A Garota E O Fantasma escrita por LiKaHua


Capítulo 6
Capítulo 05




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Alissa estava deitada, seu coração estava apertado, sentia-se mal. Não conseguia parar de chorar mesmo que tentasse, no fundo ela não queria aceitar que Deyv se fora, não importava o que acontecia nada fazia com que se sentisse melhor, era uma dor aguda que a acompanhava aonde quer que ela fosse, Deyv sabia que encontrar seu assassino seria mais fácil que ajudar Alissa e Karen a seguir em frente, e ele em particular apreciava desafios quando vivo.

Virando o corpo para o lado pela, provavelmente, milésima vez aquela noite, Alissa fitou no celular a hora, vendo que eram cinco da manhã. Há dias que não conseguia dormir direito ou não conseguia dormir nada. Fechando os olhos tentou mais uma vez sem sucesso, nesse momento Deyv apareceu sentado ao pé de sua cama:

– Você vai ficar com olheiras horríveis! – Advertiu-a.

– E desde quando eu me importo com isso? – Falou, apática.

– Só porque eu morri vai se esquecer de você agora?

– Você é um fantasma bem intrometido não acha?

– Alissa, torna as coisas mais fáceis pra mim vai!

– Ah é? E você tornou as coisas fáceis para mim, Allison Deyv?! Você morreu! Não venha agora tentar me convencer desse papo de "seguir em frente" porque autoajuda do além não é o seu melhor emprego!

– Caramba, você é mais irritante do que eu pensei sabia?

– Vou encarar isso como um elogio.

– Alissa, escuta só, pensa na Karen, ela precisa de você pra continuar...

– Jura? O engraçado é que eu também precisava de você pra ir em frente e você comprou viagem só pra um! O que ainda tá fazendo aqui? O demônio do Allan já tá preso, descansa em paz agora! – A dor na voz dela era visível, Alissa sentia o nó em sua garganta apertar.

– Como?! Vendo você desse jeito? Você não deixa eu descansar em paz nem no caixão! Meu corpo tá lá, se contorcendo. – Provocou.

– Então, eu vou desenterrar e levar pro Guinness! – Ironizou.

– O que eu posso fazer pra te ajudar?

– Você não pode viver, Deyv... E eu não posso matar o Allan. Parece que nada no mundo pode me ajudar! Você foi embora cedo demais... Eu não esperava isso, não queria... Não é justo! – As lágrimas caíam pelo rosto de Alissa e seu peito parecia contorcer-se.

– Mas eu estou aqui por você não estou?

– É você é o Gasparzinho e eu a louca que fala com fantasmas!

– Você precisa parar de agir como uma criança mimada e aprender a aceitar as coisas que não pode controlar! – Aconselhou-a, sério.

– Escuta aqui, seu fantasma psicanalista, você me ensinou muita coisa quando estava vivo, me lembro dos ensinamentos sobre metal, sobre pessoas, sobre a vida, sobre os símbolos, sobre os estilos, mas o único que eu não me lembro foi o dia que você me ensinou a viver sem você! Dá pra refrescar a minha memória nessa lição? – Rebateu cheia de sarcasmo.

Deyv colocou a mão no rosto, olhando para ela, e começou a rir. Alissa o olhava sem entender, mas logo começou a rir também mesmo sem saber do que, exatamente, estava rindo. Assim que o dia amanheceu e os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, Alissa deitou e dormiu sobre o "colo" de Deyv. Por mais que brigassem ela não conseguia deixar ele ir, embora Deyv soubesse que mais cedo ou mais tarde ela teria que aprender.

Em parte, depois dessa conversa, Alissa se sentia melhor, acostumara-se com a presença constante de Deyv ao seu lado, as conversas até o nascer do dia, e até mesmo as intromissões dele quando não devia:

– Amor, está mesmo tudo bem com você? - Olhando-a desconfiado Justin perguntou enquanto acariciava seu rosto.

– Está sim... - Alissa falou suavemente.

– Não mesmo! - Deyv revidou.

– Fica quieto! - Ela sussurrou.

– Como? - Justin perguntou, confuso.

– Ahn... Nada não amor... Esquece isso.

– Cara você acha mesmo que ele é idiota? É só olhar na sua cara que tem um letreiro luminoso escrito "AJUDA". - Deyv falou em tom sarcástico.

– Quer parar com isso? – Sussurrou a garota, nervosa.

– Amor, tá falando com quem? - Justin olhava confuso para Alissa.

– Ahn...

Deyv gargalhava. Não apenas com Justin, mas também com Karen e às vezes até com os pais dela, Alissa nunca conseguia deixar de responder a uma provocação dele. Em parte ele fazia isso para que ela desejasse não vê-lo mais, o problema é que ela só queria que ele ficasse mais. Os dias passavam com calma e Karen começava a encarar a falta de Deyv de maneira mais forte que Alissa, que conseguia vê-lo. A garota sentia-se desmotivada para tudo, e até mesmo as coisas que gostava de fazer tornaram-se sem graça. Deyv estava ficando preocupado com a situação, não tinha muito tempo e o seu trabalho parecia não fazer avanço.

Naquela noite, Karen e Alissa resolveram ver um filme. Já fazia mais de três semanas desde a morte de Deyv e mesmo assim nenhuma das duas sentia-se confortável para levar uma vida normal, às vezes até se sentiam mal por estar respirando quando o melhor amigo já não existia mais. Sentando no sofá com a habitual bacia de pipocas, Alissa deu play no filme e notou a presença de Deyv no outro sofá. Olhando para ele sentiu certo alívio de tê-lo por perto, mesmo que daquele modo, de certa maneira a presença de Deyv havia tornado as dores um pouco menos difíceis de aguentar, sentir que o melhor amigo não tinha partido de um todo em parte a consolava.

Sorrindo para ela, Deyv fez um sinal para que prestasse atenção no filme, ela riu e obedeceu.

– Tá rindo de que? - Karen quis saber.

– Nada não.

– Desde quando você ficou tão boa mentirosa e obedece as minhas ordens? - Deyv perguntou.

– Prefere quando eu implico com você?

– Sinceramente não. - Karen respondeu. Deyv começou a rir.

– Cala a boca! - Alissa falou rindo.

– Mas você que perguntou! - Karen falou sentida.

– Não maninha... Não tô falando com você não...

– E tá falando com quem?

– Tô... Decorando as falas de uma peça de teatro!

– Como é?! - Karen falou cética. Deyv gargalhava a certo ponto que balançava as compridas pernas.

– Não tô achando nenhuma graça!

– E eu não estou rindo! Para com isso Ali! Tá começando a me assustar!

– Cara você me diverte demais! - Deyv gargalhava.

– Para de encher!

– Alissa, ficou maluca?! Com quem tá falando?

– Conta pra ela! - Deyv encorajou, rindo.

– Eu criei um... Amigo imaginário.

– Essa é velha viu! - Deyv falou sarcástico.

– Um amigo imaginário? Eu por acaso tenho cara de idiota?

– Falei que era velha!

– Eu não disse isso Karen... É que... Ah, eu só curto essas coisas.

– Certo... Eu vou dormir tá? Da boa noite pro seu "amigo imaginário"!

Ela falou, fazendo o sinal das aspas com os dedos enquanto se levantava para ir para o quarto. Deyv olhou para Alissa ainda rindo, mas dessa vez mais calmo.

– Sinceramente, você me tira do sério!

– Foi bom, temos que conversar Alissa...

– Ah então você queria um papo cabeça? Por que não disse logo? Eu teria saído sem precisar passar por louca!

– Eu tenho que ir embora...

Os olhos de Alissa fitaram Deyv cheios de água, seu coração voltou a sentir violentamente a dor da perda. Não conseguiria continuar sem ele... E nesse momento ela se perguntava o que fazer.


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