A Cúmplice. escrita por Larinha


Capítulo 12
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

Gente, perdoem-me novamente. Eu realmente preciso estudar, minhas notas não estão bonitas.
Estou um pouco chateada por não haver comentários, mas eu fui irresponsável por não ter ao menos avisado a vocês que não postaria por um tempo. Tenho esperança de que vocês não tenham me abandonado, então expressem alguma reação, por favor.
Espero que gostem do capítulo, tenho a impressão que ficou maior que o normal; será que compensa pelas semanas que deixei de postar?

Ah, irei trocar a capa em breve.
Enfim, bom capítulo.



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Não sabia se estava com frio, nervosa ou com qualquer outro sentimento inoportuno, mas estava arrepiada. E a sensação não era nada boa. Ana estava terminando de ler – pela quarta vez – o fantasma da ópera. Ela nunca se sentia mal quando estava lendo, ainda mais à noite, porém cada parte do seu corpo latejava debaixo da coberta e ela sentia estar sendo vigiada. Era três e trinta da madrugada, qualquer filme de terror gritaria “perigo”, mas ela já vivia em um filme de terror pela manhã e pela tarde. Achava que nunca conseguiria paz, e agora de noite também? Bom, quando se dorme no mesmo quarto que o assassino... É bem óbvio que sim.

Ela chegou a sentir alguém encostando em sua perna, por cima do cobertor, sem querer e de uma forma desastrada. Mas ela tinha certos momentos de delírios, então pensou que não fosse nada; ou então estava Ethan observando-a para ver se ela não correria até a diretoria ou a delegacia de polícia em um surto qualquer para revelar que estava sendo chantageada por ele.

Porém Ethan jurara que não a perturbaria durante a noite em qualquer sentido. Autores precisam dormir – ou ficar acordados de madrugada graças aos sonhos reveladores – para escrever o livro, ele estaria prejudicando a si mesmo. Seria burrice, entretanto a péssima sensação não a abandonava. Decidiu que estava na hora de dormir, fechou o livro e desligou a lanterninha do celular, mas antes que pudesse fechar os olhos, a coberta dela foi arrancada.

Ela teria gritado se ele não tivesse posto a mão em sua boca.

— Não vá gritar. – A expressão de pavor de Ana foi diminuindo quando reparou que não havia nada na mão de Ethan que fosse letal... Exceto a própria mão dele e o travesseiro nas costas dela, mas não contem para Ana. – Por que está acordada até essa hora?

— Por que você não cuida da própria vida? – Dizia a morena, ofegante, após Ethan retirar sua mão de cima. Esquecendo completamente de com quem ela estava falando, algo que ela fazia diariamente. O rosto dele era divertido, mas não gostou do tom da garota.

— Se analisarmos bem, você é praticamente a minha vida agora. – Disse ele com um sorriso irônico. No escuro nem parecia que seus olhos eram azuis, e sim de um preto assombroso. Como um buraco negro ou um poço sem fundo. Mas Ana simplesmente não queria prestar atenção naquele fato, então se voltou para ele. – Você ainda não me respondeu.

— Lendo, sempre fiz isso. Mas o que diabos você acha que eu estava fazendo? Tramando um plano? Não sou um gênio do crime, querido.

— Mas trabalha para um, querida. – Sussurrou ele em tom de deboche, imitando-a. – Não importa, apenas senti uma presença esquisita no quarto, queria saber se estava bem.

— E para isso arrancou meu cobertor? Está congelando, por que você simplesmente não perguntou? Qual a dificuldade de sussurrar: “Ei, Ana, parece que tem outro assassino aqui no quarto, estou meio assustado, está dormindo?” – Ethan jogou o cobertor em cima dela de novo, rindo.

— Vá se ferrar. Não esqueça que sou seu professor. – Falava ele enquanto voltava a dormir.

— Não te vejo como um professor há muito tempo, Senhor Millers. – Ela parou de rir e soltou a frase junto com uma profunda respiração enquanto virava-se para o lado e fechava os olhos.

Vocês acreditariam se eu dissesse que alguém no quarto se sentiu magoado?

...

Ana não fazia ideia de que horas eram, mas sabia que estava atrasada para falar com o detetive. Ela batia o pé na quina da mesa e o lápis na própria mão enquanto Victória tagarelava sobre alguma coisa estar acontecendo com o pai de Lucas, pois ele não queria fazer a festa de aniversário do filho. – Na opinião dela, pouco importava. Lucas era crescido, homem, deveria ter o próprio emprego e pagar as próprias contas, assim com ela fazia. Mas infelizmente nem todo mundo tinha um péssimo relacionamento com os pais a esse ponto. Lucas e John não eram a melhor família do mundo, porém resolviam quase tudo na base “Toma aqui vinte mil.” – Ana ficou tão perdida com seus pensamentos que não notou que os falara alto demais.

— Talvez ele tenha ido à falência. – Ela voltou à realidade e viu o relógio, eram quinze para as duas. Levantou-se quase levando a cadeira do pátio junto.

— Como assim você faz uma constatação dessas e me deixa aqui sozinha?

— É um bom quebra-cabeça para você. – Ana lhe deu as costas e saiu andando, sem saber se tinha alguma aula naquela hora.

Como a portaria abriu sem hesitação alguma, pensou que não havia nenhum obstáculo naquele momento, porém lembrou-se que seu pai tinha lhe proibido de sair, o que a deixou um pouco confusa. – Mas como nada é para sempre, a guia um pouco a sua frente desceu, bloqueando a saída.

Quando parou, viu no seu lado esquerdo um dos funcionários da universidade. Ela teve um pouco de raiva dele, mas sabia que estava apenas fazendo seu trabalho. Cumprindo as ordens do diretor.

— Olá... Olha, eu realmente preciso sair. – Ela pigarreou. – Não tenho nenhuma aula nesse horário...

— Mas o seu pai não lhe proibiu de sair durante a semana, senhorita Black?

— Proibiu? – Deu um sorriso cínico.

— Sim, proibiu. – E quem mais seria agora? Ela se perguntava. – Mas eu a acompanho, para todos os efeitos.

— Então tudo bem. Professor, se algo acontecer... A culpa não é minha. – Disse o homem, rindo, como se ambos tivessem muita intimidade.

— Mas é claro que não, será completa e totalmente minha. – Como Ana não reconhecera a voz de Ethan? Estava ficando surda? – Acho que foi redundância... Não importa. Para aonde está indo Ana?

Ele havia se apoiado com o cotovelo em cima do teto, a mão caída aparecendo no vidro e a cabeça e o pescoço para dentro da janela do passageiro. A visão seria bem agradável aos olhos se ela não soubesse quem ele era. Ainda assim, Ana achava que poderia ficar observando até a realidade chamá-la de volta, o que era o caso.

— Apenas entre no carro. – Ela sussurrou.

— Sim senhora! – Exclamou Ethan, rindo junto ao homem como se toda aquela situação fosse hilária para eles. Coitado do pobre porteiro, nem sabia com quem estava trocando risadas.

Ele entrou no carro, pôs o cinto e depois permaneceu em silêncio quase toda a viagem, como se nem estivesse lá.

Conforme o carro entrava nas ruas com curvas que havia antes de chegar à casa do detetive, Ana ficava mais apreensiva. Ethan não se mexia, não fazia qualquer movimento e, por mais estranho que parecesse, ele não piscava. E, claro, isso a deixou bastante perturbada; ao ponto de quase perder o controle na última curva onde havia uma pequena loja de penhores desativada e com fitas amarelas em volta, onde um homicídio duplo havia ocorrido pouco tempo atrás.

Quando Ana estacionou na calçada em frente à casa amarela, seu passageiro finalmente expressou sinais de vida. Sinais bem irritantes, por assim dizer.

— Você dirige muito bem, fiquei surpreso. Pensei que era um desastre quando a questão é controlar algo... Bem, não é isso que quero falar. Você estava saindo daqui quando eu te encontrei? – Ana desligou o rádio, e depois o carro. Mas a garota permaneceu calada, achando que a pergunta havia sido uma afirmação. Ele bufou. – Sabe, você está muito difícil de conviver. Às vezes me pergunto se foi perda de tempo não matá-la quando a conheci, esse era o meu verdadeiro propósito quando te dei o livro, era seduzi-la; mas, de alguma forma, não consegui cravar a faca nas suas costas quando me abraçou.

— No meu aniversário? Que monstro. – Zombou ela. E, depois de seis segundos com ele encarando o vazio, ela retornou a falar, porém tudo não passava de afirmações. – Você tinha acabado de assassinar duas jovens naquele dia, foi isso que desencadeou sua coragem para finalmente fazer sua proposta absurda. Mas eu jamais esconderia de você que estou ajudando um detetive particular com o seu caso. Caso contrário, eu seria punida. Então, não, não é isso que você está pensando.

— Obrigada, agora vá. Eu espero no carro. – Ele continuava encarando o capô. E ela pensara o quão burra tinha sido por ter revelado isso para ele, poderia ser uma ótima carta na manga. Ela poderia, realmente, ajudar James.

— Não vai querer ouvir? – Ele balançou a cabeça, negando.

Era tudo que ela precisava, dez minutos sem o outro lado do assassino em sua mente. Sem o lado perturbadoramente feliz e com bom gosto. Sem o lado professor e “amigo”. Sem o lado charmoso e manipulador. Somente ela e um profissional discutindo uma forma de pegar – no caso dele, descobrir quem era – um assassino inescrupuloso e horrendo que havia sido apelidado com o ridículo nome de Blue Killer.

Ana andou até a varanda e tocou a campainha, esperando pelo detetive. Enquanto ouvia os passos do lado de dentro, olho no relógio. Exatamente duas horas. Pontualidade impecável, apenas um golpe de sorte ou o carro dela simplesmente voara?

Depois de alguns segundos a maçaneta girou e a porta de madeira marrom escura se abriu, revelando um detetive com olheiras e cansado dizendo “Até logo.” para dois policiais com cintos bem avantajados e que pareciam ter saído de um filme em que a história acontece em uma cidadezinha distante; com xerifes e cadeias pequenas.

Ela abriu espaço para os dois passarem, eles a cumprimentaram e seguiram em direção da lojinha de penhores lacrada na esquina.

— Eles provavelmente vão perguntar o que veio fazer aqui da próxima vez que te encontrarem. – Comentou James quando os homens já estavam distantes o suficiente.

— Eu agüento. Vamos? – Ele gesticulou para que ela entrasse.

Pela segunda vez, e agora mais assustada com a situação do que antes, a morena entrou na casa amarela. Quando passara pelo corredor pela primeira vez não notara quase nada, apenas passou sem analisar nenhum detalhe. Mas agora, ela não sabia o porquê, estava um pouco mais crítica, mais atenta. Percebeu que o interior era leve, bastante confortável. As cores não eram tão vívidas quanto à parte de fora, um bege em uma parede, um salmão em outra... Alguns vasos nas pequenas mesinhas brancas que decoravam os corredores possuíam flores com aromas agradáveis. – Não era exatamente a casa que poderia pertencer a um homem de trinta e poucos anos, parecia um lar de uma senhora de idade simpática e com bom gosto. A mistura de cores da cozinha – verde, azul e vermelho puxado para o rosa – deixou Ana pensando na probabilidade de James ser gay, ela riu sozinha com a ideia, chamando a atenção sem querer.

— Lembrou de alguma piada? – Perguntou ele, brincando. Então, ao entrarem em um cômodo no final do corredor do primeiro andar ele disse apontando para uma poltrona: – Sabe, acho melhor você se sentar.

Eles estavam no escritório? Ela não tinha nem reparado que aquele cômodo existia, ficara na sala de estar o tempo todo. Ali era o lugar mais escuro da casa, o marrom predominava apesar de haver alguns toques de preto. A poltrona que ele apontara era de couro e ficava de frente a uma mesinha bem bagunçada; atrás da mesma havia outra cadeira idêntica. Nas paredes havia enormes fileiras de livros em estantes que iam do chão ao teto, preenchendo todo o espaço. Ali era completamente diferente do que ela havia visto antes de passar pela porta, o que a levou a cogitar a hipótese dali ser o único lugar que ele mesmo havia decorado. – Descartando a possibilidade de ele jogar em outro time... Ou não, o cabelo ainda era engraçado.

— Eu não ia te ligar, estava esperando você entrar em contato comigo, mas recebi isso dois dias depois de você ter vindo aqui. – Ele apontou para uma carta em cima da mesa enquanto se sentava. – Você é mencionada.

O rosto de Ana ficou paralisado. Havia congelado. Estava pensando se era por isso que Ethan tinha ficado tão tranquilo com o fato de estar ali, mencionou que já tentara tirar a vida dela uma vez poucos minutos antes, e se estivesse mesmo arrependido? E se tivesse escrito algo que a comprometesse? Como seu pai se sentiria? Como ela se sentiria? – Não, repreendeu-se, ela não pode pensar assim. Tem um livro para terminar, um livro que ele pedira. Tinha que descobrir o que ocorrera com sua mãe! Não, ele não tinha feito nada contra ela.

James reparou o rosto confuso da menina – apesar de ser por causa de seus pensamentos, e não da carta – e voltou a falar.

— Quero que você leia, não tive coragem de passar do primeiro parágrafo. Está com a assinatura dele. – Ela se sentou hesitante.

— E se for apenas uma brincadeira de mau-gosto? Algum pirralho que apenas deixou a carta aí?

— Ninguém sabe que ainda estou no caso, só você. – O homem engoliu em seco. – E ele.

Ana esticou seu braço e pegou a carta. Abriu o envelope cuidadosamente, e lá estava a assinatura dele embaixo. Porém, com a intenção de ninguém reconhecer sua caligrafia, a mensagem estava digitada.

— Quer que eu leia em voz alta? - James assentiu. A morena respirou profundamente e começou:

— “‘Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler. ’ – A Menina Que Roubava Livros.

“Olá Ana, olá James. Sei que estão cuidando do meu caso em segredo, muito bom. Na verdade, foi a melhor coisa que poderia me acontecer. Adoro um desafio, e vocês são os únicos capazes de me desafiar. É realmente revigorante quando se pode encontrar alguém a altura, isso não acontece com bastante freqüência. Para ser sincero, nunca aconteceu. Porém, tenho fé que vocês dois conseguirão cumprir seus objetivos assim como conseguirei cumprir os meus.

Mas vamos evitar que isso se torne uma carta muito longa e vamos para o principal: Se vocês querem saber quem eu sou, eu sugiro revirarem um caso antigo na delegacia. Um caso que a senhorita Ana tem muito apreço... Elizabeth Smith soa familiar? – Um suicídio? Um assassinato? Qual o motivo de ter se jogado da janela?... Respostas. É por isso que todos nós procuramos, procuramos por respostas. Eu, vocês, Liz e o mundo. A cada peça do quebra-cabeça da Sra.Smith resolvido, uma dica de quem sou e o que eu quero vocês ganham. Porém, o tempo é curto. Em exatamente um ano eu sumo, desapareço, vou para outro lugar. Com o passar dos meses irei revelar qual o meu interesse sobre este caso; e se vocês me derem uma confirmação de que farão o que eu quero, posso evitar cometer homicídios... Talvez somente acidentes, quem sabe?

Espero que vocês consigam, digo isso de todo coração.

Blue Killer. “– Desgraçado, idiota, nunca mencionou tempo, quem ele pensa que é? Droga. - Pensou Ana após ler a carta.

Quando finalmente ambos se recuperaram, James começou a falar. Porém Ana não prestou atenção e começou a analisar a letra do documento. Era de fato de Ethan. – Como ela sabia? O papel que havia caído há dias, semanas; ela vira a letra dele. A verdadeira letra dele, porque o que ele escrevia no quadro ou em anotações em sala de aula era um garrancho legível.

E agora ela percebera que ele conseguia pensar nos detalhes que muitos não tinham ideia. A letra é quase uma digital, e digitais aquele homem escondia bem.

— Preciso mandar a letra para análise.

— Não. – Ela gostaria de ter mais argumentos do que os que ela possuía no momento. – Vamos fazer o que ele quer, precisamos. Se não ele vai matar, e algo me diz que desta vez não será simples ou meninas sozinhas e indefesas. Ele vai atacar alguém grande, conhecido.

— Fique calma, tenho certeza de que você não corre perigo. – Ela não falava de si mesma. – E não podemos fazer o que ele quer só porque, com todo respeito, você quer saber o que aconteceu com a sua mãe.

— Não, não é isso! Se resolvermos, ele se revela. Na paz, sem confusão, sem mais mortes! – Ela estava ofegante, atuando para parecer desesperada, porém pensando no que aquele sociopata poderia estar tramando. – Por favor, James! Não o deixe matar novamente, você viu o que aconteceu com Clara e Jennifer! E isso tudo é minha culpa, de alguma forma isso tudo é culpa minha!

— Pare com isso Ana! – Ele se levantou da cadeira, deu a volta na mesa de madeira cheia de papéis de formas e cores diferentes e agarrou seu ombro firmemente, com o olhar meio confuso. Poderia ser uma preocupação comparada a de um pai, algo que ela nunca realmente tivera, ou apenas a função de um homem da lei de manter a vítima sã. – Você não fez nada, ele é louco. Só isso. Vamos descobrir como ele te conheceu, o que ele quer, por que está fazendo isso e vamos prendê-lo! Acabaremos com esse caso desesperador, apenas acalme-se. Pensaremos em um plano... – Ele fez uma pausa, reconsiderando as possibilidades. – Porém, pode ser que seja mais sensato seguir a regras dele por enquanto... Sim, nisso você tem razão. Não podemos deixar mais ninguém morrer, então falarei com o delegado amanhã e verificarei o caso da sua mãe.

— Ótimo, fico agradecida. – Ela se levantou e se dirigiu à porta. – Será que matarei dois coelhos com uma cajadada só? – Sussurrou ela.

A hipótese de conseguir desvendar o que ocorreu com a mulher que um dia lhe deu a luz era fascinante para Ana, tanto que se lembrou que Ethan havia prometido dar dicas a cada capítulo escrito muito antes dali. E, nessa noite, ela terminaria o primeiro e a primeira peça do quebra-cabeça seria dada. – Ele tinha bolado tudo, um plano quase perfeito. Porém, tudo dependia dela. Deveria terminar o livro em um ano, sem mais nenhum dia ou hora. Era isso, tudo ou nada.

— Nos vemos amanhã na sua universidade, irei falar com seu pai sobre o caso da Elizabeth. – James tossiu. – Acho melhor você ir, poderá perder aula.

— Ah, sim, claro. Obrigada.

Ela seguiu o corredor, um tanto atordoada pelo o que acabara de acontecer. Mas ao pisar na varanda e dizer adeus para o detetive, encarou seu carro com uma determinação e um nó na garganta. Mais uma vez olhou no relógio, duas e meia. Não era possível, ela não acreditava que tinha demorado meia hora para ler uma carta minúscula. – Porém nada importava agora, importava era ela descobrir qual era o plano do homem sentado em seu carro. Danem-se as conseqüências, ela conseguiria cumprir seu objetivo. Escreveria o livro e descobriria o que aconteceu com sua mãe.

Ela começou a andar vagarosamente em direção ao veículo, apenas esperando o que poderia acontecer. Abriu a porta do carro e entrou. Ainda em silêncio, pôs seu cinto de segurança, ligou o carro e ameaçou sair sem dizer uma palavra, mas simplesmente não conseguiu mais segurar o nervosismo quando Ethan sorriu. Apesar de estar com os olhos fixo para frente ela pôde ver pelo retrovisor.

— O que diabos acabou de acontecer? – Perguntou a garota, completamente atordoada enquanto se virava para o banco do passageiro em um solavanco.

— Apenas lhes dei seu prazo. Achou mesmo que teriam todo o tempo do mundo, Ana? Não sou estúpido. Você deve terminar o livro para eu ser preso, conseqüentemente irá descobrir o que aconteceu com a sua mãe. – Ele tirou uma caneta do bolso e escreveu algo na própria mão, como um lembrete. – Caso isto não aconteça, eu sumo. E, se por algum descuido do destino, levo você junto.

— Você simplesmente não mantém sua palavra?! – Ela estava a ponto de gritar, já estava histérica. Algumas pessoas têm problemas para negociar com outras, Ana já possuía barreiras eternas. – Você nunca mencionou algo assim, qual o seu problema? O que eu te fiz? O que essa cidade te fez? Você é louco!

— Talvez. – Ele tinha um tom muito sério e melancólico na voz. – Mas sabe o que você me fez? Confiou em mim. Tudo por um simples livro. Confiou em mim sem ao menos saber o meu nome. – Ele fechou o sorriso. – Ninguém fizera isso, todos tinham medo. E eu nem era como hoje. Mas você sabe o que essa confiança gerou em mim? Um sentimento que nem eu mesmo consigo explicar, então se considere culpada.

Ana tentou absorver aquelas palavras sem deixar escapar lágrimas pelos olhos - de raiva por ele estar a chantageando, de medo e de frustração por ter aceitado aquele maldito livro em seu aniversário - mas ela deixou escapar, entretanto essa era diferente; era uma lágrima confusa, que expressava o quão magoada estava por ter acertado a tese dele desde o princípio. – Pelo menos não havia perdido sua inteligência, olhem pelo lado bom.

— Você... Você... – Ela gaguejou, tropeçando em seus próprios pensamentos. E também se arrependendo antes de pronunciar as palavras que vieram a seguir: – Você se apaixonou por mim?


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Comentem, eu suplico.

Até o próximo, beijos.



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