Acordei com o som do meu celular tocando. Esperei para ver se seja lá quem estivesse me ligando desistia, mas não adiantou, o celular continuou tocando. Ainda de olhos fechados, passei a mão pela mesa de cabeceira, até achá-lo.

– O que é? – perguntei ainda grogue.

– Bom dia para você também – disse Nico do outro lado da linha.

– Eu estava dormindo, seu filhote de cruz credo! Diz logo o que você quer.

– Cadê a educação? – Nico perguntou. Ele está de brincadeira com a minha cara, olha só! – mas, não liguei para te educar, então, como hoje é sábado e eu não quero ficar nesse tédio, chamei o pessoal para irmos acampar, ta dentro?

– Tá! Agora me deixa dormir! – respondi e desliguei o celular na cara dele.

Virei para o outro lado e já estava quase pegando no sono de novo, quando o meu celular toca, mais uma vez. Controlei-me para não metê-lo na parede.

– O que você quer agora? – disse da forma mais educada possível.

– Ah... Está estressadinho? – Annabeth perguntou. Levantei num pulo. – sua voz está estranha, estava dormindo?

– Não, não! Estou acordado desde cedinho – mentira, mas ela não precisa saber, não é?

– Tá... Arruma as suas coisas, o Nico me pediu para te buscar. Passo aí em 10 minutos.

Ela então desligou. Corri para o banheiro e tomei banho o mais rápido que pude. Fiz a minha higiene pessoal, e saí do banheiro. Olhei para o relógio que tinha em cima da minha mesa. Droga! Já têm 12 minutos desde que Annebth me ligou. Terminei de vestir a roupa, ouvi uma buzina, e logo em seguida Thalia gritando. Peguei algumas roupas qualquer e coloquei na mochila, depois coloquei a mesma no ombro, e desci. Falei com o meu pai, depois saí.

– Mais um pouco e nós iríamos te largar aí – disse Thalia, assim que eu entrei no carro. Annabeth estava no volante.

–Bom dia! – eu disse.

– Bom dia – respondeu Annabeth com indiferença.

Bom, Annabeth não fala comigo direito quando estamos na frente dos outros, Thalia não fala comigo direito quando... Na verdade ela quase nem fala comigo. Então, eu encostei a cabeça e cochilei.

– Jackson! – Luke gritou no meu ouvido. Acordei no susto. Ele, Thalia e Annabeth começaram a rir.

– O que é seu demente? – disse com raiva.

– Deixa de ser preguiçoso cara! – depois disso ele não me deixou mais dormir, fiou falando, falando, falando e falando. Igualzinho a prima.

Thalia e Annabeth foram conversando alguma coisa na frente, mas eu não consegui ouvir porque Luke não parava de tagarelar. Dei graças aos deuses quando havíamos finalmente chagado.

Saímos do carro. O resto do pessoal já nos esperava.

– O resto do caminho vamos ter que ir andando – disse Nico.

– Que maravilha – reclamou Thalia.

Começamos a nossa caminhada. Andamos, andamos, andamos, e andamos mais ainda. E ainda por cima, tínhamos que carregar uma porcaria de um isopor que estava com comida, ou então teríamos que comer insetos grelhado em fogueira. E uma droga de um violão que o Luke quis trazer.

– Eu não agüento mais! – Bianca sentou-se em um toco de árvore. – eu preciso descansar.

Depois de alguns minutos descansando, voltamos a andar. Quando chegamos, parecia que estávamos no mesmo lugar, porque era tudo a mesma coisa: mato.

Na frente: mato, atrás: mato, do lado: mato, do outro: mato. É, estamos no meio do mato.

– Que droga! – Silena começou a dar chilique. – é mato para todo lado, tem mosquitos, a umidade vai estragar o meu cabelo, e essa lama vai melar os meus vestidos, e atolar os meus saltos.

– Sério? – perguntei. – sério mesmo?! Você veio acampar de salto e vestido?

– E se eu for comida pelo leão das montanhas? – Annabeth e Thalia pareciam ter combinado, pois as duas reviraram os olhos.

– Aqui não tem leão das montanhas, sua jumenta! – nem preciso dizer que esse comentário foi da Thalia, não é? Se bem que... Eu já disse!

– Afinal, por que nós viemos para o meio do nada? – Luke perguntou.

– Para aproveitar o que sobrou da natureza em Nova York – Nico respondeu. Thalia olhou para ele, e eu posso jurar que a vi dar um leve sorriso. Quando ela viu que eu a estava olhando, voltou a fechar a cara.

– Espera... Como vamos tomar banho? – perguntei. Annabeth deu de ombros.

– No rio, ora! – ela respondeu como se fosse obvio.

Legal, eu estou cercado de mato e mosquitos, vou dormir em uma cabaninha e tomar banho num lago. Só falta me dizerem que eu vou ter que comer coelho assado. Isso se conseguirmos fazer uma fogueira.

Silena começou a discutir com Thalia. Clarisse ficou sentada apenas olhando distraída, assim como Rachel. Piper e Reyna tentavam fazer com que as duas parassem de brigar. Nico e Luke brigavam para saber quem iria dormir com a Thalia. Leo e Jason tentavam montar a barraca, e o Grover... Bem, o Grover estava se agarrando com a Juníper.

– Ei... – sussurrei para Annabeth. – vamos dar uma volta?

– Tá maluco? O pessoal vai notar que nós sumimos.

– Annabeth, olhe para esse fuzuê que está aqui, você acha mesmo que eles estão preocupados se nos estamos ou não aqui?

Annabeth revirou os olhos e me olhou como se quisesse queimar a minha alma como se tivesse a visão de calor do Superman, mas começou a caminhar para longe com passos longos. Continuei parado onde eu estava.

– Anda logo, Cabeça de Alga! – ela disse. Dei uma sacudida na cabeça e corri até ela. Fomos nos afastando do pessoal, até estarmos finalmente sozinhos.

Parei, mas Annabeth continuou a andar. Puxei-a pelo braço, fazendo-a virar, e ficarmos tão próximos que dava para sentir a sua respiração descompassada por ter andado tanto.

Emaranhei os dedos em seus cachos dourados e a puxei, selando os nossos lábios. Ela colocou uma mão em meu rosto, e com a outra segurou a minha mão que estava livre. Enquanto eu beijava Annabeth, parecia que o mundo ao meu redor havia desaparecido. Até que ele apareceu de novo ao ouvir a voz de Thalia. Annabeth me empurrou para longe, cambaleei para trás, mas os meus dedos embolaram em seu cabelo, e ela acabou quase caindo também, se não tivesse segurado em uma árvore.

– Garotinha metida a besta! – a voz de Thalia estava agora mais perto.

– Ai! – Annabeth gritou quando eu tentei soltar a minha mão do seu cabelo, mas eu acabei puxando, e não consegui tirar. – por que você tinha que colocar a mão aí?

– Sei lá, parece mais... Ah tanto faz! – ouvi a voz de Thalia de novo, mas agora ela parecia estar mais próxima ainda. Annabeth tentou me ajudar, puxei a mão de novo, e mais uma vez, puxei o cabelo dela.

– Puxa forte, idiota! – disse Annabeth. Eu então dei um puxão tão forte que fez com que Annabeth caísse no chão, bem na hora em que Thalia apareceu. Tinha um tufo de cabelo loiro na minha mão. Escondi antes que a punk visse.

– O que vocês estão fazendo aqui? – ela perguntou desconfiada. – e por que você está no chão?

– Nós... Nós viemos pegar lenha, para fazer uma fogueira. – disse Annabeth rapidamente. Thalia a ajudou a levantar. Ela esfregava a cabeça com a mão. – e eu acabei tropeçando em um tronco.

– Por que você não a ajudou a levantar, estrupício! – Thalia deu uma tapa na minha cabeça. – vamos pegar logo essa porcaria de lenha, já está escurecendo.

Depois de catar lenha para fazer a porcaria da fogueira, voltamos para onde os outros estavam.

POV Annabeth

Minha cabeça está latejando. Percy é mesmo um Cabeça de Alga. E quase me deixou careca. Deuses! Se a Thalia nos pega... Todos iam achar que eu e o Percy estamos namorando, e essa é a última coisa que eu quero nesse momento.

Depois que nós pegamos a lenha, fizemos uma fogueia. Pegamos alguns troncos de árvores para sentarmos.

Thalia estava sentada entre Nico e Luke. Eu estava ao lado da Piper, que estava ao lado de Jason. Do meu lado esquerdo estava o Leo ,e a Hazel que é irmã do Nico. Mais para o lado da Hazel estavam Rachel,Clarisse, Bianca, Silena e Beckendorf. Do outro lado da fogeuira, estavam Percy e Reyna, que pareciam estar em uma conversa muito “interessante” acho que interessante até demais, mas eu não ligo, ele não é meu namorado mesmo.

– Annabeth, posso falar com você? – perguntou Thalia, levantando-se. Assenti e nós fomos até uma das barracas. Entramos e nos sentamos nos colchões infláveis. – o que tem entre você e o Percy?

– Nada! – respondi mais rápido que o flash. Quando ela perguntou eu gelei, na maioria das vezes é difícil mentir para Thalia. – por que?

– Eu achei que estava rolando alguma coisa, vocês estavam sozinhos, e eu acho que você já percebeu que o Percy tem uma queda por você, não é?

– O... O que? Claro que não! Nós nem nos falamos direito... – respondi corando.

– Tanto faz! Ele é um bocó, não ligue para ele.

– E você, já sabe o que fazer em relação aos dois lá fora?

– Não! Eu... Sei lá, mas eu não queria gostar de nenhum desses dois retardados. Só que eu não consigo controlar o que sinto pelo Luke, mas também não consigo esquecer o beijo no Nico. Deuses! Por que o amor é essa droga? Seriamos muito mais felizes se ele não existisse.

– Concordo! – dei um sorriso fraco. Rachel nos chamou para comer. Saímos da barraca. Peguei um sanduíche e voltei ao meu lugar.

– AAH! – gritou Silena se batendo. – Esses mosquitos não me deixam em paz! Eu sei que o meu sangue é bom, mas dá um tempo. Droga!

– O que foi? – Bianca perguntou.

–Eu preciso ir ao banheiro. – Silena respondeu. Reyna disse que também queria e como elas estavam com medo, acabou tendo que ir, Rachel, Silena, Reyna, Bianca e Clarisse.

Jason e Piper foram dar uma caminhada noturna. Quem faz uma caminhada noturna quando se está no meio do mato? Leo estava dando em cima da Hazel, que nem dava bola para ela, mas... Ele é o Valdez e nunca desisti.

Luke e Nico estavam tentando chamar atenção da Thalia, que fazia de tudo para fugir deles. Acabou sobrando apenas eu e Percy na fogueira. Ela estava do outro lado, um pouco longe de onde eu estava, já que a roda era grande, pelo número de gente que tinha.

Percy me observava rindo, mas não dizia nada, e nem chegava perto. Ele não espera que eu vá até ele, não é? Pois vai morrer de esperar.

– Por que você está me olhando? – perguntei depois de não agüentar ele me olhar por tanto tempo.

– Não posso mais olhar? Eu achava que os olhos eram meus! – fiz uma careta. Ele levantou e sentou-se ao meu lado.

– Você e a Reyna são bem “amigos”, não é? – perguntei.

– É, eu a conheço desde sempre. – Percy franziu a testa. – O que você quis dizer com, “amigos”? Você por acaso está com ciúmes?

POV Percy

Depois de tanto escândalo da Silena, ela acabou que arrastando as outras para irem ao banheiro com ela, pois estava com medo. Não sei de quê. Alguém seqüestrá-la? Acho que ninguém é tão louco ao ponto de fazer isso, e se fizer, devolve, porque ela é muito chata e vivi dando chilique, mas... Eu até gosto da Barbie. Quando ela está longe de mim, claro!

Ficou apenas eu e Annabeth, já que Luke estava discutindo com Nico, para ver quem era melhor partido para Thalia. Essa que eu já estava vendo a hora de jogá-los na fogueira.

Observei Annabeth por algum tempo. Eu sabia que ela não queria falar comigo enquanto estivéssemos perto dos outros, então, apenas fiquei na minha, olhando-a de longe, e também porque eu estava querendo encher o saco, eu sei que ela acha que é só assoviar e eu vou correndo. Tá... Talvez seja verdade, mas só um pouquinho. Dessa vez eu quis esperar para ver se ela não vinha, o que não aconteceu claro!

– Por que você está me olhando? – Ela perguntou.

– Não posso mais olhar? Eu achava que os olhos eram meus! – Annabeth fez uma careta estranha para mim, e eu percebi que ela não chegaria mais perto mesmo, então levantei e fui para o seu lado.

– Você e a Reyna são bem “amigos”, não é? – ela perguntou fazendo aspas com os dedos, o que eu não entendi muito bem.

– É, eu a conheço desde sempre. – Franzi a testa mais uma vez sem entender, até que a minha ficha caiu. – O que você quis dizer com, “amigos”? Você por acaso está com ciúmes?

Perguntei rindo, com cara de convencido.

– Claro que não! – ela respondeu de uma forma bem “carinhosa.” Annabeth negou, mas eu sabia que ela estava com ciúmes da Reyna, no entanto, eu gosto dos meus dentes, então não disse mais nada.

POV Nico

Esse Luke é mesmo um metido, não é? Acha-se o garanhão! Acabei passando a maior parte do tempo discutindo com ele, sobre quem ficaria na mesma cabana que a Thalia. Mas ela disse que nenhum dos dois, que ela iria dormir com Annabeth e Piper.E foi para sua cabana, e disse que se um de nós dois fossemos lá, ela nos afogaria no lago, achei melhor ficar distante um pouquinho. Sabe como é, eu gosto de viver. Fui dar uma voltinha, já que o resto do pessoal tinha sumido, e Percy parecia ocupado com Annabeth, não seria eu que iria interromper.

Andei um pouco, afastando-me do acampamento. Sentei-me na beira do lago e fiquei observando a lua ao longe. Uma luz tão plácida, e serena. Lembrei-me de Thalia. É estranho eu estar sentindo isso por ela. É tão... Não sei, mas apenas de vê-la, já fico feliz. Certo... Agora eu estou parecendo o Percy.

Sabe de uma? Eu preciso dela perto de mim, não consigo mais ficar sem a Thalia. Esse seu jeito grosso, o estilo punk, nós até temos a mesma banda preferida. Acho que pode dar certo. É, pode dar certo. Vamos lá Di Angelo, seja homem. Levantei-me e voltei para perto das barracas. Vou torná-la minha, e isso vai ser agora. Ela vai ser minha, sim, ela vai!

Passei pela fogueira, Annabeth estava sozinha. Percy já deve ter ido procurar o que comer, nunca vi uma pessoa que come como ele. Parece que nasceu antes da comida. Ou então Annabeth já fez uma de suas ameaças de morte e ele foi esperto pelo menos uma vez na vida, e saiu de perto.

Entrei na barraca de Thalia, mas ela não estava lá. Comecei a procurá-la. Fui andando para mais dentro dos matos. Até que eu vi a cena que fez o meu coração pesar uma tonelada dentro do peito:

Luke estava sentado encostado em uma arvora, e Thalia em sua frente e eles estavam se beijando. Dei meia volta. É, acho que eu não sou o cara.

– Ei – disse sentando, e dando o maior susto, que dessa vez foi realmente sem querer, na Annabeth.

– Nico, você quase me matou de susto – ela disse. – o que foi?

– Thalia... Eu... Eu não consigo, sabe? Apenas... Não consigo! Eu a amo, Annabeth. – desabafei. Não sei porquê, mas acho que a conheço a bastante tempo, e acho que posso confiar nela. Isso é uma qualidade na Annie, ela sempre passa confiança aos outros. – Sim, eu a amo! Ela é minha prima, isso não é pecado?

– Não Nico – Annabeth respondeu rindo. – não é pecado, o único problema é que no caso de vocês vierem a ter um filho um dia, é possível que ele nasça com algum problema, não é sempre, mas na maioria das vezes sim, pois você tem uma genética muito parecida, fora isso, nada demais.

– Não tem problema, porque isso não vai acontecer.

– Do que você está falando? – Annabeth perguntou. Fiquei calado por alguns segundos, e então respondi.

– É do Luke que ela gosta, então, eu desisto. Eu desisto de tudo!

– Nico, você já conversou com ela? Você não sabe se ela realmente gosta do Luke, e se ela gostar de você? Precisa falar com ela.

– Eu a vi Annabeth, eu a vi com o Luke. Não sou eu, é ele!

Annabeth se calou. É, eu cheguei a acreditar por um segundo que ela poderia me dizer algo que pudesse me fazer acreditar que não era ele, mas... Acho que ela sabia que sim.

– Cadê o resto do pessoal? – perguntou Thalia, aproximando-se. – eles foram no banheiro, e até agora não voltaram?

– Eu não sei, mas aqui eles ainda não chegaram

– Eu estou com sono, boa noite Annabeth. – levantei-me e fui em direção a minha cabana.

– Boa noite para você também – disse Thalia. Nem tive o trabalho de me virar para falar com ela, apenas continuei andando. A garota veio atrás de mim. – Ei, Nico! Não vai falar comigo, mão?

– O que você quer que eu fale? – perguntei. – quer que eu fique o tempo todo atrás de você, enquanto você fica com outro? Thalia bastava você dizer que era o Luke, pelo menos eu não teria feito papel de idiota indo atrás de você.

– Do que você está falando, Nico? – ela perguntou – eu nunca disse que era o Luke, eu não sei o que eu sinto direito Nico, a minha cabeça está confusa.

– Não Thalia, não está, você já fez a sua escolha.