Living The Past. escrita por Abbs


Capítulo 4
Capítulo 3




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Sentia as lágrimas descendo por meu rosto. As lembranças daquele dia vieram como navalhas e me cortaram por dentro. Estava sentada na areia com a cabeça apoiada nos joelhos enquanto meus braços circulavam minhas pernas, as lágrimas ainda corriam sem cessar. Não deveria ter sido assim. Eles deveriam estar vivos.

Limpei as lágrimas e decidi que seria melhor sair dali antes que alguém aparecesse e me visse. Sacudi a areia de meu short e voltei para o acampamento, logo seria a hora do almoço. Podia esperar até lá no chalé. Entre as paredes que pareciam mais caixas de mármore branco.

Antes que eu pudesse chegar a segurança do meu chalé, Percy me parou dizendo que precisava de um favor meu. Apenas arquei as sobrancelhas como um incentivo para que ele continuasse, mas as palavras a seguir me pegaram de surpresa.

– Precisamos ir para o Grand Canyon para buscar três semideuses, eu iria com Annabeth e Nico, mas ele não pode ir e disse que você podia ir ao lugar dele. Pediu que eu falasse que era um favor para ele. Você pode?

Se não fosse por Nico eu até seria capaz de negar, mas era um favor para ele e isso eu não podia negar, mesmo de má vontade, eu aceitei, perguntei quando iriamos e ele me respondeu que apenas era o tempo de que eu me arrumasse e nós já iriamos. Pedi licença e fui até o chalé trocar de roupa.

Troquei-me rapidamente. Uma calça jeans skinny, uma regata cinza e um camisete de tons de verde e azul comprido demais para mim que um dia pertenceu a Ethan, o colar que ele havia me dado e um anel que eu tinha ganhado de Tom e meu vans preto.

Saí do chalé prendendo o cabelo enquanto Revenge estava em baixo de meus braços. Encontrei Percy perto da entrada do “meu” chalé e juntos fomos até a biga, onde Annabeth estava nos esperando do lado de fora enquanto analisava sua faca. A mesma faca que havia tirado a vida de Luke.

Ignorando esse detalhe, entrei na biga depois de cumprimenta-la apenas com um aceno com a cabeça. Ela sorriu, Annabeth era simpática e não parecia me julgar sobre o acontecido, o que de fato era um milagre.

Não demorou para que os dois também embarcassem, Percy controlava os pégasos enquanto Annabeth indicava o caminho. Era surpreendente a sintonia que ambos tinha, isso me invejava. Se Ethan estivesse vivo, seriamos tão felizes e em sintonia quanto os dois na minha frente.

A ida tinha sido tranquila e assim que chegamos lá desembarcamos tranquilamente. Havia vários adolescentes conversando e observando o lugar. Percy “pousou” a biga perto do ônibus escolar amarelo. Annabeth pulou rapidamente eu a segui.

Estávamos na frente de um museu no meio do nada, enquanto os alunos entravam. Dentro do prédio eles paravam seguidas vezes para ouvir as reclamações do cara que era, obviamente, um sátiro.

Eu, Annabeth e Percy estávamos atrás de todos, esperando o momento certo para podermos falar com o sátiro e descobrir quem eram os três semideuses que deveríamos levar. Chegamos ao fim da sala de exibições, onde duas portas grandes de vidro levavam a um terraço.

O sátiro abriu as portas depois de dar algumas instruções inúteis. Os alunos de dispersaram e ele se aproximou de nós. Alguns alunos nos olhavam como se perguntassem de onde tínhamos aparecido.

– Bolinhos! – saudou o sátiro. Ele tinha um boné de basebol na cabeça, deixando em vista apenas seus olhos, uma barbicha rala e cara de quem comeu e não gostou. Vestia uma radiante camisa polo laranja. Sua calça e seu tênis Nike eram brancos. Tinha um apito no pescoço e um megafone preso ao seu sinto. Eu até teria medo dele, se ele não tivesse apenas meio metro de altura.

– Hedge – cumprimentaram Percy e Annabeth.

Desviei meus olhos para o aglomerado de alunos. Alguns observavam a vista com entusiasmo, outros apenas conversavam. Vi dois alunos conversando e um olhou para o céu e franziu o cenho. Segui seu olhar e vi um amontoado de nuvens escuras em cima do observatório, mas apenas aqui o resto do céu estava limpo.

Coisas estranhas desse jeito apenas aconteciam com o intermédio de outra pessoa e só algumas “pessoas” seriam capazes de fazer isso, como Zeus, Thalia, eu e Espíritos da tempestade. Eu acredito que Zeus não se daria ao trabalho de perder seu tempo para fazer isso. Então só podia ser a ultima opção.

– Espíritos da tempestade – falei em voz alta e eles me olharam sem entender, repeti o que tinha falado, ou tentei, pois o vento começou a ficar mais forte.

Hedge tentou chamar os estudantes, mas o vento estava muito forte para que eles ouvissem os gritos. Na frente da porta, impedindo a saída estava, um deles. Um sorriso divertido em seus lábios, os dentes brancos e brilhantes, mas seu corpo era composto por vapor preto em espiral. Seus olhos eram em faíscas elétricas em uma nuvem de tempestade. Suas assas eram pretas de fumaça, como um anjo mal.

– Precisamos tirar os mortais daqui – Annabeth gritou.

– Eu cuido dele – diz Percy enquanto pega algo em seu bolso – Vocês tiram eles daqui.

– Não! – exclamei – Eu terei mais chance que você. Vocês precisam tirar todos daqui. Os ventus não são legais.

Eles assentiram e se afastaram de mim, o sátiro foi pelo mesmo caminho que eles. Tentei controlar o vento e evitar que ele derrubasse os alunos, isso surgiu efeito e atraiu a atenção do ventus para mim, com isso Annabeth e Percy conseguiram abrir as portas e agora a maior parte dos estudantes corriam em direção as portas e alguns já tinham saído. Senti mais forças contra mim e fraquejei. Agora tinha mais dois espíritos da tempestade e juntos, todos “viravam” o vento contra mim, eles eram, com toda a certeza, muito mais fortes que eu, me fazendo recuar e ir cada vez mais de encontro com a ponta do abismo. Eu tentava – inutilmente – lutar contra as forças deles. Eu ouvia gritos, mais estava concentrada demais em não morrer para tentar identificar de quem eram.

Senti uma rajada de vento mais forte no mesmo momento em que eu chegava à beira do abismo. Segurei na parte de metal que sustentava as grades, agora, destruídas. Meu corpo estava suspenso no ar, a única coisa que me impedia de cair era minha mão esquerda segurando a base de metal.

Eu podia tentar “voar”, mais ainda não confiava inteiramente em meus poderes. O metal da barra que me sustentava era frio, porém isso não adiantaria por muito tempo, já que minha mão suava. Ouvia – ou tentava –, já que o barulho do vento impedia de se ouvir com clareza, mas podia distinguir os sons de uma batalha.

Com a mão que segurava Revenge, segurei a ponta do piso gelado e sujo, para conseguir me impulsionar para o alto. Deu certo. Joguei a espada no chão para poder me apoiar com mais firmeza e assim não cair. Quando apoiei o cotovelo no chão para pegar impulso, sentia duas mãos me ajudando a subir.

Levantei o rosto esperando encontrar Percy, Annabeth ou até mesmo Hedge, mas quem eu encontrei foi um garoto estranho com cara de elfo.

– Obrigada – falei pegando minha espada – Você precisa sair daqui. A... hum... Tempestade vai piorar.

Por um momento ele me olhou de maneira estranha. Depois apontou para os Espíritos da tempestade que lutavam com Annabeth, Percy e Hedge, me lembrando de que eu precisava ajuda-los.

– O que são aquelas coisas? Eles são maneiros, mas parecem dispostos a nos matar a qualquer segundo.

Para ele enxergar com clareza e ainda não estar em pânico, ele deveria estar vendo através da névoa, mas mesmo assim deveria estar em pânico, qualquer pessoa estaria, mas ele me olhava com um sorriso divertido sem seus lábios.

– E eles vão. É melhor você sair daqui – repeti.

Hedge lutava com seu bastão e estava fazendo um bom trabalho, mas em certo ponto, o perdeu, dando vantagem ao ventus. Conjurei alguns raios, atraindo suas atenções para mim. Ao invés de cada um continuar seu ataque, os três se viraram contra mim. Agora eu tinha certeza, eu seria a prioridade. Vi os olhares chocados do sátiro, da filha de Atena, de Percy, do garoto-cara-de-elfo e para a minha surpresa, havia mais duas pessoas ali, um garoto e uma garota.

O vento começou a ficar mais forte, tudo direcionado a mim e ao garoto elfo. Tentei lutar contra o poder deles para que Percy pudesse derrota-los, já que os ventus eram muito difíceis de derrotar e agora que estavam distraídos, seria mais fácil... Senti uma força se juntando a minha. Varri os olhos pelo lugar na esperança de encontrar Thalia, mas apenas vi o garoto loiro em pé com os dentes trincados e os punhos cerrados. Era claro o empenho que ele exercia e eu sabia que não era seguro para ele.

– Pare! – eu e Annabeth gritamos juntas.

O “novo filho de Zeus” não nos deu ouvidos, tentei chegar até ele e pelo canto do olho pude ver Percy derrotando um dos ventus. Não sei ao certo o porquê de eu tentar para-lo, geralmente eu apenas daria o aviso e esperaria que ele tivesse o bom senso de me escutar e fazer o que eu digo, mas algo me incentiva a lutar contra o vento e chegar até ele.

Fico em sua frente, o seguro pelos ombros e o chacoalho com força. Ele abre os olhos e pisca rapidamente. O vento cessa, olho para trás quando Hedge grita:

– Ei, devolvam o bolinho! – balança o bastão no ar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? O capítulo ficou maiorzinho, por isso, me amem.
Mentira, se quiser amar, amem, se não, apenas comentem que eu já fico feliz.
Fiquem a vontade para recomendar.
Beijos ♥



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