I Wanna Be Yours escrita por Julieta


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Tenho duas coisas a dizer.
Primeiro: mil perdões pela demora :c
Segundo: SOCORRO, A FIC RECEBEU UMA RECOMENDAÇÃO! Gente, eu surtei quando vi e ainda surto, continuo surtando todos os dias cada vez que entro no Nyah! e leio ela. Fiquei muito feliz, e quero agradecer a linda Larissa Lima que recomendou, então, MUITO OBRIGADA, você não sabe como isso me deixou feliz. Pra tentar agradecer de alguma forma, esse capítulo eu dedico à você (não é grande coisa, mas não sei o que posso fazer pra agradecer, então...)
Enfim, a música do capítulo é Drunk, do Ed ♥ Espero que gostem!



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ALGUNS MESES DEPOIS

Quero estar bêbado quando acordar no lado certo da cama errada. Devemos nos falar então? Manter tudo entre amigos? Apesar de eu saber que você nunca vai me amar como antes. Eu ficarei bêbado, de novo, para sentir um pouco de amor. — Ed Sheeran, Drunk

— Precisamos conversar — a voz de Audrey soou fria ao telefone, o que fez Nico congelar.

— O que houve, Aud? — ele perguntou, preocupado. — Está tudo bem?

— Nico, eu... — Audrey parou de falar e Nico pode ouvi-la respirar fundo. — Você pode vir ao meu apartamento?

— Claro — ele murmurou. — Apareço aí em 15 minutos.

Audrey não respondeu, apenas desligou, deixando Nico sozinho com seus pensamentos e o piii irritante do telefone. Nico colocou o aparelho na base e correu para o quarto. Se trocou rapidamente, mas não penteou o cabelo. Audrey gostava de quando Nico ficava com o cabelo bagunçado.

Ele poderia viajar facilmente de seu apartamento até o de Audrey pelas sombras, e chegar lá em questão de minutos, mas não o faria. Passara todos esses meses fazendo Audrey acreditar que ele era um cara normal, até alugara um apartamento em Manhattan a alguns quarteirões do dela para dizer que tinha onde morar, não podia fazê-la estranhar aquilo apenas por causa de sua curiosidade. Audrey já lhe fazia perguntas demais, e Nico não precisava de mais problemas.

Ele poderia ir apé, ou até esperar alguns minutos e viajar pelas sombras até lá, mas resolveu pegar um táxi. Quando chegaram, Nico pagou o motorista e desceu. Antes de bater, ele respirou fundo, torcendo para que fosse só mais uma habitual crise de TPM de Audrey.

Quando a garota abriu a porta só de pijama, Nico percebeu que algo estava errado; ela nunca ficava de pijama durante o dia, nem deixava a casa bagunçada. Só fazia isso quando estava extremamente triste, desanimada e deprimida.

— Não repara na bagunça — ela disse com a voz rouca, e Nico sorriu, se aproximando dela. Ele a beijou, e, apesar de ela ter correspondido, algo naquele beijo estava errado. Os lábios dela estavam secos, e ela parecia pouco a vontade.

— Como você está? — Nico perguntou, sentando no sofá. A casa de Audrey era bonita, apesar de ser bancada pelos pais dela.

— Bem — Audrey cruzou os braços, escorada na porta de entrada da sala, observando Nico. — Eu vou direto ao assunto. Acho que devíamos dar um tempo.

Nico demorou para absorver o que ela havia dito. Sua boca, de repente, havia ficado seca.

— O que? — ele se levantou, tremulo. Não estava entendendo o por quê de Audrey estar fazendo aquilo.

— Isso não está mais dando certo, Nico. Só você não percebeu.

Nico a olhou, indignado. De repente, o modo como Audrey esteve agindo nos últimos dias começou a fazer sentido.

— Do que você está falando? — ele perguntou, nervoso, sua voz soando mais fina do que pretendia. — Você sabe que eu te amo, Audrey. Não faça isso comigo.

— Nico, eu também te amo, mas... — ela parou. A expressão dura mostrava como estava sendo difícil para ela terminar o relacionamento de meses dos dois. — Você diz que me ama, mas não confia em mim, Nico. Eu não sei nada sobre você. Não sei sobre a sua família, não sei onde você trabalha, não sei sequer o nome dos seus pais. Tudo o que eu sei, é que seu nome é Nico di Angelo, que você tem 25 anos, que aparece com dinheiro sempre que precisa, mas não faço a mínima ideia de onde você arruma isso.

Nico sentiu o mundo girar. A única garota que o fazia se esquecer de Olivia era Audrey, e ele a estava perdendo. Não podia contar a ela que seu pai era Hades, que os deuses existiam, que ele arranjava dinheiro no Mundo Inferior. Não podia dizer que era um semideus; aí sim Audrey o chamaria de louco e o mandaria embora. Nico não sabia o que fazer.

— Aud, por favor — Nico se aproximou, abraçando-a forte e murmurando. Sua voz saíra abafada por ele estar com rosto enterrado no pescoço da garota, que era mais baixa que ele. — Você é tudo o que eu tenho. Não me deixe. Por favor, não me deixe.

— Nico... — Audrey sussurrou, acariciando os cabelos do garoto. — Não torne isso mais difícil.

— Não, Audrey — Nico se agarrou ainda mais a garota. — Você está terminando comigo pleno 4 de julho. Tinhamos planos para hoje á noite, lembra? Eu não posso ficar sem você. Você é tudo que eu tenho.

— E Olivia? — Audrey perguntou, soando fria.

Nico sentiu o coração parar. Soltou a namorada, se afastando e encarando-a sem entender. Ele nunca falara nada sobre Olivia para ela.

— O que...? Como você...?

— Você fala enquanto dorme — os olhos de Audrey ficaram marejados.

— Aud, eu juro...

— Não minta para mim, Nico. Você estava me traindo?

Nico gelou. Não conseguia entender como a possibilidade de ele estar a traindo tivesse passado pela cabeça de Audrey. Depois que ele a conheceu, não ficou com nenhuma outra garota, além dela.

— É claro que não! — Nico passou as mãos no rosto, sentindo os olhos marejarem. Audrey já não aguentara mais; uma lágrima escorreu por seu rosto. — Você é a única, Audrey. É a mulher da minha vida.

— Então por que chama por outra enquanto dorme abraçado comigo?! — Audrey berrou, e agora não era apenas uma lágrima em seu rosto.

— Eu não sabia! — Nico gritou. — Por que não me falou antes?

Audrey riu, seca.

— Toda vez que a gente briga, resolvemos tudo transando. Não conversamos mais, Nico. No começo eu estranhei, mas não reclamei. Eu não queria chegar a esse ponto. Mas é que dói, sabe? Dói quando depois de transarmos você dizer que me ama, e quando dorme sonha com outra garota.

Nico respirou fundo. Suas mãos estavam tremendo.

— Ela foi meu primeiro... amor — Nico resolveu abrir o jogo. Já bastava mentir para Audrey sobre suas origens; não queria ter que mentir sobre aquilo. — Foi a primeira garota que eu realmente amei. A primeira por quem eu sofri. Mas agora, isso não importa, Audrey. Agora, é você quem eu amo.

— Você ainda pensa nela. Não podemos ficar juntos se o seus pensamentos estão nela. Não podemos ficar juntos se o seu coração pertence a ela.

— Não me deixe ir — Nico pediu mais uma vez, sua voz soando baixa como um sussurro. Audrey limpou as lágrimas e caminhou até a porta, abrindo-a.

— Eu sinto muito — ela murmurou olhando para o chão, enquanto Nico caminhava em sua direção. — Eu vou sentir a sua falta.

— Eu... — Nico gaguejou, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Então ele a beijou, aproveitando cada segundo. Seria a ultima vez que sentiria Audrey assim, tão perto dele. — Eu te amo, Audrey — ele sussurrou, e então saiu.

*****

— Porcaria de amor — Nico murmurou para si mesmo, virando mais um copo do melhor e mais caro wiski. O bar estava cheio, a música alta misturada ao som de vários homens grandes e esquisitos conversando soava distante aos ouvidos de Nico. Aquele deveria ser o pior 4 de julho de toda a sua vida. — Afrodite cretina.

Ele ergueu a mão ao garçom, pedindo-lhe mais uma dose. Nico já estava bêbado o suficiente, o mundo já girava como se ele estivesse em um carrossel alucinante, mas ele não conseguia parar. Estava se sentindo tão vazio e sozinho, tentando preencher o buraco que havia se formado em seu peito com álcool. Ah, ele entedia disso melhor que ninguém. Quando se sentia sozinho e pensava muito em Olivia, vinha para o mesmo bar, encher a cara até cair e acordar no dia seguinte jogado em qualquer canto da calçada.

As pessoas bebem para tentar preencher o vazio com álcool, pois não tem o que realmente precisam. E, certo, por hora elas se esquecem; mas, no dia seguinte, quando estão novamente sóbrias, sentem o mesmo vazio, talvez até maior, com o bônus de uma dor de cabeça desolante.

Nico virou o copo, sentindo a bebida passar queimando por sua garganta. Tentou olhar o horário em seu relógio de pulso, mas sua visão estava borrada demais para isso. Tudo o que sabia era que faltava menos de uma hora para a queima de fogos do 4 de julho. Então Nico pensou em como a queima era mais bonita vista da praia do Acampamento Meio-Sangue, e de como ele conseguiria pegar uma garota fácil para essa noite. Com um sorriso torto, deixou o dinheiro das bebidas no balcão e saiu do bar, mancando e cambaleando, tropeçando em seus próprios pés.

Nico começou a caminhar pelas ruas de Nova York. Lutava para se manter em pé enquanto começava a sentir gotas geladas de água tocarem seu rosto, parecendo dar pequenos choques ao colidirem com sua pele quente. A chuva típica de verão começava a aumentar, e a água estava literalmente deixando Nico de cabeça fria, um pouco mais sóbrio. Sua jaqueta de couro preta já estava ficando encharcada. Ele olhou novamente seu relógio de pulso, percebendo agora que faltavam menos de dez minutos para a queima de fogos no Acampamento Meio-Sangue começar.

Nico ainda estava meio zonzo, mas graças a chuva conseguia enxergar as coisas com mais clareza. Estava decidido a ir para o acampamento, então resolveu tentar viajar pelas sombras, para chegar lá a tempo. Nunca tentara viajar bêbado para tão longe, mas achava que não seria tão difícil assim.

Primeiro pensou na Colina Meio-Sangue, depois no Chalé 13 e por fim na Praia dos Fogos. Então decidiu ir para lá.

Quando as sombras tomaram conta de Nico, seus pensamentos se desviaram do destino escolhido. Subitamente, seus pensamentos foram levados para outra coisa; outra pessoa. Ele automaticamente pensou em Olivia Smith.

Nico se viu em uma pequena estrada. A sua esquerda, várias árvores altas se estendiam, uma floresta. A sua direita, uma praia. Nico percebeu que estava na pequena estrada que terminava na Colina Meio-Sangue. Ele não entendera muito bem por quê estava ali. A chuva estava muito mais forte naquele ponto, deixando Nico completamente encharcado. Ele tinha que piscar a cada segundo, sem conseguir enxergar muito bem com as gotas que se alojavam em seus cílios, e não conseguia ouvir nada além do barulho ensurdecedor da chuva.

Nico olhou em volta, procurando por algo que o tivesse levado até lá. Então, depois de alguns minutos parado e confuso, começou a caminhar lentamente em direção a Colina Meio-Sangue. Mas ele parou imediatamente, cerrando os olhos para a pequena silhueta que corria em sua direção, provavelmente vinda do acampamento.

Nico gelou quando reconheceu os mesmo cabelos loiros que ele tanto adorava, balançando encharcados enquanto a garota corria. Suas mãos estavam cobrindo o rosto, como se ela não quisesse que ninguém a visse. Ela tropeçava e por pouco não caia, enquanto se aproximava de Nico cada vez mais, sem perceber.

Olivia tropeçou. Nico estava perto o bastante para segurá-la, apertando-a sobre seu peito, como se quisesse protege-la da chuva. Lily ergueu os olhos confusos para observá-lo, e ela pareceu completamente surpresa por vê-lo ali. Nico a encarou, tirando o cabelo molhado que grudava no rosto de Lily com uma das mãos, enquanto a outra segurava firmemente a cintura da garota, deixando seus corpos completamente colados.

— Deuses — Nico murmurou, quando percebeu o estado de Olivia.

Era difícil reparar, mas seus olhos estavam vermelhos, assim como seu nariz, e ela chorava, soluçava, as lágrimas escorrendo e se misturando com a água da chuva.

— Vai ficar tudo bem — Nico despejou um beijo na testa da garota, a apertando mais forte. — Eu estou aqui agora.


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Notas finais do capítulo

Reviews... conseguimos 8? :3