Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 8
...Lembre-se: Nada é Verdadeiro!


Notas iniciais do capítulo

Querida leitora, obrigada pela correção quanto ao nome do Philip e tive que corrigir esse capítulo todo de novo. rs
Bom e aqui está o lobo em pele de cordeiro...



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Ela deu um falso sorriso apenas para fazer a loira ir embora sem maiores perguntas e conseguiu que assim acontecesse. Mas assim que Winsdor lhe deu as costas ela vasculhou os armários atrás de uma bolsa grande o suficiente para guardar todos aqueles papéis e o pequeno instrumento que ela descobriu se chamar zarabatana. Um presente de Mary Kid para o seu pai. Assim que reuniu todo o conteúdo, ela jogou a bolsa pela janela, em meio aos arbustos do jardim e dirigiu-se para seu banho logo a seguir.

Ao cair da noite Jenny, Ana, seus irmãos e seus pais estavam à espera do Duque Philip de Bourbon e ele não tardou a chegar. Para a surpresa da Kenway o jovem sobrevivera à vida em alto mar. Lembrou-se de meses atrás quando disse à amiga que Philip voltaria barbudo, bronzeado e mais magro, pois certamente ficaria enjoado. Mas foi contestada ao ver o Bourbon com a barba perfeitamente cortada, assim como o cabelo. Estava de certo um pouco mais bronzeado, mas nem de longe se parecia com a cor de seu pai. Além disso, ou era sua impressão ou ele estava mesmo mais forte.

Os pais de Ana o receberam com sorrisos e delicadezas. A jovem por outro lado, parecia nervosa, a respiração descompassada a acusava a distância e suas bochechas estavam coradas sabe-se lá o porquê. De maneira elegante, o Duque caminhou até Ana, que estava ao meu lado esquerdo, tomou-lhe um das mãos e a beijou sem desviar o olhar da face dela.

– Senhorita Ana. – Pronunciou, ao se endireitar para ficar novamente ereto.

Pensei que ela cairia dura a qualquer momento no chão, mas logo ele permitiu que ela respirasse normalmente ao se virar em minha direção. Philip curvou-se para frente com a mão rente ao tórax e não pude deixar de rir. Ninguém nunca me cumprimentava assim, mas fui educada o suficiente para menear a cabeça ligeiramente à frente.

– Presumo que seja Jennifer Scott. – Ele sorriu gracioso.

– Jennifer Scott Kenway. – O corrige prontamente. Não tinha vergonha de ser filha do meu pai, apesar dos pesares.

– Claro. – Senti meus olhos confrontados pelos dele. Olhos obscuros.

– Bom, vamos jantar. – Proclamou o pai de Ana um pouco mais atrás de Philip.

A casa de Ana era muito elegante e possuía uma copa arejada e espaçosa, uma mesa retangular ocupava o seu centro e acolhia dez pessoas para uma refeição. Raramente as dez cadeiras eram ocupadas. Nesta noite, William, pai de Ana, sentava-se a cabeceira como todo líder da casa, sua esposa sentava-se a sua direita e seu filho mais velho, Henry, de apenas doze anos, sentava-se a sua esquerda. Ao lado de Henry sentava-se Ana, a sua frente e ao lado de sua mãe, estava Arthur, o caçula dentre os irmãos. Por fim, eu estava sentada ao lado de Ana e consequentemente de frente para Philip.

Fomos servidos primeiramente com uma dose de vinho, exceto para as crianças, é claro. William questionava Philip sobre seu tempo no mar, o que manteve meu interesse. Ao que parece ele apenas foi convidado de viagem, ou seja, não arregaçou as mangas para estender uma vela. Passou poucos dias na América, local que ele enfatizava ser primitivo. Ana parecia enfeitiçada com todo aquele papinho. Após o vinho fomos servidos com uma porção de sopa de coelho e desta vez era William que falava sobre os próprios negócios no parlamento inglês. Por fim, nos foi servido o prato principal, peru assado com batatas. Tenho que confessar que ao menos a comida em terra firma era melhor do que comida em alto mar.

Depois de tanto falatório, Philip e Ana ficaram a sós na varanda conversando. A mãe dela estava na cozinha, e seu pai na sala ordenando os filhos mais novos a irem dormir. Com todos distraídos, achei que era uma boa hora para me retirar. Aproximei-me de William, após esfregar meus olhos repetidas vezes para deixa-los vermelhos.

– Sir William, se me permite, estarei na capela rezando pela alma de meu pai.

– Está bem. – Ele me olhou de forma complacente. William era um bom homem. Ouso a dizer que um dos poucos bons homens frequentadores da corte. Meu pai não escolhera a família de Ana apenas por sermos amigas afinal.

Caminhei de cabeça baixa até os fundos da mansão, onde de fato estava a pequena capela da família Winsdor, uma família protestante. Mas assim que ganhei os jardins caminhei pelas sombras até o arbusto que ficava logo abaixo do quarto de Ana e após vasculha-lo rapidamente encontrei a bolsa escondida por mim horas atrás.

Por debaixo do vestido volumoso eu me vesti de maneira simples. Calças sans-culotes, camisa de seda, boina e sapatos de couro velho. Tirar e colocar vestidos era um trabalho complicado, geralmente auxiliado por uma segunda pessoa, mas na falta de Ana para me ajudar demorei mais para desenlaçar meu corset. Quando já retirava as saias um assobio me congelou. Paralisei, tinha certeza que era um assobio humano e lentamente virei a face para ver quem estava ali. Surpreendi-me ao constatar que era Philip.

– Um local perigoso para se despir não acha? – Ele se aproximou a passos lentos.

– Não devias estar flertando com a Ana? – Precisava contorna-lo. Estava desarmada e havia todas as cartas do meu pai ali. Não poderia deixar um Capitão Inglês ter acesso a tais documentos.

– Já está tarde. Moças de família não ficam até tarde com suas visitas. – Ele sorriu.

– Tem razão. Suponho que bons pretendentes também não vagueiam pela casa de suas noivas após elas adormecerem. – Tentei não demonstrar meu medo.

– Não somos noivos, ainda. – Seus olhos mantinham-se fixados em mim.

– Ela está encantada com você. Tudo dependerá das suas negociações com o pai dela. – Não consegui evitar meu escárnio quanto a isso.

– Tudo está quase arranjado. Devemos nos casar em breve. – Ele me deu as costas, caminhou na direção aposta por alguns centímetros e aproveitei para empurrar a bolsa de volta para o arbusto. – Mas, conversamos muito sobre você. Ela está preocupada.

– Sei que está. É minha amiga.

– Sua única amiga, pelo que sei. – Como um caçador cercando sua presa ele voltou a ficar de fronte para mim, sorrindo como uma raposa prestes a atacar. – Pediu-me ajuda para encontrar um bom noivo para você.

– Fico grata. – Mas ele logo me interrompeu.

– Então resolvi vir dar minhas condolências pela sua recente perca e informar que estou disposto a ajudar, porém a encontro desta maneira. – Ele estendeu a mão espalmada em minha direção, fitando desde os pés até o meu cabelo. – E me pergunto o que levou uma jovem de luto a trocar suas vestes por trapos em meio a noite e as escondidas?

– Deves saber que meu pai era um homem do mar... – Mas ele novamente me cortou.

– Um pirata, não é mesmo?

– Corsário. Ex-corsário, para ser exata. Navegar era sua paixão. – O que era mentira, a paixão do meu pai por muito tempo foi glória e ouro. – Logo, achei que minhas lágrimas deviam ser derramadas perante sua maior amante, o mar. Sua alma, certamente irá permanecer lá.

– Tocante.

– Claro, que como você disse antes, moças de família não devem caminhar as ruas tão tarde da noite e por isso livrei-me do meu vestido e trajei roupas comuns de um rapaz magricela, como você, há pouco tempo atrás.

Ele se aproximou com o sorriso desenhado nos lábios, segurou em um dos meus braços de maneira forte e cochichou ao pé de minha orelha.

– Eu sei do barco que está escondido em algum lugar da costa que era do seu pai e Ana me contou sobre suas fantasias de viajar pelos mares como seu pai. Mas devo alertá-la, os tempos de pirataria acabaram. Não há espaço para tais ambições em alto mar. E devo dizer que o oceano é lugar perigoso demais para... – Ele me deu uma olhada cabeça aos pés, percebi que se concentrara em meios seios. – Quem não é homem.

Puxei meu braço de volta e por mais que o local segurado estivesse vermelho e dolorido fui forte o suficiente para resistir a tentação de afagar o hematoma.

– Agradeço a preocupação. Irei me lembrar disto. Agora se me permiti. – Lhe dei as costas e peguei a bolsa, sem a menor intenção de escondê-la. – Irei chorar pela morte do meu pai. Um ex-assassino de marinheiros.


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