A Garota E O Fantasma escrita por LiKaHua


Capítulo 5
Capítulo 04




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Alissa sentia-se mole, não tinha vontade de fazer mais nada além de chorar, mesmo que não o fizesse para não piorar as coisas com Karen. À noite, ela virava na cama de um lado para o outro, e só tinha uma coisa em mente: mandar o cretino que matara Deyv para cadeia ou para o inferno! As lágrimas começaram a cair novamente e ela se certificou que Karen estava mesmo dormindo antes de começar a chorar.

– Alissa... Por favor, não chora... – Pediu Deyv, com dor na voz.

Ela cobriu o rosto com o lençol para não olhar para ele, que riu.

– Vamos lá, não seja teimosa, vem aqui.

– O quê? - Ela perguntou, incrédula, descobrindo o rosto.

– Chega mais perto. – Chamou-a.

– Vai fazer o que, me atravessar? – Perguntou em um misto de ironia e agonia.

– Caramba, eu tô adorando esse seu lado sabia? – Ele riu.

– Me erra!

– Isso seria bem fácil! Mas eu não quero. Agora vem aqui.

Alissa se aproximou dele ainda com os olhos lacrimejando, Deyv a abraçou e ela sentiu um calor imenso, conseguia sentir levemente aquele abraço, era fraco, mas real. Alissa não tinha certeza se chorava ou sorria, seu coração estava apertado... Não era fácil encarar o fato que Deyv não mais existia. Seu celular tocou, ela se afastou para pegá-lo percebendo pelo visor que era uma mensagem de texto:

"Oi amor, como você está? Melhorou? Eu quero ver você... Estou com saudades. Justin."

Ela devolvera o celular para o lugar onde estava e respirou fundo, não conseguira encontrar Justin depois do acontecido, além da tristeza que sentia, ainda tinha que cuidar de Karen. Respirou fungando por causa do choro e olhou para Deyv, que a fitava:

– Ele não vai gostar de te ver assim, na verdade ninguém está gostando.

– E você quer o quê, hein, espertinho? Que eu coloque um vestido gótico e dê uma Rave pra galera do rock?!

– Olha, eu não imagino você em uma Rave, muito menos dando uma Rave, mas adoraria ver você em um vestido de gótica! – Um sorriso debochado e provocante surgiu nos lábios de Deyv.

– Vem cá, que raio de fantasma você é hein?! – Alissa cerrou os olhos pra ele.

– Certamente, o melhor tipo deles! – Gabou-se.

– Tô começando a discordar! Você dava menos trabalho vivo! – Disparou.

– Por que você chorava menos! – Rebateu.

– E porque era mesmo? Ah, lembrei, porque você tava vivo! – Alissa tentava mascarar sua dor com sarcasmo.

– Alissa, deita um pouco, tenta dormir direito, ou então, quando vir seu namorado amanhã ele vai pensar que o fantasma é você! Está parecendo uma assombração. – Provocou.

– Não vamos começar a comparar as aparências aqui, tá bom? Você já esteve melhor.

– Vai por mim, vou te ajudar a dormir.

– Claro, eu vou dormir bem melhor sabendo disso!

– Deixa de ser inexorável e deita logo!

– Espera ai, Alisson Deyv acabou de usar a palavra "inexorável"? – Riu, fingindo surpresa.

– Algum problema? – Perguntou Deyv, tranquilo.

– Pelo visto seu vocabulário também melhorou muito, né? Sabe pelo menos o que significa isso?

– Do latim inexorabilis Que não cede a rogos nem a lágrimas; que não tem piedade. CRUEL, IMPIEDOSO, IMPLACÁVEL, INSENSÍVEL, Muito rigoroso. DURO, A que não se pode escapar. – Disse, em tom calmo e seguro.

– Não sabia que davam aula de português no céu.

– E como sabia que eu estava no céu?

– Você era bom demais para estar em outro lugar...

E dizendo isso, Alissa fechou os olhos mergulhando no mais profundo sono, estava fisicamente cansada, psicologicamente exausta e emocionalmente confusa. Naquele momento ela só queria desligar-se da realidade e acreditar que amanhã seria um dia diferente, seria um dia melhor. A claridade entrou pela janela incomodando seus olhos, o copo pesado virou para o lado para olhar a hora no celular, eram onze e meia da manhã. Levantou as pressas e correu para tomar banho, colocou a roupa preta de sempre e calçou os coturnos. Parando um segundo em frente ao espelho ela passou sombra e lápis preto e permaneceu com a boca sem nada. Estava decidida a, naquele dia, não deixar ninguém saber como ela se sentia.

Colocou os fones no ouvido e saiu de casa. Caminhava a passos levemente rápidos, olhando o relógio viu que não estava tão atrasada e diminuiu o passo, tentando apreciar a música em seus ouvidos, escutava Epica, sua banda de metal favorita, mais especificamente a música Feint, naquele momento ela se lembrava de Deyv, e pensava consigo mesma que procurava apenas um pretexto para fazer isso quando sabia que não era preciso. Mesmo vendo o fantasma do melhor amigo, a morte de Deyv não era um fato aceito por Alissa, e a obsessão pela prisão do homem que o matara era cada vez maior.

– Alissa. - Deyv chamou-a, mas ela não ouviu. - Alissa! - A voz grave e um pouco mais alta fez Alissa despertar de seus pensamentos e levar novamente um susto ao ver o fantasma ao seu lado.

– Que droga, Deyv! – Exclamou irritada. - Será que não pode pelo menos agir como um fantasma normal e usar um lençol pra avisar que tá chegando?!

– E você, com esse fone tão alto que não escuta nem vozes do além! Quer o quê? Ficar surda?!

– O que é, veio reclamar do volume do meu fone agora? Que eu me lembre eu não estava chorando!

– Não, implicante, eu vim te dar uma informaçãozinha preciosa...

– Qual?

– Eu sei onde o cretino do Allan está.

A informação fez uma onda de adrenalina tomar o corpo de Alissa.

– Allan? O seu assassino?

– Não, o ator de Hollywood! – Ironizou. - Claro né!

– Desembucha fantasma espirituoso!

– Ele está em uma casa abandonada nas montanhas que ficam perto da casa onde eu morava.

– Aquele desgraçado! – Esbravejou.

– Avise a polícia o mais depressa possível, ele planeja fugir em dois dias...

– Não posso matar ele?

– Enlouqueceu?! Nem sonhe com isso! Ligue pra polícia e lembre, se você pensar em fazer algo imprudente eu vou estar de olho em você!

– Vai fazer o que? – Provocou.

– O que for preciso! Agora pare de ser irritante e faça o que eu mandei!

Alissa revirou os olhos, pegou o celular e ligou para polícia passando a informação de maneira anônima. Ainda aquela tarde ela ficou sabendo que Allan estava preso, por um lado a raiva ainda permanecia dentro de si, por outro estava feliz, uma vez que Dennys sobrevivera poderia acusá-lo formalmente. Mas nem assim a dor de Alissa diminuía, não importava que o desgraçado estivesse preso, ele estava vivo, Deyv não. Cruzando os braços em volta do corpo ela olhou pela janela o sol se pondo enquanto a voz da professora de química passava cada vez mais longe do seu ouvido e da sua mente. Ela apenas sentia aquele vazio enorme no coração um vazio que nada nunca poderia preencher.

– Amor!

Correndo até o namorado, Alissa o abraçou com força caindo novamente em lágrimas, não sabia com certeza se todas de dor ou se havia no meio delas, alguma de alegria pela prisão do infeliz que matara seu melhor amigo. Justin era forte, olhos incrivelmente azuis, os cabelos negros cortados curtos, era um pouco mais alto que Alissa. Apertando um pouco o abraço ele falou suavemente:

– Minha menina... Eu sinto muito... Shh... Vai ficar tudo bem...

Alissa queria acreditar que ficaria tudo bem, que ela conseguiria superar aquilo. Dentro dela, conviver com a ausência de Deyv seria o maior desafio com o qual teria que lutar, seu coração estava quebrado, ferido profundamente. Uma ferida que talvez nem mesmo o tempo fosse capaz de cicatrizar.


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