isso idiota!— Ambre tinha a mão estendida e Kentin tinha sua carteira em mãos.

— Oh, olá Ambre. Tudo bem? – Me aproximei com um sorriso. Ela revirou os olhos e me deu um sorriso irônico.

— Não se mete nerd! – Charlotte me empurrou.

— O que você quer? – Ambre me perguntou de forma rude. Passei meus olhos por Kentin e vi que ele ainda tinha a carteira em mãos.

— O mesmo que você, o dinheiro do meu lanche. – Apoiei meu braço no ombro de Kentin e retirei a carteira de suas mãos, logo colocando no bolso de meu jeans. – Ele tá me devendo, então tenta arrumar outra pessoa pra te pagar o almoço. – Ambre bateu o pé.

— Me entrega isso agora, ou você vai ver. – Eu estava nervosa, não sabia o que fazer, até que tive uma luz. A diretora apareceu no corredor e estava passando perto de nós.

— Oh, bom dia diretora. – O trio de garotas empalideceu e a diretora se aproximou desconfiada.

— Algum problema aqui, Senhorita Blanche? – Ela passou os olhos por todos nós, mas parou em Ambre.

— Nenhum, estávamos apenas conversando e resolvemos te cumprimentar. – Ela arqueou a sobrancelha e agradeceu logo indo embora. – Dá próxima, eu te denuncio Ambre. – Dei um sorriso de orelha a orelha e sai puxando Kentin para longe delas.

— Eer... B-Blanche? – O garoto me chamou e nós paramos no meio do corredor. Olhei para onde estávamos e vi Ambre indo para o outro lado. – Obrigado pela ajuda. – Sorri.

— Você precisa aprender a se defender e não pode ter medo, de ninguém. – Retirei a carteira do bolso e entreguei a ele. – Não vou estar sempre perto de você Ken. – Ele assentiu e me abraçou. Nós tínhamos a mesma altura, apenas a diferença de centímetros de mim para ele.

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