Em Busca de um Futuro Melhor escrita por Lyttaly


Capítulo 4
3


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas o/
Demorei muito neh e.e
Acho que eu nem tenho direito de pedir desculpas por isso. Eu considero falta de compromisso demorar tanto tempo para postar. Mas não vamos falar disso...
Esse capítulo estava pronto no meu celular a muito, tempo mas não consegui postar. Enfim... Vou tentar postar mais rápido, mas qualquer atraso eu aviso lá no face, ok?
Essa demora pelo menos serviu para eu pensar sobre a história. Eu queria ligá-la de alguma forma à vida da Karol sem que influenciasse o entendimento de quem não leu "Primeiro ano". Vou fazer isso por meio de uma palavra ou frase no início de cada capítulo, ok?
Vamos ao capítulo de hoje o/
Ps.: Desculpa por esse capítulo, mas ele é importante para o restante da historia.



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Dor

 

Rafael tentava acalmar Kali enquanto ela tentava se preparar psicologicamente para as próximas horas, mesmo isso sendo algo impossível. Estavam sentados na cama. Kali deitada no colo de Rafael enquanto ele passava a mão em seus cabelos. O carinho era bom, mas não a acalmava. Essa noite seria difícil para os dois.

Ouviram o portão ser aberto e a voz de Célia ecoar pela casa. Um arrepio de antecipação correu pelo corpo da menina.

Alguns minutos se passaram e Célia chamou a menina. Rafael beijou a testa de Kali e sussurrou um “me desculpa” que foi respondido com um sorriso triste.

— Pirralha, desça já aqui!

Kali desceu rápido. Se demorasse mais seria pior.

— Aqui na cozinha.

Chegando na cozinha viu cacos de vidro no chão. Victor sorria vitorioso e Célia sabia que a culpa não era da menina, mas essa era uma ótima desculpa para aliviar seu estresse.

— Como você tem coragem de quebrar um copo e não limpar a bagunça? Limpa agora!

A menina limpou o mais rápido que pôde, mas sabia que aquilo não seria toda a punição. Terminou de limpar e esperou pelo que vinha a seguir.

— Victor, vai pegar o cinto lá no quarto.

Victor subiu as escadas. Parou em frente ao quarto de Kali que estava com a porta aberta. Rafael estava sentado na cama de cabeça baixa. Ouviu Victor se aproximar e o olhou. Ele tinha seu habitual sorriso cínico no rosto. Rafael levantou sem pensar indo em direção a Victor. Queria bater naquele maldito até ele desmaiar. Tudo havia piorado depois que ele entrou naquela casa.

— Você sabe – Rafael parou a um passo dele, despertado de sua fúria – que a situação da sua irmã vai piorar se você fizer algo contra mim.

Se ele tocasse em Victor, este prejudicaria Kali. Não podia fazer nada. Sentiu uma terrível sensação de impotência. Até quando seria assim?

— Por que está demorando, Victor? – Célia gritou do andar de baixo.

— Já vou.

Victor sorriu vitorioso para Rafael, depois foi até o quarto, pegou o cinto que já estava pendurado em um prego na parede e desceu para entregá-lo a Célia.

— Sabe, Kali – a voz de Célia saía numa falsa tristeza – aquele copo que você quebrou foi um presente da minha mãe. Isso significa que ele era valioso para mim. Quanto você acha que ele vale? O copo de três semanas atrás valeu 10 cintadas, mas esse, com valor sentimental, acho que vale pelo menos o triplo. Concorda, Victor?

— Por mim vale até mais, amor.

— Não. Quero que ela sinta até o final e se for mais que isso essa fraca vai desmaiar antes de acabar. Vamos logo com isso! Você quer contar, Victor?

— Será um prazer. – Victor sorriu – Um...

Kali sentiu a primeira cintada no braço.

— Dois...

Ela deu um passo para trás e se apoiou na parede.

— Três...

No quarto, sentado no chão, Rafael se forçava a ouvir tudo.

— Quatro...

Sentia em seu próprio corpo a dor de Kali.

— Cinco...

Queria tirá-la dali, mas não podia.

— Seis...

Se forçava a não chorar...

— Sete...

Assim como Kali.

— Oito...

Pela experiência Kali sabia que gritar ou chorar só pioraria a situação. Seu corpo doía, apesar de calejado, mas seu rosto permanecia inexpressivo.

— Doze...

Não iria chorar. Não iria mostrar-se fraca. Não iria dar esse gosto àqueles dois monstros.

— Quinze...

Sentia seu corpo arder. Sabia que estavam abrindo feridas. Seus olhos lacrimejaram.

— Dezessete...

Fechou os olhos, sentindo o corpo fraquejar.

— Vinte e um...

Perdeu a força nas pernas e caiu sentada no chão. Com o movimento inesperado, Célia acertou o rosto da menina com o cinto. Ela a xingou e a acusou de ter se machucado de propósito. Hematomas em lugares visíveis resultavam em perguntas sobre assuntos que Célia considerava não ser da conta dos outros. Agora, irritada, ela batia mais forte.

— Vinte e cinco... Vinte e seis... Vinte e sete...

Kali não ouviu nem sentiu os últimos golpes. Havia desmaiado.

No quarto Rafael escutava ansioso pelos últimos números da contagem. Queria que acabasse logo.

— Trinta... Acho que ela desmaiou, Célia. – Victor sorria de prazer.

— Essa fraca não aguenta nada. Rafael! – chamou – Vem pegar esse peso morto!

Rafael desceu as escadas o mais rápido possível. Chegando no andar de baixo viu Kali desfalecida. Um fio de sangue escorria de sua sobrancelha. Seus braços estavam vermelhos e algumas feridas anteriores tinham se abrido. Ele ficou paralisado por um momento diante da cena. Kali era forte. Ou pelo menos tentava mostrar ser. Mas seu corpo frágil já estava no limite. Ela não poderia suportar aquilo por muito mais tempo. Mas até quando ainda teria que aguentar?

— Tira logo ela da minha frente! O que está esperando?! – Rafael pegou Kali no colo – Se alguém perguntar ela caiu, entendeu, Rafael?

Ele fez que sim e levou Kali para o quarto. Colocou-a na cama e trancou a porta. Olhou para a menina sentindo o coração doer de angústia. Tinha que tirá-la dali logo.

Abriu o guarda-roupas e tirou um cobertor da última prateleira. Atrás dele havia uma caixa pequena de primeiros-socorros, presente do Sr. Luiz. Limpou e colocou curativos nos machucados espalhados pelo corpo de Kali. Quando terminou, cobriu-a com o cobertor. Ficou sentado ao seu lado a observando por algum tempo.

Pegou a caixinha de primeiros-socorros e derrubou todo o conteúdo sobre a cama. Puxou o fundo da caixinha revelando um compartimento com um embrulho de papel. Abriu o embrulho e dentro havia todo o dinheiro que ele havia conseguido guardar no último ano. Contou o dinheiro. Era o suficiente para os dois viajarem para longe, mas não comeriam ou teriam onde dormir. Rafael não sabia o que fazer para acelerar sua fuga. Não podia contar com a ajuda de ninguém e nem podia ser imprudente e fugir apenas com aquela quantia. Fugir para morrer de fome não era uma opção. Seria trocar a esperança pela morte.

Não. Queria a felicidade de Kali acima de tudo. Daria a ela essa felicidade. De alguma forma a salvaria o mais rápido que pudesse. Ela merecia isso. Ele devia isso a ela.


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Notas finais do capítulo

Se você leu até aqui #obrigada^^