POV Thalia

Todos dizem que eu sou a pessoa mais insensível do mundo. Principalmente o meu primo Percy, esse me acha um monstro. Não é que eu não tenha sentimentos, é só que... É difícil demonstrá-los. Como o imbecil do Castellan, eu odeio aquele garoto metido, mas que faz o meu coração acelerar. Odeio sentir isso por aquele ser, e a única pessoa que sabe disso é Annabeth. Ela é única que sabe tudo sobre mim, a única que me conhece de verdade. Com ela eu sinto que posso falar tudo que penso, e que sinto.

Minha vida é uma bagunça. A minha cabeça é uma bagunça. Eu mal falo como meu pai, e quando acontece, sempre acaba em briga. Ele não gosta do meu jeito, das minhas roupas, das músicas que eu escuto. Para ele tudo que eu faço é errado, mas eu nem ligo, ele que se dane. O nome do meu pai é Zeus, ele é dono da Zeu’s company, qualquer coincidência com a Poseidon’s company, não é apenas coincidência. São os negócios da família. Quando o meu avô, Cronos não podia mais levar as coisas, ele as deixou com os filhos três filhos mais velhos. Mas osmeus tios estavam sempre brigando, e nunca concordavam em nada, eles então dividiram os negócios. O meu pai ficou com a companhia elétrica, o meu tio Poseidon com a Poseidon’s company, que é uma companhia de saneamento básico, e o meu tio Hades, que até hoje diz ter sido enganado, ficou com a funerária Tártaru’s.

Até hoje eles não se falam direito. Já faz muitos anos, mas ainda guardam magoas uns dos outros. Todos os meus tios têm casa na Califórnia, isso porque desde que éramos pequenos íamos todo verão para lá. Todos nós (apesar de às vezes eu pedir aos meus tios que deixassem Percy e Nico sozinhos aqui)! Quando ainda éramos uma família, não é?

Agora voltando para mim... Eu sou muito estúpida. Tão estúpida ao ponto de... De... ARGH!

Flashback on (festa)

Depois de ver uma Annabeth bêbada, Nico levar um soco de uma garota, Jason encher a cara, Leo levar milhares de foras, resolvi tomar um ar, enquanto esse povo atribulado continuava a beber. Fui até o quintal, onde não tinha ninguém, graças aos deuses. Ainda com uma garrafa de vinho na mão. Alua brilhava com uma luz que parecia divina no céu noturno. Deitei-me no chão e fiquei apenas observando as estrelas.

– É bom quando conseguimos ver as estrelas, sinto falta delas, mas aqui em Nova York é um pouco difícil encontrá-las, no meio de todo esse caos que é essa cidade – disse Luke ao meu lado. Ele estava olhando para o céu.Não sei porque ele estava ali, mas dessa vez não senti vontade de mandá-lo ir embora. Talvez eu quisesse a sua companhia. – É por isso que depois que eu me formar, vou me mudar para Califórnia.

– Califórnia? – perguntei sem nem mesmo ter o trabalho de virar-me para encará-lo. - era o meu lugar preferido na infância.

– O meu também! – ele respondeu. – eu ia sempre para lá com os meus pais. Bem... Pelos menos antes da minha mãe enlouquecer de vez, desde então não fomos mais.

– Já faz muito tempo desde que eu não vou até a Califórnia também. A minha família é um desastre, quer dizer, tudo na minha vida é um desastre. – confessei. Não sei porque estava fazendo isso, mas me senti à vontade para conversar sobre o assunto com ele, só não sei o porquê, apenas achei que seria bom desabafar um pouco com alguém que não fosse a Annabeth.- Sabe quando nada faz sentido? Dá vontade de, sei lá, sumir.

– Sei – Luke deu um sorriso fraco. Deitados no chão do quintal observando as estrelas. Parecíamos dois lunáticos, mas eu me sentia bem por estar ali. – Às vezes eu penso que tenho que pegar as minhas coisas e entrar em um avião para qualquer lugar. Ficar sozinho num dia de verão para esfriar a cabeça. A Califórnia seria o meu qualquer lugar. As ondas, o pôr do sol, o litoral, mas eu sei que se eu for – ele fez uma pausa e deu um suspiro. Depois olhou para mim, no fundo dos meus olhos. - todas essas coisas apenas me farão sentir falta de alguém.

A luz da lua deixando o seu rosto pálido, a sua voz calma e a cicatriz o tornava apenas mais bonito naquele momento. Eu nunca liguei para beleza exterior dos outros, e o que eu mais gostava naquele momento, era ver que Luke tinha uma beleza interior, apesar de ser bem arrogante às vezes.

– Aquela é a minha constelação favorita- disse apontando para cima. – a caçadora.

Ficamos em silencio por algum tempo, apenas curtindo a vista das estrelas e da lua cheia à noite. O tempo parecia passar tão devagar, mas... Acho que eu preferia assim.

– Acho que o mundo está girando – disse quebrando o silencio– muito mais rápido que o normal.

– Claro que ele está girando muito rápido – disse Luke rindo, enquanto apontava para garrafa de vinho em minha mão. Comecei a rir também. Agora parecíamos retardados. Ele pegou a garrafa e deu um gole no vinho. Eu continuei parada, apenas rindo. Luke apoiou-se no braço e me encarou com seus olhos azuis. Coloquei a mão em seus cabelos cor de areia e o beijei. Um beijo calmo e sereno.

Flashback off

Como eu fui fazer isso? Estúpida! Que raiva... Eu não deveria tê-lo beijado, como eu sou idiota! Eram por volta das 20:30, eu estava sentada no balanço do parque que fica a apenas uma quadra de casa, mas eu tento passar o maior tempo possível fora daquele lugar.

– Ei... – disse Nico aproximando-se. Ele estava com uma calça jeans, uma blusa também preta, com um esqueleto na frente. – Ah... O que você está fazendo aqui? Não espera... Deixe-me adivinhar, outra briga com o tio Zeus?

– Como sempre, não é? – respondi. Nico sentou-se no outro balanço, ao meu lado. – Você já se perguntou por que tudo que você faz é errado?

Nico riu pelo nariz e respondeu:

– Todos os dias!

Paramos de falar, o único barulho era o do vento. Nico levantou e começou a me balançar.

– Nico seu idiota! – gritei. – para imbecil!

– Não! – ele respondeu rindo, e continuou balançando. – Vamos lembrar-nos de quando éramos crianças, e ainda nos dávamos bem.

Ele ficou empurrando o balanço, até que eu pulei, e caí na areia, rindo. Nico aproximou-se e jogou-se em cima de mim. Ficamos gargalhando como não fazíamos à muito tempo.

– Eu sinto falta disso – seus cabelos negros estavam esvoaçados por causa do vento, e não parava quieto.

Levantei-me batendo na roupa com a mão para que saísse a areia. Nico fez o mesmo.

– Tha... Eu... Eu queria falar algo contigo

– Fala! – respondi. Ele então me puxou pela cintura e me beijou. Mas esse não foi um beijo lento e suave, mas sim daqueles de te fazer ficar sem ar. Nico deu uma mordida de leve no meu lábio inferior, não sei porquê, mas não senti vontade de largá-lo, e nem mesmo de matá-lo.