As Divassas do Zodíaco escrita por Dija Darkdija


Capítulo 3
3- Lady Unique, Sheyoncé e um Kiki


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Estamos aqui com mais um capítulo do Sensei e suas divas. Esse capítulo promete muito, gente. E cumpre: teremos a nossa primeira Divassa. Quem será? Confira!



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Depois de tantas conversas estranhas, Sensei saiu novamente pelas ruas, agora seguido de perto por Kruba. O pistoleiro não pronunciou uma palavra sequer durante o caminho, mas emanava uma visível aura negra de mau humor. Enquanto isso, Aikane os guiava com sua personalidade elétrica, apontando seu guarda chuva para um lado e para o outro, numa viração interminável de esquinas. Pelo menos até pararem em um beco sem saída.

– Você está com defeito, poste. Nos perdemos – disse Sensei.

– Não estou! Não sou um poste!

– É isso que dá deixar alguém como você guiar - resmungou Kruba, puxando as pistolas.

Sensei ia se perguntar o porquê de Kruba estar sacando as pistolas, mas entendeu quando olhou pra frente. Três homens mal encarados do tipo armário entraram pelo beco. Não disseram nada, apenas riram sarcasticamente.

– Heh... tem certeza que querem fazer isso? – Falou Kruba, apontando as pistolas para os três.

– Hoje é seu dia de ser empalado, fran- dizia um deles, quando caiu morto com uma bala no meio da testa.

– Eu avisei. Entendeu por que minhas meninas são top de linha? – disse, virando para Sensei.

– Uhu! Time Kruba 1 x 0 Time Lobos! Headshot! – gritou Kane

– Se as minhas meninas estivessem aqui eu já teria derrubado os três, cão de guarda.

Em um instante, os outros dois haviam se transformado, ficado maiores, peludos, com a cabeça de lobo. Suas garras partiram pra cima de Kruba, que começou uma luta acirrada com os dois, desviando e tendo suas balas desviadas.

– Ué, você não falou que suas meninas são top? Eu só precisaria de uma das minhas pra lidar com isso. Ou você tem pena de matar seus parentes? – provocou Sensei.

– Eu tenho o que você precisa! – disse Kane

– Sei...

– Eu tenho! O negão me deu tudo que você precisa! O que você precisa? É só você precisar e aí pedir o que você precisa que eu te dou o que você precisa, entendeu?

– E você tem uma, aliás, duas espadas, por acaso? Onde diabos você enfiaria duas espadas? Ou você por acaso invoca armas além de acender?

– Eu tenho! – disse ela, e abrindo a bolsinha, deixou sair duas espadas... de madeira.

– Uau...muito bom, mas... Eu achei que eu tinha dito espadas.

– São espadas! São as que você precisa!

– Por que diabos eu preciso de espadas de madeira?? Eu voltei à época de treinamento, por acaso? Tsc, quer saber? Eu estou esperando demais de um poste. Espero que isso funcione! – disse ele, colocando Kane em cima de uma lata de lixo tampada e avançando para um dos inimigos.

Espadas enferrujam com o tempo. O espírito de luta de um guerreiro não. Adormece, apenas. Acorda quando preciso. Apesar de ainda estar hibernando, por sorte, o espírito de Sensei era sonâmbulo. Conseguiu desferir um golpe forte o suficiente para jogar um inimigo alguns metros para trás, já desacordado. O último levou uma surra de espadadas e coronhadas, e fugiu.

– Uhu! Time Negão 3 x Time Lobão!!!

– Quantas balas esse troço tem? Apesar de você só ter acertado algumas, você atirou umas 37 e não recarregou...

– Não preciso recarregar. São pistolas amaldiçoadas. E de que madeira é feito isso aí? Você espancou o lobo e isso não quebrou.

– Sei lá, pergunta pro poste ali...

– Não sou um poste! E você não precisa mais delas! – disse Kane, abrindo a bolsinha e sugando as espadas de volta.

– Agora só precisamos chegar no...bem, no lugar onde precisamos chegar. Por acaso você tem um mapa ou um guia qualquer aí na bolsa?

– Já chegamos, Raitun-do! É aqui mesmo! – Disse ela, pulando pro ombro de Sensei e batendo em uma porta que até agora tinha passado despercebida.

Por uma fresta, dois olhos muito (muito mesmo) maquiados espreitaram os três e perguntaram quem eram, o que queriam, e se tinham algum passe.

– O negão mandou a gente!

– Hmm... lembro dele... se foram mandados pelo negão, né...

Abriram a porta para eles. Entraram. Era uma boate GLS. No palco, cinco drag queens fazendo uma apresentação de cancan, vestidas em estilo burlesque, usando maquiagem muito pesada. O lugar estava debaixo de uma iluminação avermelhada. Viram várias mesas pelo salão, e se sentaram na primeira que encontraram vazia a fim de observar melhor o lugar.

– Eu ainda mato aquele barman... Eu juro que ainda mato aquele barman – disse Kruba, com a mão no rosto.

– Pelo visto não é a primeira vez que ele faz isso contigo, heim, cão?

– Ele sempre faz isso...

– Então, o que faremos agora? Esperar por aqui até a tal da Lady Unique aparecer? – perguntou Sensei.

– Ah, vieram pela Lady, bonitões? Ela é sempre o prato principal. Vieram na hora certa, vai ser servido daqui a pouco – interrompeu uma mulher estonteante com uma voz grave, mas melódica.

– Linda, mas deve ser uma armadilha, né? – resmungou Kruba

– Certamente é uma armadilha, cão.

Não esperaram muito. Mas o show não foi bem como esperado. Uma das drags começou a importunar o trio, até que um leque acertou sua cabeça e começou outra música. Um travesti usando uma maquiagem pesadíssima, mas de porte extremamente elegante desceu do palco dançando e cantando, e emendou a coreografia com uma sequência de chutes na drag atrevida. Vestia uma cueca de couro e suspensórios, usava meias arrastão e luvas de couro, tinha o peito cabeludo e a cabeça ainda mais cheia de cabelos, cacheados, descendo até a cintura. Apesar do visual mais que exótico para Sensei, passava um misto de admiração e terror. Após aplicar a surra, e ainda apertando o enorme salto contra o peito da drag que sufocava no chão, apontou uma unha vermelha enorme para Sensei e os outros e disse:

– Esses são os convidados de honra da noite, sua bicha atrevida!

– Desculpa, Lady, eu só ia... – e não pode completar o raciocínio. Lady deu um último chute que tirou sangue da outra e colocou o salto em sua boca.

– Ia? Então vá se lascar! Ninguém toca nos MEUS convidados dentro da MINHA casa sem ganhar do bate cabelo comigo, e todos sabem que ninguém é melhor que a Lady Unique! Você tá bêbada, num tá? Por favor, né... melhore, viada! E vocês, me sigam. Tenho que ter uma... “conversinha privada” com vocês, sabe... babado fortíssimo.

“Bem, esse não faz questão de enganar ninguém com armadilhas, ao que parece...” pensou Sensei, enquanto acompanhava Lady Unique até o escritório. Quando todos se acomodaram nos puffs rosas com decoração de morango do escritório da Lady, ela sentou-se em cima da mesa, cruzou as pernas e pegou um cachimbo refinado, acendeu e deixou-o na mão.

– Então, meninos, é o seguinte. O negão mandou vocês pra um servicinho aqui comigo. Uma coisa que eu preciso muito, sabe... eu NECESSITO.

Os dois homens se entreolharam com a expressão “não estou gostando disso”, a Lady pareceu ignorar e continuou falando.

– Assim, se eu não tiver essa coisa URGENTE aqui o mais rápido possível meu negócio está correndo riscos. Eu estou correndo risco. Eu morro, sabe?

– Eu não sei se é uma boa ideia perguntar, mas... o que exatamente você precisa? – perguntou Sensei, arrependido desde a ideia de abrir a boca para falar aquilo.

– Eu preciso de...

E deu uma pausa pra tragar o cachimbo. O que vocês não sabem ainda é que a Lady era sádica e possessiva, queria ver se os dois suariam frio com o suspense. Não conseguiu muita coisa. Não que eles demonstrassem, pelo menos. Baforou desapontada, e soltou o resto da frase.

– kiki.

– Oi?

– kiki

– Que? – disse um

– Que? – e o outro também

– “Que” não, “ki”. Dois “ki”. Eu preciso de kiki. Urgente. Agora. Ou a Gleetering CherryPie corre um risco sério de falir, meninos. E vocês vão encontrar e trazer um kiki pra mim. Eu preciso ter um kiki urgente, senão eu morro!

Sem saber se poderia suspirar aliviado ou esperar algo pior, Sensei perguntou:

– Entendo... mas o que diabos é um kiki?

E após outra baforada, Lady explicou detalhadamente, com muito gestual e balanço de cabelo, como toda diva faria.

***

Esquerda, direita, em frente, direita, esquerda. Seria uma rotina qualquer de caminhada por aí, se Sensei não estivesse fazendo isso de madrugada, acompanhado de uma boneca em seu ombro e um pistoleiro mal-humorado de guarda-costas. Após meia hora de “por ali, Raitun-do”, entraram em mais um beco sem saída. Chegaram espancando duas criaturas que à primeira vista pensaram ser vampiros, mas perceberam que se tratavam apenas de Sucker Pixies. Sucker Pixie era um tipo de criatura que distorcia a realidade para apaixonar meninas indefesas e sugar sua juventude. Pareciam vampiros à primeira vista, se vistos de longe, mas eram notavelmente mais fracos e afeminados, além de brilharem quando expostos à luz solar e não se transformarem em morcegos.

Pararam em frente ao que parecia ser outra boate. O letreiro dizia em letras de LED:

“BOATE COSMUS – Filial Jamille et un babados
Missão santa com você: toda mágoa combater, despertar o seu “poder”
(Venha Cobra!)”

– É aqui?

– Sim, sim! – respondeu Kane

Sensei respirou fundo e entrou, seguido de Kruba. A princípio não viu muita diferença entre essa boate e a de Lady Unique, porém as roupas chamaram sua atenção. Muitas das atendentes e dançarinas usavam roupas coloridas, algumas poucas usavam roupas prateadas, e a que se apresentava usava roupa dourada. Seria uma espécie de hierarquia? Desistiu de pensar sobre, e explicou sua situação para uma das garçonetes, no intuito de conseguir alguma informação.

– Kiki? Ih... Meu amor, se eu fosse vocês nem tentava... A mestra é muito ciumenta com o que é dela.

“E o que é um Kiki, finalmente?”, é o que vocês estão se perguntando até agora, não? Sensei e os outros também se perguntaram o mesmo, e receberam a seguinte explicação de Lady Unique, confirmada depois pela garçonete:

“Um Kiki é o aprendiz da primeira dançarina, ou seja, da diva do lugar onde vou mandar vocês irem. Eu preciso de um Kiki, só ele pode resolver meu problema. Se eu num tiver um kiki eu morro. Enfim, a primeira dançarina de lá é a única que pode consertar roupas e saltos por aqui, mas é teimosa como uma mula. Não deve se chamar “Mulan” à toa, duvido. Enfim, preciso de um Kiki, meninos, urgente, meu salto especial quebrou! EU NÃO POSSO CONTINUAR A ME APRESENTAR SEM MEU SALTO ESPECIAL!” E mais algumas coisas do tipo, até cair em prantos e ser socorrida por outras dançarinas e ouvir várias vezes de Sensei que ele certamente traria um Kiki para consertar seu salto especial para poder se acalmar e retocar a maquiagem.

Ficaram no balcão por algum tempo, esperando o show da dançarina dourada. Ela estava usando uma capa branca, além de um colant dourado que cobria o corpo praticamente inteiro e possuía dois enormes chifres apontados para cima cobrindo seus seios. Terminado o show, desceu do palco e ficou encarando Sensei enquanto uma das garçonetes cochichava algo em seu ouvido. O lugar esvaziou rapidamente, sobraram apenas os três clientes e as dançarinas.

– Então vocês vieram até aqui só pra usar o meu Kiki? Saiam. Eu sou Sheyoncé, mestra da Jamille et un babados, e não vou sair dando o Kiki por aí pra qualquer um usar como bem entender. Se já entenderam, até a próxima. O show acabou, queridinhos. Tchauzinho, bye bye, au revoir, hasta la vista...

– Peraí... – interrompeu Kruba – Sheyoncé? Mas viemos atrás da Mulan...

– Pior ainda! Vocês além de tudo me confundiram com aquela ingrata! Passou longe, heim? A Mulan é a dona da Casa das Arianas. É lá no Santuário vermelho, no outro lado da cidade. Vieram na filial errada. Agora... tchau. Boa sorte com aquela ingrata.

– Sabia que a gente tava indo pro lado errado, - suspirou Kruba – nunca dá certo confiar na Kane...

– Então... pelo seu tom de voz, você tem alguma relação com a tal “Casa das Arianas”, correto? – perguntou Sensei

– Sim. A Boate Cosmus na verdade é uma franquia de boates. Existem várias casas espalhadas por aí, 12 casas especiais e outras agregadas, como a minha, a Jamille et un babados. Mas o nosso serviço é diferenciado. Além de ter a minha casa, faço o serviço extra de consertar roupas e saltos, mas só de clientes muito especiais. A diferença é que trabalho para fora, enquanto a Mulan só faz serviços internos. Então vocês de alguma forma acabaram vindo parar no lugar certo. Até porque eu sou a mestra dela, logo o meu Kiki é muito melhor. E vocês não iam conseguir nada com as Arianas.

– Arianas parece com “Aranhas”... – respondeu Kruba, depois de alguns segundos de reflexão profunda (leia-se devaneio).

– E por que você acha que tem “Venha Cobra” no letreiro?

– Sei lá. Porque, se aqui não é a casa das Arianas?

– Porque eu era a antiga mestra da casa das Arianas.

– Bem, desculpe... moça? Isso é legal, mas não importa para nossa questão. Nós só queremos o seu Kiki. Vamos ter que pagar por ele? – interrompeu Sensei.

– Não vou deixar que qualquer um colocar as mãos nele, mesmo que tenha tido o trabalho de vir até aqui apenas para isso. A tal da Unique até é top, pelo que ouvi falar, mas não tô pra fazer favor pra ninguém hoje não. Eu peço que vocês se retirem, a não ser que desejem mais... alguma coisa... – disse ela, andando em direção ao trio.

– Então, deixa eu só recapitular... – disse Sensei, tentando processar tudo. – Seu nome é Sheyoncé.

– Certo.

– Você é a mestra da famosa Mulan, a única que pode consertar roupas e saltos.

– Sim... Eu sou quem ensinou a Mulan a ser o que é, portanto apesar da fama dela ser maior e ela fingir que morri, ela não é a única. Eu faço muito melhor. Mas ela é recalcada e não admite que nunca vai conseguir me superar.

– Certo, certo. E você e ela fazem parte de uma rede de casas noturnas, e como serviço adicional consertam roupas e saltos para fora, mas você tem um Kiki melhor do que o da Mulan.

– Isso. Entendeu agora ou quer que eu desenhe?

– Não precisa. Eu aceitaria um beliscão pra ver se acordava dessa maluquice toda em que me enfiei, mas... estando num sonho maluco ou não, acho melhor ir na onda, já que já chegamos até aqui. Enfim, desculpe incomodar tanto, mas nossa cliente realmente deseja seu Kiki, nem que por uma noite, e estamos dispostos a enfrentar qualquer coisa por ele, não importa que seja uma Mulan teimosa ou a mestra dela.

Sheyoncé chegou mais perto e sentou-se ao lado de Sensei. E só então perceberam que na verdade ela na verdade era um homem muito feminino. Tão feminino que não dava pra saber se era uma mulher ou um homem. Parecia uma existência à parte no meio das drags e travestis que povoavam o lugar.

– Então vocês terão que lutar contra Sheyoncé, primeira dançarina, diva e mestra da Jamille et un babados.

– Eu já poderia ter matado você. Você está no alcance das minhas meninas, sabia? – disse Kruba, encarando Sheyoncé.

– Você também está no alcance das minhas. Acha mesmo que é macho o suficiente pra lidar com todas nós de uma vez só? Hmm...

– Tá, tá... Parem com isso – disse Sensei, suspirando e se levantando. – Alunos problemáticos, cão de guarda problemático, cliente problemático e agora inimigo problemático... Até o poste das ruas onde ando é problemático... O que mais eu poderia fazer questão de não pedir na vida? Você fica fora disso dessa vez, cão. Já que é o meu primeiro serviço, eu vou terminar isso sozinho, um a um. Assim evitamos mortes desnecessárias. Pistolas só sabem matar. Espadas só sabem cortar, mas as mãos de cortar só devem machucar para proteger algo.

– E o que suas espadas protegem? – Perguntou Sheyoncé

– Informação confidencial. Você pode ter ficado interessada em mim, mas não é recíproco, ok? Kane. – Estendeu a mão para a Lolita. Kane abriu a bolsinha, que cuspiu uma katana para Sensei.

– Oh, estamos evoluindo... agora é uma katana... – disse ele, desembainhando a espada - ...de madeira. Mas por que de madeira... Porque madeira, se katana... porque katana, se madeira... Até o poste das ruas onde ando é problemático... como assim uma katana só e de madeira... eu voltei aos tempos de treinamento? – resmungou, andando até o outro lado do salão.

Kruba pegou Kane do ombro de Sensei e voltou para o balcão, longe do amontoado de mesas que estava no salão, para evitar ser pego no fogo cruzado. As dançarinas restantes fizeram o mesmo. Subindo em uma das mesas, Sheyoncé disse:

– Eu sou Sheyoncé, mestra da Jamille et un babados, e serei sua oponente essa noite. Aliás quem é você mesmo?

Sensei apertou a katana na mão esquerda, virou a bainha da espada na outra mão, segurando-a como se fosse sua segunda katana, e entrou em sua antiga posição de combate, encarando a dançarina.

– Eu sou só um Sensei, nada mais, nada menos que um Sensei. Vim te dar uma lição de generosidade, Sheyoncé.

Ficaram em silêncio por alguns instantes. Sheyoncé puxou uma das cadeiras para cima da mesa e chutou em direção de Sensei, que a partiu com a katana. Nesse meio tempo Sheyoncé correu por cima das mesas e tentou chutar a cabeça de Sensei de baixo pra cima, mas também teve o golpe defendido, dessa vez pela bainha. Aproveitando a oportunidade, ele tentou emendar um golpe de katana na perna de apoio de Sheyoncé, que pulou rapidamente e golpeou Sensei no rosto com o bico do salto. Aproveitando a brecha, utilizou um de seus golpes secretos.

– Stardance Revolution! – Gritou Sheyoncé, enquanto “dançava” numa coreografia ritmada de socos e chutes em Sensei, que terminou em um chute com o solado do salto. Sensei foi lançado em direção à parede, batendo em algumas mesas no caminho.

– Tsc. Eu já teria resolvido. – Resmungou Kruba.

O lugar ficou em silêncio novamente por alguns instantes.

– Heh... eu já ouvi falar de “pisão no pé” quando se dança com alguém, mas nunca havia visto alguém ruim o suficiente para pisar o outro inteiro. – disse Sensei, se levantando com várias marcas de salto ensanguentadas. – Você também precisa de aulas de dança, Sheyoncé, mas não sei se sou o melhor professor para isso. Estou enferrujado. Ainda lembro...? Hm... talvez ainda lembre uns passos... vamos dançar, Sheyoncé da Jamille et un babados! – disse ele, em tom de quase delírio, se pondo em posição de ataque novamente.

– Como quiser, “Apenas um Sensei e nada mais que isso”!

Sheyoncé veio novamente por cima das mesas, e Sensei novamente defendeu o primeiro golpe com a bainha. Dessa vez, não tentou acertar a perna, derrubou-a acertando e quebrando a mesa. Continuou com uma sequência de giros e golpes com a Katana e a bainha, e terminou com um chute, que fez Sheyoncé cair por cima de outra mesa. Ela levantou com alguns arranhões, mas nenhum sangramento.

– Vamos acabar com a nossa lição por hoje. É o último exercício. É o último passo dessa coreografia. – disse Sensei, colocando a espada na bainha e ficando em posição de saque. Enquanto os dois se estudavam, os espectadores cochichavam entre si.

– Raitundo, não guarda a espada não! Ela ainda tá de pé doidinha pra te pegar! – Gritou Kane.

– O que ele pretende fazer? Ir na mão? Mas nem com a espada tá conseguindo... Que burro. – se perguntou uma das dançarinas.

– Pretende acabar com isso em um golpe só – interrompeu Kruba. - Aquela posição em que ele coloca a espada atrás do corpo e a mão perto do cabo deve ser a posição de ataque mais forte de um usuário de espadas. Eu acho, né. Vai saber, eu não uso... Acho que eles ficam daquele jeito pra poder usar um golpe rápido e forte pra derrubar seu oponente. Ou só pra se exibir mesmo. Enfim, os dois não vão aguentar mais que isso, apesar da líder de vocês parecer bem. É só aparência. Um autocontrole incrível do fluxo sanguíneo. O carinha também tá acabado. A questão é: o que é mais rápido, o chute da líder de vocês ou a espada dele?

Não precisaram esperar muito tempo para descobrir. Sheyoncé avançou novamente, não por cima das mesas, mas de frente, direto para o seu inimigo. O que se viu no instante seguinte foram várias mesas e uma dançarina voando até caírem em um amontoado no meio do salão. O que a dançarina viu no último instante, antes de ser derrotada foi um par assustador de olhos prateados. O que se ouviu foram as várias dançarinas fofocando.

– Pelos cachinhos de Afrodite, que espada é essa! UI!!

– MINHA NOSSA SENHORA DOS LEQUES, ME ABANA!

– Zeuzus, apaga a luz que eu não quero ver nossa diva sangrando não! Eco!

Kane mirou a bolsinha para a mão de Sensei e sugou a espada de volta. Estava acabado. Ele tinha conseguido o que queria.

– Reconheço a força da sua espada... – disse Sheyoncé, levantando-se com alguma dificuldade – Não precisamos continuar... vocês ganharam o direito de ter meu Kiki por alguns dias. Mas se não me devolverem logo não serei tão piedosa na próxima luta. Cuidado com essa espada e com meu Kiki, heim... ui...

– É, cuidado comigo que eu tô me achando depois dessa, heim! – disse uma voz de garota, depois de uma gargalhada. – Brincadeira, gente... se eu sou digno de algo é apenas por que minha mestra é ainda mais digna. – Completou. Dito isso, saiu de trás das cortinas do palco. Era uma menina de cabelos curtos, vestida de smoking, que olhou para todos e fez uma profunda mesura.

“Espera... é uma boate crossdresser? E por que ‘um kiki’ é uma garota”?, pensou Sensei. Deixou os pensamentos para depois e a escutou.

– Eu sou Kiki, meus caros clientes. O que vocês vão querer esta noi- mestra! Você tá arrasada, heim! Você se machucou mais do que pensei, uau, que espada foi essa pra te deixar assim?! – gritou ela, correndo até Sheyoncé e amparando-a. – Que es-pa-da! Foi você? – perguntou, olhando pra Sensei. – Olha... que espada, heim... mas você também ficou bem acabado. Pior que minha mestra. Olha, como minha mestra disse que vocês ganharam esse direito, eu vou ajudar vocês, mas não posso ir agora. Tenho que cuidar dela. E acho que você tem que se cuidar também. Que tal amanhã?

Assim resolvidos, visitaram Lady Unique no dia seguinte e conseguiram sua aprovação. Além disso, ganharam um pacote que deveriam entregar à James, como Sensei estava contando para o barman Stradomus.

– Hmm... Agora eu fiquei curioso sobre o poder dessa espada aí, heim...

– Ok. E então, eu deveria entregar essa encomenda para ele agora?

– Sempre trocado pelo negão... mesma coisa com o Kruba. Devia ter me acostumado... bem, ele tá com uma bonitona no escritório há algum tempo já. Se tá apressado, querido, por que não tenta bater na porta?

Sensei levantou-se e se dirigiu à “cova” sozinho. Kruba ficou no balcão bebendo um uísque duplo, enquanto Kane bebericava algum chá em uma xicrinha que havia tirado da sua bolsa. Mesmo distraídos, porém, não conseguiram deixar de notar a mulher de vermelho que esbarrou em Sensei na porta do escritório. Era morena clara, tinha cabelos pretos curtos, acima do ombro e alguns traços exóticos, como os olhos puxados com uma cor estranha de ametista. A altura (Sensei estimou 1,59 m) e o vestido decotado exibiam peitos imensamente atraentes para seu tamanho. Uma perna também saía por uma fenda do vestido, que tinha ainda um dragão bordado em forma de serpente. Ao esbarrar em Sensei, o encarou brevemente com uma expressão assustadora e saiu às pressas em cima de saltos enormes.

Enquanto o bar inteiro estava hipnotizado com a mulher de vermelho, Sensei estava paralisado com a cena que tinha via diante de seus olhos: havia uma faca cravada na barriga de James.

* * *

– É o que, gente? – disse Lady Unique. - Tô no chão, querido.

– Quê?

– Tô arrasada. Tô chocada... Como assim alguém tentou matar nosso negão... Ele tá bem?

– Sim, o barman ficou cuidando dele. E me disse que eu deveria voltar aqui com ela. – disse Sensei, e apontou pra sua acompanhante.

– Olá! Eu sou Kiki. E você só pode ser Lady Unique, com esse luxo todo...

– Ai, meu Kiki! Só meu por uma semana! Querida, depois eu acerto o preço com sua mestra, tá?

– Tá!

– Agora que você já tem o seu Kiki, eu preciso de uma informação.

– Hm... troca-troca a essa hora do dia? Adoro! Ok, eu troco o Kiki pela informação. O que você quer saber?

– Você sabe quem foi?

– Não faço ideia, meu amor, eu num tava lá! – disse, abrindo um leque e rindo com a boca tapada. – Ai, tá bom, eu falo, não precisa olhar feio assim... Esses boys que não sabem brincar, né, eu heim... Olha, pelo que você me disse, assim, considerando o estilo da roupa e o tamanho do silicone, deve ter sido a Fong Fong Camaleón.

– E onde essa tal Camaleoa se esconde?

– Hmmm... meu lindo, essa é difícil, viu? Arruma mais fácil, menino, escolhe aí uma pra você! O serviço é de qualidade, eu garanto! E se não gostar eu mesma resol-

– Não, não precisa resolver nada, só me dizer onde ela está.

– Já disse, meu filho, não faço ideia. Essa é difícil MESMO! Acho que só tem uma pessoa aqui que pode te dar essa informação.

Arrependendo-se por antecedência, Sensei suspirou e coçou uma sobrancelha antes de perguntar “quem?”, e aí a bicha respondeu “a grande bicha”.

Sensei imaginou uma bicha imensa, de viadagem imensa, com imensos níveis de purpurina na aura ou qualquer coisa do tipo. Talvez, você também. E era quase isso. Quase. E já que já estava arrependido mesmo, fez a última pergunta que restava: “e como eu encontro a grande bicha?”.

– Ela é tão difícil quanto, gato. Pra ganhar acesso à Grande Bicha você vai ter que passar pelas 12 casas noturnas da Boate Cosmus. Já sabe o que te espera, né?, Até porque você já conheceu a Sheyoncé, top, fechosa. Só que ela foi muito boazinha. Dessa vez ela não ter moleza pra você não, meu amor, afinal, haja potencial aí né...


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Notas finais do capítulo

Novamente, vamos às notas:

— Lady Unique é uma mistura da Unique, de Glee, com o visual do Dr. Frank-N-Further, de The Rocky Horror Show e do Emporio Ivankov (Ivan) de One piece, mais umas coisas de uma amiga minha.

— Kiki é uma dupla referência. Seria apenas uma referência a uma música que toca em glee (Let's Have a Kiki), mas eu não pude deixar de lembrar do Kiki de Appendix, e acabei misturando as referências. Foi aí surgiu a genial ideia para criar as doze casas noturnas. E agora estamos aqui, senhoras e senhores.

— Sheyoncé, nossa primeira divassa é nada mais que uma mistura (óbvia) de Shion e Beyoncé. Espero que tenham gostado dela, ainda virão muitas outras por aí. PRE-PARA!

— A Beyoncé não é de Áries, ela é virginiana que nem eu e o Michael Jackson (ai q emossaum), descobri quando estava pesquisando pra escrever as divas. Pensei muito em como fazer essa mistura maluca de divas e cavaleiros, e então decidi por não me prender a escolher as divas respectivas aos cavaleiros pelos signos, porque perderia de fazer muita, mas muita zueira nos nomes. Optei pelo critério de parodiar os cavaleiros juntando seus nomes/características com os nomes/características de alguma diva do pop que eu conseguisse encaixar neles. Acredito que deu certo. Mais em umas do que em outras, claro, mas no geral acho que funcionou. Quando vocês forem lendo vão me confirmar ou não isso. :3

Esse capítulo em especial tem uma história muito louca. Eu tive problemas com meu note, comprei outro e então tive que passar muito tempo sem poder recuperar uma versão do arquivo que estava no note antigo. E a parte perdida era justamente a parte em que estava a Unique e a Sheyoncé. Para não perder tempo, fui fazendo as doze casas e só depois de uns 4 meses eu pude recuperá-la. A coitada. Acho que é por isso que ela tem tanta raiva da Mulan. Ela ficou no esquecimento do meu note enquanto a Mulan divava por aí. Aliás, a Mulan será a próxima. Querem saber mais sobre ela? Continuem acompanhando. E qualquer dúvida, sugestão ou comentário, só deixar aqui ou no MP. Agradeço imensamente pela leitura, e até a próxima! Segunda que vem tem mais!



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