A terceira eterna vida de Bree Tanner. escrita por Cactus Saint


Capítulo 3
Unhas mal feitas


Notas iniciais do capítulo

Hey, people!
Como estão?
Humm... Eu queria agradecer à Grazi Fernandes e à Gio por comentarem. Eu realmente aprecio comentários legais e construtivos. Então um beijo para essas duas criaturinhas limdas!
Bem, e aqui está mais um capítulo. Espero que gostem.
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2. UNHAS MAL FEITAS

Julliett brigava com meus gêmeos sobre alguma coisa que eu não me interessava. Meus pais já tinham seguido viagem há alguns minutos atrás.

Eu estava esperando os dois na Mostrenga –– o apelido carinhoso que Harry deu à Kombi pintada no estilo tie dye, porque uma certa pessoa... não eu... foi hippie por um tempo e conseguiu convencer meus pais a pintar a Kombi toda colorida e com símbolos da paz –– para irmos para a escola.

Olhei em volta, para tentar matar o tédio. Minha casa não era como a dos outros habitantes de Forks –– ao menos, não igual à dos Mortais ––, ela era mais afastada da cidade e era bem parecida com uma fazenda que qualquer coisa. E nós tínhamos uma boa vantagem por isso, pois sem vizinhos tão perto, não havia necessidade de escondermos quem somos em casa.

Mesmo estando impaciente, foi inevitável rir quando Julliett deu um tapa na cabeça de Kevin, e o mesmo correu para o carro puxando Harry consigo, que por sua vez jogava beijos para Jullie, a deixando ainda mais irritada com eles.

–– Vai, vai, vai! –– Kevin gritou, assim que estavam parcialmente seguros dentro da Mostrenga.

Girei a chave e dei partida, seguindo para o meu inferno diário.

***

Eu já estava ofegante. Na verdade, nós estávamos.

Eu, Amy, Becky, Kevin e Harry corríamos feito loucos tentando ao máximo chegar a aula de inglês.

–– Nós não vamos conseguir! –– Amy gritou meio histérica.

–– Vamos sim! –– gritei de volta, já avistando a porta que seria nosso destino final.

Comecei a contar as passadas que eu dava a tropeções. Uma passada, meu pé deslizou de leve, mas consegui me equilibrar. Duas passadas, tudo bem, eu ainda estava de pé. Três passadas, eu estava inteira e a porta estava a quatro passadas. Quatro passadas, Becky entrou, abriu a porta feio a doida que era e correu pra achar algum lugar vazio. Quinta passada, Amy, Kevin e Harry de alguma forma conseguiram passar ao mesmo tempo pela porta. Sexta passada, atravessei a porta. Sétima passada, nessa passada de perna eu deslizei pelo piso claro e gelado, e me estatelei no chão; de novo, pra variar.

As gargalhadas foram gerais, e eu corei, então Kevin veio me ajudar a levantar e murmurou um “não core, Abelhinha” pra tentar me animar. Não funcionou. Eu estava me batendo mentalmente, já que tinha gente demais por perto para eu ficar me esbofeteando feio uma retardada.

Balancei a cabeça, enquanto procurava um lugar vago, encontrando um no fundo da sala, ao lado de uma garota que eu não me recordava de ter visto pelos corredores –– E uma pequena parte do meu cérebro lembrou da história dos novatos. Ela era bonita, com traços delicados e um tom de pele muito claro, dando uma aparência meio angelical a ela. Comecei a caminhar até lá, sendo obrigada a passar perto da carteira da nojenta da Emma- Odeio Bree. Também conhecida como Emma Blue. Ela me odeia. Eu a odeio. É a única coisa que temos em acordo.

–– Nossa, Bree, é impressionante como você consegue ser ainda mais ridícula a cada dia –– falou, e sua cachorrinha (leia-se: Charlott) soltou uma risadinha tosca.

Revirei os olhos para ela, o que fez Emma me encarar com raiva. Algo pareceu chamar sua atenção, então ela se abaixou e pegou alguma coisa. Eu pretendia não dar muita importância, mas isso mudou quando percebi que era o meu caderno de poesias, onde eu anotava poesias de poetas famosos e fazia minhas observações –– muito pessoais –– sobre cada uma delas. Se Emma lê-se aquilo para toda a sala, minha pequena reputação iria por água abaixo. E eu me perguntava: como ele tinha caído da minha bolsa?! Ah, claro... eu tinha deixado o bolço meio aberto e quando eu caí, o caderno criou asas e voou.

Emma virou-se para mim, com um sorriso maligno nos lábios.

Merda, Bree, porque você tem que ser tão retardada?

–– Ops. –– Emma começou, segurando meu caderno como se fosse um bicho morto. –– Own, Abelhinha –– olhei para ela, lentamente. Se eu pudesse queimá-la com o olhar (o que seria possível, se eu já fosse uma Dominadora muito diva), eu o teria feito.

–– Pode me dar meu caderno?

Emma fingiu que não me escutava, e começou a folhear as páginas.

–– É o seu diário? Você não tinha me contado que era escritora. Ah, meu Deus, isso é tão legal.

Estiquei minha mão, me controlando para não queimá-la ali mesmo.

–– Por favor –– pedi.

Emma fechou meu caderno e o afastou de mim.

–– Posso pegar emprestado por um minuto? Eu adoraria ler alguma coisa que você escreveu. –– Ela sorriu pra mim, toda fofa.

–– Eu queria de volta agora. Por favor. –– Para todos os alunos (e ao que parece, o professor também, já que ele não fazia nada) isso estava ficando interessante. Nenhum dos meus amigos intervia porque eles sabiam que era o certo a se fazer.

–– Primeiro você teria que saber ler. –– Uma mão pequena e pálida apareceu em meu campo de visão, pegando meu caderno da mão da cobra da Emma e me entregando.

Eu não queria encarar a pessoa, estava envergonhada demais para isso. Também não olhei para Emma para saber como estaria sua expressão de choque. De alguma forma consegui murmurar um “obrigada” eu voltei a caminhar até o lugar vago ao lado da menina ruiva. A pessoa que me ajudou me seguiu, o que me deixou confusa. O que a pessoa queria comigo? Acalme-se, Bree. Sem paranoia.

–– P-Posso me sentar aqui? –– perguntei baixinho, corando. Bem, você deve estar se perguntando como eu sou tão destemida com a Emma e tão envergonhada com os outros. Mas eu sou assim, e acho que a Emma desperta uma Bree diferente em mim, sabe?

A menina ruiva sorriu para mim, e as leves sardinhas douradas que haviam em ambos os lados do seus nariz se destacaram um pouco.

–– Claro. –– Ela parecia muito animada por eu simplesmente perguntar isso. Franzi as sobrancelhas e segurei minha língua para não perguntar nada. A tal pessoa que estava me seguindo sentou do outro lado da garota, e eu pude observa-la. Era uma garota, tão bonita quanto a ruiva. Tinha cabelos em um tom de castanho-avermelhado, caindo em cascatas de leves ondas perfeitas; olhos grandes em um tom chocante de dourado; lábios cheios e rosados, que tinham um enorme destaque com os olhos e a pele extremamente pálida. Ela parecia ter dormido muito mal, pois tinha olheiras tão profundas e escuras que chamavam atenção de longe, se você olhasse por trás de toda aquela beleza inumana. Mas eu não podia julgá-la por dois fatos: Primeiro, eu tinha olheiras tão profundas –– talvez até mais –– que as dela. Segundo, embora não fosse absurdamente linda, eu também não parecia muito humana, afinal.

Assenti leve para a ruiva enquanto me sentava e me virei para frente, abrindo meu caderno e tentando prestar atenção no que o professor dizia –– tentando, pois eu estava sonolenta demais para aquilo. Não estava dando nem um pouco certo. Mas eu precisava me manter acordada, acordada, acordada, acor... a...

Em menos de um segundo eu tinha apagado.

Quando eu acordei –– que foi exatamente quando a ruiva veio me chamar e falar que o sinal tinha tocado (uma atitude muito delicada da parte dela) ––, parecia que eu tinha dormido nas corcovas de um camelo, e fora eu quem ficara com a dor nas costas.

A outra garota ainda estava do lado dela, e agora Amy, Becky, Kevin e Harry estavam em pé enquanto eu ressuscitava dos mortos.

–– Credo, Bree –– Kevin fez uma careta.

Lá vem, pensei.

–– Você parece uma morta-viva.

Harry riu, e eu fechei a cara para eles.

–– Você também, animal.

Levantei da carteira, me espreguiçando enquanto reprimia um bocejo.

–– Ahnn.. Bree? –– A menina ruiva me chamou, meio incerta.

–– Sim?

Ela parecia estar envergonhada.

–– E-Eu só queria me apresentar... Sabe como é.. –– murmurou, e eu senti pena dela. A ruiva ficou de pé, assim como a morena que me ajudou com o lance do caderno, e percebi que elas eram mais baixas que o meu 1,75 metro; um palmo, mais ou menos. –– Meu nome é Renesmee, eu sei, é meio estranho –– quando disse isso lançou um olhar de esguelha para a morena-do-lance-do-caderno, que revirou os olhos disfarçadamente. –– Mas você pode me chamar de Nessie, que, eu sei, também é estranho. –– Ela corou e fez uma careta adorável, ela parecia uma garotinha, e ser menor que eu a tornava ainda mais fofa.

Sorri para ela, tentando acalmá-la. Ter outra pessoa tímida tornava as coisas... mais fáceis e mais complicadas. Mais fáceis porque não se tem nenhuma necessidade de explicar porque você é tímida, e mais difíceis porque é meio complicado para conversar, então em algum momento um ou outro tem que tomar a iniciativa e simplesmente falar.

–– Bem, se serve de consolo, todo mundo ama me chamar de Abelhinha por aí. –– Lancei um olhar mortal para os gêmeos, que fingiram não perceber.

A ruiva, digo, Renesmee riu leve, parecendo melhor, e a morena pareceu me amar eternamente só por ter feito a ruiva-fofa sorrir. Se eu olhasse bem as duas, elas meio que pareciam irmãs –– o formato dos olhos e do nariz era parecido. A boca da ruiva-fofa era cheia, pequena e redonda, como a de um bebê; já a boca da morena era igualmente cheia, um pouco maior e era mais desenhada, e o lábio inferior era (de forma discreta) menor que o superior. Bem, talvez fossem irmãs mesmo. Tipo, eu, Harry e Kevin dividimos o mesmo útero e enquanto eles eram idênticos e loiros –– parecidos com meu pai ––, eu era morena e parecia mais com a minha mãe. Nós duas éramos tipo versões em épocas diferentes de uma mesma pessoa. Olhos verdes, cabelo castanho-quase-preto e tez pálida.

–– Ah! –– a ruiva exclamou, dando um leve tapinha na própria testa, como se lembrasse de algo muito importante. –– Essa aqui é a Isabella, minha irmã. –– Ela falou irmã de um jeito estranho, como se não fosse a colocação certa.

A morena fez uma careta para a ruiva e depois sorriu para mim, acenando.

–– Só Bella. Isabella soa estranho e é muito longo.

–– Só Bella –– assenti. –– Ah, e esses são Kevin, Harry, Amy e Becky.

Eles acenaram e disseram um “oi” para as novatas. Eu não tinha contado que os dois tapados eram meus irmãos, mas Kevin me fez a gentileza de abrir aquela boca idiota dele e soltar a seguinte frase:

–– Ah, ela só esqueceu de comentar que ela é nossa irmã gêmea. –– Maravilha, ele não podia ter apenas dito que ele e Harry são meus irmãos? Tinha que acrescentar que nós três somos trigêmeos? Não me leve a mal, mas quando se é irmã das duas criaturas mais acéfalas de toda Forks, é inevitável não sentir um pouco de vergonha das idiotices que eles falam. Mas tudo bem, eu ainda amo esses dois retardados.

–– Isso é legal! –– Nessie falou, animada demais com a notícia.

Essa menina é meio estranha, pensei. Há, Bree, como se você fosse normal pra julgar alguém. Maldita consciência e toda sua coerência!

–– Ah, e como é... –– murmurei, sendo irônica mesmo sem querer.

Renesmee me olhou confusa.

–– Não gosta de tê-los como irmãos?

–– Na verdade eu gosto, mas eles são um tanto... retardados.

–– Hey, nós estamos aqui! –– Harry balançou as mãos no ar como se não pudesse ser visto.

Revirei os olhos.

–– Bem, eu tenho que ir para aula, e se não me engano, vocês dois também.

Girei meus calcanhares e caminhei até a porta, parando para dizer:

–– Até mais Nessie e Bella. Amy e Becky, vejo vocês na Hora da Tortura –– também conhecida como Educação Física. –– Kevin e Harry seus animais, venham logo!

As meninas acenaram e os gêmeos apressaram o passo para me seguir.

***

–– Vamos lá, menina Bree, sinta a energia positiva que tem aqui no seu coraçãozinho e passe para a argila! –– A louca da Srta. Stanley colocou a palma em meu peito, me olhando com aqueles olhos castanhos e esbugalhados.

Os seres acéfalos (vulgo: Kevin e Harry) estavam em meus flancos, e contraíam os lábios tentando não rir. Eu só conseguia manter meus olhos arregalados a boca meio aberta. A Srta. Stanley me assustava muito. –– E vocês também, loirinhos engraçadinhos –– ela apertou as bochechas dos gêmeos, que reprimiram uma careta.

Emma Odeio-Bree soltou uma espécie de relincho, mas acho que ela devia estar rindo ou algo assim.

Ter aula de Arte era obrigatório, e eu teria que suportar a Srt. Stanley por mais alguns anos.

Coloquei minhas mãos sob a argila, que girava lentamente no torno de oleiro. Era meio estranha a sensação de sentir aquela coisa gelada e mole girando e girando pelas minhas mãos. Não, não era meio estranho, era nojento. Dar forma ao fogo seria mais interessante, porém aquela aula não era como as aulas que eu recebia de Annabeth, minha professora elementar particular.

Anna me dava aula teórica nas terças, quintas e sextas depois do jantar. Meus sábados também eram ocupados por suas aulas práticas sem falta, a não ser que eu estivesse muito doente. Caso contrário ela me fazia pular da cama as 5:00 e caminhar por duas horas até chegar na nossa “campina de treinamento”. Mamãe sempre morreu de medo de que eu, por acidente, colocasse fogo na casa; o que já aconteceu, uma vez. Então ela nos mandava pra bem longe de casa, só por precaução. Mas eu sabia que não era por isso; Anna sempre amou me fazer sofrer.

A adoidada da Srta. Stanley largou as bochechas dos gêmeos e se virou para a turma.

–– Hoje quero que realmente experimentem. Vocês não serão avaliados por isso. Sintam a argila. Libertem a mente. Busquem bem fundo. Sintam o caminho até a alma.

Olhei para a argila novamente. Suspirei. Isso era quase tão ruim quanto Educação Física.

Então, quando a sala foi ficando em silêncio e o barulho dos tornos de oleiro se sobrepôs aos resmungos de nojo dos gêmeos e à falação das fileiras de trás, tentei me focar naquela porcaria.

Enquanto eu olhava a argila na minha frente, a massa virou uma mancha. Quanto mais eu me concentrava, mais a sala se dissolvia ao meu redor, até que a argila pareceu estar girando a sala, a mesa e minha cadeira junto. Como se tudo estivesse ligado nesse redemoinho de movimento constante. A sala estava desaparecendo à minha volta. Lentamente, estiquei a mão e passei a ponta de um dedo pela argila.

Depois um brilho, e a sala que girava se dissolveu em outra imagem...

Era um garoto.

Eu não conseguia discernir seu rosto. Estava tão escuro...

Eu corria o máximo que podia para alcança-lo. Ele começou a ser sugado por uma espécie de buraco negro, e eu finalmente estava perto o suficiente para ajudá-lo.

Vi a mão dele. Vi minha mão agarrar a dele, meus dedos suados tentando se firmar em seu pulso –– sem muito sucesso ––, numa tentativa desesperada de segurá-lo. Mas ele estava escorregando; eu podia sentir, os dedos passando pela minha mão.

–– Não solte! –– gritei para ele, e minha voz saiu estranha, rouca demais.

Eu queria ajuda-lo, queria segurar. Mais do que jamais quis alguma coisa. Eu não era forte o bastante. E então ele escorregou pelos meus dedos...

–– Bree, o que está fazendo? –– A Srta. Stanley parecia preocupada.

Abri meus olhos e tentei me concentrar, me trazer de volta. Que inferno tinha sido aquilo?! Olhei para minha mão cinza e enlameada, coberta de argila seca. A argila no torno de oleiro trazia uma marca perfeita de uma mão, como se eu tivesse acabado de achatar seja o que for que eu estivesse fazendo.

Olhei para minhas unhas sem esmalte, onde dava para ver a argila que eu tinha raspado do torno.

–– Bree, você podia ao menos tentar fazer alguma coisa.

A Srta. Stanley colocou a mão sobre meu ombro e dei um pulo.

–– Mas, Srta. Stanley, acho que a alma da Srta. Tanner está se comunicando com ela –– Emma riu, se inclinado sob Kevin –– que me encarava de um jeito estranho, assim como Harry –– para dar uma boa olhada. –– Acho que ela está dizendo pra você fazer as unhas, Abelhina.

As garotas ao meu redor começaram a rir. Esmaguei a marca da mão com o punho, transformando-a num monte de nada cinza. Fiquei de pé e limpei as mãos no jeans quando o sinal tocou. Peguei minha mochila e saí rápido da sala, sem esperar os gêmeos, escorregando nos meus tênis quando virei no corredor e esbarrei em alguém. A pessoa estava seguindo pela mesma direção que eu, um pouco mais a frente, antes de eu quase atropelá-la. Levantei a cabeça para pedir desculpas e vi que era um garoto, que aparentava ter mais ou menos minha idade. O menino me olhava como se estivesse vendo um fantasma.

–– D-Desculpe-me, e-eu não estava prestando atenção e eu realmente sou muito desastrada, então não leve a sério, certo? –– Tagarelei, e isso pareceu despertá-lo de sei lá onde.

–– Tudo bem, sem problemas.

Ele sorriu, mas saiu mais como uma careta. Ótimo, mais alguém pra me zoar, pensei, revirando os olhos mentalmente.

O menino meio que reprimiu outra careta e estendeu-me a mão.

–– Meu nome é Edward Cullen, prazer.

Levantei uma sobrancelha para ele, desconfiada. E a mão dele continuou lá, estendida, esperando que eu me apresentasse e aceitasse o cumprimento formal. Eu tinha que admitir que ele era educado demais para alguém da idade dele –– não eu que fosse uma mal educada, mas Kevin e Harry passavam vergonha em qualquer um com cérebro (algo que os dois não tinham). Edward pareceu se divertir com minha hesitação.

Estendi a mão para ele, e notei que sua pele era tão gelada quanto a dos Conjuradores da Água. E, corrompida pela curiosidade, perguntei:

–– Você é um Conjurador?

Edward me olhou confuso, como se não entendesse o que eu disse. Eu devia ter falado mais baixo que o habitual.

–– Um Conjurador. Conjurador da Água, para ser mais específica. –– sorri sem jeito, sem querer parecer intrometida ou algo assim.

O ruivo continuava com aquela cara de confusão. Ele era surdo ou o quê?

–– Sua pele, cara. –– Isso pareceu iluminar sua expressão, e ele me olhou como se eu soubesse seu maior segredo. Ele ainda estava tocando minha mão, então devia estar entendendo perfeitamente. Que menino lerdo, meu Deus! Educadíssimo, mas lerdo. –– Você tem a pele tão fria quanto a de um Conjurador da Água. Eu não sou burra. –– Segurei a mão dele com mais firmeza. –– Está sentindo? Sou como você, só que sou Conjuradora do Fogo, por isso minha pele é tão quente.

Ele me encarou como se eu fosse louca.

–– Desculpe-me, mas, não sei do que está falando. Mesmo. Não entendo essa de Conjurador da Água e Conjurador do Fogo. Minha mãos só ficaram geladas assim por causa do frio e da argila da aula da Srta. Stanley. –– Ele continuava a me encarar como se eu fosse louca, e eu me sentia confusa. Mas o que ele disse fazia tanto sentido, porque minha mãos também tinha ficado geladas por causa da argila... Porém eu não o tinha visto na aula. –– Eu estava sentado no fundo, perto da janela –– acrescentou.

Eu queria me bater. Por Deus, como eu era idiota! Kevin estava me passando sua doença?!

–– N-Não é n-nada. Esqueça, foi uma brincadeira. É... Tenho que ir! Tchau, Edward! –– Me desviei dele e sai correndo, de novo, pra variar.

–– Ei! –– o ouvi gritar, me chamando, enquanto eu me distanciava. –– Você não disse seu nome!

–– Bree, meu nome é Bree! –– Gritei sob o ombro, tentando sorrir para ele. Ele também sorriu, como se ele já esperasse por aquilo. Bem, ele estava na aula de Arte, então deve ter escutado por alto, e eu era a única garota na escola que usava aquela touca preta escondendo todo o meu cabelo dentro dela.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acham? Já odeiam a Emma? Sentiram uma pegada Dezesseis Luas? Pois é, não consigo evitar. Hahah.
Escrevi com amor. E espero que comentem, recomentem e (como diz uma amigona minha) joguem purpurina!
Beijos,
Elle