Deep Six - Novos Horizontes escrita por Gothic Princess


Capítulo 15
Capítulo XV - Nada a temer


Notas iniciais do capítulo

Hello, heroes!! Quem leu meu aviso lá no tumblr sabe que eu não consegui postar o capítulo ontem, mas ele já tava pronto então isso mostra que tô mesmo acelerando o ritmo kkkkk

Nesse capítulo vamos ter um flashback no começo, e eu provavelmente vou fazer isso mais vezes ao decorrer da fic com personagens específicos. Se tiverem qualquer dúvida é só me procurar no tumblr ou por aqui mesmo, mandando uma mensagem :)

Espero que gostem!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702344/chapter/15

3 anos e meio atrás...

Depois de apenas um ano sendo a nova Batgirl, Melissa já estava pegando o jeito de ser uma vigilante. Havia colocado todo o seu foco na família mafiosa irlandesa Sullivan, que quase fora dizimada alguns anos antes, porém que havia sobrevivido graças a ajuda de Falcone. Agora eles haviam unido forças e comandavam o império mafioso da cidade.

Com o evidente desequilíbrio de poder, ela decidiu deixar as coisas como estavam antes para facilitar o trabalho de seu pai em derrubar Falcone. Então precisava derrubar os Sullivan e foi exatamente o que fez. Mesmo que ela não tivesse feito tudo sozinha, a liderança da operação havia sido sua. A estratégia tendo sido tão eficaz que os irlandeses nem souberam de onde o ataque veio e tremeram de medo diante de uma garota de dezoito anos quando ela acabou com eles.

O chefe do grupo criminoso, Mickey Sullivan, decidiu entregar tudo o que sabia sobre os segredos de seu chefe para as autoridades, e o novo promotor público estava mais do que feliz em aceitar. Ele, no entanto, havia sido extremamente ferido durante a pequena invasão de Batgirl e acabou tendo que ficar internado por alguns dias no hospital de Gotham em Midtown. Já estava acordado e respirando sem a ajuda de aparelhos, porém seus ferimentos ainda eram dolorosos demais para ele sequer se mover.

Por conta disso, Mel e sua parceira estavam de tocaia no telhado do hospital, para o caso de Falcone resolver fazer algo contra seu ex empregado. Também haviam várias viaturas de polícia do lado de fora, mas ela não confiava muito naqueles policiais, então resolveu fazer o trabalho ela mesma.

— Da próxima vez em que me chamar para uma tocaia, vou quebrar minha própria perna só para não precisar vir — a jovem de cabelos negros disse, revirando os olhos enquanto encarava a pequena janela no chão do telhado que lhe dava vista para a parte de dentro do hospital. — Não vou sentir dor mesmo, vai valer a pena. Porque adivinha? Em casa posso assistir filmes enquanto como a comida do nosso mordomo badass!

Não era segredo que ela ficava de saco cheio em vigílias, mas se quisesse ser uma detetive algum dia precisaria aprimorar suas habilidades de observação, nem que Melissa tivesse que amarrá-la ali.

Batgirl desviou o olhar do tablet em suas mãos, que mostrava as filmagens das câmeras que havia instalado no dia anterior, olhando para a heroína com um traje semelhante ao seu, e ao mesmo tempo extremamente diferente. Não haviam mangas no uniforme dela e ele, assim como sua máscara, capa e morcego no peito, era branco. A capa descia apenas até a cintura da morena e suas luvas compensavam parcialmente a falta de mangas por irem até um pouco acima de seu cotovelo.

Aquele era o uniforme mais chamativo que ela já havia visto, e Melissa fazia questão de lembrar isso todas as vezes em que sua parceira o vestia. Agora, porém, precisava focar em manter qualquer assassino longe daquele hospital até que a polícia pudesse levar Mickey sob custódia para conseguirem uma confissão.

— Se está entediada, faça algo de útil e fique de olho nas câmeras enquanto checo o perímetro — Batgirl puxou a jovem pelo braço para que se levantasse e lhe entregou o tablet.

— Por que eu não vou checar o perímetro enquanto você fica aqui já que tem um amor incondicional por coisas entediantes?

— White Bat, você vai ficar aqui e isso não é um pedido. Se vir alguma coisa, me avise pelo comunicador e não tente fazer nenhuma burrice! — Batgirl a viu abrir a boca para retrucar algo, e então fechá-la imediatamente, bufando e sentando-se no chão novamente para poder olhar as câmeras.

A mais nova murmurou algo sobre acabar com a Wayne na próxima vez em que elas fossem treinar, sendo ignorada pela parceira, que foi para a outra lateral do prédio em que haviam menos viaturas e descer por ali usando seu gancho até que estivesse perto o bastante do chão para que os policiais de tocaia não a vissem. Era noite, portanto seria mais fácil para ela se camuflar do que White Bat, e ela o fez, se escondendo nas sombras e observando com atenção seus arredores para qualquer movimento suspeito.

Ela percebeu que todos os policiais estavam dentro de suas viaturas e não estavam se mexendo. Quando chegou perto o bastante de um dos carros, não ligando se fosse vista, percebeu que havia sangue escorrendo pela nuca dos dois oficiais que ali estavam. A heroína deu a volta até a parte traseira do automóvel e viu que havia dois furos pequenos de bala no vidro e que haviam sido tão precisos que só poderiam ser dados de muito perto ou por um ótimo atirador.

Percebeu que o mesmo havia acontecido com todos os outros e correu para dentro do hospital, assustando vários pacientes e médicos.

— White, houve uma quebra na segurança! Entre e proteja Sullivan a qualquer custo.

— Ah, mas eu tava me divertindo tanto aqui em cima — a outra ironizou. — Em que quarto ele está?

Só então Melissa se tocou que ela mesma havia mandado mudarem Sullivan de quarto de meia em meia hora, para não deixar que a informação de onde ele estava vazasse. Naquele momento não sabia onde ele estaria.

— Vou falar com o médico dele e te digo, enquanto isso entra pra poder… — a frase foi interrompida quando a heroína esbarrou em alguém, quase fazendo ambos caírem no chão.

A pessoa a sua frente era um cara que aparentava ter a idade dela, alto, cabelo loiro escuro e olhos verdes.  Era bonito e jovem, e ela não lembrava de ter visto o rosto dele antes em lugar algum. Seu olhar desceu até o nome no jaleco, onde se lia “Jeffrey Crane”.

Como era de se esperar, ela franziu o cenho sob sua máscara e cerrou os punhos, dando um passo para trás.

— Crane — havia uma pitada de raiva e desconforto na voz dela ao dizer aquele nome.

— É, estou acostumado com essa reação quando sabem meu nome. Principalmente de pessoas como você — ele gesticulou na direção do morcego no peito dela, não parecendo impressionado.

— Nem imagino o por quê. O que está fazendo aqui?

— Estagiando. Preciso de horas de estágio para me formar, faculdade funciona assim — ele sorriu levemente e andou até o balcão principal, colocando alguns arquivos dentro de uma gaveta.

— Quem é médico de Mickey Sullivan? — ela perguntou depois de segui-lo.

— Robert Nova — Jeff começou a procurar por outros arquivos, sem prestar muita atenção nela.

— Quero falar com ele.

— Está em cirurgia agora. Me deixou encarregado do paciente, se quiser perguntar algo sobre Sullivan, eu sou o seu homem — ele direcionou um olhar simpático para ela, que suspirou profundamente para não perder a paciência.

— Me fale onde ele está, preciso protegê-lo antes que o matem.

— Tem policiais na porta dele e do lado de dentro do quarto, acho que vai ficar bem se tentarem algo — Jeffrey respondeu, a encarando com mais atenção agora. — Você não pode subir e eu não sou autorizado a deixar você saber o número do quarto. Ordens do Comissário.

— No dia em que um Crane me disser o que posso ou não fazer, aranhas vão voar. E quem deu essa ordem para o Comissário fui eu!

— Não precisa ser arrogante, só estou te informando o que foi passado para mim. Se quiser reclamar, o Comissário está na delegacia.

— Escuta aqui, seu…! — Batgirl o segurou pelo colarinho da camisa, pronta para arrancar a informação dele, porém sentiu ambas as mãos do Crane em seus braços e foi jogada para o chão, juntamente com ele.

Em seguida, ouviu o som de vários tiros e os viu acertando o local na parede onde antes estavam. Melissa rapidamente usou sua capa para cobrir seu corpo e Jeffrey atrás dela, caso resolvessem atirar novamente. Os médicos, pacientes e enfermeiros que estavam ali no momento já haviam gritado e corrido para longe, abrindo caminho para os atiradores se aproximarem.

— Encontrem ele, encontrei algo mais interessante para fazer — os dois ouviram uma voz masculina e o som de passos.

— Saia daqui e avise que estão atrás do Sullivan! — ela sussurrou para Jeffrey, que pareceu hesitante por um momento.

— Tem certeza que pode dar conta? — ele deu uma espiada pelo lado da capa. — São uns sete homens armados e com proteção.

— Vai logo! — ela vociferou e ele assentiu, andando agachado por trás do balcão até o primeiro corredor que viu.

— Olha só o que o gato trouxe, — ela jogou a capa para o lado e viu uma figura familiar a sua frente, apontando uma arma diretamente para a sua cabeça. — Um morcego morto.

Vendo que ele puxaria o gatilho, Batgirl se jogou para frente, segurando a arma com força e a desviando para o lado no segundo em que o tiro foi disparado. Logo depois torceu o pulso dele usando a arma e o fez soltá-la, no final acertando uma cotovelada lateral em seu rosto. Ele acabou cambaleando para o lado e deu uma risada, limpando um pouco de sangue que escorria pelo canto dos seus lábios.

— O que está fazendo, Dent? Trabalha para a Waller na ARGUS, a menos que ela tenha mandado vir aqui, o que eu duvido, não tem motivos para matar Mickey Sullivan! — ela estava em posição de defesa e preparada caso ele puxasse outra arma.

Mark Dent sorriu para a heroína e colocou uma das mãos nas costas, segurando sua outra pistola, porém não a tirando do coldre ainda.

— Greg trabalha para a ARGUS. Mark, mais conhecido como eu, sou um mercenário. Pagaram uma boa grana por esse cara morto, então se puder cooperar, talvez eu te deixe viver — ele não tinha intenção alguma de deixá-la viver, ambos sabiam disso. — Por que está defendendo o tipo dele agora? Achei que Os Morcegos fossem incorruptíveis, mas parece que finalmente foram comprados.

— Como se eu fizesse isso por dinheiro. Faço isso para espancar pessoas como você — ela jogou uma bola preta na direção do criminoso, que foi tão rápido em sacar sua pistola e atirar em cheio na mesma que não percebeu no que estava atirando.

Assim que a bala atravessou a esfera, uma quantidade absurda de fumaça saiu dela e ele não conseguia mais ver nada ao seu redor. Mark aproveitou para pegar sua faca de lâmina grossa em sua bota e manteve tanto ela quanto a arma erguidas, esperando por Batgirl.

Ele sentiu um movimento atrás de si e virou-se rapidamente, atirando duas vezes e errando quando a jovem se esquivou das duas balas ao mesmo tempo em que se aproximava dele. Tentou cortá-la com sua faca, porém teve o golpe defendido pelas manoplas que ela possuíam em ambos os braços. Acabou recebendo dois socos no rosto até que sentiu suas costas batendo contra a parede. Batgirl deixou seu braço, com as lâminas da manopla, extremamente perto do seu pescoço para deixá-lo imóvel e segurou seu punho que possuía a arma para que não atirasse.

— Você é rápida para uma garota tão fraca — ele sorriu, cínico.

O som de gritos começou a ecoar pelos corredores do hospital, assim com o de tiros no andar de cima e de corpos caindo no chão. Batgirl começou a sentir seu peito pesar quando pensou se White Bat estaria bem enfrentando todos aqueles homens.

Mark aproveitou esse momento para soltar sua arma, chutá-la para o lado e pegar uma micro bomba em seu cinto. Ele, então, acertou um tapa forte no lado esquerdo da máscara da heroína, prendendo a bomba ali e a empurrando para que ficasse a alguns passos dele. O dispositivo começou a apitar e ela tentou removê-lo, sem sucesso já que estava grudado.

— Só um presentinho para você se lembrar de mim — Mark deu uma risada antes de dar vários passos para trás, ainda que a estivesse observando.

Batgirl pegou um batarangue em seu cinto e tentou usá-lo para remover a bomba. Conforme o apito ficava mais alto, ela começava a se desesperar mais, ao mesmo tempo tentando manter a calma. Ela acabou sentindo duas mãos segurarem sua cabeça e viu que Jeffrey foi quem a segurava. O Crane analisava o dispositivo e pegou o batarangue das mãos dela.

— Não tem jeito, deixa explodir — ela o sentiu pressioná-la contra a parede mais próxima para poder empurrar seu corpo enquanto tentava retirar a bomba da lateral do rosto dela.

— Acha que sua máscara vai te proteger? Se explodir, vai se machucar.

— Por que liga?! Só saí de perto, Crane!

— Fica calada, acho que vou conseguir — Jeffrey pôde sentir que o dispositivo estava se desprendendo da máscara, quando o mesmo parou de apitar e ele congelou.

Batgirl só teve tempo de empurrá-lo com toda a sua força para que se afastasse antes de cobrir a parte do seu rosto que a máscara não cobria usando seu braço. A bomba explodiu e, por sorte, era uma fraca. Ainda assim, a cabeça da heroína se chocou contra a parede e ela caiu no chão com seus ouvidos chiando.

Alguns segundos depois, sentiu uma mão segurar firmemente uma das orelhas de morcego de sua máscara e a arrancar com violência. A explosão e a pancada haviam feito a máscara rachar e agora ela estava com metade do rosto descoberto, porém intacto. Só quando a fumaça se dissipou, ela pôde ver Mark de pé na sua frente, segurando a metade da máscara que havia se quebrado.

— Você até que tem um rosto bonitinho. Pena que vou estourar ele — o Dent apontou a arma na direção do olho exposto dela, preparado para atirar.

Foi então que sentiu algo acertar suas pernas, caindo com o traseiro no chão duro e desviando a arma no momento em que atirou.

Jeffrey, que ainda estava sentado no local onde havia caído depois que ela o empurrou, havia dado uma rasteira nele. Isso deixou Mark furioso e ele apontou sua arma na direção do outro, que nem sequer se surpreendeu com a ação, não esboçando reação.

— Mas que porra, Crane?! — ele berrou, com raiva.

A próxima coisa que viu, foi o pé de Batgirl vindo na direção do seu rosto e acertando bem no centro do mesmo, fazendo-o ser jogado para o lado e cair de costas no chão. Ela, então, se colocou de pé e retirou o seu gancho do cinto, dando alguns passos para trás antes de mirá-lo no colete de Mark e atirar. Logo que o gancho se prendeu no material a prova de balas, ela o puxou, fazendo-o se levantar e quando ele chegou perto o suficiente, acertou um soco ainda mais forte em seu rosto.

Ele caiu atordoado no chão e a heroína se abaixou para virá-lo e algemar ambas as mãos do mercenário.

— Essa foi boa — Jeffrey comentou, se levantando e limpando seu jaleco.

— Para de salvar a minha vida, não quero dever nada a você! — Melissa disse, rispidamente.

— De nada, senhorita Wayne — ele a viu congelar e lançar um olhar mortal para ele. — O idiota tinha razão, você realmente tem um rosto muito bonito.

— Ok, vou ter que te matar agora — ela não iria matá-lo, obviamente, talvez só bater nele até o Crane ter uma conveniente amnésia.

— Senhorita Wayne, posso lhe assegurar que se eu quisesse vingança contra o Batman, já teria tentado algo. Sinceramente, quero distância da vida que o meu levava e só quero viver a minha vida sem mais problemas. Revelar o seu segredo não me traria benefício algum.

— Mesmo assim, não confio em você.

— Confiaria se eu deletasse todas as filmagens das câmeras de segurança do hospital que registraram seu rosto? — Jeff apontou na direção de duas que estavam diretamente posicionadas na direção da heroína. — Ou, talvez, você confiasse mais em mim se nos conhecêssemos melhor.

— Não namoro com filhos de psicopatas. Olha o Dent, por exemplo, você pode muito bem ser como ele.

— Não estava pensando em namoro, só gostaria de estudar sua mente. Com certeza quero saber o que se passa nela — ele sorriu de forma amigável e ela franziu o cenho.

— É estudante de psicologia? Agora mesmo que não quero nem chegar perto de você — Melissa deu uma risada sem humor. — E minha mente não é interessante o suficiente para ser estudada. Tenta diagnosticar o Batman e depois me fala qual é o problema dele.

— Só pelo jeito que fala comigo já posso perceber que você é quem tem muitos problemas. Então a ajuda continua de pé — o maior encurtou a distância entre eles e a encarou diretamente nos olhos. — Além do mais, tenho sido amigo da sua irmã há alguns anos. Se duvida de mim, pergunte a ela se deve ou não confiar em mim.

Ela ficou levemente surpresa ao saber que ele conhecia Cassandra, porém mordeu a própria língua para não retrucar. Se ele era um futuro psicólogo, tudo o que ela dissesse seria analisado por ele, e ser analisada era algo que ela odiava. Não precisou nem mudar de assunto, pois Dent começou a se mexer novamente, soltando alguns grunhidos de dor.

— O que tá acontecendo? — Greg começou a se debater para tirar as algemas, parando ao sentir uma dor terrível em seu rosto. — Onde estou?

— Fica quietinho que a polícia logo chega pra te levar — Batgirl falou, pisando nas costas dele para mantê-lo no lugar.

— Que droga! O que aconteceu dessa vez? — ele olhou em volta e o máximo que conseguiu perceber, foi que estava em um hospital. — Eu realmente não sei o que eu fiz para estar sendo preso!

— Acha que sou idiota? — ela pisou nele com mais força. — Tentou me matar mais de uma vez e veio assassinar uma testemunha do governo. E se puxarmos mais sua ficha, aposto que mais podres vão surgir.

— Do que você tá falando?! — ele gritou, ainda confuso e com dores demais para tentar entendê-la.

— Eu posso vigiar ele se precisar ir encontrar alguém — Jeffrey falou, e ela tinha certeza de que não havia mencionado ter vindo com alguém. — Quando nos esbarramos, estava falando com uma pessoa. Deduzi que não estivesse sozinha.

Melissa arqueou uma sobrancelha ao perceber que ele era mesmo observador. Foi então que viu sua parceira aparecer no final do corredor, arrastando alguém pela perna e respirando pesadamente, como se estivesse exausta.

— Se lembra que eu disse que tava entediada? Nem tô mais — ela comentou, sem fôlego. — Mas tô viva, o Sullivan tá vivo…

White Bat olhou para trás, para o homem que arrastava pelo chão.

— Tudo ótimo! Só tem uma porrada de homem desmaiado lá em cima, alguns podem ter quebrado alguns ossos.

Batgirl sentiu um enorme alívio ao ver que ela estava bem, e um maior ainda ao ouvir as sirenes de polícia se aproximando do hospital.

— Precisamos ir! — ela disse e viu que o olhar de White Bat estava em Jeffrey. Um olhar nada simpático.

— Devo matá-lo? — ela perguntou ao perceber que ele havia visto o rosto de Mel.

— Vou cuidar dele mais tarde — Batgirl lançou um último olhar para o Crane, que sorriu discretamente.

As duas deixaram o prédio sem mais empecilhos e assistiram de longe enquanto os policiais prendiam Dent e os outros mercenários.


§

Dias atuais...

Ela se lembrava daquele dia como se fosse ontem. Naquela época sua vida era fácil e ela não sabia. Depois daquilo havia acabado por aceitar a proposta de Jeffrey e ele a havia ajudado a superar seu medo de aranhas. Agora, alguns anos depois, ela se perguntava se ele ainda era o mesmo de antes, pois ela mesma havia mudado bastante.

Ele parecia analisar a história que ela havia contado tudo, excluindo alguns detalhes confidenciais, desde que haviam terminado. Quando ele pensava demais, era porque estava intrigado ou só precisava de mais informação para completar um raciocínio. Finalmente bebeu um último gole de seu café e olhou na direção dela.

— Então, você tem um irmão agora?

— Pois é.

— Uau, sua vida tem estado bem mais interessante do que a minha — ele deu uma risada e balançou levemente a cabeça. — Só não consegui identificar o que está te incomodando tanto.

Obviamente ela havia omitido o fato de seu irmão estar matando ninjas que sua mãe mandava para matar seus amigos, e o fato de que sua equipe havia acabado de ser forçada a tirar férias.

— Acho que só estou cansada, Jeff. Não precisa ficar preocupado ou procurando uma solução, meu problema é falta de sono.

— Posso ser sincero com você? — ele ficou repentinamente sério.

Melissa apenas assentiu com a cabeça.

— Você nunca falhou em me impressionar, Melissa. Sempre que eu te falava algum método estranho para te ajudar a se livrar da sua aracnofobia, você aceitou sem questionar, porque queria deixar de sentir medo — ele apoiou ambos os cotovelos sobre a mesa e se inclinou até mais perto dela. — Quando terminei com você, foi porque você já havia deixado seu medo de lado e eu acabei perdendo o interesse. Sim, sou um babaca, mas nunca quis te magoar.

A Wayne balançou a cabeça em sinal positivo, concordando que ele era um babaca, e isso arrancou um sorriso do Crane, quebrando seu semblante sério.

— Felizmente fiquei o suficiente com você para te conhecer bem. E posso dizer agora, pelo jeito que fala sobre seus amigos, que está com medo de perdê-los.

Ela nem havia falado o suficiente para ele pensar naquilo, no máximo havia mencionado uma coisa ou outra sobre eles, evitando a todo custo falar sobre o DS. E mesmo assim, Jeffrey acertou em cheio.

— Você sempre cuidou muito bem dos seus amigos e família, é uma qualidade admirável. O que me leva a perguntar, o que houve com a sua parceira? — aquela simples pergunta fez o corpo da morena ficar tenso de um segundo para o outro. — Não a mencionou em nenhum momento durante nossa conversa, o que me leva a pensar que passou três anos sem falar com ela.

— Não falo sobre esse assunto.

— Tem certeza de que não quer…?

— Eu não faço sobre esse assunto, Crane! — ela respondeu, firmemente.

— Ela está morta? — ele continuou, mesmo com a negação da amiga.

— Não!

— Então por que está nervosa?

— Porque ela não é mais parte da minha vida, e é isso o que estamos discutindo. Se insistir no assunto, vou embora!

Jeffrey coçou a ponta do queixo usando dois dedos e se recostou em sua cadeira mais uma vez.

— Não deveria afastar as pessoas, Mel. Reclusão não é a melhor escolha para alguém como você, que tem tendência a precisar de alguém ao seu lado para não deixar você se afundar nas mesmas trevas que seu pai se afundou.

— Já faz três anos que me largou e ainda acha que me conhece? Me poupe, Jeffrey — ela fez menção de se levantar e ele delicadamente segurou seu pulso, a impedindo de ir embora.

— Sabe que estou certo. Sou seu amigo, me preocupo com você, então se for para escolher ver você sucumbir ao isolamento, prefiro te ajudar com um conselho.

— Se seu conselho é eu encontrar novos amigos, a Cassy já tentou e falhou miseravelmente!

— Novos não. Velhos amigos. Por que não procura sua antiga parceira e descobre o que ela tem feito? Já que, pelo visto, não faz ideia de onde ou com quem ela esteja nesse momento.

— Por que quer tanto que eu encontre a Nic de novo? Está falando com ela ou algo do tipo? — Melissa puxou o braço para que ele a soltasse e se levantou.

— Só quero entender por que quer tanto não pensar nela. Se me contasse o motivo…

— Eu vou embora — ela pegou sua bolsa no chão e a colocou sobre o ombro. — E só pra constar, penso nela sempre que coloco meu maldito uniforme. Ela era minha amiga, e eu falhei com ela. Agora, se tocar nesse assunto de novo, vou gentilmente socar sua cara!

Jeffrey permaneceu calado quando ela se virou e o deixou na cafeteria. A viu passando a passos pesados pela janela e quando a Wayne saiu de vista, ele tateou o indicador sobre a mesa seis vezes antes de se levantar e também ir embora, satisfeito pelo trabalho que fez.

Agora só precisava esperar.


§

Melissa chegou em casa algum tempo depois e já não se sentia mais cansada como antes. Se lembrar de como conheceu Jeffrey, como era estar em uma missão com sua ex parceira, de como havia ferrado tudo em um segundo que ficou distraída… Ele estava certo, ela não fazia ideia de onde Nicolle estava e não tinha notícias da jovem desde que se separaram há muito tempo. Tentou pensar que era algo bom Nic não ter feito contato, porém não podia deixar de ficar preocupada ao mesmo tempo.

Sem pensar muito, ela pegou seu celular e ligou para a única pessoa que sabia que poderia ter as respostas que ela precisava.

Estou trabalhando, o que foi? — Tony atendeu já falando que estava ocupado, típico.

— Preciso que encontre uma pessoa pra mim.

— Por que não pede para o seu pai? Ele só é o maior detetive do mundo, nada muito importante — o herói disse, sarcasmo claro em seu tom.

— Ninguém da minha família pode saber quem estou procurando. Vai me ajudar ou não?

Questão suspirou, parecendo cansado do outro lado da linha.

Quem é que devo encontrar?

— Nicolle Bale.

Nem vou precisar procurar tanto.

— O que quer dizer? — Melissa se jogou no sofá da mansão, cobrindo o rosto com uma das mãos e já esperando uma bomba.

Sua amiga é uma criminosa.

A Wayne não conseguiu não trincar o maxilar ao ouvir isso. Nicolle estava muito ferrada quando Melissa colocasse as mãos nela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Com esse flashback não só vimos um pouco da Mel no começo da carreira de vigilante, mas também como o Mark/Greg foi preso e como ela conheceu o Jeff :3

No próximo vamos conhecer a antiga parceira da Melissa e descobrir o motivo para elas não estarem mais trabalhando juntas!! Se quiserem ir fazendo perguntas para a Nicolle no tumblr, vou ver as que não tem spoiler do capítulo 16 e vou respondê-las!!

Pergunte no tumblr usando esse link: http://deepsixfanfic.tumblr.com/ask

Obrigada por lerem, espero que tenham gostado!!

Un beso mis amores :*