A namorada do Poeta escrita por Julius Brenig


Capítulo 4
Ressaca e um segundo poema.


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal!!!! Mais um capitulo de ANP! Dessa vez, Sophia recebe mais um poema, só que não era bem o que ela esperava. Ou será que era?



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Sophia acordou por volta das dez horas. E era nesses momentos, durante suas ressacas, que ela amava morar sozinha. Ninguém andando e falando pela casa, ninguém tentando acorda-la seja por qual for o motivo. Somente ela e sua cabeça incrivelmente latejando. Abrindo os olhos com dificuldade, Sophia levanta-se da cama e vai tomar um banho, não sem antes deixar uma água ferver para preparar um café bem forte.

Debaixo do chuveiro, ela sentiu-se aliviada, aquela água caindo sobre seu corpo era como um remédio natural para o mal estar nele. Apressou-se, pois ouviu a água do café ferver, e ainda de toalha, preparou seu café, mais forte que o convencional. Só depois foi trocar de roupa. Optou por tomar sua bebida navegando na internet enquanto comia um pedaço de bolo. Checando suas redes sociais, ela lembrou-se do que havia prometido fazer para a Carol: pesquisar sobre o poema. Ela abre o Google e digita o poema, sem mesmo olhar no pequeno pedaço de papel, pois aquelas palavras ficaram gravadas em sua cabeça.

Quando saiu o resultado da busca, Sophia se surpreendeu. Aquele trecho não estava em nenhum dos sites olhados por ela, ou seja, não era de nenhum poeta famoso, assim como Carol havia dito. O coração dela palpitou um pouco. Será que eu tenho um admirador secreto? Pensou. Ela fechou o navegador e procurou por sua mochila. Ela tinha poucas lembranças do momento em que chegou em casa na madrugada e não se lembrava onde tinha colocado. Procurou por toda casa e nada. Cansada, ela foi até sua cama e deitou-se. Foi aí que se tornou obvio onde a mochila estava. Na noite anterior, provavelmente, ela chegou tão cansada que foi direto para cama. Ou seja, a mochila deveria estar em cima da mesma. Mas conhecendo-se bem, ela imaginou ela movendo-se constantemente de um lado da cama para o outro derrubando a mochila enquanto dormia. Então, ao olhar debaixo da cama, lá estava. Pegou-a e foi até a área dos fundos da casa, sentou-se na rede verde xadrez e pegou o poema, que agora era um pequeno pedaço de papel meio amassado. E leu mais uma vez em voz alta:

– A mesma leve brisa que leva areia ao mar, parece empurrar-me a teu encontro, assim como uma folha seca que anseia tocar o chão numa bela tarde de Outono. – depois ela pensou em voz alta – Ah tá que esse poema é pra mim. – ironizou.

Mesmo dizendo que aquele poema não fosse para ela e que fosse um mero acaso, ela não cogitou em momento algum jogá-lo fora. Muito pelo contrário. Ela resolveu guardar ele entre as páginas de seu caderno de novo. Quando pegou o seu caderno azul de anotações, ela viu mais uma vez que nele havia algo marcando as páginas. Seu coração começou a palpitar. Só quero ver sua cara quando receber o segundo, lembrou Sophia das palavras de Carolina. Abrindo o caderno na página marcada, lá estava.

Dessa vez, não era um simples pedaço de papel com o poema escrito. O Poeta tinha dado um toque a mais. O que Sophia viu, foi um pequeno e simples envelope branco, com um triangulo impresso em suas costas. Ela não entendeu o lance do triângulo, mais ignorou-o, pois estava interessada no conteúdo de dentro do envelope. Quando abriu-o, viu um pequeno papel-cartão branco e nele estava escrito o segundo poema em uma tinta brilhosa azul.

Sabedoria

Eu estou amando a Sabedoria
E vê-la é minha única alegria
Por mais distante que a Sabedoria pareça
Ela não saí de minha cabeça
Se eu soubesse que valeria a pena
pediria seu amor à Atena
E mesmo que ela me diga não
Esse poema só é uma confirmação

O Poeta

Sophia ficou estática. Aquele poema não tinha nada a ver com o anterior, parecia não ter a mesma “magia”. Talvez, ela tivesse colocado muitas expectativas no poema. Mas aquele não tinha nada muito romântico. Ele só transmitia o gosto de alguém pelo conhecimento. Com certeza um trote. Chateada, ela guardou o envelope num dos bolsos da mochila e foi ver Tv. Da mesma forma que o outro, mesmo não tendo gostado, ela não pensou uma vez se quer, livrar-se deles.

Enquanto assistia um daqueles programas de barracos familiares, Sophia lembrou-se que Caroline pudesse querer ver o novo poema. E ela também pensou que se Carol visse como esse poema não tinha nada ver com o outro, desencanasse sobre a história de admirador secreto. Pegando seu smarthphone, digitou os oitos dígitos necessários para ligar para amiga. Sophia não gostava de usar a agenda, apesar de salvar os números nela. Ela preferia digitar, pois era um bom exercício para a memória. Depois de chamar um pouco, Carolina atendeu.

– Oi?

– Oi, Cá, tudo bem?

– Sim, sim. E como vai a cabeça? – disse Carol referindo-se a ressaca que ela imaginou que Sophia estava sofrendo.

– Vai bem, só tente não gritar, ok? – as duas riram.

– Mas, e aí? Qual o motivo da ligação?

– É que fiz o que você pediu. Pesquisei sobre o poema na internet.

– E....? – disse Carol curiosa.

– Não encontrei nenhum rastro dele.

– Eu te disse, eu disse, não disse?! – Caroline estava eufórica.

– Qual parte do “não gritar”, você não entendeu? Tá, você disse sim. Mas não era exatamente isso que eu queria te contar.

– O que é, então?

– Eu recebi outro poema.

– Não-saia-daí. – a ligação caiu.

Poucos minutos depois, Sophia ouve batidas no portão. Era Carol. Convidando-a para entrar, Caroline adentrou na casa. Ela acomodou-se perto da mesa de centro, de frente para a Tv.

– Vou buscar, espere. – nisso Sophia foi até a rede, onde havia deixado a mochila, pegou o envelope branco para Carol. – Toma. Já aviso que é melhor abaixar as expectativas.

– Como abaixar as expectativas, se dessa vez veio até num envelope? Qual é a desse triangulo? – Sophia deu com os ombros. Retirando o poema de dentro do envelope, Carol leu e ela disse: – Não é que esse poema seja ruim, mas ele não tem nada a ver com o anterior.

– Pensei a mesma coisa. – falou Sophia enquanto Caroline depositava o envelope com o poema em cima da mesinha de vidro. Poucos segundos depois, ouve-se mais uma vez batidas no portão. Sophia vai até lá e encontra o Chris.

– Oi!

– Oi Chris, entra. – já na sala, Chris explicou o motivo da visita.

– Eu ia chamar vocês pra assistir alguns filmes lá em casa. Já até chamei o Lucas.

– Tá certo, mas se ele fizer a gente assistir aquele filme Lolita mais uma vez, eu juro que...

– Calma, Fia. – disse Carol. – Você sabe que aquele é o filme favorito dele, por causa daquele diretor, que nunca lembro o nome. – A garota loira esperou que alguém dissesse o nome do diretor, mas ninguém sabia. Por isso ela prosseguiu – E você só tá estressada porque o segundo poema não te agradou.

– O quê? Recebeu um outro poema? – perguntou Chris.

– Sim, encontrei ele hoje. – Sophia pegou o envelope em cima da mesa e entregou para Chris. Ele leu o poema. – Viu só, não se parece nada com o outro.

– Esse poema não é parecido com o outro por um motivo.

– E qual é, Christopher? – ele fez uma mini careta e falou:

– Ele é um enigma.

– Corta essa, Chris. Você tá muito viciado naquela série do Sherlock. – falou Carol.

– Pode até ser, mas quando o meu parceiro Watson chegar, que no caso é o Lucas – explicou ele rapidamente. – Desvendaremos esse mistério.

– Não existe mistério algum. – Enquanto os amigos discutiam se era ou não um mistério, Lucas chegou e entrou na conversa

– Ok, desvendaremos isso, Sherlock. – disse ele entrando na onda de Chris.

Eles colocaram o poema e o envelope lado a lado em cima da mesa. E ficaram observando. Lucas releu ele algumas vezes, Chris fez o mesmo enquanto Lucas focou-se no envelope. Os dois passaram bons minutos olhando para aquilo, até que Sophia perdeu a paciência e disse:

– Vocês não vão achar nada aí, a não ser perder tempo encarando esse maldito triângulo!

– Isso não é um triângulo – disse Lucas. – Isso é um delta. A quarta letra do Alfabeto Grego.

– Claro! Está muito obvio! Perceba que a lateral direita é mais grossa que a lateral esquerda e a base. E essa não é a única referência grega presente no poema. Ele também menciona Atena que é a deusa da sabedoria. – depois de um pouco pensar Chris disse – Eu desvendei o texto.

– Desvendou? – perguntou Caroline.

– Sim. Há duas referências gregas no texto, o Delta e Atena que é a deusa da sabedoria. No poema, o autor expressa seu amor pela sabedoria, certo? Quem acertar essa ganha um bolinho: Alguém sabe o nome que os filósofos gregos davam para a sabedoria? – Todo mundo ficou de boca aberta. O poema era mesmo um enigma.

– Se me recordo – Falou Carol empolgada – Os filósofos chamavam a sabedoria de Sophia!

– Exato – Disse Chris demonstrando satisfação de si mesmo. Então, ele pediu uma caneta e papel para Sophia que logo entregou para ela. – Ou seja, se reescrevermos o poema dessa forma, talvez faça muito mais sentido. – Ele entregou o papel com o poema reescrito, mas apenas com algumas modificações.

Eu estou amando a Sophia
E vê-la é minha única alegria
Por mais distante que a Sophia pareça
Ela não saí de minha cabeça
Se eu soubesse que valeria a pena
pediria seu amor à Atena
E mesmo que ela me diga não
Esse poema só é uma confirmação

– Nã-não pode ser! – Gaguejou Sophia. – Ele não pode ter planejado isso!

– Como ele mesmo disse, Sophia, esse poema é uma confirmação que tem alguém gostando de você as escondidas. – Falou Chris. – Mais um caso resolvido por Sherlock Holmes.

– Ei, eu também ajudei! – protestou Lucas. – Cara, isso até parece coisa de cinema! Enigmas, poemas. Acho que vou usar essa história e escrever o roteiro de um filme. – falou o estudante de cinema.

– De maneira alguma! – reclamou Sophia corada.

– Só tem uma coisa que não entendi. O que tem a ver Atena com o amor? – perguntou Carol.

– Bem, se seguirmos o mesmo raciocínio que Chris fez, veremos que: Atena é deusa da sabedoria, ou seja, a deusa da Sophia. Praticamente ele elogiou a Fia, comparando ela com uma deusa. – concluiu Lucas.

– É oficial, Sophia tem o admirador. – falou Carol dando-se por satisfeita, batendo palminhas.

– Sim, desvendamos o código, mas não o mistério. – disse Chris fazendo cena.

– Que mistério? – perguntou Lucas.

Elementar, meu caro Watson. Descobrir quem é o Poeta.


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Notas finais do capítulo

Notas finais: Parece que tivemos uma pequena reviravolta aqui! Um enigma dentro do poema, quem diria. Parabéns para nosso Sherlock e o nosso Watson, não é mesmo? E será que conseguirão desvendar o mistério? Será que veremos o poeta logo logo? Será que o poeta já apareceu? Só aguardando para saber O/



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