Quarta-feira. Meia noite e dez.

   Catherine estava no abrigo de Kurt, sentada de frente para o mesmo. Depois de uma conversa, estavam em silêncio.

- Porque fez isso? – Catherine falara baixinho. Kurt continuara quieto.

- Porque era o certo a se fazer, minha criança. – Kurt falara, meigo.

- Não deveria, Kurt. Sabe o quanto Matthew gostava de Isabelle... – Catherine começara e fora cortada por Kurt.

- E sei o quanto você gosta dele. – Kurt falara e Catherine suspirara baixinho. – Não me arrependo do que fiz. – Kurt completara e Catherine continuara em silêncio, levantando-se e dirigindo-se a sala principal do abrigo. Passou devagar pelo monte de pessoas que tinha por alí, e Kurt a seguia, indo ocupar seu posto em uma das principais mesas, que dava uma bela vista de todo o salão.

Catherine passara e sentira alguém passar a mão em sua cintura, descendo para sua perna. Virou-se brusca e era um dos amigos de Thomas. O ruivo.

- Será que você é tão malvada quanto os outros falam? – O homem falou, fazendo os outros amigos soltarem risos debochados. Em menos de segundos puderam ouvir o baque das costas do homem batendo contra a batera. Ele parecia estar suspenso. Catherine segurava-o pelo pescoço com apenas uma das mãos, e o salão todo parou para observá-los. Os amigos do homem levantaram na mesma hora, prontos para fazer algo. Mas pararam no segundo seguinte.

- Não gosto de deboches. Não aturo pessoas como você. Então, antes de bancar o engraçadinho, pense duas vezes, se não, eu arranco seu crânio e jogo ele em um lago. – Catherine falara brusca. O homem estava com os olhos arregalados e nada falava. – Espero que estejamos entendidos. – Catherine soltara o cara, que caíra no chão e continuara andando para fora do local, sentindo o olhar de todos sob ela.

     Matthew voltara da rua e adentrara a casa de Thomas (onde ele estava habitando, no momento) e observou o mesmo jogado no sofá com dois corpos no meio da sala. Pareciam garotas de 15 anos.

- Thomas! – Matthew falara, parando no meio da sala. – O que... O que você fez? – Matthew falara, olhando-o espantado.

- O quê? – Thomas perguntara, empurrando um dos corpos inertes no chão com um dos pés. – Isso? Ah sim, foram meu alimento de hoje. O sangue era delicioso, Matt. Você tinha de provar...  – Thomas falara sorrindo normalmente.

- São crianças. – Matthew falara seriamente. Thomas balançara a cabeça e o olhara sério.

- Não, Matthew. São sacos de sangue. São alimentos. – Thomas se levantara e caminhara devagar até Matthew, colocando suas mãos no rosto do homem, segurando-o e olhando-o fixamente nos olhos. – Não devemos ter pena. – Thomas falara com o rosto a milímetros da face de Matthew. Matthew se soltara e caminhara quieto até o sofá, desviando-se dos corpos no chão. – Você fala como Catherine, às vezes.

- Porque uma hora nós temos de entender quem somos de verdade. Todos nós somos cruéis. Só que Catherine é mais, você sabe disso. – Thomas falara, aproximando-se novamente de Matthew, sentando-se ao lado dele no sofá.

- Sim. Mas ela me faz sentir saudades. – Matthew falara e Thomas o encarou durante algum tempo.

- Amanhã você irá conversar com ela. É só esperar. – Thomas completara e Matthew virara seu rosto em direção ao chão, observando o sangue manchado no tapete da sala.