Anna Júlia - Quisera Eu escrita por Anna Júlia


Capítulo 9
Capítulo 9 - É O FIM?




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Sinto muito, Júlia, mas eu era mesmo um cafajeste e tava longe de ser um ser humano. Hoje eu vejo isso, mas não naquele dia. Não naquela época. Naquele dia, eu fui, durante todo o percurso pra minha casa, pensando em qual guria da minha lista de contatos eu iria ligar pra esquecer o que tu tinha me dito e fazia comigo. Fui decidido a te deixar pra trás sem nem mesmo te informar sobre a minha escolha, o problema é que eu não pensei que tu fosse vir atrás de mim, porque tu nunca tinha ido antes e da vez que tu resolveu ir, tu me encontrou em um estado deplorável que só te fez ter mais certeza de que eu era a escolha mais errada que tu já tinha feito em toda a tua vida.

As cenas demoraram a ficar claras em minha mente porque tudo ainda doía e eu estava bêbado, mas foi só te ver pra entender que eu tinha te perdido. Você ficou cerca de 3 segundos me encarando com nojo que para mim pareceram horas. Durante esse curto espaço de tempo fui capaz de notar uma guria peituda ainda deitada ao meu lado, pude passar o olhar por mim e perceber que eu estava despido e com o peitoral sangrando devido os arranhões… Minha cara devia ser mais desprezível ainda.

Eu te fodi, Júlia. Muito mais do que tu me fodeu quando se transformou naquilo que mais me trazia paz.  

— Tu é o cara mais nojento que eu conheço – você disse antes sair batendo os pés.

Juntei todas as minhas forças pra conseguir me levantar e ir atrás de você, só consegui te alcançar quando você já estava na porta. Senti o sol me cegando e, com os olhos entreabertos, te segurei pelo braço, impedindo que você fugisse de mim.

— ME LARGA! – você gritou. Eu não te soltei. — JERRY, ME LARGA – novamente.

Eu não conseguia te soltar, Júlia. Eu não queria que tu fosse embora.

— ME SOLTA, TU TÁ ME MACHUCANDO – tu gritava entre lágrimas, e isso me fodia por dentro, mas mesmo assim eu não conseguia te soltar.

— Júlia, te acalma – falei.

— SÓ SOME DA MINHA VIDA – tu começou a me bater com a mão que eu não segurava, o que me fez te soltar.

E tu continuou batendo, Júlia, e batendo, batendo, batendo… Como se esmurrar fosse aliviar aquela dor que eu tinha causado. E tu me batia cada vez mais forte, e entre cada murro, uma lágrima escorria em teu rosto. Era tua forma de colocar o band-aid.

— JÚLIA – tentei te segurar novamente, para que tu parasse de me bater ou se acalmasse, sei lá. Acabei de empurrando, o que te fez cair no gramado.

Um cara estranho passava pela rua e, ao ver a cena, veio se intrometer.  

— EI! – Ele gritou. — Ei, guria, tu conhece o rapaz?

Tu não respondeu… Tu não parava de chorar.  

— Cai fora – gritei para ele.

— Tu que cai fora, moleque.  

Eu sou mesmo um bosta, Júlia.

— Tu que não tem nada a ver com isso mano, ela é minha mina, a gente só tá conversando.

Ele te olhou descrente e depois para mim.

— Guria… Ele é?

— CLARO QUE SOU, MANO!

Cara chato intrometido da porra..  

— FALA PRA ELE, JÚLIA – gritei, te puxando, o que te fez levantar. — FALA PRA ELE QUE TU É MINHA MINA.

Tu me olhou assustada e não respondeu.

— Acho melhor tu soltar ela agora mesmo ou eu vou ter que chamar a polícia.

— Cai fora, mano, puta que pariu! Vai encher o saco de outra pessoa.

Minhas veias saltavam de tanta raiva, eu era capaz de sentir o sangue pulsando nelas, e tu tornou tudo muito pior.

— Não… – te ouvi falando. — Ele não é. Eu nem conheço ele, moço. Me ajuda, por favor.

Te olhei sem entender nada e nesse meio tempo o cara me puxou para que eu te soltasse, meteu umas porradas na minha cara e me jogou na grama, me deixando desacordado. Assim que acordei o carro da polícia estava parando na minha frente e eu te via conversando com um dos policiais.

Pude ouvir o desconhecido falando alguma coisa…

Eu encontrei os dois discutindo feio, ele segurava ela com força e depois a jogou na grama. Eu tive que me meter, sabe. Não podia ver um moleque desses batendo numa guria e não fazer nada.

Pude sentir minha energia, juntamente com minha raiva voltando quando escutei aquilo e gritei:

— EU NÃO BATI EM NINGUÉM TEU FILHA DA PUTA, MAS SE TU FALAR ISSO DE NOVO EU VOU TER QUE TE BATER.

Nem me liguei da polícia ali e soltei uma dessas. Os policiais logo avançaram para me segurar. Fiquei agoniando, pulando, socando o ar, só pra ver se eles me largavam.

— Tá vendo, extremamente agressivo seu policial.

— FILHA DA PUTA INTROMEDTO DO CARALHO – eu tava puto, Júlia, não pensei em nada enquanto fazia aquilo, só em xingar o babaca do cara e quem quer que fosse que aparecesse na minha frente.

Os policiais gritavam para que eu me acalmasse e eu só conseguia olhar pra ti, que não movia um músculo sequer.

— FALA PRA ELES, JÚLIA – gritei enquanto me algemavam e me colocavam dentro do carro, como se eu fosse um lixo qualquer. — FALA, JÚLIA, CARALHO! FALA QUE TU ME CONHECE. QUE TU É MINHA MINA.

Tu não respondeu.

— Ela é minha mina, mano… Minha mina – falei já dentro do carro, ainda te observando.

Tu nem piscava, Júlia.

— Acho que não, rapaz – um dos policiais falou comigo.

Tu foi a maior filha da puta que eu já tinha conhecido.


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