Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 59
Caleb


Notas iniciais do capítulo

O capítulo saiu deveras cedo, pois a Ubisoft anunciou um novo jogo para este ano e eu ainda tenho 3 pra zerar... Sem contar os Chronicles... Então a meta é: Terminar essa fic esse mês!

Ainda bem que quinta tem feriado né? rs

Chega de lenga lenga e vamos ao que interessa ;)



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A fina e fria chuva, típica no fim de tarde na cidade de Londres molhava o capuz cinzento que mantinha escondido o rosto de Jenny. Suas panturrilhas começavam a doer após horas a fio na posição de cócoras sobre um telhado íngreme próximo ao porto.

Ao longo de toda costa utilizada pelos incontáveis navios que diariamente atracavam e partiam, a Kenway se apercebeu que Ana estava certa. Um alto controle sobre tripulantes, marinheiros e viajantes era feito para cada partida. E a julgar pela organização e disciplina observada nos agentes que ela identificou como Templários, era facilmente detectável a pessoalidade de seu irmão. Sim, tal qual ela vira disciplina e organização no forte Espanhol que ambientou seu reencontro familiar. Sua melhor chance seria embarcar clandestinamente, mas um detalhe muito lhe chamou a atenção. Os navios que rumariam para as Colônias levavam sempre jovens a serviço militar. Londres enviava a cada brigue e fragata um pequeno reforço ao exército dos casacas vermelhas o que provavelmente significava vista rigorosa mesmo dentro dos navios, complicando ainda mais sua vida.

Sua vigília, porém, tinha um preço e seu estômago o anunciou em um alto ronco que clamava por comida.  Ainda que estivesse mais determinada do que nunca a encontrar seu irmão e por um fim em suas pesquisas, ela ainda era humana e precisava tanto de comida quanto de descanso.

Sendo assim, a Assassina desceu a construção pelas janelas e frestas causada pelo desgaste natural do tempo em construções próximo ao mar. Após espantar alguns gatos rueiros que caçavam o que comer em meio ao lixo, ela aterrissou em um beco aos fundos de uma estalagem e verificou se não havia ninguém a lhe observar para enfim abaixar o capuz pontudo de seu manto.

Tirando a poeira e sujeira superficial de sua capa, ela tomou o caminho da rua principal e misturou-se em meio aos cidadãos comuns em direção a loja de Amy. Foram alguns poucos minutos até chegar ao seu destino. Já com os dedos molhados segurando a maçaneta, a Kenway ouviu uma voz masculina vinda de dentro do recinto. Algo deveras incomum para uma loja de vestidos.

Com cautela, a loira abriu a porta e se deparou com uma dupla acomodada nas cadeiras da sala principal. Duncan, o jovem sobrinho de Amy parecia animado na presença de um homem misterioso que mantinha um sorriso arteiro mos lábios.

— Olá Jenny!

— Olá Duncan. Onde está sua tia?

— Preparando um chá. – Respondeu o homem ao se levantar.

Ela o olhou de baixo pra cima e logo identificou que o mesmo também vestia uma capa com capuz e calças velhas. Em seus sapatos havia pequenos fiapos de grama, indicando que o misterioso visitante viera do interior.

— E você é...

— Caleb Frye. – Ele se aproximou dela e lhe tomou a mão esquerda para depositar ali um demorado beijo. – Presumo que seja Jennifer Kenway.

— E a que devemos sua visita?

            Com a barba por fazer e cabelos curtos, Caleb voltou à cadeira que antes o acomodava e sentou-se nesta de maneira despojada. – Então Miko nunca falou de mim para você? – Mas o rapaz não lhe deu tempo para responder e prosseguiu. – Eu vim de Crawley. Miko e eu nos conhecemos há alguns anos e eu estive a lhe ajudar algumas vezes.

— Ajudar com o quê? – Ela cruzou os braços e arqueou a sobrancelha.

— Com o que fosse necessário. Enviar mensagens, seguir pessoas, conseguir informações e às vezes eliminar alguns alvos. – Ele deu uma piscadela a ela e de seguida olhou de lado para o menino que certamente não podia saber dos detalhes de ser um Assassino.

Amy, então retornou da cozinha com uma bandeja sustentando algumas xícaras e um bule. – Oh Jenny, que bom que retornaste. Já conheceste o Caleb?  Ele veio a meu pedido para lhe ajudar.

— Me ajudar?

— Sim querida. Ora, assim que me informou que partiria o mais rápido possível para as Colônias eu enviei uma carta para ele.

— Não vejo como ele pode me ajudar.

— O que é muito bom não é mesmo? – Ele se levantou com o mesmo sorriso faceiro de antes. – Afinal, assim manteremos a descrição de sua partida. Mas confesso que muito me entristece saber que a filha de Edward Kenway não pretende ficar aqui, em Londres.

— Duncan, querido, vamos dar licença aos dois por enquanto sim?

Amy estendeu a mão para que o menino a segurasse e assim partissem juntos para os cômodos superiores, deixando os dois Assassinos a sós e com a loja já fechada, ambos ganharam privacidade suficiente para tratar de assuntos relacionados ao credo.

— Então também és um Assassino?

— Sim. Depois que seu pai fora morto pelos Templários, Miko retornou à Crawley e me falou sobre a Irmandade, convidando-me a juntar-se o credo. Como já deves ter percebido, eu o fiz e passei a fazer para o Miko o que ele fazia para o seu pai. Agir fora da capital.

— E agora Londres está completamente dominada por Templários.

— Se há alguém que poderia tomar o lugar de Miko esse alguém és tu. Filha de um mentor e aluna de outro. Viveste aqui por anos e já conheces a cidade.

— Acredite, eu gostaria de permanecer e reerguer a Irmandade Inglesa, mas preciso ir atrás do outro filho de meu pai.

— Seu irmão?

— Meio-irmão. – Ela respondeu com rispidez e de imediato.

— Bom, vejo que estás decidida e não acredito que possa falar algo que lhe faça mudar idéia, estou correto?

— Está sim.

— Se é assim, podemos partir quando desejar.

Jenny franziu o cenho e o questionou. – Partir? Do que estás a dizer?

Novamente ele estendeu seu sorriso a ela e lhe respondeu. - Eu a levarei para um cais seguro, um lugar ignorado pelos Templários a qual poderá partir sem maiores questionamentos.

 A loira ainda o olhava com desconfiança quanto ao Assassino, mas julgá-lo como mentiroso seria agir como Hope e Achilles nas colônias e isso ela não se permitia de maneira alguma. Além disso, se Amy o conhecia e o permitia ficar próximo de seu estimado sobrinho, então é porque ela realmente conhecia aquele homem e tinha confiança nele.

Sem opções melhores ao seu dispor, a Kenway resolveu dar um voto de confiança a ele. - Irei preparar o que for necessário e descansarei por essa noite. Partimos amanhã pela manhã.

 

{#}

 

Jenny deu uma boa olhada nos vestidos que estava deixando para trás, alguns feitos pela própria costureira, outros foram comprados em Nova York e ainda havia uma pequena parcela dada por Liam. Com um sorriso ela se lembrava da cara emburrada dele ao vê-la vestindo calças, dizendo-lhe: “não desperdice sua beleza com calças simples.”

Ainda que o jovem lhe respeitasse como uma Assassina e que não a enxergasse com olhos preconceituosos, era de seu gosto ver a Kenway como uma mulher e não como alguém que precisasse esconder seu sexo para ser inserida ao credo ou aos mares. Talvez, ele se orgulhasse de sua ousadia em desafiar a ordem e a lei imposta sobre a maioria das mulheres de se casar e gerar filhos.

Seu sorriso, entretanto, se desmanchou ao sentir a tristeza lhe tomar o coração e como consequência o anseio de encontrar o seu irmão voltava à tona. Se Achilles resolvesse impedir a movimentação Templária que Haytham certamente iniciaria nas colônias, ela estava absoluta em pensar que seria Liam o escolhido para tal missão. Isso porque ele ainda era o primeiro e melhor Assassino sob as ordens de Achilles. Além da oportunidade única que o mentor teria de atingir ela como vingança particular por ter se envolvido com o rapaz.

— Ainda acho que deverias ficar. – A voz de Caleb soou serena atrás de si, fazendo a loira se virar. – Vejo pela quantidade de bagagem que essa era sua intenção. Ficar.

— Sim. Eu deveria ter voltado antes. Depois de minhas pesquisas se mostrarem infrutíferas, eu deveria ter retornado o quanto antes para Londres.

— Pois fique. Podemos juntos reconstruir a Irmandade e combater os Templários. Recrutar novos membros... – O Assassino, entretanto, foi interrompido pela Kenway.

— Há pessoas do outro lado do mar que preciso proteger do meu irmão.

Ele sorriu e deixou os olhos recaíram sobre o anel na mão esquerda dela, o anel dado por Liam. – Já vi um desses antes e sei o significado. Presumo que seja a pessoa que lhe deu a quem queira proteger.

Jenny notou a atenção dele sobre a jóia e o imitou a erguer a mão para contemplar o presente. Com a voz fraca, em uma confissão solene ela lhe respondeu. – Sim.

— Então não há nada que eu possa fazer. Não serei eu o sujeito a lhe impedir de correr atrás de seu amor. Mas saiba que será bem vinda caso retorne e que manterei minha proposta.

Com um sorriso gentil, ela se aproximou e ficou a poucos centímetros dele. –Talvez eu volte Caleb. E talvez sejamos nós dois os próximos a reerguer a Irmandade Inglesa. Como meu pai e Miko.

— Nossa carona está pronta, partiremos para o oeste. Para sua velha casa, Bristol.

— Como sabes que sou de Bristol?

— Já disse, Miko falava muito de tu.

O sorriso travesso dele voltou a iluminar seu rosto fino e de tez clara. De maneira gentil ela lhe retribuiu o gesto e juntos desceram as escadas da humilde loja de vestidos. Em sua bolsa tiracolo estava todo o dinheiro que ainda possuía e também munição para as pistolas que antigamente pertenciam à Edward Kenway.

O pequeno Duncan os observava do sopé dos degraus com um semblante tristonho e tão logo Caleb alcançou o térreo, bagunçou o cabelo do menino.

— Olá Duncan, o que te aborreces?

— Tia Amy disse-me que estão partindo.

— E estás triste com a nossa partida?

— Bom, é que sem tu e Jenny por perto, tia Amy ficará triste novamente.

— Eu voltarei logo, Duncan. – Caleb olhou de lado para a Kenway e complementou. – E talvez ela também. Cuide de sua tia enquanto isso certo?

— Certo!

— Vamos, Caleb. – Jenny passou pelos dois e o Frye tratou de segui-la de perto. – Não leve esse garoto para subir paredes ou treinar lutas com espadas entendeu? – Ela cochichou próximo à orelha do Assassino, mas ele apenas lhe sorriu em resposta.

Amy já estava do lado do fora, os aguardando enquanto seus olhos vermelhos denunciavam seus choros. Antes que pudesse fazer qualquer súplica para que Jenny permanecesse, a mesma a abraçou.

— Não chores Amy, tudo ficará bem. – Tentava, inutilmente, a Kenway lhe acalmar.

A gentil costureira não lhe respondeu, pois fungava profundamente enquanto tinha um lenço já encharcado a enxugar suas lágrimas.

— Caleb ficará por perto, cuidado de ti e de Duncan.

Elas romperam o abraço e se olharam com ternura uma última vez antes do adeus final. – Eu gostaria que ficasse, mas acho que seu destino nunca esteve aqui em Londres não é?

Amy esforçou-se ao máximo para ceder-lhe um último sorriso e Jenny lhe retribuiu na mesma moeda, deslizando seus dedos finos e calejados por sobre a face úmida da senhora.

Caleb subiu à carruagem simples, a mais barata que puderam encontra, para que apenas os levassem para fora da cidade. A partir de então ele providenciou cavalos para cada um, que os levaria em alguns dias para Bristol.

Por fim a loira deu as costas para a viúva de Miko e elevou-se para sentar-se ao lado do Frey. Tão logo se acomodaram e o cocheiro incitou os equinos a avançarem rua a fora, ganhando velocidade a cada passada enquanto os choramingos de Amy ficavam para trás, com o jovem Duncan abraçado à suas saias.

Sem qualquer explicação lógica ou ainda necessária, ambas sabiam que aquele era um adeus definitivo e com o som típico da cidade lhes rodeando, a loira tornou a falar para espantar o espírito da saudade. – Caleb, sei que já tem feito muito por mim a troco de nada, mas gostaria de lhe pedir uma última gentileza. - O Frey lhe encarou um tanto quanto sério, mas nada lhe disse. – Eu não quero ir para Nova York.

Um pequeno sorriso vitorioso desenhou-se nos lábios dele antes de responder. – Fico feliz que tenhas mudado de idéia.

— Não é isso, Caleb. Meu intento de ir até ás Colônias permanece. Apenas não quero desembarcar em Nova York, é um lugar deveras cheio e movimentado. Se meu irmão estiver por lá, certamente terá quem vigie o porto e não quero que ele saiba de minha movimentação.

— Tudo bem, eu posso cuidar disso.

 

{#}

 

Os Assassinos seguiram por estradas de terra, passando por bosques de matas verdes, estas que Jenny muito apreciou, tão distintas do cinza sempre tão presente em Londres. Passaram por comerciantes, viajantes solitários e mesmo famílias inteiras que nutriam esperanças de uma vida melhor na cidade grande, mas poucos eram os que de fato conseguiam. Ao cair da noite, hospedaram-se em uma estalagem barata na beira da estrada, comeram um prato de sopa rala e descansaram em quartos separados até a primeira luz do dia romper no horizonte.

A brisa fresca da manhã e o céu sem nuvens eram aconchegantes, convidando qualquer um a relaxar um pouco mais, longe da acelerada Londres. Mas Jenny e Caleb partiram com alguns pães para o oeste e já com os cavalos exauridos após dois dias de cavalgadas intensas, a dupla enfim chegou ao seu destino.

Um pouco distraída a até mesmo nostálgica, Jenny observava cada detalhe daquela cidade, cada loja, cada rosto, cada nome e tudo mais que pudesse despertar em si qualquer memória. Todavia, ela nada se lembrava daquele lugar a qual ela não via há quase trinta anos. Haveria ainda algum Scott vivo? Algum que a conheceu? E sua avó Kenway? Poderia por um milagre ela ainda estar viva?

Subitamente a idéia de que sua avó nunca conheceu Haytham lhe veio à mente juntamente com a conclusão que seu irmão nada sabia dos Kenway. O que sua doce avó diria se soubesse que seus netos viviam em dois lados diferentes de uma guerra e que um deles rumava para o outro a fim de lhe tirar a vida?

Contudo seus vagos devaneios foram interrompidos ao ouvir Caleb. – Jenny, está tudo bem? – Com o cenho franzido e os olhos interrogativos, ele se aproximou dela, já caminhando sob as próprias pernas.

— Sim, está. Perdoe-me pela distração. – A loira desmontou do cavalo e o Frye tomou as rédeas destes de seguida.

— Ainda há tempo para desistir.

— Não, Caleb. Esse tempo passou quando Haytham assassinou Miko.

Ele suspirou e se virou, caminhando até a o porto logo à frente a deles. – Consegui uma passagem para a Nova Inglaterra, um pouco mais ao norte de Nova York. É uma rota mais arriscada, pois a região sofre com conflitos entre Inglaterra e França por aquelas terras. Por precação, viajaras naquele brigue. – O Assassino apontou para o navio que ostentava a bandeira da Irlanda no mais alto dos mastros. – Brünnhilde é seu nome e seu capitão se chama Sean.

Jenny suspirou e lamentou-se internamente por navegar com irlandeses de volta para as Colônias. Seria uma longa viagem ouvindo músicas conhecidas nas vozes de estranhos que em tudo lhe fariam lembrar-se de Liam. O destino estava gostava mesmo de lhe pregar peças.


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Notas finais do capítulo

O Fim está próximo...

Podem imaginar o Caleb igual ao Jacob, pois eu mesma fiz isso HAHA. Eu realmente precisava trazer Jenny de volta para Bristol... Para onde tudo começou.

E parece que tudo faz ela lembrar do Liam... Mesmo na cidade natal dela, há alguma coisa que a leva de volta a ele. É muito amor ♥

Bom, como sempre eu não tenho uma data certa pra lhes dar quanto ao próximo capítulo, mas espero realmente lhes dar bons capítulos nessa reta final. Então tenham fé! Até depois ;) bjos!



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