The Garden of Everything escrita por Yuui C


Capítulo 10
Minha canção / De volta para você


Notas iniciais do capítulo

Mes amours, atenção: esse capítulo é basicamente o CLÍMAX da história. MUITA atenção ao lê-lo! É o capítulo que vocês tanto aguardavam! ♥



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X.

Minha canção vai subir no vento

De volta para você, muito, muito longe

            Finalmente estava ali. Não esperava encontrar o andar todo vazio — aparentemente, Nathalie havia conseguido esvaziá-lo para manter a “privacidade” deles, uma vez que Alya e Chloé conseguiam ser estupidamente escandalosas.

            Outra coisa que não esperava era o olhar de seus dois melhores amigos sobre si. Eles, por si só, pesavam mais do que a sua barriga nos últimos tempos; ela ainda não estava totalmente visível, graças às roupas e, também, a perda de peso que ela tivera.

            — Agora?! — Podia sentir o rancor pingar da voz de Alya. Marinette não a encarou.

            Experimentou fitar Nino, mas seus olhos diziam o mesmo. Suspirou; não queria explicar. Não conseguia.

            Era além da compreensão deles.

            Era além da compreensão dela própria.

            — Você tem noção que até a Chloé, que era uma nojenta, veio todos os dias para vê-lo desde o incidente, mas você não. E agora, depois de quase três meses–

            — Dois meses e uma semana. — Protestou.

            — Foda-se! Você não apareceu e quer dar as caras agora?! Com qual direito?

            — Não era hora. — Foi tudo o que ela respondeu.

            — Sua–! — Alya ousou avançar contra ela, mas Nino a impediu prontamente.

            — Menos, Alya. Aqui ainda é um hospital e o Adrien não iria querer que vocês duas brigassem dessa forma. A Mari vai se explicar, não é mesmo? — Ele tinha esperanças de que sim. Ele queria acreditar nisso: por ela e pelo melhor amigo.

            Mas Marinette não se explicou — ela simplesmente passou por eles e entrou no quarto, lentamente caminhando até a cama onde ele estava.

            Já não se via mais nenhuma marca da luta — as piores, incluindo o ferimento com a espada, foram restauradas por sua cura após usar o Lucky Charm.

            Estava ligado a vários aparelhos, medindo batimentos cardíacos, pressão sanguínea, recebendo soro e outros remédios. Respirava por um pequeno tubo ligado ao nariz — em geral, seu estado clínico era bom.

            Mas os médicos não davam esperanças de que um dia ele despertasse do coma. Sequer conseguiam dizer o que o levara ao estado em um primeiro momento.

            Ela sabia. Sabia até bem demais para o seu próprio estado mental.

            Ao lado de seu travesseiro, Plagg ressonava baixinho, enrolado em uma pequena bolinha. As notícias correram rápido e, hoje, não era mais nenhum segredo que ele era Chat Noir — a presença do kwami ali era insignificante.

            Não para ela. Para ela era a resposta e a certeza que precisava.

            Respirou bem fundo, sentindo que Alya e Nino estavam atrás de si. Sabia que a ruiva iria querer arrancá-la dali — mas não permitiria, não agora.

            Agora era a hora.

            — Mon minou. — Chamou, doce, sentando-se na beirada da cama. — Já faz dois meses desde aquele incidente. — Ela pegou sua mão, acariciando-a entre os seus dedos.

            — Você sabia, não sabia? Eu não podia vir antes. As coisas precisavam se resolver. E você... não queria estar junto. Você não podia. — Continuou, trazendo a mão ao seu rosto, deitando sua bochecha sobre a palma. — Iria ser pior se você estivesse junto. Por isso precisava ser eu.

            — Tudo foi resolvido com a polícia. Com o prefeito também. E... com seu pai. — Ela suspirou, o ar parecendo faltar. — As... outras burocracias eu não sei a respeito. Não conversei com a Nathalie. Provavelmente a... marca da sua família, a empresa, vai ter de ficar com você, não é? Não era o que você queria. — Ponderou um instante. — Nada disso era o que você queria.

            Ela olhou para as máquinas. Os sons eram como trovões aos seus ouvidos. Mordeu os lábios. Estava incerta. Aquilo iria funcionar mesmo?

            Era aquilo que ele queria? Aquelas palavras...?

            Ou...

            — Sabe. — Retomou, enlaçando os dedos com os dele, pressionando mais a mão contra o rosto. — Foi... insuportável sem você ali. Eu queria que tudo parasse. Eu... queria ter vindo antes. Eu não podia. Você sabe, não sabe? — Nenhuma resposta. Ele parecia dormir tão bem... parecia tão tranquilo...

            Seus olhos estavam marejados. Segurou as lágrimas com força. Não ainda, não ainda.

            — Eu... Adrien, eu... — Mordeu a boca novamente, mais forte agora. — Eu ainda sinto a sua pele sobre a minha, mon amour. Ainda sinto teu cheiro, ouço o som da sua voz. Eu... preciso de você aqui, comigo. — A respiração estava descompassada. — Tudo vai ficar bem, eu prometo, então... Por favor, por favor... — Era um murmúrio quando a primeira lágrima caiu, solitária, passando por seu rosto. — Volta pra mim, Chaton.

            Seguida daquelas vieram outras, incontroláveis. Tudo desde aquele dia transbordou — a luta, o coma, o bebê, as responsabilidades. Estava tudo espiralando novamente e ela estava cansada. Suas forças se esvaíram.

            Não era para ser ela.

            Era para ser eles.

            Um e único.

            Sentia o olhar de Alya sobre si e apertou a vista. Ouvia os passos em sua direção — iriam tirá-la dali e não podia fazer mais nada; não tinha mais como lutar contra tudo só ela.

            Então os dedos grossos fecharam-se em volta dos seus, assustando-a. Os passos pararam.

            Lentamente ela abriu os olhos, piscando para poder focar no rosto bonito. Assistiu como os verdes foram surgindo, meio desnorteados, para encontrarem o seu — encontrarem como naquela noite.

            — Não chore, Bugboo. — A voz era um fio, mas era o suficiente para fazê-la sorrir, um sorriso que há muito não bailava por seu rosto. — Lágrimas não combinam com você.

            — Gato bobo. — Ela murmurou e, devagar, esticou-se para abraçá-lo, aninando o rosto ao lado do dele.

            — Seu bobo. — Ele acariciou suas costas com uma mão, lento, fatigado. — Eu voltei pra você, mon amour.

            — Uhum. — Chorava livremente agora. — Eu estava te esperando.

 

Um dia, o céu irá se juntar

E eu serei capaz de cruzá-lo, de volta para você


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Notas finais do capítulo

Os trechos da música que compõe esse capítulo são os únicos trechos cantados em japonês, no refrão, pela Maaya Sakamoto. Nunca algo teve tanto significado quanto agora ♥

O que acharam, mers amours? Era isso que vocês tanto queriam, né? Eu disse que não era tão má. Mas acalmem-se: a conclusão ainda não veio! Ainda temos um caminho a prosseguir. Obrigada carinhosamente a todos que tem comentado, me apoiado, questionado, surtado... Amo cada comentário de vocês! Fiquem comigo por mais um tempo, sim? ♥