Em Busca de um Futuro Melhor escrita por Lyttaly


Capítulo 16
15


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas o/
Mais um capitulo o/
Estou tentando postar um capitulo por semana. Voltei, finalmente, a me animar pra escrever o/
Enfim...
Boa leitura o/



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(Às vezes não sei o que pensar ou sentir...)

— Rafael, anda logo com esse cinto! – Célia gritou, nervosa com a demora.

Bêbada, ela cambaleou até a escada. Victor já dormia e roncava alto no sofá. Célia subiu o primeiro degrau segurando na parede quando sentiu o mundo à sua volta girar.

— Rafael! – Gritou mais uma vez. – O que pensa que está fazendo?

Célia colocou o pé em mais um degrau, mas quando pôs o peso do corpo nele sentiu apenas quina do degrau. Sem apoio suficiente e já sem firmeza por causa da bebida, seu corpo pendeu para frente e sua cabeça bateu no corrimão. Kali se assustou com o barulho, olhando para Célia desacordada; Rafael correu, já com o cinto nas mãos, preocupado que algo tivesse acontecido com Kali; Victor se remexeu no sofá, logo voltando a roncar.

Rafael viu o corpo de Célia caído sobre a escada.

— Ela não se mexe. – Kali falou. – Será que…

Rafael chegou mais perto e viu que sangue escorria pela testa de Célia. Viu que o peito dela se mexia.

— Ela tá respirando. Vou chamar uma ambulância. – Rafael falava rápido tentando pensar o que fazer. – É melhor não tocar nela.

Ele pegou o celular de Victor que estava saindo do bolso de sua bermuda e ligou para a emergência.

— Eu acho que eu vou ter que ir com ela pro hospital, mas você não pode ficar aqui com esse bêbado… Acho que vou ligar pra Isabella e perguntar se você pode ficar lá.

— Vai incomodar ela a essa hora, Rafael?

— É a única pessoa que pode nos ajudar, Kali.

Kali não queria incomodar ninguém no meio da noite, mas a ideia de ficar sozinha com Victor a assustava mais, principalmente depois que lembrou o que aconteceu algumas horas antes.

A ambulância chegou 20 minutos depois. Isabella havia acordado assustada com o telefone tocando de madrugada, ignorou o fato de não saber de quem era o número desconhecido e apenas atendeu temendo alguma tragédia. Quando Rafael pediu ajuda ela pegou as chaves do carro sem pensar muito e sem nem saber o que tinha acontecido. De pijama mesmo dirigiu até a casa dos seus alunos e viu a ambulância chegando logo depois dela. Ela saiu do carro e correu para dentro da casa mais preocupada ainda. Assustou-se quando viu o corpo de Célia desacordado.

— O que aconteceu? – Ela perguntou a Rafael.

— Célia caiu na escada. – Os socorristas entraram na casa apressados já fazendo perguntas a Rafael. – Eu só preciso que você leve a Kali com você.

— E você?

— Eu tenho que responder as perguntas aqui e ir pro hospital com a Célia…

Ele não pôde falar mais nada porque os paramédicos queriam respostas logo.

— Eu vou levar ela, não se preocupe.

— Obrigado. – Rafael sorriu pensando em como era bom ter Isabella como amiga.

Isabella viu Kali que estava ainda assustada encostada em uma parede. Ela segurava uma mochila que Rafael havia preparado com suas coisas e apenas olhava toda a confusão sem de fato prestar atenção no que acontecia ali. Nem havia visto Isabella chegar.

— Vamos? – Isabella tocou em seu ombro, despertando-a.

Kali correu para abraçar Rafael, ignorando o paramédico que conversava com ele. Rafael a abraçou de volta e beijou sua testa.

— Vai ficar tudo bem. Vai com a Isabella. Eu preciso que você fique segura antes de qualquer coisa. Faz isso por mim? – Kali apenas afirmou com a cabeça. – Amanhã eu vou lá te ver, okay?

Kali mais uma vez afirmou, desfez o abraço, pegou sua mochila e seguiu Isabella para fora da casa.

— Sua namorada? – O paramédico perguntou para Rafael.

— Não, minha irmã.

— Desculpa, é que vocês não se parecem.

— Somos ambos adotados.

— Entendi.

Outro paramédico, que até aquele momento estava avaliando a situação de Célia, se aproximou.

— Vamos levar sua mãe para o hospital. Ela teve um traumatismo. Parece que também caiu em cima do braço, quebrando-o. Como ela caiu?

— Eu só ouvi o barulho. Ela tinha chegado bêbada e deve ter se desequilibrado.

— Seu pai ali não parece muito bem também. – O paramédico apontou para Victor no sofá.

— Ele não é meu pai. E ele tá bem. Vamos logo pro hospital?

***

A casa de Isabella não era tão longe e logo ela e Kali chegaram. Kali ficou em silêncio durante todo o caminho. Não que ela costumasse falar, mas Isabella pensou que aquele era um silêncio diferente. Ela queria saber o que se passava na cabeça de Kali.

— Fique à vontade. – Isabella disse quando entraram em casa.

Sua casa era bonita e aconchegante. Um sofá bege ocupava uma parede cinza, à sua frente havia uma mesa de centro de vidro e um grande tapete branco embaixo. A parede oposta ao sofá parecia ser feita de madeira e uma televisão grande ficava ali. Do outro lado da parede de madeira ficava a cozinha que tinha tons de amarelo e branco nos armários com uma grande pia de granito preto. Também havia uma mesa não muito grande de vidro preto no espaço que sobrava da cozinha. No canto da sala, ao lado do sofá, uma escada em espiral azul levava ao segundo andar da casa. Kali sentiu que aquele era um lar e pensou se um dia teria aquilo, não pelas coisas que ali havia, mas pelo sentimento de aconchego que o ambiente transmitia.

 – Tem um quarto de hóspedes lá em cima. Meu irmão sempre fica nele quando vem pra cá.

Isabella subiu as escadas acompanhada por Kali. O andar de cima tinha apenas um corredor com três portas do lado esquerdo e uma ao fundo. As paredes eram claras com alguns quadros de desenhos abstratos com molduras escuras.

Isabela caminhou até a segunda porta.

— É este o quarto. Pode ficar à vontade. Você quer alguma coisa pra comer?

— Não, obrigada. Eu só preciso dormir um pouco.

— Tudo bem então. Qualquer coisa me chama. Meu quarto é o do fim do corredor. – Isabella apontou para a porta ao fundo e depois para a primeira porta do corredor. – E esse é o banheiro. Er… Boa noite, então.

— Boa noite.

Kali entrou no quarto. Não era muito grande: uma cama de solteiro, coberta por um forro azul, encostada na parede, um guarda-roupas pequeno na parede oposta e uma escrivaninha branca ao lado da cama. Kali trancou a porta e sentou-se na cama. Sentia que seu corpo precisava de descanso, estava tenso, mas não estava com sono. Deitou-se na cama e ficou olhando o teto por muito tempo onde havia várias estrelas coladas. Não pensava em nada específico, só contava as estrelas. Quando se cansou resolveu ver o que Rafael havia colocado em sua mochila: roupas, sabonete, escova de dente e de cabelo e seu diário. Havia ganhado ele há pouco mais de um dia, mas nem se lembrava da existência daquele objeto. Ficou algum tempo olhando para ele, até que decidiu escrever. Pegou uma caneta em uma caneca azul que estava em cima da escrivaninha e, deitando-se na cama, começou a pensar no que escreveria, até que as palavras simplesmente se formaram no papel.

Estou confusa... Não sei o que estou sentindo. Parece que eu simplesmente não sinto nada...

Hoje foi um dia tão fora da rotina que estou acostumada que eu não sei o que pensar.

Primeiro a Isabella me ajudou em casa. Daí o Victor chegou mais cedo me caçando como um predador procura a caça. Depois Felipe apareceu como se soubesse o que estava acontecendo... Comemos pizza... Lembrei do meu tio Marcos e até consegui sorri como não fazia há tempos. E, para acabar com minha momentânea felicidade Celia e Victor chegam tão bêbados em casa que mal se aguentavam em pé. Não que isso não seja rotina, mas serviu pra me lembrar como eu não posso ser feliz. Eu não tenho tempo suficiente pra isso…

Os meus dias parecem cada vez mais longos. Cada dia eu penso que tudo e todos conspiram contra minha felicidade. E o breve momento que eu tive de alegria, agora que eu penso, parece nada diante de tudo que aconteceu nesse longo dia. Quase que ficou imperceptível.

Mas eu lembro do que senti... Quando a Isabela me ajudou, gratidão; quando o Victor apareceu, medo; quando Felipe apareceu, alívio, surpresa, confusão, confiança; quando Victor foi embora, sono, nostalgia por dormir naquele sofá que nem lembrava mais a última vez que usei; quando senti o cheiro da pizza, saudade; quando vi o Rafa, alívio, pela segunda vez num só dia, e alegria; quando Célia me chamou, medo e quando ela caiu... Não senti nada. Foi a parte do dia em que nada importou. Nem alívio eu senti. Por um instante o desejo de ver Célia morta passou por minha cabeça. Eu devia me sentir um monstro por causa disso?

Não sinto nada.

A menina que um dia se empolgou em ver os animais no zoológico e que pediu com ansiedade por uma pizza de queijo, não existe mais. Queria saber onde ela está, se, bem lá no fundo, ela ainda existe e vai aparecer antes que eu enlouqueça pra me salvar como fui salva hoje. Só espero que ela não demore muito a dar as caras, porque não sei quanto tempo mais eu vou aguentar em sã consciência...

Lágrimas desceram pelo seu rosto sem que percebesse. Desejou o abraço de Rafael e o sorriso de Felipe.

Chorou até seu sono chegar.


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Notas finais do capítulo

Só pra situar quem leu Primeiro Ano, a partir de agora a Karol escreve depois de conhecer o Diego. Então a história vai mudar daqui pra frente. Mas vai mudar pra melhor ou pra pior? O que vocês acham?
O que será que aconteceu com a Célia, em?
O que será que vai acontecer daqui pra frente?
Se você leu até aqui #obrigada^^



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