A Cúmplice. escrita por Larinha


Capítulo 14
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

É, quase um mês... Eu sou uma autora horrível, eu sei.
Porém, setembro inteiro foi insano. Meu aniversário de 15 foi há dois sábados, então passei dois meses ensaiando todos os dias - aliás, dancei o fantasma da ópera ♥ - e ainda fazendo os preparativos.
E, infelizmente, a criatividade não bateu muito na porta. Somente ontem quando escrevi esse capítulo cuja melhor parte é o final.
Bom, se alguém ainda não desistiu, boa leitura.



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Passaram-se três dias, e Ethan fez questão de ignorar Ana em todos eles. Não lhe deu motivos, apenas evitou-a do mesmo jeito que ela fizera pouco tempo antes, contudo a morena não perdia seu tempo procurando-o como ele havia feito com ela. Ainda sim, aquilo a preocupava, pois não saberia se ele estava planejando algo, ou se não cumpriria sua parte do acordo. Aguardava ansiosamente pela primeira dica sobre sua mãe, mas decidiu não forçá-lo a nada. Afinal, finalmente entendeu que impor-se diante de um assassino em série não era algo muito esperto de se fazer. – Como se não tivesse ultrapassado limites antes.

“Acalme-se, vai ver ele está apenas de birra.” Pensou na sexta-feira à noite. “Você não disse nada que não fosse verdade.” Tentou se tranquilizar enquanto se sentava em sua cama. O silêncio do lugar a deixava um pouco inquieta, pois, geralmente, naquela hora, ela estaria ouvindo o conteúdo de seu livro pela voz de Ethan. O que, depois de alguns dias, tornou-se uma rotina aceitável. Ela apenas dizia a si mesma que ele era um contador de histórias e que nada daquilo tinha acontecido. Porém, agora, toda vez que eram obrigados a se ver, Ana se sentia mal. Sentia-se pior do que quando fora obrigada a escutá-lo em seu próprio apartamento. Ou seja, ela não dormia. Porém, precisava urgentemente fazer algo sobre isso, ou então jamais tiraria as olheiras debaixo de seus olhos.

Eram sete e vinte; Ana sabia que provavelmente acordaria cedo em pleno sábado caso dormisse naquele horário. Mas, ou era isso, ou não dormir. Então, decidira por se deitar naquele momento.

Acordou às oito horas; um feito maravilhoso, pois a morena estava acostumada a ter apenas seis horas de sono todos os dias antigamente. E, agora, apenas duas. Entretanto, aquilo a rendeu uma enorme dor de cabeça. – Depois de se trocar, pondo um short preto e uma blusa de manga pequena bege, cuja mesma caía um pouco para o lado; foi passear pelo pátio para tentar apreciar o bom frescor da manhã e a rara presença do sol forte que ali estava. Mas se deparou com Connor sentado abaixo de uma árvore junto à Victória. “Um bom lembrete para você, Ana, é de que nenhum dos dois gosta de acordar cedo.” Disse a si mesma.

Victória usava uma regata laranja e uma bermuda jeans azul escuro. – O que significava que realmente estava calor e não era impressão de Ana, já que Victória evitava usar coisas que passavam de seus joelhos. – Já Connor não desistiu de suas calças rasgadas e escuras e blusa branca de manga curta. A árvore em que eles estavam era bonita, o verde de suas folhas era bastante chamativo. A sombra feita pela copa dela abrigaria quatro pessoas com facilidade. – Era uma típica cena de filme escolar.

Ana decidiu passar direto, virar-se e fingir que não havia os visto, contudo teve que desistir do plano ao ouvi a voz de sua amiga a chamando.

— Ei, Ana! – Victória se levantava para correr caso Ana continuasse andando, mas a morena se virou com um falso sorriso no rosto que ela sabia usar tão bem. Então, a loira a chamou para se juntar a eles. – Vem cá!

— O pássaro madrugador pega a minhoca.* - Disse Ana, zombeteiramente, ao se aproximar.

— Seu senso de humor é o melhor quando acorda mais cedo. – Respondeu Victória. – Está melhor?

— Você tem perguntado isso a ela há três dias Vick. – Manifestou-se Connor. – Acho que a resposta continua sendo a mesma... Enfim, soube que vocês vão ao cinema hoje.

— Sim! Quer ir conosco? – Perguntou Victória animadamente.

— Não sei... – O moreno olhou para cima, mais especificamente para a garota a sua frente.

De repente a árvore acima dos dois havia ficado extremamente interessante para Ana.

— Ah, vai ser divertido. Precisamos animar esta ranzinza aqui.

— Bom... Vou sim. Pago para vê-la animada, é um feito gigantesco. – Connor riu enquanto a loira ao seu lado arregalava os olhos. – Qual filme vocês verão?

— Estou pensando em... O mar de monstros. O que acha Ana? – Perguntou Victória, tentando obter a atenção da amiga.

— O que vocês decidirem está ótimo...

— Então está decidido. – A loira disse alegremente. – Ei, psiu, dá para ser um pouco mais social?

A morena desviou os olhos e acabou avistando uma ruiva e uma morena entrando em um dos prédios. – Era incrível como todo mundo resolvera acordar cedo.

— Só um instante. – Ana saiu dali o mais rápido que pode quando avistou as duas, fazia séculos que não via Lilith, queria saber como sua ‘irmã’ estava.

Não via sua madrasta desde o primeiro dia de aula - há quase três meses - o que não acontecera nunca. Roberta sempre estava por ali, bisbilhotando alguma coisa, vigiando algum aluno em específico. – Ana sentiu saudade de ver aquela figura pelo campus, deixava tudo mais animado. Então, quando entrou no mesmo dormitório que ela, o sorriso que dera foi verdadeiro. Lilith ouviu passos atrás dela, e, quando se virou, foi em direção à Ana, abraçando-a em seguida.

— Oi pirralha. – Disse brincando. – Quanto tempo.

— Pois é! Nunca mais te vi na minha escola. – Respondeu a baixinha, terminando o abraço. – Viemos aqui para te ver.

— É mesmo? – Perguntou Ana com uma sobrancelha arqueada para Roberta.

— Mas é claro! – Dizia a ruiva com um tom muito afinado para convencer a garota. – Minha enteada querida, vamos falar com seu pai também. Por que não fazemos uma reuniãozinha em família agora?

— Porque meu melhor programa de sábado, com certeza, é obter uma dor de cabeça. – Ela sussurrou sarcasticamente, fazendo a adolescente ao seu lado rir.

Quando Lucas disse à Ana que ganharia uma irmã, há 13 anos, a garota ficou bastante receosa. Porém, após o nascimento da menina, havia criado uma grande estima por ela. E a estima transformou-se em amor fraternal após o casamento de Roberta com seu pai. – Uma situação um tanto confusa, mas compreensível, era o fato de Roberta ter tido uma filha com John e depois de 13 anos se casar com Elliot. Às vezes Ana se pegava fazendo contas matemáticas para ver se aquilo tudo batia direito - desistia no meio do caminho.

Se ela pensasse que um dia poderia ter um sábado completamente pacato, sem presenças desnecessárias e notícias trágicas, riria de si mesma. Porém, fora exatamente desse jeito que o dia permaneceu. Nada muito movimentado na universidade, alguns alunos tinha ido para suas casas, outros estavam apenas passeando. Ana conseguira ler sem interrupções até às 18 horas, que era o horário marcado para ela e seus amigos se encontrarem no portão e irem ao cinema. Reparou, depois de algum tempo, que Ethan não estava por ali. O que a deixou bastante tranquila.

Somente quando o sol desapareceu, ela notou o quanto estava submersa e fora de realidade. Não se preocupara com mais nada, o que era raro. Depois de se levantar e lembrar que teria de sair pensou que, talvez, o cinema tivesse sido uma boa ideia. Um pouco de normalidade para variar. Então, com o visual mais simples que poderia achar, ela pegou seu celular e a carteira e saiu do quarto. No caminho, encontrou com Lucas. O garoto estava um pouco apreensivo por causa da última vez que se falaram. Ana não tinha saído em bom estado. Porém, ao se aproximar do amigo, ela reagiu normalmente, ignorando o estresse do último encontro.

Entretanto, ambos caminharam até o estacionamento em silêncio. Ao chegarem, encontraram-se com Connor, que estava apoiado em seu carro apenas esperando por eles e Victória.

— Então vamos no seu carro? – Perguntou Lucas com uma sobrancelha arqueada.

— O mínimo que eu poderia fazer era isso, eu não deveria estar aqui. – Connor respondeu ironicamente.

— Então por que veio? – Ana indagou um pouco raivosa, esquecendo-se de manter as aparências. Afinal, ninguém sabia sobre o que estava acontecendo. Ela continuou sem perceber a aproximação de Victória. – O motivo era me animar, mas começaram com o pé esquerdo.

— Nossa... Não sei o que está acontecendo com você, já foi melhor, Ana. – Disse Victória atrás deles. – Você não era obrigada a vir. Queríamos que você se divertisse porque nos preocupamos, mas se não era sua vontade, não precisava concordar.

Apesar de Victória estar sendo injusta, pois sabia que Ana detestava estar no mesmo ambiente que seus namorados, a morena percebeu que estava descontando nos outros tudo que acontecia com ela. Seus amigos estavam levando foras atrás de foras desnecessários, nenhum deles – exceto Connor – merecia o que ela estava fazendo. Toda a pressão em cima dela estava tornando-a pior do que já era. Mais ranzinza, mais insuportável, mais antipática. Ela ia tentar ser um pouco mais animada, tentar voltar a ser a Ana que gostava de saídas de vez em quando por Victória e Lucas. Pelo menos enquanto estivesse na presença deles.

Recompôs-se e ergueu a cabeça.

— Desculpe, eu não estou bem. Não deveria ter dito isso, é muita coisa na minha cabeça. Perdão Vick, eu sei que não estou a melhor pessoa esses dias. Prometo tentar melhorar! – Ela disse com um falso entusiasmo que convenceu dois a sua frente. - Vamos, se não perderemos o filme.

Ponto de Vista – Lucas.

O clima não era dos melhores na esquerda do banco de trás do carro. Eu podia ver através do retrovisor o olhar pensativo de Ana. Ela estava encostada no vidro da janela com os olhos vagos, bem longe de nós, de fato. Era estranho como ela sempre sucumbia em sua própria mente. Mas também era uma cena curiosa de se ver, pois seu rosto, às vezes, expressava algum sentimento sem o consentimento dela. Você podia entender o que ela estava sentindo no momento se analisasse por alguns minutos. Naquela exata hora, ela temia algo que era desconhecido por mim. Afinal, ela quase não falava mais comigo. Afastou-se bruscamente sem dar explicação. Anda por aí sozinha a todo o momento.

Desde quando ela me disse sobre o assassino ter “dito” a ela que sabia algo sobre a morte de sua mãe, três dias atrás, eu estou intrigado. Ana tomara muitos cuidados para nunca mais mencionar o trágico acontecimento, mas, naquele dia, ela teve um fervor e uma esperança tremenda. Fora a primeira vez que ela falava com algum tipo de esperança, ela realmente queria uma explicação. E, depois de algum tempo, eu realmente me arrependi do que disse. Antes, eu havia me sentido mal por tê-la machucado, entretanto, agora, senti-me mal por ter desfeito o sorriso um tanto confuso e raro dela em segundos.

Fui tirado dos meus pensamentos sobre Ana por causa de Victória. Ela falava... Não, tagarelava como sempre. Seus cabelos loiros, apesar de estarmos todos com as janelas fechadas, flutuavam devido seu constante movimento para tentar se aproximar do meu banco. – Eu sempre gostei do tom de voz dela, é suave, você não consegue reclamar. Ou talvez seja só eu e minha paixão boba, pois Connor já regalou os olhos pela terceira vez.

Aliás... Connor. Esse nome é extremamente irritante para mim. Eu sabia o quão desconfortável Ana deveria estar por ter vindo com ele presente, não conseguia entender qual fora a intenção de Victória em trazê-lo conosco, não fazia sentido. Ex-namorados e Ana Smith não cabiam no mesmo estado, quase, quanto mais no mesmo veículo. Teria de conversar com ela antes de nos aproximarmos da fila.

O carro finalmente parou na vaga do estacionamento lotado. Era possível ver alguns casais e famílias entrando no shopping à frente. Enquanto saíamos do automóvel, acabei vendo alguém familiar pelo meu olhar periférico, mas não dei muita atenção até ver o olhar assustado de Ana ao meu lado. – Ela raramente transparecia alguma coisa, então aquilo realmente me deixou assutado.

— Está tudo bem?! – Perguntei em sua direção.

Ela percebera que estava com os olhos arregalados olhando em direção à esquina escura do edifício ao lado. Recompôs-se rapidamente, tentando esconder.

— Ah, sim. Desculpe, acho que estou vendo coisas. – Ela deu um sorriso envergonhado. Não pude discernir se era verdadeiro, ela realmente uma boa atriz... Mas acho que não chegaria a tanto, chegaria? – Victória, vamos? Você está com os bilhetes.

Ela estava ainda dentro do carro enquanto Connor estava parado na porta ao lado dela, esperando sair para que pudesse fechar o carro.

— Achei! – Ela gritou enquanto tirava quatro pequenos papéis da pequena bolsa verde e saía do carro. Connor apertou o botão da chave. – Agora podemos ir!

Ela veio em minha direção com a expressão divertida que ela sempre tinha. Era bom ver alguém com otimismo de vez em quando, a humanidade está precisando bastante de alguém que possa ver pontos positivos. – Assim que dei o braço a ela e me virei em direção à porta, vi Ana já andando em direção a ela. Era incrível como essa mulher deixava claro que não gostava de se socializar, mesmo com quem ela já conhecia há anos. Nunca soube exatamente se isso era um problema devido sua situação com seu pai, ou se realmente sempre fora assim desde criança.

Passamos por algumas lojas – incluindo a da Apple, onde Victória parou por alguns minutos para tirar algumas dúvidas sobre seu Iphone com um dos gênios* - e subimos a escada rolante para chegarmos ao andar do cinema cujo tamanho era maior do que alguns saguões da universidade. Era muito grande mesmo. Qualquer criança que entrava ali pela primeira vez arregalava os olhos e queria correr pelas áreas dos filmes.

Cada quadrado era um gênero específico: Romance, Comédia Romântica, Aventura, Terror, Infantil e outros. O espaço é bem organizado, todas as filas tinham suas devidas “barraquinhas” de pipoca, bem mais fácil para se organizar. É claro que ainda havia algumas pessoas na frente, mas era bem melhor do que apenas um caixa para várias salas, você poderia perder metade do filme só para comprar um pacote de M&M.

Enfim, quando finalmente entramos na sala do filme que Victória havia escolhido, fiz questão de sentar ao lado de Ana e dela, não podíamos deixá-la sentada com Connor, seria maldade. Afinal, estávamos tentando animá-la, e mesmo que soubéssemos que não daria muito certo, não queríamos piorar as coisas. - Ou eu não queria, pelo menos.

No meio do filme, pude sentir uma mão me cutucando enquanto Victória enchia a dela de pipoca.

— Lucas? – Disse Ana ao meu lado. – Acha mesmo que isso foi uma boa ideia? Eu não me sinto bem aqui, quero voltar.

— Agora? – Respondi sussurrando para que Victória não ouvisse. – Não pode aguentar até o final? Posso convencê-la para não fazer nada após o filme.

— Ela te convenceria a fazer. – Ela riu ao meu lado. – Mas, para todos os efeitos caso eu desista no meio do caminho, estou indo ao banheiro.

— Tudo bem. – Respondi enquanto ela se levantava e, em seguida, descia as escadas da escura sala. Eu podia notar alguns garotos, inclusive acompanhados, olhando em sua direção. Victória ia falar algo, mas a cortei, pois sabia o que era. – Ela foi ao banheiro, antes que você surte ou algo do tipo.

— Ah, obrigada por me informar. – Ela respondeu sarcástica. – Mas eu ia perguntar outra coisa. Você acha que ainda há chance dela voltar com Connor?

— Nenhuma. Eu diria -2,5% de chance disso acontecer. – Disse o mais alto possível, e acabei incomodando algumas pessoas na fileira da frente.

Após isso, Vick se calou.

Após o término de “Mar de Monstros”, ou como eu gostava de chamar para irritar alguns fãs: Percy Jackson 2, descemos à procura da nossa morena preferida. Ela ficara lá embaixo – ou havia ido embora – mais de uma hora. Então, quando finalmente chegamos às sessões dos gêneros, comecei a ligar para ela enquanto Connor pagava o estacionamento. Ana atendeu no quinto toque, sua respiração era rápida, estava ofegando.

— Ana? – Perguntei. – O filme acabou, onde você está?

— Estou no estacionamento, fiquei sentada em um dos bancos... – Ela pausou para tomar fôlego. – Tentaram roubar o carro de Connor... Consegui impedir.

— Meu Deus! Você está bem?! – Acabei gritando mais do que perguntando. Atraí atenção dos dois ao meu lado, ambos confusos com a minha exaltação; e também dois casais afastados e um segurança na entrada.

— Estou sim, apenas venham logo. – Ela falou com a voz um pouco trêmula.

Fomos o mais rápido possível até ao lugar onde Connor havia estacionado. Achamos uma Ana assustada, um cara derrubado no chão e a porta do passageiro escancarada.

— Mas o quê? - Falou Connor ao se aproximar da cena. De repente, ele ficou extremamente cuidadoso. – Você está bem, querida? Ele te atacou? Como o deteve?

— Ele... Ele estava tentando abrir a porta quando o avistei da esquina. – Ela apontou para o mesmo lugar para onde ela olhava quando tínhamos chegado. – Tentei pedir ajuda, mas o segurança não me ouviu. Quando ele abriu a porta não pensei, apenas arranquei o cano dali e bati na cabeça dele quando tive a chance. Ele relutou um pouco, era mais forte que eu, mas felizmente consegui. Não sangrou nem nada, ele vai acordar daqui a pouco.

Aquilo estava muito detalhado. Detalhado demais para ser verdade. Era uma fala ensaiada, eu reconheceria em qualquer lugar. Mesmo se fosse dito pelo melhor dos atores, como Ana. Nada daquilo era verdade, apenas a parte do cano. Porém... Por que ela esconderia alguma coisa de nós? Será que tinha algo a ver com o quem nós vimos na esquina? Não, eu devo estar delirando ou algo do tipo, não tenha nada a ver com isso... Ou será que tem?

— Ah, meu Deus! Não precisava ter feito isso. – Eu disse de uma forma inocente. – Vamos lá falar com algum segurança, eles têm que nos ajudar.

— Vão lá, fico aqui caso ele acordar. – Connor disse.

— Se não se importam, acho que ficarei aqui. Estou indisposta demais para ir. – Ana disse.

— Tudo bem! Vamos, Lucas! – Victória me agarrou pelo braço.

Ponto de vista – 3° pessoa.

Enquanto o casal se afastava da cena, Connor tentava entender o que estava acontecendo. Ao mesmo tempo, havia alguém espionando de uma curva não muito distante com os olhos atentos e extremamente calculistas. – Em segundos, Ana voltou ao seu normal e encarou o garoto à sua frente com descrença. Ele não poderia ser tão burro para não perceber o que havia realmente acontecido.

— Isso foi uma distração, preciso de você. – Ela disse friamente. – Seu irmão não quer cumprir a parte dele da promessa porque parece que eu o desapontei... Preciso de uma ponte, ele não atende nenhuma ligação. Mas não é só isso... Tenho certeza que fará alguma coisa hoje. Se é que me entende.

— Ele vai matar alguém? – Connor indagou o óbvio. – Como pode ter tanta certeza?

— Ele não faz isso há um bom tempo e está chateado... Esse é o único resultado. Ele já deve estar aqui em algum lugar. – Ela olhou para trás e para direita duas vezes. – Eu vi cerca de quinze mulheres iguais a mim que tinham, mais ou menos, a minha faixa etária. Foi por isso que desci antes do filme terminar.

— Você é bem esperta de fato. – Ele riu. – Eu nunca deduziria algo assim, mas faz sentido. Porém, como poderemos achá-lo?

— Ele usa um casaco preto com capuz e uma mochila. – Ela respondeu prontamente. – Bom, era o que ele estava usando quando nos falamos após ele matar duas jovens.

Não havia o que fazer caso não vissem o casal passando por eles. Naquele mesmo momento, a poucos metros de distância dali, havia duas pessoas conversando. Uma delas era Charlie Brand, uma recém-formada de 26 anos. Seus cabelos negros eram curtos em um Chanel e seus olhos azuis eram bastante bonitos. O homem a sua frente era extremamente simpático, um doce. E também muito bonito, e, por mais engraçado que isso soe, tinha a maioria das características físicas iguais às dela. A cor dos olhos e dos cabelos, além da altura ser quase a mesma. Ele se oferecera para acompanhá-la até seu carro após esbarrar acidentalmente com o refrigerante. Porém, ela ainda não entendera porque ele não disse seu nome até o momento.

— Olha, não precisa realmente pagar pela blusa. – Ela riu enquanto caminhavam. – Tenho um bom tirador de manchas em casa...

— Foi horrível, duvido que isso saia. – Ele dizia com um sorriso simpático. – Mas, diga-me, você já tentou tirar isso alguma vez? É impossível.

— Não, nenhum estranho derrubou refrigerante na minha blusa branca preferida antes. – Ela disse enquanto passava por um casal. – Mas e você?

— Várias vezes! – Ambos riram.

Ethan ficou tenso por alguns segundos e começou a andar mais rápido, ela quase não conseguia acompanhá-lo. Ele tinha um pressentimento estranho. A cada passo, ele dava alguns relances para trás, tentando ver através do próprio ombro. Afinal, ele sabia quem estava rondando, e eles poderiam aparecer a qualquer minuto. Era uma questão de tempo, ele teria de ser rápido se quisesse seu objetivo cumprido. Então, tentava evitar obstáculos pelo caminho e, com algumas falhas, deixar a garota perceber que eles estavam quase correndo.

Enquanto tentava conduzir a jovem ao seu lado, percebeu algumas coisas nela que a diferenciavam de Ana. O cabelo de Charlie era curto e com algumas mechas na cor castanho. Além disso, seus olhos não eram acinzentados e ela se vestia como uma perfeita “dama da sociedade” aos doze anos de idade. Esses fatores o deixavam um tanto raivoso, pois sempre percebia que nunca encontraria alguém como a sua escritora.

Era infeliz o fato de ele estar um tanto melancólico devido aos últimos acontecimentos, entretanto não poderia deixar aquela oportunidade de exercer uma de suas “atividades” favoritas. Enquanto ambos seguiam em direção à vaga onde se encontrava o carro de Charlie, a jovem pensava consigo mesma o porquê daquele homem ter feito tanto estardalhaço por uma blusa. Ela não era idiota, mas se sentia lisonjeada por ele ter se desculpado e se oferecido para acompanhá-la e ao mesmo tempo um pouco receosa, porém o entusiasmo falava mais alto.

Ethan tinha em suas costas uma mochila preta, de aparência pesada, que continha algumas coisas das quais ele necessitava. Porém, nada muito valioso, tirando alguns livros raros da faculdade. Mas o que realmente chamava atenção era o brilho que vinha do bolso esquerdo, os olhos dele sempre iam naquela direção quando alguém cruzava com eles. E, a vontade de arrancar o objeto dali era tanta que ele já coçava as próprias mãos para se conter.

Charlie estava sorridente ao lado, sem saber o destino que lhe aguardava. A jovem caminhava tranquila, assim pensava, sem se lembrar dos avisos de seus pais sobre homens desconhecidos à noite. Com o céu sem lua acima dos dois, a noite se tornava mais macabra; mais nebulosa; mais sombria, o momento “mais esperado” se aproximava. Contudo, quando os dois finalmente se aproximavam, ouviram passos apressados atrás deles. Charlie ignorara, achando que eram apenas crianças brincando pelo estacionamento, mas Ethan já sabia quem estava vindo e soltou um suspiro silencioso, arrependendo-se de ter sido tão descuidado quando passou pelos dois.

— Ethan? – Chamava uma voz masculina um pouco distante. Os dois continuaram andando, ele não queria responder e a sua acompanhante não sabia seu nome.

— Ethan, estou te procurando há uma hora! – Uma voz feminina bem mais próxima deles falou com naturalidade. – Você deixou seu celular comigo desde ontem, onde estava?

Desta vez ele teve de olhar para trás para a garota que se dirigia a ele. Ela já estava praticamente ao seu lado, os cabelos longos e negros bagunçados deixavam claro que ela correra para alcançá-los antes que fosse tarde demais, sabia o plano dele ali. Realmente era uma atitude de coragem tentar impedi-lo, ainda mais com tanto a perder e com uma mentira tão idiota.

— Achei que estivesse nos ignorando. – Ela disse com um sorriso amigável. – Ah, olá Charlie! Como é bom vê-la, como está sua mãe?

— Ana! – Ela a abraçou. – Vai bem. E... Então seu nome é Ethan?

— Ele não te disse? Que indelicadeza. – Brincou Ana enquanto tirava o próprio celular da bolsa para dar ao homem à sua frente para continuar com a mentira. Ela esticou o braço. – Sabe, eu acho que você deveria tomar mais cuidado, e se eu fuxicasse seu celular? Aliás, coca-cola fica ótimo com blusa de seda branca, Charlie, combinou com você.

— Pois é! Acho que a mancha deixou mais interessante. – Ela respondeu um pouco constrangida, deixando Ana perceber que atingira seu objetivo. – Bom, está na hora de eu ir. Obrigada por ter me acompanhado até aqui, Ethan. E... Não precisa se preocupar com a blusa.

— Até... – Ele respondeu um pouco chateado.

Quando a menina finalmente entrou no carro e manobrou, Ethan se virou para a garota que utilizava seus jeans normais e um blazer preto e agarrou seu ombro com bastante força. Eles ficaram se encarando até Connor chegar mais perto e despertar Ana do transe em que ela havia se enfiado.

— Eu quero a primeira dica, não importa seu humor. – Ela disse tentando sair do aperto.

— Sua... Sabe o que acabou de fazer? – Ela continuou encarando.

— Não importa se você perdeu sua presa, você não queria cumprir sua parte do acordo, eu terminei o capítulo. Quero a primeira dica.

O homem respirou profundamente para se concentrar em encontrar uma peça do quebra-cabeça sem revelar muita coisa, pois ela não estava merecendo um acontecimento grande.

— Tudo bem. A primeira coisa que irei lhe dizer é: Apesar de todos os esforços e todas as procuras da polícia, ainda tem algo na sua casa, algo escondido, que irá te ajudar. E, um bônus para você, sua mãe se jogou daquela janela assim que viu o objeto.

— A foto? – Connor disse com uma sobrancelha arqueada. – Tem uma foto no chão do quarto, Ana. É isso.

— Você é realmente um estraga prazeres. Ela não merecia. – Ele disse ainda encarando a vaga vazia mais à frente.

— E agora, Ana? – Perguntou Connor.

— Temos de voltar. – Ana engoliu em seco. – O cara que eu paguei para parecer um ladrão já deve ter fugido.


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Notas finais do capítulo

* Essa expressão em inglês é: The early bird catches the worm, que equivale a: Deus ajuda a quem cedo madruga. Mas a expressão em inglês é tão engraçada que não resisti em por.
* Para quem não sabe, os gênios são alguns atendentes da loja da Apple que ajudam os clientes com seus aparelhos... Acho que é mais ou menos assim.

Sei que não foi o melhor capítulo, porém felizmente consegui postar. Vou tentar fazer de duas em duas semanas, mas não posso prometer. Por favor, não me abandonem :((
Até o próximo.



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