A namorada do Poeta escrita por Julius Brenig


Capítulo 13
Tête-à-tête


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos e amados leitores, só tenho uma coisa para dizer sobre esse capitulo: ele promete abalar algumas estruturas.



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Eduardo não demorou a chegar. Entretanto, nesse meio tempo, Sophia teve uma desagradável conversa com Tulipa que abusava de uma intimidade que a musa do Poeta não tinha dado a ela. Ficava chamando a garota de “Fia” e “Sô” como se conhecessem há tempos, sendo que não tinha um mês que as duas se conheciam. Quando Edu chegou, Sophia ficou feliz, por quê gostava do irmão e não precisava manter uma conversa direta com a cunhada, que já se mostrava um estorvo para Sophia, a partir do momento que ela disse que só se mudariam se achassem um lugar melhor e que ainda duvidava muito que isso acontecesse. Sophia logo pensou que se notasse alguma demora de Edu encontrar uma casa e percebe que isso era por causa de alguma interferência da garota com nome de flor, iria tomar providencias.

Em suas coisas, Edu não trouxe muito. Um guarda roupa e uma cômoda, a cama de casal e uns apetrechos pequenos. Nada que servisse para mobiliar a casa. Ele logo explicou que só trouxe o necessário, o restante estava na casa dos pais de Sophia. Ela ficou mais aliviada com isso. Eles conversaram pouco, pois Eduardo tinha que voltar ao trabalho. Tulipa ia se ocupar organizando as coisas no quarto, e como Sophia já não suportava a presença da garota e já passava das três, ela foi até a casa de Chris, o único de seus amigos que parecia estar menos ocupado.

Chegando na casa de Christopher, Sophia encontra-o jogando videogame, sentado no sofá. Depois que o garoto pausou seu jogo, a garota despejou tudo que preocupava ela, pois Chris era um bom ouvinte. Falou sobre seu irmão mudando para sua casa com a noiva e quanto não gostava dela, a preocupação com Caroline e a visita inesperada recebida com o pretendente dela. Além do poema que o Poeta não tinha respondido. Sophia estava quase em crise. Então, o garoto com sua tranquilidade, disse:

— Sabe do que você precisa? De uma maçã.

— Não sei se você percebeu, mas não estamos dentro daquele desenho “Death Note” e eu não sou uma shinigami.

— Primeiro, não é desenho é anime. Segundo, eu sei que você não é uma shinigami. Terceiro é que acho que isso vai te fazer bem. — Chris saiu para a cozinha enquanto deixou uma Sophia confusa na sala. Ele volta com duas maças molhadas com resquícios de água, mostrando que elas tinham sido recém lavadas. — Eu acho que o gosto único da maçã vai te tirar o estresse.

— Eu já comi maçã Chris, e o gosto é bom, mas não é lá milagroso a ponto disso.

— Claro que você já comeu, mas nunca comeu essa. — Chris segurou uma das maças entre o indicador e o polegar, depois entregou a Sophia. — Eu tenho uma teoria que com a correria do dia a dia, os sabores que sentimos são apenas lembranças do que já comemos uma vez. Nós estamos deixando de lado o real sabor do que estamos ingerindo e substituindo por uma memória daquele do mesmo.

— Lembra que eu te disse antes que você estava fissurado demais com a série Sherlock? Está acontecendo a mesma coisa, só que agora com programas de culinária. Que ideia louca Chris.

— Ah é? Então siga meus conselhos. Feche os olhos e dê uma mordida na maçã. Mastigue bem e sinta o suco da maçã penetrar suas papilas gustativas. Sinta o sabor dessa fruta e não de outra da mesma que você comeu.

Como brincadeira, Sophia fez o que o amigo pediu. A princípio ela não notou demais, era apenas maçã. Mas então, ela começou a perceber umas diferenças sutis. Era como se todas as outras vezes a garota tivesse apenas experimentado um sabor artificial e aquilo era realmente a fruta. O sabor doce banhava sua língua e ela se surpreendeu-se com o sabor. Parecia até uma fruta nova, pois o sabor era único. Quando abriu os olhos, ela viu que Chris fazia o mesmo e mastigava a sua maçã de olhos fechados, ela imaginou se ela estava com a mesma cara de satisfação que ele estava em seu rosto. Assim, os dois lentamente terminaram de comer. Logo que viu a cara de Sophia, o que significava que ela tinha notado as diferenças, Chris falou:

— Sabe qual o melhor nisso tudo? A metáfora que vem junto com o sabor. Às vezes estamos tão preocupados com tudo de forma geral, em digerir tudo de uma vez, que deixamos passar despercebidos os pequenos e sutis sabores que deixam tudo único e melhor. É isso que falta nas pessoas: saborear o presente. Saboreie o seu presente, Sophia. Tem um cara por aí apaixonado por você. O seu irmão que você tanto ama, vai morar contigo. E sua amiga, talvez, achou o amor da vida dela. O Thiago é um babaca, mas quem sabe ele não mudou? Certas pessoas só precisam da pessoa certa para mudarem completamente.

— Chris, você sempre sabe o que fazer ou falar. Você é um gênio. — Sophia abraçou-o e Christopher falou.

— Eu não sou um gênio. Sou apenas um aspirante à escritor. — Depois disso, eles jogaram algumas partidas de videogame, até Sophia ter que ir, pois os dois tinham que se arrumar para a faculdade.

***

O Poeta e sua amiga, estavam no ponto 019 esperando o seu ônibus que levava ao Campus da Umego. O ponto estava vazio quando chegaram, indicando que este havia acabado de partir ou seja, só Deus sabia quando um próximo iria passa, ainda mais se eles contassem com a ajuda do precário sistema de transporte público.

— Que azar nós tivemos, Ana. — Disse o Poeta para sua amiga de cabelo cacheado, mesma que estudava na sala de Sophia. — Já podemos contar com o atraso.

— Culpa sua de ter esquecido o poema na gaveta! Você só me dá trabalho, sabia? Não sei por que ainda atendo esses caprichos seus.

— Você sabe que não é capricho, esses poemas são única forma de eu me expressar e agora com o que ela me mandou um, de comunicar também. E você ainda faz isso porque é minha amiga e me ama.

— Pode até ser mesmo que eu seja sua amiga. Ainda tenho minhas dúvidas. — Os dois riram. — Mas você sabe muito bem que essa não é a única forma de se comunicar com ela.

— Como se eu simplesmente fosse chegar e falar com ela.

— Acho que sim.

— Acha? Não entendi. Você vai me forçar?

— De maneira alguma. O destino é quem vai. Olha ali ela e um de seus fiéis companheiros vindo para cá. Só tem nós dois nesse ponto, ela me conhece da sala de aula e eu estou paquerando o Chris faz um tempo. Com certeza vocês vão falar.

***

Sophia e Chis estavam atrasados e confirmaram isso logo ao ver que no ponto onde pegavam o ônibus para o Campus havia apenas duas pessoas. Dessa vez, Lucas optou por ir com seu companheiro e Carol, mais uma vez, faltara. Sophia estava começando a sentir falta de Lucas. Como Caroline era sua vizinha, mesmo que todos os dias ela optasse em não ir juntos para a faculdade ou faltar, ela poderia dar um pulinho na casa dela. Já Lucas, como morava longe, não era sempre que a garota podia ir. E ele também estava fora das redes sociais e estava estranho ao telefone. Chris e ela começaram a ficar preocupados e marcaram de ir na casa dele no fim de semana.

Chegando ao ponto, a musa do Poeta logo viu um rosto familiar. Uma menina com cabelos negros e cacheados com uma pele bronzeada e olhos também negros. Esta era Ana Paula, que também fazia o curso de Letras na turma de Sophia. Ao lado dela, um rosto que dava a impressão “conheço de algum lugar, só não sei de onde” na estudante. Ele tinha cabelos lisos, que estavam penteados num pequeno topete que parecia uma pequena onda formada no mar negro de seus cabelos. Tinha um tímido sorriso, que Sophia achou bonito. Não era muito alto ou forte, tinha porte mediano e um jeito entre ser descontraído e tímido que Sophia gostou.

— Oi, Ana. — Falou Chris que já vinha ganhando intimidade com a garota fazia um tempo.

— Oi, vocês — disse a menina de cabelos cacheados. — Parece que nós quatro tivemos sorte grande. Vamos chegar super adiantados. — Ironizou. — À propósito, este aqui é Bernardo, um amigo meu. Ele cursa publicidade lá na Umego. — Chris cumprimentou-o e falou-lhe seu nome.

— Prazer, Sophia. — ela cumprimentou Bernardo, ou melhor, cumprimentou o Poeta.


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Notas finais do capítulo

É isso mesmo produção? Já sabemos quem é o poeta? É isso sim! Acho que agora as coisas começaram a ficar interessantes não é mesmo? Beijos e até o próximo capitulo.

Ps: O titulo do capitulo remete a uma expressão francesa que quer dizer algo como "cara a cara".



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