Em Busca de um Futuro Melhor escrita por Lyttaly


Capítulo 15
14


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoas o/
Sentiram minha falta? Eu senti de vocês!
Demorei mais do que eu pretendia, mas finalmente estou aqui o/
Na real eu fiquei doente nessas ultimas semanas então não deu mesmo pra postar antes... Mas agora estou bem e estou tentando me programar pra postar com mais frequência. Enfim, conversamos la embaixo.
Boa leitura o/



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(...mas ajuda é sempre bem-vinda.)

O som da campainha ecoou pela casa uma terceira vez. Kali viu a sombra de Victor se afastar da porta e ouviu seus passos se distanciando.

— Você vai sair pela porta dos fundos. – Kali disse a Isabella.

— Isso só vai funcionar se ele atender a pessoa na sala ou na cozinha. Se ele continuar na porta, ele vai me ver.

— Você tem razão...

— Kali! – Victor chamou. – Visita pra você.

Kali desconfiou. Podia ser um truque de Victor para que ela saísse do quarto.

— Vai lá. – Isabella disse vendo a menina hesitar.

— E se for um truque dele?

— Não é. Confie em mim.

— Como você pode ter certeza?

— Eu só tenho. Agora vai lá. Eu vou esperar aqui e quando der eu vou sair.

— Tudo bem, eu vou…

Kali abriu a porta devagar. Ainda estava com medo, mas os olhos de Isabella passavam confiança e ela decidiu acreditar. Quando chegou na escada viu Victor em pé na entrada da sala de braços cruzados e olhando fixamente para dentro do cômodo. Aproximou-se ficando ao lado de Victor, sentindo seu estômago embrulhar com o cheiro de suor e álcool que era forte nele. Estava com medo por estar ao lado de Victor.

Um sentimento de surpresa e confusão tomou-a quando olhou para o mesmo lugar que Victor olhava e reconheceu Felipe sentado no sofá.

— Felipe? O-o que tá fazendo aqui?

— Vocês se conhecem mesmo? – Victor perguntou ainda sem tirar os olhos de Felipe.

— Estudamos na mesma sala. – Kali respondeu ainda olhando para Felipe confusa. – Por que está aqui? – Perguntou a ele mais uma vez.

— Vim trazer seu caderno.

"Caderno?" – Kali ainda estava sem entender.

— Eu acabei esquecendo de te devolver ontem e segunda-feira não vou na escola. Como sei que você vai precisar dele resolvi trazer.

— Você deu seu endereço pra ele, Kali? – Victor perguntou olhando agora para a menina que encolheu os ombros.

— Eu pedi o endereço dela na secretaria da escola. – Felipe respondeu antes que Kali formulasse uma resposta, tomando de volta a atenção de Victor.

— Só que eu não entendi algumas coisas e queria que você me explicasse, se puder.

Um silêncio se fez presente por alguns instantes. Kali não se lembrava de ter emprestado nenhum caderno a Felipe e o caderno que ele segurava definitivamente não era seu. Victor ainda estava desconfiado e irritado com o fato de Felipe ter atrapalhado seus planos. Tinha até chegado mais cedo em casa para pegar Kali desprevenida. Felipe estava começando a ficar constrangido com os dois o olhando fixamente, mas manteve a postura.

— Então, – Felipe quebrou o silêncio – você pode me ajudar?

Kali pensou que aquela era a oportunidade de se livrar de Victor até que Rafael chegasse. Então resolveu entrar naquele jogo do qual não sabia como ou por que começou.

— Eu te ajudo sim.

— Obrigado. Aqui seu caderno. – Felipe estendeu o caderno para Kali que se aproximou e se sentou no sofá pegando o caderno.

— Qual sua dúvida? – Kali abriu o caderno percebendo que não tinha nada escrito nele.

— Aqui. – Felipe passou algumas páginas em branco do caderno apontando para a folha em que parou como se tivesse algo escrito ali. – Eu não entendi esta matéria.

Kali olhou para Felipe tentando entender o que estava acontecendo. O que ele estava fazendo ali e mentindo, como se soubesse que ela estava em perigo?

“Não. Ele não teria como saber, teria? ”

— Essa... matéria é fácil. – Kali voltou a encenar.

— Não me dou bem com matemática em nenhuma circunstância. – Felipe riu.

Victor decidiu olhando a cena que precisava beber mais e saiu de casa batendo a porta. Felipe, finalmente relaxou os ombros e deitou a cabeça no encosto do sofá respirando fundo. Não tinha percebido o quão tenso estava. Kali observou esse movimento em silêncio fechando o caderno e o devolvendo a Felipe.

— Vai me dizer por que está aqui? – Kali perguntou depois de alguns minutos em silêncio.

— Ele já foi? – Isabella apareceu na sala assustando Kali que tinha se esquecido da presença dela depois das coisas estranhas que aconteceram.

— Foi sim. – Kali respondeu.

— Olá, Felipe, tudo bem?

— Tudo bem, Srta. Tally. Vim tirar umas dúvidas de matemática com a Kali.

— Okay, então. Não vou atrapalhar vocês. Até mais.

— Obrigada pela ajuda, Isabella. – Kali agradeceu acompanhando a professora até a porta.

— Sempre que quiser estou aqui, tá bom? – Kali concordou com a cabeça e fechou a porta voltando para a sala.

— Então? – Kali cruzou os braços olhando para Felipe. Queria uma explicação.

— E-eu senti que algo estava errado.

— Sentiu? – Kali desconfiou.

— Eu estava certo, não estava?

— S-sim, mas...

— Não consigo descobrir nada que não tenha me dado as pistas certas.

— Eu ainda não entendi por que está aqui. Essa sua explicação é cheia de furos. E o que quer dizer com pistas? Como você poderia ter pistas disso se nem eu sabia o que ia acontecer?

— Eu posso prometer que um dia te explico sem furos, que tal?

— Por que não explica agora?

— Porque não posso.

— Isso não faz sentido nenhum! – Kali se sentou, derrotada. Algo em Felipe lhe fazia acreditar que podia confiar nele.

— Quando seu irmão chegar eu vou embora. Só pra garantir que você vai ficar segura.

— Por que se importa?

— Porque quando passei por isso eu não tinha ninguém pra me proteger. Eu sei o quanto não ter essa proteção é ruim e se você permitir eu quero te proteger quando eu puder.

Kali apenas ficou em silêncio. Percebeu que Felipe não ia dizer o que estava acontecendo, mas agradeceu internamente pela presença dele ali. Todo o medo que teve minutos atrás havia passado agora.

Kali ligou a televisão quando o silêncio se tornou constrangedor. Minutos se passaram e ela sentiu os olhos pesarem. Estava cansada depois de todo o trabalho que teve para arrumar a casa e pelas noites sem dormir. Seu corpo ainda doía e agora podia sentir as dores aumentarem. O efeito do remédio para dor que tinha tomado já tinha passado, mas o sono que sentia era maior que a necessidade de remediar a dor. Dormiu sem perceber.

Acordou duas horas depois sentindo o cheiro de pizza. Pensou estar sonhando. Fazia anos que não sentia aquele cheiro. Lembranças de seu falecido tio vieram à sua mente.

—O que vocês acham de comer pizza hoje? – Marcos perguntou às crianças que estavam atentas ao filme animado que havia alugado para assistirem.

Os três estavam sentados no tapete felpudo da sala, encostados no sofá e comendo pipoca. As crianças estavam de férias e Marcos havia tirado uns dias de folga para passá-los com as crianças.

— Pizza! – Os dois gritaram animados.

— De que sabor querem?

— Calabresa! – Rafael disse.

— Queijo! – Kali respondeu.

— Então vou pedir metade calabresa e metade queijo.

— Obrigada! – Kali o abraçou recebendo um abraço aconchegante de volta.

Estava feliz. Não tinha mais seus pais, mas tinha amor suficiente de seu tio e isso lhe bastava.

Uma lágrima solitária desceu pelo rosto de Kali. Sentiu saudades dessa época em que era feliz e inocente. Queria ter o poder de voltar a esses dias onde brincava com seu tio e Rafael. O amor deles preenchia o vazio que seus pais deixaram. Lembrava-se de ter sofrido muito com a morte deles. Chorava todas as noites e pensava que um dia eles voltariam. Não queria acreditar que eles tinham morrido. Na verdade, na sua cabeça de criança, não entendia muito bem a morte. Nos primeiros meses após o acidente tinha pesadelos e acordava gritando. Quando isso acontecia Rafael ia até seu quarto e a abraçava até ela parar de tremer e voltar a dormir. Rafael sempre queria proteger a prima, irmã mais nova que ganhou inesperadamente. Não gostava de vê-la chorar e sempre fazia de tudo para que ela sorrisse.

Kali se sentou no sofá mais uma vez sentindo o cheiro de pizza. Caminhou até a cozinha ouvindo a voz de Rafael.

— Rafael! – Ela acelerou os passos para abraçar o irmão.

— Eu devia ter vindo pra casa com você. – Rafael se sentiu culpado.

Quando chegou em casa viu Felipe sentado num dos sofás e Kali dormindo no outro. Felipe contou a mesma história de que sentiu que algo estava errado e que quando chegou na casa ouviu os gritos de Victor e resolveu ajudar. Rafael não confiava muito em Felipe, mas tinha que admitir que se ele não estivesse ali Kali estaria em perigo. Os dois conversaram bastante até que Felipe decidiu pedir uma pizza.

— Você está bem? Aquele cara fez alguma coisa? – Rafael estava preocupado apesar de Felipe ter lhe dito que Kali estava bem.

— Estou bem, não se preocupa.

Kali desfez o abraço e olhou para a pizza em cima da mesa. O cheiro estava bom e se sentiu faminta.

— Eu estava com fome. – Felipe explicou. – Daí decidi pedir pizza. Rafael disse que você gosta de queijo. É metade queijo, metade calabresa.

— Meu pai sempre pedia esses sabores, lembra? – Rafael disse nostálgico.

— E ele não gostava. – Kali completou sorrindo triste.

Felipe sentiu como se estivesse invadindo o espaço dos irmãos e apenas ficou em silêncio observando os dois.

— Vamos comer? – Rafael disse depois de alguns instantes relembrando o passado.

Comeram em silêncio. Kali e Rafael se distraíam aproveitando o gosto da pizza que há muito tempo não comiam e não sabiam quando teriam a oportunidade de provar mais uma vez daquele sabor.

***

— Acho melhor você ir embora. – Kali disse a Felipe quando terminaram a refeição. – Já tá tarde.

— Hoje é sexta-feira. Eles chegam mais tarde. – Rafael disse. Não confiava muito em Felipe, mas o pouco que conversaram fez com que Rafael se sentisse bem. Não riram ou contaram histórias sobre a infância. Eram apenas conversas aleatórias, mas Rafael não conversava assim com alguém há muito tempo. Queria a oportunidade de conversar mais um pouco com Felipe, sentia que ele entendia o que estavam passando, só não sabia como.

— Exatamente por hoje ser sexta-feira que ele precisa ir. Você sabe como eles são às sextas, sempre bêbados e nervosos. Tenho que deixar a casa limpa. Desculpa, Felipe, eu não tô te expulsando. É só que as coisas são difíceis por aqui e…

— Tudo bem. – Felipe a interrompeu. – Eu prometi ficar até o Rafael chegar e como ele já tá aqui, eu vou embora.

— Obrigado, Felipe. – Rafael disse quando Felipe se levantou indo em direção à saída.

— Se precisar de alguma coisa é só falar, Rafa.

Rafael levantou uma sobrancelha achando estranho Felipe tratá-lo pelo apelido, como se tivesse alguma intimidade com ele. Felipe nem prestou atenção no que fez.

— Até mais! – Felipe se despediu.

Rafael olhou para Kali com uma expressão estranha, ainda não acreditando na petulância de Felipe. Kali riu da cara do irmão. Fazia tempo que não ria assim e Rafael ficou feliz por vê-la rir, sorrindo também.

Depois de algum tempo Kali foi arrumar a cozinha tomando cuidado para que não sobrassem evidências da pizza que comeram, pois isso seria motivo mais do que suficiente para Célia lhe bater. Rafael foi pegar as roupas do varal para passar e guardar. Depois de terminarem Kali e Rafael foram dormir.

Às 3 horas da madrugada foram acordados com as risadas bêbadas de Célia e Victor. Já esperavam por isso, pois era a rotina das sextas.

— Kali! – Célia chamou. – Desça logo aqui!

Kali desceu apreensiva. Torcia para que Célia estivesse bêbada o suficiente para que não quisesse lhe bater. Acontecia quase sempre.

— Quer dizer que você convidou gente pra vir aqui sem autorização?

— Eu não – Célia interrompeu-a.

— Vai me contrariar?

Victor, que estava bêbado e jogado no sofá, riu debochado.

O cheiro de álcool presente no ambiente fez o estômago de Kali revirar. Rafael estava parado no alto da escada escutando tudo. Se acontecesse alguma coisa ele poderia tirar Kali dali, já que Victor bêbado se tornava fraco e esquecia de tudo no dia seguinte. Célia não era diferente, e Rafael sabia pela sua voz que o tanto que ela havia bebido era o suficiente para uma amnésia alcoólica. Poderia agir sem ter consequências.

— Rafael! – Célia o chamou – Traz o cinto.

Rafael hesitou. E se estivesse enganado?

Kali sentiu um arrepio de medo. E se Célia não estivesse bêbada o suficiente para não conseguir bater-lhe?

Seria mais uma longa noite daquela longa semana.


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Notas finais do capítulo

Eu pensei muito sobre essa historia durante esse tempo e percebi que não passou nem uma semana no tempo da historia rsrs Eu fiz isso sem perceber, mas acho que ate contribuiu pra um clima mais tenso. Parece que os dias deles nunca passam. Concordam? Eu também fiz um roteiro para os capítulos, pra saber o q eu quero q aconteça em cada capitulo e no fim essa historia terá cerca de 26 capítulos, incluindo o epílogo, e depois eu volto com a segunda temporada de Primeiro ano. Quem esta ansioso? Eu estou o/
O que vocês acham que o Felipe não está contando, em? Alguma opinião?
Espero que tenham gostado do capitulo e ate o próximo o/
Se você leu até aqui #obrigada^^



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