Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 7
Onde outros homens seguem cegamente a verdade...


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos na mesma semana ;) É bônus de natal ainda.



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– Jenny? O que está fazendo?

Ana a questionou logo que retornara ao seu quarto e encontrara a amiga em meio de dezenas de papéis espalhados pelo chão de maneira caótica. Ela apenas a tinha por minutos para preparar um singelo dejejum à jovem Kenway que estava aos prantos e agora a encontrara concentrada em velharias.

– Tentando organizar as cartas do meu pai.

– Eu trouxe pão e um pouco de leite para você. Precisa comer alguma coisa. E tomar um banho. – Jenny ergueu o olhar até a jovem que estava logo a sua frente e sorriu.

– Obrigada. Eu irei comer. – Mas não demorou para que ela voltasse a se atentar às cartas.

– Jenny... – Ana sentou-se a sua frente, sobre as pernas dobradas e com as mãos perfeitamente descansadas sobre a saia do vestido. – Sei que quer se prender a todas as lembranças do seu pai, mas você terá muito tempo para isso.

– Não são apenas lembranças do meu pai. – Kenway respirou fundo e fitou o par de orbes azuis da menina Winsdor. – Mas também da minha mãe. Mãe que eu nunca tive oportunidade de conhecer. Essas cartas são partes do meu pai que eram desconhecidas por mim e que eu simplesmente não quero deixar perdidas em um buraco empoeirado.

Ana pegou em uma das suas mãos e a acolheu entre as próprias mãos. Seu sorriso era tenro, estava claro que seus sentimentos eram sinceros para com a amiga. Queria ajuda-la e consola-la, no fundo sentia até pena dela. Querendo ou não, Jenny agora era órfã, uma donzela de dezesseis anos órfã. Seu pai era um pirata e mesmo que isso não importe para Ana, ela sabia que tal passado pesaria no futuro de todos os Kenways, isso provavelmente atrapalharia na obtenção de um bom casamento. Talvez o problema pudesse ser contornado com um bom dote, dote a qual ela sabia que o pai tinha. Dinheiro e ouro frutos de diversos saques passados.

– Jenny. – Ela abraçou-a, mesmo que isso significasse se sujar de poeiras, suor e sangue. – Você não está sozinha. Sei que não nutre sentimentos pela sua madrasta ou por seu meio-irmão. Mas eu estou aqui, irei te ajudar em tudo que precisar. Não precisa ir embora daqui, não até que encontre um bom casamento.

Jenny a afastou assim que ouvira aquelas últimas palavras, seus olhos eram firmes e iam contra o olhar de Ana. Retirando sua mão do calor fornecido pelo calor delas.

– Eu acabei de perder a minha família. Minha única família e você me fala de casamento? – Havia fúria em sua voz, desgosto e desaprovação.

– Jenny! Eu sou sua família também. Somos irmãs lembra?

– Claro que lembro. E você sabe que repudio a ideia de me casar com alguém por motivos políticos ou financeiros. Meu pai não me obrigaria a isso.

– Seu pai podia te proteger, mas e agora? – Ana se levantou e deu alguns passos rumo à porta. – Duque Phillip virá aqui hoje à noite para um jantar a convite do meu pai.

– Para te oferecer a ele?

– Não diga isso com tamanha grosseria. Eu estou tão interessada quanto ele.

– No Duque Phillip? – Jenny franziu o cenho ao se recordar do magricela Duque.

– Sim. Ele voltou de sua incursão e parece que foi muito elogiado pelos almirantes da marinha inglesa. Dizem que ele tem um futuro promissor. – Ana proferiria tais palavras com certa felicidade em seu tom de voz, parecia até um pouco sonhadora.

– Ana. – Jenny se levantou e caminhou até a Winsdor. – Se Duque Phillip tornar-se um capitão da marinha e você futuramente casar-se com ele, isso quer dizer semanas, talvez meses longe de casa. Longe de você. Acredite, eu sei bem isso.

– Jenny. Está tudo bem, afinal eu sei me virar sozinha. – Ela se virou e fitou os olhos castanhos da Kenway. – Eu conversei com o meu pai e ele acha que talvez possamos encontrar um bom pretendente para você se o Phillip nos ajudar. Ele conheceu muitos homens importantes na marinha. – A loira segurou as mãos de Jenny se maneira esperançosa. - Talvez você possa viajar pelos mares. Não foi isso o que sempre quis?

– Por isso quer que eu pare de chorar, que eu me alimente e me banhe? Para que o Duque Phillip veja como é a jovem que ele pretende ofertar entre seus amigos velhos e podres de ricos? – Jenny, tirou suas mãos das da amiga e se virou de costas. – Obrigada pela oferta e por pensar em tudo por mim. Mas estou de luto Ana.

– Eu estou tentando te ajudar. Mas vejo que ainda não é a hora...

Sem mais, Ana se retirou do quarto e deixou a amiga de volta a suas buscas por informações dos pais.

Jenny ocupou toda aquela tarde em pilhar papéis de carta de acordo com as datas em que foram escritas, ainda não tinha conseguido ler todas. Havia se focado nas cartas destinadas a sua finada mãe. Havia muitas promessas de amor e ouro. Ficou claro para ela que seu pai não sabia de sua existência. Ele nunca mencionara seu nome ou qualquer coisa do gênero. Sua mãe provavelmente não tivera tempo de lhe escrever algo ou se tivera, essa carta se perdeu. Mas o que mais chamara a atenção dela fora a constante menção da palavra Assassino. Seu pai relatava que havia tomado o lugar de um Assassino que rumava para um encontro com algum governador. Em cartas seguintes ele mencionou o nome de vários piratas famosos e de um credo. Um clã de Assassinos.

Em uma ilha de floresta densa e fechada, um local úmido e quente ao mesmo tempo, esses Assassinos convivem e treinam uns com os outros. Eles agem pelas sombras, contra o grupo chamado Templários. Homens poderosos e que estão em sua maioria em cargos poderosos. Não me surpreenderia se descobrisse dezenas desses homens na Inglaterra. Eles apostam uma corrida, uma caça ao tesouro, sendo esse tesouro um homem a qual eles chamam de Sábio. Ao que eu sei, esse Sábio é o único que sabe a localização de um arma muito poderosa. Os Assassinos estão determinados a impedi-los e estão dispostos a executar tal homem apenas por seu conhecimento. Uma grande controvérsia dita por eles que se julgam tão corretos. Parece que tomar o lugar do Assassino traidor e minhas ações não os agradaram muito, mas Kid interferiu por mim. O que impediu um julgamento sumário meu. Kid achas que tenho aptidão para me tornar um Assassino. Um grande engano, não sigo seu credo e nem o de ninguém que não seja o meu.

Há grandes navios espanhóis carregados de ouro navegando em águas mais ao sul. Ouro retirado das colônias. Ouvi dizer de um rio de prata, madeiras da melhor qualidade e açúcar. Muito açúcar. Espero em poucos meses voltar para os seus braços em uma casa digna e com dinheiro suficiente para comprar comida boa e roupas boas. Voltaremos a ser uma família logo.

Saudades, Edward James Kenway.

Jenny estava curiosa. Intrigada com aqueles Assassinos. As cartas seguintes para a sua mãe mencionavam cada vez os tais Assassinos.

“Nós encontramos o Sábio, estava como serviçal de um homem rico, querendo passar despercebido pelos Assassinos. Consegui impedir sua execução, mas ele escapou. Nassau caiu. Somos bons piratas, mas péssimos governantes. Ratos tomaram toda a cidade e não tivemos escolha. Nossa cidade livre se foi. Mas mantive em outra ilha um refúgio meu, somente eu.”

Ela encontrou derrotas e vitórias em meio aqueles relatos, podia imaginar cada palavra saindo da boca do pai.

“Adewale se mostra cada vez mais voltado para as crenças dos Assassinos e Kid encontrara alguém que aceitara o convite ao credo em meu lugar. Prometi que estaria de volta em alguns meses, mas estou cada vez mais envolvido na busca pelo Sábio.”

Seu pai parecia mais afundado na busca pelo sábio, aliado aos Assassinos e executando templários. Seu pai confessara a morte de dezenas homens, marinheiros, corsários, caçadores de piratas e mesmo nativos naquelas cartas. Jenny sempre se recusou em imaginar seu pai tirando a vida de outro homem, mas aquelas cartas demonstravam que as circunstancias por muitas vezes exigem atos trágicos. E seu coração estava conflitante sobre o que pensar de seu amado pai. Ele era de fato um Assassino e ladrão, mas também podia chama-lo de herói?

“Carolina, muitas coisas aconteceram. Encontrei o Sábio em uma ilha na costa da África, em Prince. O libertei e juntos enganos alguns portugueses na busca por frascos de sangue. Agora eu sei o que a arma tão poderosa pode fazer e agora também sei onde ela está. Mas fui traído pelo próprio Sábio. Deixado para morrer. Fui traído por piratas que pensei serem meus companheiros. Barba Negra morreu, eu fui preso juntamente com Kid e Bonney. E para minha surpresa, os Assassinos me libertaram. Kid morreu por complicações. Adewale juntou-se em definitivo aos Assassinos e eu também.”

– Jenny?

A menina se sobressaltou ao ouvir seu nome. Estava aturdida com tanta informação, tantos segredos. Ana estava à porta do quarto, com os cabelos penteados e brilhosos, um vestido longo de seda muito bonito adornado com renda.

– Logo irá anoitecer.

– Sim, eu sei. – Jenny arrumava apressada as cartas ao seu redor. Ainda estava com raiva da amiga desde a conversa mais cedo. – Irei me banhar e jantar com vocês.


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Notas finais do capítulo

As coisas começam a esquentar e as verdades começam a aparecer.



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