Depois de um dia digamos que... Um tanto azarado, finalmente o sol foi embora, dando lugar a uma linda lua, que iluminava o lago como um projetor de luz. As estrelas brilhavam no céu noturno, dando uma linda vista ao lugar. O pessoal estava espalhado ao redor da fogueira. Mas eu nem precisava saber onde cada um estava. A que importa estava ao meu lado. Só o que eu achei estranho foi que dessa vez o Nico não estava perto da Thalia. Essa que estava ao lado do Luke.

Annabeth estava sentada do meu lado esquerdo. Seus cachos dourados estavam soltos, caindo em seus ombros.

– Ei, quem você acha é a pessoa com quem a Annabeth está... Namorando? – sussurrei para Rachel, que estava do meu lado direito.

– Eu não disse que ela estava namorando ninguém, mas sim ficando.

– Tá, ta! Tanto faz. – respondi. – Mas quem é?

Rachei olhou para mim e ficou me encarando por alguns segundos. Eu já tentava elaborar uma ótima desculpa para dar.

– E ainda dizem que garotos não são fofoqueiros. Bom, eu não tenho certeza, mas acho que é o Nico.

– A gente não está... – comecei. – Espera... O Nico? Por que o Nico?

– Não sei, mas ultimamente eles têm conversado bastante, e estão sempre junto. A Annabeth sempre some do nada, e por digamos que “coincidência” o Di Angelo também. É estranho ou não?

Suspirei aliviado.

– É sim, muito estranho – concordei com ela.

Depois de ficarmos conversando na fogueira, o pessoal começou a se espalhar. Piper e Jason foram para um canto. Luke e Thalia para o outro. Silena e Beckendorf para outro, e assim os outros.

– É, acho que vou dar uma volta por aí – disse Nico levantando-se.

– Ou esperar alguém para matar do coração! – eu disse. Nico riu, depois saiu e me deixou sozinho.

Fiquei sentado pensando no dia horrível que eu tive, e Silena dizendo “bom trabalho. Acho que agora você realmente conquistou a Annie.” Patricinha insuportável. E ainda tive que aturar Thalia rindo de mim a tarde toda. As piadas dela e tudo o mais. Lembrei de Annabeth fazendo curativo na minha perna. Tirando a parte em que ela bateu onde estava machucado, por eu ser muito “abusado.”

Como será que o meu pai está se virando sozinho com o Tyson? Acho que ainda não tacaram fogo na casa. Alguém já teria me ligado.

Distraído em pensamentos, não percebi ninguém se aproximando, até que o alguém coloca as mãos em meus olhos, tampando-os.

– Se acertar ganha um beijo – sussurrou Annabeth em meu ouvido.

– Ah, não sei. Silena, Rachel, Reyna?

Annabeth tirou as mãos dos meus olhos.

– Errou! – disse ela com um tom de irritação na voz. Puxei-a, fazendo com que a garota caísse sentada em meu colo.

– É claro que eu sabia que era você, loira. – então a beijei. O mundo ao meu redor parecia ter parado de girar. Enquanto eu beijava a Annabeth, nada mais importava para mim. Já me disseram que quando é a pessoa certa, você sabe. E foi exatamente o que aconteceu. Eu sabia que era ela. Eu a amava!

Eu poderia ter ficado ali para sempre, mas como o mundo conspira contra mim, faltou o bendito ar. Os olhos da Annabeth pareciam brilhar, por conta da luz que a fogueira produzia. Ela era tão linda, que eu poderia ficar olhando-a para o resto da minha vida, e nunca cansaria.

– Por que você está me olhando com essa cara de abobado, Cabeça de Alga? – Annabeth perguntou sorrindo.

– Nada, é só que... Você tem um sorriso lindo! – ela corou um pouco, e desviou o olhar do meu, mas eu toquei o seu rosto levemente com os dedos, virando a para mim, outra vez. – eu gostaria de ser sempre o motivo desse sorriso.

POV Annabeth

Vir para esse meio de nada foi apenas pelo motivo do Percy ter ido. Ele estaria lá, e por isso eu também queria estar. E estar ali, em seus braços, escutando todas as coisas que ele me falava, era perfeito.

Olhando para ele, e pensando no que poderíamos ser, mas toda vez que olho para o Percy, não consigo dizer nada. Não consigo dizer que ele é sim, o motivo do meu sorriso bobo todas as manhãs ao acordar, antes de dormir, e todas as vezes que me vejo perdida pensando naqueles olhos verde-mar. A minha cabeça começa a rodar, e eu percebo que o amo, mas não o digo, pois tenho medo de perdê-lo. E se um dia ele for embora? Estou cansada disso. Não vou correr o risco de tudo voltar a ser cinza de novo. Percy aproximou o seu rosto do meu, e me beijou mais uma vez, afastando tais pensamentos de minha mente.

Separamos-nos por falta de ar, outra vez.

– Annabeth, eu te... – coloquei o meu dedo em uma boca, fazendo se calar.

– Não continue, por favor.

– Tudo bem... Deixa pra lá! Ah, vamos mudar de assunto então. Eu ouvi dizer que terá um baile na sua escola. Será que eu posso convidá-la, senhorita Chase?

– Ahn... Vou pensar no seu caso, Sr. Jackson – respondi e fingi pensar por alguns segundos. – claro que sim, Cabeça de Alga.

Percy assentiu com a cabeça, e então, levantou-se, e me colocou em seu ombro, de forma que eu fiquei de cabeça para baixo.

– Percy, o que você está fazendo?

Ele não respondeu, continuou andando. Depois de algum tempinho ele me colocou no chão. Estávamos em frente ao lago. Percy me carregou de novo, mas dessa vez de frente.

– Não, você não vai fazer isso, Cabeça de Alga. – ele me olhou com cara travessa, e então pulou no lago.

Percy me puxou para baixo. Eu queria matá-lo. Era de noite, e estava fazendo frio. A água estava gelada e eu só conseguia pensar no monstro do lago ness.

Ele voltou a superfície.

– Então, sabidinha, quer ir ao baile comigo?

Comecei a bater nele.

– Você é um idiota, Percy! Você fez isso só para me convidar para o baile, seu imbecil!

– Você vai achar mais alguém assim? – ele brincou. Eu ainda batia nele. Percy me puxou e me beijei, eu acabei cedendo, e correspondi.

– Eu te odeio Jackson!

– Acho que isso é um sim, não é?

Sim, idiota! – acabei rindo junto com ele.

(Dia seguinte):

– Cabeça de Alga, acorda. – disse Annabeth, dando beijos na minha bocheca.

– Não quero... – respondi. Ela foi então chegando os beijos cada vez mais perto dos meus lábios.

Abri os olhos.

– Sabe, você poderia me acordar assim, aí todos os dias eu acordava no horário certo da aula. – brinquei. Annabeth me deu uma tapa de leve no braço.

– Vamos logo, já estamos de saída.

Não demorou muito e eu estava ajudando os outros a desmontar as barracas. Colocamos tudo nas costas e fomos caminhando até o carro.

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Havíamos finalmente chegado em casa. A porta estava escancarada. Entrei, e dei de cara com meu pai jogado no sofá. Suas roupas estavam sujas, a casa parecia um chiqueiro. Tinha chocolate pelo chão. Ou eu espero que seja chocolate. Roupas espalhadas por tudo que era canto da casa. As almofadas do sofá estavam no chão, a janela estava quebrada e tinha um monte de outros brinquedos espalhados.

– Ai! – gritei ao pisar em um lego. – mas que raios aconteceu aqui?

– Eu. Não. Aguento. Mais! – disse o meu pai pausadamente. Ele estava com uma bolsa de água térmica na cabeça. Foi então que a razão da casa estar de cabeça para baixo, entrou correndo na sala.

– Percy! – disse furacão Tyson, correndo em minha direção.

– Ei, o que é que você andou fazendo por aqui?

– Ele é um mini terrorista! – gritou o meu pai, mas para logo pôr a mão na cabeça. – Minha cabeça!

Subi as escadas até o meu quarto. Nem tirei nada da mochila, apenas me joguei na cama e apaguei.

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Acordei com o meu celular tocando. Abri os olhos. Mensagem:

“Vamos à casa da Annie, nem vou perguntar se você vai.”
Nico.

Levantei da cama na mesma hora e fui tomar banho. Vesti uma roupa e saí.

– Percy! – alguém me chamou.

– Ei, Lee. – Lee se aproximou. Ele estava com a namorada, Lucy. Uma garota muito chata e mimada por sinal.

– E aí, cara? Onde você está indo?

– Na casa de uma amiga. Querem ir?

– A Thalia não vai querer me matar, não? – ele perguntou.

– Acho que não, a casa nem é dela, acho que a Annie não vai se importar.

–Legal! - fomos os três caminhando. Lee e Lucy foram de mãos dadas, enquanto eu me queimava com a cera da vela. Lee e Lucy, estranho eles terem as mesmas iniciais.

– Sabe – disse Lucy rindo. – Annie, esse nome me lembra algo. – Lee começou a gargalhar junto com ela, eu não estava entendendo nada. Fiz cara de interrogação, ela então começou a explicar. – é só uma garota que achava que o Lee era apaixonado por ela. Mas foi tudo só uma brincadeira, nós demos um tempo, então o Lee começou a sair com ela, mas não era nada demais, não é amor?

– É! E a burra ainda achou que eu era louco por ela – e mais uma vez eles gargalharam. Eu realmente não via graça em nada disso. – mas ela se apaixonou, porque ninguém resisti ao charme do Fletcher aqui. Vê se eu tenho cara de quem vai se apaixonar por uma garotinha qualquer que parece mais um filhote de cruz credo. Foi tudo apenas uma brincadeirinha, logo depois eu a descartei e voltei com a minha gatinha.

– Vocês não acham que deveriam crescer? Que tipo de brincadeira é essa? Isso não tem grança nenhuma.

– Ah, desencana cara. É só uma mina chata lá do colégio.

Passamos o restante do caminho em silêncio. Finalmente chegamos até a casa da Annabeth. Toquei a campainha, não demorou muito o Luke abriu a porta.

Nós entramos e todo o pessoal estava lá, mas eu não vi a Annabeth, Thalia e nem a Rachel na sala.

Apresentei Lee e Lucy ao pessoal que não os conheciam. Fui até a cozinha e as encontrei lá.

– Ei!

– Legal, chegou o estrupício – disse Thalia revirando os olhos.

– Você mora no meu coração prima linda – disse com ironia na voz. – Annabeth, espero que não se importe, mas eu trouxe o meu amigo Lee, e a namorada dele, a Lucy.

Annabeth assumiu a mesma expressão dura, de quando eu a encontrei em uma lojinha de expressos, um dia depois de me esbarrar com ela na livraria. Seus olhos pareciam mais escuros, e o seu olhar vacilou. Thalia me olhou com uma cara assassina. Foi então que a minha ficha caiu.

No mesmo instante uma raiva tomou conta de mim. Empurrei a porta da cozinha com tanta força que até achei estranho as dobradiças não terem cedido. Dando passos fortes fui até a sala. Eu estava com tanta raiva que dei um soco com toda força. Lee caiu no chão. Seu nariz começou a sangrar instantaneamente. Ele rapidamente se levantou e tentou me acertar, mas eu me desviei. Dei um soco na barriga dele e o empurrei. Luke tentou me segurar, mas eu o empurrei para longe. Peguei Lee pela gola da camisa e o prendi na parede.

– Eu te considerava um irmão, seu desgraçado filho da mãe!

– O que eu fiz? – ele gritou.

– Eu juro que eu estou com vontade de arrancar as suas tripas e te enforcar com elas. A única burra que tem por aqui é a vadia da sua namorada! – disse gritando também. – Lee, eu juro por Deus, por Zeus, Athena, Poseidon, Thor, Odin, Borr, Osíris, Rá, ou qualquer outro deus que exista no mundo, que se você chegar perto da Annabeth de novo, eu te mato!

Nico e Jason então me puxaram, para que eu não mudasse de idéia, e resolvesse matá-lo bem ali. Thalia colocou os dois para fora. Annabeth estava parada apenas olhando tudo. Ela parecia um pouco abalada. Talvez por ver o imbecil que brincou com os sentimentos dela. Ou, por talvez ainda gostar do imbecil que brincou com os sentimentos dela. Como eu sou burro! Eu deveria ter visto isso desde o começo, eu sou burro, burro!

Vi uma lágrima escorrer pelas bochechas de Annabeth, mas ela rapidamente a enxugou, e correu para o seu quarto, fui atrás dela, e antes que a Annie pudesse fechar a porta eu coloquei o pé.

POV Annabeth

Quando Percy disse aqueles dois nomes, algumas coisas voltaram à minha mente, não coisas boas de lembrar. Eu queria que não fosse verdade, que eles não estivessem ali. Eu tinha raiva deles, eles brincaram comigo e se eu pudesse não os veria nunca mais na minha vida.

Percy é um idiota! Como ele pôde os trazer até aqui? Ser amigo daqueles seres deploráveis. Ele deu uma pancada tão forte na porta, que por pouco ele não caí no chão. Eu escutei o barulhode briga da cozinha. Thalia e Rachel correram para sala. Quando eu cheguei até lá, encontrei tal cena: Percy prendendo Lee na parede. O nariz do Lee sangrava. Luke, Jason e Nico tentavam tirar o Percy de cima do Lee, mas eles não conseguiram.

Ver aquilo só me faz lembrar mais ainda do que o Lee fez comigo, do quanto ele havia me iludido, mas eu também estava com raiva do Percy. Ele que os trouxe até aqui. O que me fez pensar se ele não sabia de tudo. Quer dizer, que ele sabia do que eles tinham feito, já que são amigos, só não sabia que havia sido comigo. Se tivesses sido outra pessoa, ele concordaria? Eu não posso acreditar nisso.

Thalia os colocou para fora à vassouradas. Senti uma lágrima queimar o meu rosto. Corri para o meu quarto. Percy veio atrás de mim, mas eu não queria vê-lo. Tentei fechar a porta, mas antes disso ele conseguiu colocar o pé, impedindo que eu a fechasse.

Abri a porta o suficiente para empurrá-lo.

– Percy, sai daqui! – gritei. – me deixa em paz. Eu não quero te ver. Me esquece! Acho que isso tudo chegou longe demais. Só me deixa em paz, por favor.

Fechei a porta. Percy começou a bater.

– Annabeth, me escuta! Eu... Eu só quero que você me escute um minuto. Você não vai me dizer que está fazendo isso por causa dele, não é? Não vai me dizer agora que você gosta daquela imbecil! Por favor, eu só... Eu só quero falar com você...

Me encostei na porta, e fui deslizando até chegar ao chão. Não Percy, não é por causa dele, seu imbecil! Você não vê mesmo, não é? Como pode achar que eu gosto de um idiota como o Lee? Você não consegue ver que é você, seu idiota! Mas eu não quero! Eu... Eu não posso!

Eu disse para você sair, me deixar em paz, mas na verdade tudo que eu queria era que você ficasse para ficar fora da minha janela jogando pedrinhas, gritando: “eu estou apaixonado por você. Com seus lindos olhos, esperando lá, em meio à chuva.

Passei a mão pela porta fechada. As lágrimas desciam descontroladamente pelo meu rosto, mas eu não as impedia.

Não quero que vá embora, porque eu sei que tudo que preciso está do outro lado da porta. Mas eu e meu orgulho estúpido, estamos sentados aqui sozinhos, lembrando de conversas com mentirinhas claras, e a imagem apagada de uma linda noite.