A Cúmplice. escrita por Larinha


Capítulo 11
Capítulo IX


Notas iniciais do capítulo

O que eu fiz é imperdoável, não há desculpas, não há motivos que consigam justificar minha demora. Entretanto estou aqui *de joelhos* implorando perdão de vocês, e vou justificar assim mesmo: Prova, boletim chegou e eu fiquei sem internet, estudando feito uma condenada, mais prova, protestos, bloqueio criativo e o word não estava ajudando.
É o que posso dizer, e mais uma vez: desculpe, desculpe... Desculpe.

E provavelmente o capítulo pode ter alguns erros, desculpe de novo.



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...

— Façamos o seguinte, não terei muito tempo esta semana, então você pode obter algumas informações com Connor. – A face de Ana ficou branca, parecia que tinha visto um fantasma. – Surpresa por ouvir o nome dele na conversa? Achou que ele era um total desperdício de espaço e que era uma vítima da situação tanto quanto você? Sinceramente... Você tem muito o que aprender.

— Eu... Eu só achei que ele não fazia parte disto. – Ela engoliu em seco. – Mas não importa. Com licença, tenho que ir para a aula de literatura.

— Ainda bem que lembrou, eu também. – Disse Ethan rindo.

Antes que ele se levantasse, a garota arrancou sua mochila do cabideiro ao levantar e saiu da sala ignorando o fato de ter esquecido o celular em cima da mesa de centro do quarto.

Os últimos dias haviam sido bastante incomuns, talvez o efeito do aniversário da morena tivesse permanecido o resto da semana e na semana seguinte, mas não justificava o comportamento dos alunos. Estavam todos felizes, contentes demais – sendo que a prova bimestral era dali a três dias, ninguém estaria bem e sim preocupado – os comentários sobre alguns acontecimentos ao redor do mundo tinha eclodido na escola, assim como também as opiniões sobre o assassino em série que havia dado uma ‘pausa’ na matança depois de destruir uma família com duas balas, tirando a vida de duas jovens no mesmo momento. Mas Ana não ligava para as opiniões dos seus conhecidos ou para as provas bimestrais, ela estava mais preocupada por haver um sociopata na universidade e um livro para terminar.

Ana tinha evitado várias vezes se encontrar com Ethan pela faculdade, só queria vê-lo quando fosse absolutamente necessário; ou seja, nas aulas e quando fosse dormir. – Apesar do último item ser um momento meio agonizante para ela. – Mas ele sempre sabia onde ela estava, na biblioteca ou na diretoria, na livraria ou até mesmo na escola de Lilith. Ela já não agüentava mais fugir, então desistiu por um tempo. O que fazia os encontros ‘por acaso’ se tornarem freqüentes, e quase todos os dias.

Já sabia de muitas coisas sobre seu professor. Sua infância, sua puberdade, alguns segredos, alguns gostos. Por alguns dias Ana ficou refletindo sobre o que poderia ter liberado a apreciação dele pela morte, já que quase tudo fora normal em sua vida e ele, ou pelo menos a sua imagem, não era tão ruim. Porém, não conseguiu chegar a nenhuma conclusão. Ele era confuso demais até para a complexa Ana.

Porém, por mais que tentasse simpatizar com ele, os assuntos trazidos à aula de literatura só a deixavam mais raivosa. Principalmente naquele dia, que fora citado o duplo homicídio de Jennifer e Claire.

— Elas não mereciam isso, tão jovens. Da nossa idade! Espero que esse canalha seja preso. – Lucas comentou após Jessica ter lido o jornal trazido por Connor.

— Mas a polícia nem se mexe, duvido muito que vão prender um assassino deste porte. – Disse alguém no fundo da sala.

— Ainda pergunto a mim mesmo qual o motivo desse cara para matar assim, a sangue frio, sem escrúpulos. – Quando Connor falou, deixou a mente de Ana mais confusa do que já estava.

— Como se motivos aliviassem o fato dele ser um homem, porque tenho certeza de que é homem, frio e sem coração. Que tira vidas como se tivesse direito, que destrói famílias por causa do seu próprio objetivo sujo. É horrendo ver um ser humano chegando neste estado, se tornando algo tão monstruoso. – Ana olhou de lado para ver a reação de Ethan, ele somente encarava o vazio. – E mesmo que esse ser tenha algum passado trágico, ele não pode descontar em inocentes.

Victória sempre foi muito observadora e reparou na amiga enquanto falava, percebeu movimentos inquietantes e algumas tremedeiras ao citar certas palavras. Porém, o que a mais deixou agoniada foi Ana ter dito o que ela própria pensava nesta situação e também na peça favorita das duas. Só que na peça, Ana sempre teve uma opinião diferente, então ela perguntou:

— Então você prefere que a Christine fique com o Raoul? Porque o fantasma da ópera fez o mesmo. Matou duas pessoas somente pelo amor dele à Christine, além de ter quase enforcado seu adversário para que ela o escolhesse. Se isso não é egoísmo, descontar em outras pessoas pelo mal causado a ele, não sei o que é...

— Não estamos falando do musical, Miss Summer, vocês estão na aula errada. Aqui eu sou outro professor. – Disse Ethan, finalmente se pronunciando. A voz dele era grossa e objetiva. – Eu tenho alguns livros para passar a vocês, vou dividi-los em grupos e quero, daqui a oito dias; já que haverá prova em três, uma dissertação sobre a opinião de vocês. É apenas para ver se vocês estão somente estudando Shakespeare e esquecendo as outras matérias, ou estão bem. Colocarei do primeiro da chamada e o último e assim por diante. Grupo Um: Ana Smith, Victória Summer, Andrew Benson, Taylor Benson e Connor Millers.

— Você só pode estar de sacanagem comigo. – Murmurou Ana, quase sussurrando.

Conforme Ethan citava os nomes, ele estendia os livros para cada grupo. E, sem surpresa alguma, o grupo de Ana foi a cópia dele do livro de Gaston Leroux. E apesar dela ter gostado, não deu muita atenção para as idéias do pessoal por causa de uma mensagem deixada em seu caderno.

“Preciso te ver na portaria dos fundos. Um pouco antes do final da universidade. É importante. – Ethan.”

Não tinha noção que se encontraria com mais alguém além dele mesmo, ver outra forma escondida nas sombras dos fundos da universidade a deixaram bastante surpreendida. Fora muito estranho quando ambos entraram na luz e ela pôde enxergá-los. Por um momento pensara que havia perdido finalmente o pouco de sanidade que lhe restava quando reconheceu o rosto de Connor na figura misteriosa mais a frente. Ele estava usando uma blusa preta de manga comprida e uma calça com alguns rasgos e uma corrente pendurada no bolso. Em questão de estilo, os irmãos eram muito diferentes.

— Agora é a minha vez. – Pigarreou Connor.

— Você não disse nada sobre ele. – O silêncio surgiu após aquela sentença. Até porque ninguém sabia para quem havia sido, nem mesmo Ana sabia. Porém, quando começou a ficar desconfortável demais, ela quebrou a quietude com outras perguntas mais diretas. – Então você também está metido nisso? Sabia do que seu irmão era capaz? Aproximou-se de mim com essa intenção, para que ele tivesse sucesso?

— Eu entendo sua dramaticidade neste momento, mas você realmente tem que parar com seus pré-julgamentos. Eu não me aproximei de você com esta intenção, foi uma coincidência. Uma infeliz coincidência. – Ele ficou com um olhar chateado e um pouco distante. Levou a mão à boca, também parecia angustiado. - Ana, eu só preciso esclarecer algumas coisas com você, é pedir demais? Sei que fui chato, mas foi por uma razão. E você me conhece...

— Então por que quer falar comigo nos fundos da universidade? Onde ninguém pode ver?

— Se eu fizesse qualquer coisa contra você, eu seria um homem morto. – Ana tremeu com a frase, e mesmo que talvez Connor estivesse certo, Ethan se encolheu por ele pensar daquele jeito.

Ela foi em direção aos homens parados a um metro, quando chegou perto, Ethan deu um passo à frente e agarrou seu braço.

— Se eu fosse você prestaria muita atenção no que ele pode te dizer. – Apertou duas vezes e soltou. Quando Ana conseguiu andar, ele sussurrou. – Às vezes nada é o que parece ser.

Se houvesse algum sentido naquela situação, avisem à protagonista, porque ela realmente estava um poço de confusão.

Conforme ela apertava o passo para alcançar Connor, que começara a andar mais devagar quando chegara perto do portão dos fundos. O lugar onde pararam não parecia os dos mais amigáveis à noite. As árvores faziam sombras graças à luz do luar, que era a única iluminação presente ali. Os caixotes que geralmente ficavam por ali não estavam mais, assim como também não estavam os extintores de incêndio extras que costumavam ser deixados de lado naquele recinto. Algo estava fora do normal, – o lugar, logicamente – mas aquela situação já saíra do controle de Ana desde que decidira ir à casa de James naquela manhã.

O mais estranho era a quietude assombrosa do lugar, que mesmo não tão longe do barulho da “festa”, era dominante e permanente. Mesmo que houvesse algumas corujas marcando suas presenças com os seus famosos: “Uhu” em cima das árvores, não havia outros seres ali sem ser Ana e Connor.

Conforme a morena tentava se aproximar do ex, os passos dela foram ficando mais hesitantes. O barulho do cascalho sendo pisado pelo All Star da garota a deixava mais inquieta. Não sabia o motivo, mas aquele garoto que conhecia há bastante tempo parecia dar mais medo do que o próprio irmão devido ao lugar onde estavam. Felizmente, ela se acalmou quando ele começou a falar e mostrar que o único que poderia ter algum tipo de distúrbio mental era Ethan.

Connor se apoiou no muro e suspirou duas vezes antes de começar a falar.

— Eu queria muito que nada disso tivesse acontecido. Você deve estar se perguntando como não impedi isso tudo agora que começarei a falar que já sabia de tudo, é muito simples. Não se pode fazer nada sem provas, Ethan é extremamente perfeccionista e calculista, nunca deixaria nenhuma para trás. Então, eu só tinha um único plano. Estava quase convencendo Ethan de sair da cidade, só faltava ele terminar com Jéssica; era o passo mais difícil. – Ele riu de nervoso. – E quando ele finalmente fez, eu achei que tivesse conseguido, mas não. Ele terminou por sua causa. Todo o plano insano que ele havia montado ainda estava de pé, ele me enrolou, me manipulou. Ele tem feito isso desde sempre, desde a sua festa de 16 anos. E agora... Eu não tenho escolha a não ser ajudá-lo.

Ele chutou uma rocha na frente dele enquanto dizia a última frase com muita determinação e o rosto destorcido. Parecia agoniado com aquela situação. Ana acabou se comovendo com ele, e foi em sua direção rapidamente e pôs a mão em seu ombro. Ela estava meio confusa, porque ele liberava informações demais e sem nenhum detalhe específico.

— Eu tento me manter firme perto dele, ativar meu lado ator, mas é muito difícil. Ele é esperto demais, inteligente demais. Ele sempre foi assim, não me admira se ele estiver nos ouvindo neste momento porque eu não consigo enganá-lo. E eu sei que esse encontro não deve fazer o menor sentido, eu podia simplesmente chegar perto de você e falar, mas é por que... É como se eu sempre tivesse que pedir permissão a ele para fazer qualquer coisa. Ele já deve ter te dito isso, né?

— Nós não chegamos a ter uma conversa longa o suficiente que chegasse aos detalhes mórbidos. Só sobre ele, nada sobre você. – E era assim que ela faria o garoto soltar todas as informações perdidas que não havia entendido no começo daquela conversa.

— Ethan salvou minha vida e não somos irmãos de sangue. - Aquela era, de fato, uma informação chocante para Ana. A ponto de fazê-la encostar-se ao muro onde Connor estava há poucos minutos. Ethan havia dito muito pouco sobre as outras pessoas a sua volta. - Ele não te disse nada? Nada mesmo? Eu gostaria de dizer meu lado da história, mas você provavelmente colocaria no livro sem perceber e ele pode não gostar. Eu só posso dizer o que ele me mandou dizer.

— Tudo está confuso esses dias, mas você está piorando a situação Connor. Acho melhor eu voltar ao Microsoft Word, escrever qualquer coisa que me der na telha. Isso não vai dar certo.

— Escrever qualquer coisa muito menos. – Ethan saiu de trás da árvore. Depois de dois segundos, o celular de Connor tocou.

— Alô?

“Connor Millers? Aqui é o detetive James, estou cuidando do caso do Blue Killer. Ana Smith não atende o celular, sei que o senhor estuda na mesma universidade que ela, poderia me dizer onde ela está?”

— Ela está bem na minha frente, senhor, só um minuto. – Connor ergueu a mão em direção a Ana, tampando a entrada do microfone. – É para você. Vou deixá-los a sós.

Connor voltou para o outro lado da universidade enquanto a garota atendia o telefone.

— Sim?

“Ana! Faz tempos que não me procura, fiquei preocupado. Consegui juntar algumas pistas e tenho até uns suspeitos, mas preciso que você venha ou na delegacia ou aqui para dizer suas teorias novamente.”

— É que eu ando muito ocupada... – Disfarçou a garota. – Estudando e tal... Mas eu posso sim, amanhã eu passo aí por volta das duas, ok? Tchau.

Ela nem esperou o homem responder e saiu desligando.

— Com pressa?

— Ansiosa. O que quer?

— Acho que meu irmão atua muito bem como vítima, você caiu direitinho. – Debochou Ethan.

— E você é um idiota.

— Agradeço o elogio. – Ele chegou mais perto de Ana. – Enfim, já que ganhei essa hora de folga vou te explicar o que Connor deixou escapar para você bem rapidinho. Foi há uns 10 anos, ele estava fugindo de uns valentões do colégio dele quando bateu a cabeça em uma pilastra em frente à loja de doces da vizinhança. Pelo o que sei, ficou desacordado por um tempo. E quando voltou a consciência, estava trancado em um depósito com algemas nas mãos e com uma corda em volta da cintura que estava presa a uma cadeira. É algo típico em seqüestros, porém ele estava sem nada na boca, poderia gritar por socorro, morder a corda até que se partisse... Inúmeras possibilidades. Porém, antes dele raciocinar qualquer coisa um dos garotos que o perseguia saiu das sombras do fundo do depósito com um tipo de faca na mão, tinha um olhar muito perturbado. Se quer saber, a partir daí eu já estava em cena. Aquele depósito era meu, eu assisti tudo até certo ponto.

— Por que deixou o garoto entrar no seu depósito? E amarrar outro em uma cadeira? Ah... Desculpe, você é um sociopata com distúrbios mentais, esqueci; continue.

— Enfim, Connor nunca realmente soube o porquê do garoto ter feito aquilo, mas no momento que percebi que o gorduchinho não ia parar, eu saí do meu quarto e bem... – Ele riu. – Minha terceira vítima.

— Terceira?

— Pensei que tivesse deduzido que tinha matado meus pais. – Ethan virou-se para o dormitório para ver se algum aluno havia notado os dois. – Não? Ana, sua inteligência, onde está?

— Dentro de uma caixinha no meu quarto onde deixei meu juízo


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Notas finais do capítulo

Por essa vocês não esperavam, não é? q



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