Desligamento escrita por Lena Rico, Ana Valentina


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindas(os) de volta!
A partir de agora estaremos postando todas as segundas-feiras, então estamos contando com a presença e os reviews de todas vocês!!!
Percebemos que algumas das leitoras nos abandoram... Caso a história esteja deixando a desejar em algum ponto, pedimos que nos comunique.
Agradecemos a atenção de todas(os).
Boa leitura!
Beijinhos.
♥ Lena Rico e Ana Valentina ♥



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Margo certamente tinha uma auto estima bem elevada ou não sentia nenhuma culpa pelo casamento da minha mãe. Parecia não se preocupar com o que eu e Laura estivéssemos pensando sobre ela, pois continuava de cabeça erguida e após ouvir tudo aquilo da própria filha esboçara um sorriso nas extremidades dos lábios.

— Querida, sei que já cometi vários erros… O primeiro deles, foi não ter aceitado me casar com Gabriel há dezessete anos… Mas em certo ponto da vida podemos ao menos tentar consertar nossos erros e é o que estou tentando fazer…

— Como assim se casar com meu pai há dezessete anos? – perguntei chocada com o que acabara de ouvir.

— Quando eu era adolescente eu era cheia de sonhos, queria estudar teatro e ser uma atriz famosa… Eu e Gabriel nos conhecemos ainda no colégio e ele também adorava tanto arte que até tinha uma banda de rock. Mas sabe como são as coisas… Na empolgação da adolescência, entre um beijo e outro, um dia as coisas foram esquentando e acabei ficando grávida. – ela respirou fundo, olhou para meus olhos e de Laura que estavam arregalados, temendo o que ainda teríamos de ouvir — O ano letivo estava acabando, assim ainda tive a chance de frequentar o colégio até concluir o ano sem que a barriga crescesse demais e alguém pudesse suspeitar da gravidez. Gabriel estava fazendo um teste para entrar em outra banda, mais requisitada, planejando assim, ter condições de sustentar nossa família. Minha mãe queria o melhor para mim, então comentou com um belo advogado de vinte e nove anos, já estabelecido, sobre mim e convidou-o para jantar conosco em nossa humilde casa.

Ele era elegante, elegante como Gabriel nunca chegaria a ser. Robert Fontão conhecia vários lugares bonitos, era bem educado, um verdadeiro homem de negócios. Gabriel não gostava que Robert estivesse me visitando, então começou a trabalhar na oficina mecânica de um tio dele para conseguir dinheiro fixo e poder alugar uma casa.

Há essa altura, eu já estava quase para ter o bebê, com sete meses e meio, eu já estava pensando mais no bebê do que em nós mesmos. Robert pediu-me em casamento três dias antes de Gabriel levar-me para conhecer o pardieiro onde iríamos morar. Robert era um completo cavalheiro, conversamos algumas vezes em que ele vinha em casa, jogávamos dominó e ele me ensinava o nome de cada uma das constelações que conhecia. Em momento algum cheguei a ter algum tipo de contato físico com ele, nem mesmo um aperto de mão, sempre cumprimentava acenando graciosamente, em respeito a Gabriel.

Durante seu horário de almoço, Gabriel levou-me para ver a casinha que conseguira para nos abrigar. Ela parecia muito frágil, algumas telhas até estavam fora do lugar, as paredes estavam descascadas e úmidas, o teto era baixo, as portas e janelas eram de madeira levemente estragada pelo tempo. Na entrada da casa, em frente aquele casebre, Gabriel se ajoelhou e pediu minha mão em casamento. Comecei a chorar, no início ele chegou a pensar que fosse de felicidade, mas com tempo ele percebeu que não.

— Não, eu não posso. Olha a situação da casa em que você pretende criar nossa filha? As portas e o telhado estão praticamente caindo! E quando ela pedir algum brinquedo? Diremos que não podemos comprar? E eu? O que vai ser de mim por todos esses anos? Vou ficar arrumando a casa e cuidando de criança? Como poderei ser uma atriz desse jeito? Eu quero dar a Laura, o melhor que eu puder dar… E o melhor no momento, não é você.

— Do que você está falando Margo??? Laura? Vamos ter uma menina? E desde quando você gosta desse nome? – questionou Gabriel completamente confuso.

— Desde quando Robert me pediu em casamento e garantiu o melhor para mim e o bebê. – disse retirando a mão de entre as de Gabriel, virando as costas e enxugando as lágrimas.

Na semana seguinte, ao completar dezoito anos, casei-me com Robert. No início tive medo de que Gabriel exigisse a guarda do bebê na justiça, mas a justiça estava comigo e Robert era um homem da lei.

O tempo passou e nunca mais o encontrei, mas fiquei sabendo dos boatos, boatos de que ele havia encontrado uma mulher, casado a beira de uma igrejinha caindo aos pedaços e que estavam esperando um bebê, confesso que sofri com as notícias, não imaginava que isso poderia acontecer. Que ele encontraria outra pessoa tão rápido, mas tudo o que importava era o bem estar de Laura, e quando a estava segurando em meus braços, olhando ao redor e vendo que nada faltaria a ela, não me arrependia nenhum pouco da minha decisão. Embora meu coração ainda sentisse falta dele, aos poucos fui procurando esquecê-lo e acabei descobrindo outros lados maravilhosos de Robert, com o tempo aprendi a amá-lo.

Quando eu achava que ficaríamos juntos para sempre, que não existia nada que pudesse separar-nos, que envelheceríamos juntos e que o passado só seria uma lembrança apagada, quando tinha certeza que Laura nunca precisaria conhecer meu passado medíocre, encontrei novamente Gabriel.

No momento em que olhei seus olhos de chocolate derretido descobri que nada estava seguro, percebi o quanto fui intolerante, mesquinha e egoísta, deparei-me com um buraco enorme em meu coração, um buraco que só poderia ser preenchido por ele.

Imediatamente constatei que ele era o homem da minha vida, o tipo que poderia ficar longe por anos e anos e mesmo assim nunca deixaria de amá-lo, aquele que por mais que tentasse esquecer, sempre ficaria no meu coração, escondido até transbordar pela beira, inundando novamente minha consciência

Desejei que as coisas pudessem ser diferentes, ansiei pelo momento de estar novamente em seus braços, tocar seu rosto com as mãos e dizer que o amava. E todos esses sentimentos ocorreram-me em apenas um segundo, antes de Gabriel se virar e fingir que não me viu, que não ficou tão chocado quanto eu, fingir que não mantinha nenhum sentimento para comigo.

Eu sei, mereci isso, ele me amava tanto e tudo o que eu fiz foi virar as costas para ele, casar-me com outra pessoa e esquecer todos os momentos bons que compartilhamos.

Meu coração batia agressivamente, eu sabia que estava em um daqueles momentos que define o rumo das nossas vidas, não haveria mais momentos como esse, minhas mãos tremiam e senti um nó na garganta ao ver as costas do Gabriel já longe de mim, não pensei duas vezes, eu sabia exatamente o que queria, o que sempre quis, não abriria mão disso novamente, embora soubesse que ele estava casado e provavelmente feliz, mas não conseguiria continuar vivendo tranquilamente sem tentar, sem ouvir dos lábios dele que não haveria mais nenhuma chance. Queria ouvir que eu o tinha perdido há dezessete anos, se fosse assim eu ia continuar com minha vida e saberia que tentei, que tinha arrumado forças o suficiente para dizer que o amava, nem que fosse uma última vez. Tentei engolir o nó que se formou em minha garganta e corri atrás de Gabriel.


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