Adorável Depressão escrita por Cristina Abreu


Capítulo 4
4. E o movimento definitivamente não é sexy


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu voltei!!!
De novo: mil perdões pela demora! Tipo... até terça-feira eu tinha prova (agora tô de férias e não, isso não é lá muito legal t.t) Mas agora acho que não mais perderei o prazo de uma semana. Os capítulos provavelmente serão postados todas as quintas ou sextas. Veremos.
Mas então... Vocês me desculpam, apple pies?! Por favor, digam que sim!
Ah, e obrigada pelos reviews! Os poucos que não respondi, responderei em breve (não hoje - considero como sexta porque não fui dormir ainda - porque tenho prova amanhã, de inglês, e não, não estudei O).
Uma outra coisinha: de quem eu acompanho as fic's e de quem vou passar a acompanhar, desculpas pela demora também para ler! Tô meio que acabadinha essa semana, mas na seguinte eu pretendo pegar firme. Na verdade, também tenho que ir uns... Hã... 9 livros? Olha que coisa básica.
Agora vamos ao capítulo que tanto demorou para ser postado? Espero que gostem.



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4. E o movimento definitivamente não é sexy


Acordei desesperada. A madrugada cálida se estendia lá fora e o vento quente que batia em minha janela não poderia ser mais forte do que a minha respiração. Nada o poderia ser.

Eu arfava e segurava o cobertor a minha volta, como um bicho assustado. Porque eu estava. Meu sonho não fora ruim, pelo contrário. O momento com o qual sonhei fora tão, mas tão doce que me machucara. Em um maldito sonho!

Revirei meus olhos enquanto voltava a me recostar no travesseiro. E ali me permiti ser criança. Chorei com tanto amor que recebera. Não estava acostumada e nem sabia se queria aquilo.

Toquei meus lábios úmidos e reconheci que amar profundamente era uma besteira. Mas doce.

***

Levantei minha cabeça do tampo gelado da mesa e despertei assim que o sinal tocou. Hoje estava um pouco mais feliz, já que passara o final de semana inteiro na casa de Ana, sem nem sequer pensar na cara de ninguém da minha família.

Peguei a mão de Rafael enquanto saía para o intervalo. Ele rapidamente passou o braço por meus ombros e eu passei o meu por sua cintura, ignorando o rubor que se espalhava pela minha face.

Eu tinha concordado em tentar. Jurei a Ana que o faria e até que não estava sendo tão difícil. Mas também não era a sensação que eu esperaria que fosse.

Digo, ainda não havíamos nos beijado nem nada do tipo. Eu ainda não dei esse passo, porém sentia que estava próximo. Muito próximo. E talvez quando nossos lábios finalmente se encostassem um no outro os anjos cantassem Aleluia!

Sorri para meu melhor amigo e nem olhei quando Alessandro passou em nossa frente. Também não deixei que ele começasse a conversar com Rafa. Puxei-o comigo e vi que estava surpreso, mas totalmente feliz. Apertou-me mais e a palavra chiclete apareceu em minha mente. Bem, chicletes eram gostosos.

Ana também estava com a mesma expressão de Rafael, e bateu as palmas para mim quando me aproximei dela. Rolei meus olhos e me sentei ao seu lado e do de Rafa. Recostei minha cabeça em seu ombro e suspirei.

— E aí? Quais são as novidades nas incríveis doze horas em que passamos separadas? – perguntei, querendo que ela parasse com o olhar e sorriso maliciosos que estava nos lançando.

— Tenho um encontro! – gritou, feliz. Arregalei meus olhos.

— Como assim?! – gritei também. – Quando eu saí de lá vocês não tinham trocado nem uma mensagem! Impossível.

— Sou rápida, sua lesma. – riu-se. – Ele disse que gostaria de me encontrar novamente e eu, óbvio, disse que sim.

— Quem é o coitado? – Rafael perguntou atrás de mim. Ele estava mexendo no meu cabelo e a sensação era boa.

— Rá, rá, muito engraçado, Senhor Não-Tenho-Ninguém. – Ana bufou e eu sorri. Então ela olhou para mim e seu sorriso convencido voltou. – Claro, isso parece estar mudando.

Disfarçadamente mostrei-lhe meu dedo do meio, escondendo-o de Rafael. O xingamento só a fez rir ainda mais.

— Mas respondendo sua pergunta, é um carinha que eu conheci em uma festa.

— Ah, então era por isso que estava tão feliz há alguns dias? Relaxa, ele devia estar bêbado. – Rafa disse e Ana revirou os olhos. Eu sorri e joguei minha cabeça para trás, observando seu rosto bonitinho. As covinhas apareceram e me fizeram sorrir ainda mais. Ele se abaixou e me deu um selinho.

Ri e voltei minha cabeça para como ela estava. Um selinho nunca representou nada, porque costumávamos dá-lo a todo tempo. Era algo carinhoso e eu via como apenas mais um gesto de amizade.

— Que fofo! – alguém suspirou atrás de nós, de modo sarcástico.

— Ale. – Rafael o chamou. O garoto estava mesmo contente. Como será que ele ficaria quando eu o beijasse? – Que foi?

— Sua namorada não me deixou falar contigo. – ele respondeu, sorrindo de um modo estranho para mim. Dei de ombros e fechei os olhos, recostando-me ainda mais no meu pretendente a namorado.

— Ui, está com ciúmes, Alessandro? – Ana botou lenha na fogueira. Sorri internamente, mas deixei meu rosto tranquilo, sem me abalar.

— Não se mete no que não é chamada, tá bom? – ele ficou irritado. Hm? O que eu perdera?

— Ai, toquei no ponto fraco, hein? – minha melhor amiga continuou rindo. Senti que Rafael ficava tenso.

— Fala logo o que você quer, Ale. – ele disse, segurando-me mais junto ao seu peito.

Quase pude ouvir a cabeça de Alessandro virando de um lado para o outro em exasperação. Mantive meus olhos fechados e acariciei o braço de Rafael. Gostei de como ele se arrepiou e da sensação que aquilo me deu.

— Vai ter uma festa amanhã, às oito, queria saber se você vai. – Alessandro disse. Franzi minha testa.

— Nossa, Alessandro, que gay. – Ana não parava de provocar. Abri meus olhos e notei que ele estava puto.

— Cala a porra da boca, Ana. – minha amiga apenas continuou sorrindo e deu uma mordida na coxinha que comprara.

Ele então se virou para Rafa e arqueou as sobrancelhas, nem me olhando. Mordi o beiço, com vontade de rir.

— Vai ou não? Leva sua garota junto e “já é”. – falou. – Claro que lá vão ter muito melhores...

Revirei meus olhos e dei uma risada de escárnio.

— Vai se foder, Alessandro. – falei. Ana estava em êxtase. Acho que ela queria que eu dissesse isso há muito tempo. Rafael também parecia animado.

— Puta que pariu, vai ou não, Rafael?! – ele quase gritou.

— Hm... Você quer ir? – perguntou-me, para desespero do outro, que bufou. Pensei um momento e olhei de relance para Ana.

— Ela também vai? – indiquei nossa melhor amiga.

— Se ela quiser... – Aninha assentiu enquanto comia.

— Então tá. – respondi, fazendo círculos em seu braço com minhas unhas. Ele gostava disso e eu também.

— Tem sua resposta, Ale. – falou, erguendo seu olhar para o melhor amigo.

— Firmeza. – esse respondeu e voltou para seu grupinho de populares, não sem antes franzir as sobrancelhas para mim.

— Ele ficou putinho! – comemorou Ana, feliz. – Estava morrendo de ciúmes, Kate!

— E eu com isso? – retruquei, continuando a acariciar Rafael, que relaxou após o comentário da minha amiga. Ela não respondeu, mas seus olhos brilhavam com a aprovação.

Também me senti feliz e melhor ainda, estava livre. Porque foi o que não senti que alegrou tudo dentro de mim.

Não o havia esquecido completamente. Gostara dele tempo demais para isso e se parasse assim do nada eu mesma diria que era uma falsa. Nenhum sentimento, por mais miserável que seja, pode se extinguir de um momento para o outro. Mas diminuíam rapidamente, assim como o meu por aquele moleque arrogante.

O que me fazia perguntar se os problemas realmente só estão em nossas mentes doentes.

***

O dia anterior passara voando. Agora já era a hora da festa e eu esperava que Rafael viesse me buscar, enquanto apressava em me arrumar. Não, eu ainda não o tinha beijado, mas esperava que fosse hoje. Será que era por isso que estava parecendo uma daquelas adolescentes com merda na cabeça?

Coloquei meu vestido tubinho preto e gemi. Meu reflexo mostrava-me excessivamente gorda! Estava pronta para jogá-lo longe quando Ana, que já estava completamente pronta e confiante, me impediu, revirando seus belos olhos e jogando seus cabelos loiros para trás.

— Não seja ridícula! – exclamou. – Está uma gata.

Lancei um olhar do tipo “você só pode estar de brincadeira” para ela, que continuou me ignorando.

— Justo demais! – grunhi. – Olha isso! Não tenho corpo pra esse vestido.

E nem para nenhum outro. Odiava meu corpo com quadris largos e coxas grandes, assim como a bunda. Mas também não fazia esforço nenhum para mudá-lo. Nunca tentei prosseguir com uma dieta e me arrependia por isto.

— Você não é gorda! – foi a vez dela de gemer. – Não seja tão teimosa, Katie. Seu corpo é gostoso.

— Só se for pra alguém que curte barangas! – bufei e desisti. Foda-se. Calcei um sapato de salto e joguei meu cabelo para o lado, observando-o cair em camadas negras e sedosas. Se eu tinha algo de melhorzinho em mim, era o cabelo. Só.

Ela riu e me fez sentar na cama, começando a me maquiar. O pincel passando por minha pálpebra fazia-me cosquinhas. Instantaneamente me acalmei.

— Acho que Rafael e o Vitor gostam de barangas então. – continuou. Não lhe respondi e nem lhe dei atenção, concentrando-me no movimento constante dos produtos tentando fazer alguma coisa para me deixar bonita. Como se fosse possível.

— Ei, quando vai ser seu encontro? – estava curiosa e ansiosa. Fazia um tempinho que Ana Paula não se envolvia com ninguém e da última vez o término não foi fácil para ela.

— Quarta!

— Amanhã? – franzi a testa e ganhei um tapa de leve em meu ombro.

— Sim, e eu queria falar com você sobre isso...

— Hm? – murmurei distraída.

— Eu queria que você fosse comigo...

— O quê? Não, não... Não mesmo! – gritei. – Não quero ficar de vela, Ana.

— Mas aí é que tá... Você não vai, porque um amigo dele também vai e...

— Ana, você quer me juntar com o Rafael, certo? – comecei. Oh, eu teria que ter muita paciência com ela.

— Claro. – senti que ela dava de ombros.

— Então... O que diabos eu vou fazer lá com outro moleque?! – gritei. – Não tem cabimento, sua jumenta!

— Não grita comigo. Eu já entendi. – abri um dos meus olhos e ela fazia beicinho. Bem, sua expressão não iria me convencer.

— Loira burra. – sussurrei, ganhando outra palmada dela.

— Calada. – ordenou e eu pressionei os lábios. – Quer batom ou não, porra?

Mostrei a língua para ela, no que era, sem dúvida, um ato muito maduro, mas deixei meus lábios separados.

— Pronto! Ficou linda. – Ana afastou-se e eu abri os olhos. Ela era uma boa maquiadora. Quase não me reconheci debaixo da maquiagem pesada, mas gostei de como meu olhar se mostrava mais... Selvagem?

— Valeu. – sorri.

— Ai, o Rafa vai pirar quando te ver! – bateu palminhas.

— Tá, vamos parando com esses ataques de bicha louca? Obrigada. – rolei meus olhos e me levantei da cama. Uma buzina soou lá embaixo.

— Ah, espera, mas como ele conseguiu um carro? – a testa da minha melhor amiga se franziu. Ri de sua preocupação.

— O irmão dele vai nos levar e nos buscar, relaxa.

— Ótimo, porque eu não queria morrer hoje. – lutei mas não consegui deixar de revirar meus olhos mais uma vez. Quanto drama, Senhor!

— Vamos logo ou não? – perguntei, já a empurrando escada abaixo.

— Vamos, nossa, mas quanta pressa.

— O irmão dele está esperando, caralho! – mantive minha voz baixa, para que só ela pudesse ouvir. Tipo, não estava fugindo de casa nem nada, mas também não queria a atenção de toda a vizinhança.

Fomos até o carro e entramos no banco de trás. Rafael estava adorável de jeans e camiseta e eu subitamente me senti desconfortável em meu vestido curto e colado. O que eu tinha na cabeça quando deixei que minha mãe o comprasse?

Alessandro estava no banco de passageiro, na frente, e nos cumprimentou com um pequeno e desleixado aceno, que não me dei ao trabalho de responder. Sorri para Rafael e o beijei na bochecha. Ana se debruçou sobre mim para poder fazer o mesmo. Ele corou, fofo como era.

— Vocês estão lindas. – comentou, olhando para meu pedaço de pano e para o vestido leve e solto de Ana. Ela ficava perfeita em verde-água, realçava seus olhos.

— Obrigada. – respondemos em uníssono e sorrimos uma para a outra.

Não demoramos muito para chegar. Em poucos minutos já estávamos passando pela porta e entrando numa casa onde a música tocava em plenos pulmões. Como os vizinhos não reclamam disto?

E pior: era funk!

Alessandro não se demorou muito mais conosco. Foi até a pista e ficou passando a mão em uma garota qualquer, que, feliz, começou a rebolar ainda mais. Desprezível. Por que as mulheres insistiam em fazer esse papel de puta ridículo? Balancei minha cabeça e Rafael nos levou até onde as bebidas estavam sendo servidas.

— Não bebam nada que não seja eu a servir, ok? Eles mesclam as bebidas com álcool e talvez com drogas, sei lá. – Ana e eu pegamos um copo de refrigerante gelado e trocamos um olhar.

— Isso é uma festa de pessoas da nossa idade? Sério mesmo? – perguntei, arqueando minha sobrancelha.

Ele riu e assentiu.

— Na verdade, um garoto mais velho está dando a festa, mas ele é irmão de um dos amigos do Ale, então...

— E o que estamos fazendo aqui mesmo? – Ana reclamou, batendo o pé. – Poderíamos estar nos divertindo muito mais numa balada dos anos 60.

— Sem exageros. – franzi o nariz. – Que tal apenas tentarmos curtir a festa?

Ela deu de ombros e Rafael nada disse, afinal ele estava aqui justamente para isso. Fora nossa escolha o acompanhar.

— Não é a primeira vez que você vem numa coisa dessas, né? – adivinhei.

— Não. – ele corou. – Sempre dão essas festas e o Ale me chama, então eu venho.

— Se o Alessandro te chamar pra se atirar de uma ponte você também vai? – Ana Paula provocou. Dei-lhe um olhar para que ela parasse, mas acho que ela nem reparou, ou então, me ignorou completamente.

Meu melhor amigo nem lhe deu atenção. Pude perceber que ele estava olhando para mim, medindo-me com os olhos. Quis revirar os meus. Rafael podia ser um fofo e um cavalheiro, mas era homem também e com os hormônios à flor da pele. Não sei se devia ter me sentido desconfortável ou ofendida, porém gostei da atenção.

— “Pega ela” logo! – Ana exclamou, mas só eu consegui ouvi-la, acho.

A música (e aquilo lá podia ser chamado de música?) finalmente acabou e logo outra começou. Essa, no entanto, era eletrônica e não funk. Peguei nas mãos dos meus amigos e os guiei para pista de dança improvisada.

— Já que estamos aqui... Vamos dançar! – cantarolei.

Os pais do patrocinador da festa deveriam estar ausentes, com certeza. Bem, coitado de quem precisaria limpar aquela imundice. Eu não duvidava nada de que quem bebia logo vomitaria em algum canto. Eca.

Comecei a dançar e vi que Ana fazia o mesmo. Nós não éramos as melhores dançarinas, mas dávamos para o gasto. Éramos bem mais recatadas do que as outras, também, não que isso fosse uma coisa ruim, porque não era.

Rafael me observava. Já suada, fiquei ainda mais vermelha e me aproximei dele, me movimentando ao seu redor, mas não me esfregando como as outras meninas. Ele sorriu e também começou a se mexer. Uau! Ele dançava muito bem – sério, quem iria imaginar que um moleque todo certinho dançasse daquele jeito? -, fazendo passos de free step com psy.

As garotas começaram a se aproximar dele, tentando acompanhá-lo, tentando serem vistas. Oh, desculpem-me, vadias, mas ele só tem olhos para mim! Meu subconsciente se alegrou.

Quando eu ia dar mais um passo e me juntar a ele, Alessandro se pôs entre nós e me agarrou pela cintura, dançando comigo ao ritmo da música. Ele fedia a suor e bebida. Tive nojo. Quantas vezes já não sonhara com esse momento? Agora eu preferia ter uma morte lenta e sofrida.

Tentei afastá-lo de mim, mas ele continuava a roçar seu corpo no meu, em partes que eu prefiro nem comentar. E então, quando quase estava levando meu joelho para cima na intenção de esmagar a sua virilha, alguém o tirou de mim. Rafael, meu salvador.

— Me larga, Rafa! – Alessandro cuspiu as palavras.

— Só se afaste dela. – ele retrucou. Parecia ameaçador. Todos que estavam próximos a nós pararam. Pedi socorro para Ana com o olhar, mas ela nem sequer dirigira o seu na minha direção. Era óbvio que ela estava se divertindo. Vaca!

— Você sabe que ela tá a fim de mim, né? Aquela “vadiazinha” só quer me fazer ciúmes usando você. Deixa com que ela tenha o que ela quer.

Foi tudo tão rápido que nem consegui piscar antes de notar que Alessandro levava um belo de um soco. Abri a boca horrorizada para Rafael, que ainda tinha as mãos em punho, pronto para atacar novamente.

Mas que porra?!

Coloquei-me no meio e o empurrei pelo peito, afastando-o do idiota caído no chão. Ele podia ir se foder. Ana também veio me ajudar e juntas levamos nosso melhor amigo para longe da sala, subindo as escadas e entrando num dos quartos.

— Precisamos do quarto mais do que vocês, saiam! – Ana disse, acendendo a luz e assustando um casal de namorados que estava dando uns amassos.

A garota reclamou com uma voz anasalada e revirei meus olhos. O corpo de Rafael ainda estava tenso sob minhas mãos e eu queria poder acalmá-lo. Eu tinha certeza de que ele se arrependeria do que tinha feito amanhã. Alessandro era seu melhor amigo.

Mas ele te chamou de vadia.

— Olha, me agradeça que eu tô te livrando de uma gravidez, ok?! – Aninha replicou, calando aquela vozinha chata em minha cabeça. – Agora vazem!

Assim que eles saíram empurrei Rafael para a cama, fazendo-o sentar.

— Você tá louco?! – gritei. – Que porra foi aquela?!

Esperei que Ana me apoiasse, mas ela apenas sorriu e assentiu para o olhar raivoso do garoto a nossa frente.

— Muito bem, Rafa! Defendeu “tua mina, é isso aí! Bom garoto! – ela riu e ele grunhiu.

— Ana! – reclamei. – Saí daqui você também.

— Só se me prometerem que eu não vou ser tia daqui a nove meses. – ela piscou para mim. Antes que eu pudesse atacar qualquer coisa nela, ela já estava correndo escada abaixo.

— Muito bem, o que aconteceu?! – voltei-me para ele.

— Você ouviu! – Rafael deu-me um olhar de você está surda?

— Ele é seu melhor amigo, babaca!

— Você também é minha melhor amiga, idiota! – ele me respondeu, revirando os olhos.

Lutei e consegui não erguer os cantos da minha boca. Estava louca para sorrir com a nossa troca de carinho.

— Eu sei que você gosta dele, mas você o ouviu? – continuou. Pisquei, surpresa. Nunca tínhamos entrado nesse assunto antes. – Ele te xingou de puta! E estava praticamente te abusando!

Sorri com ternura para ele e toquei sua face. Sua mão repousou na minha enquanto expirava e começava a relaxar.

— Por que você gosta dele? Ele sim é um babaca. – Rafa suspirou. Sentei-me ao seu lado e recostei minha cabeça em seu ombro.

— Porque eu tinha merda na cabeça. – respondi, dando de ombros.

— Tinha? – seu olhar faiscou em esperança. Quis rir de sua carinha de garotinho, mas me contive. Seria agora?

— É. Não mais. – murmurei, fingindo alisar meu vestido. Cacete... Como eu coloquei algo tão curto?!

— Então você não ficou mais próxima de mim só pra fazer ciúmes no Alessandro? – ele continuou sua investigação.

— Óbvio que não, Rafa. Eu nunca faria isso com você. Não brincaria com seus sentimentos desse jeito. – estremeci. Magoá-lo era o que eu menos queria.

Mas então o que eu estava fazendo ao acreditar que existia uma chance para nós? Eu era toda fodida, e ele era todo perfeitinho. De certo eu estragaria a vida dele, assim como estragava a de todos que estavam próximos a mim. Por que eu fazia isso com ele?

Porque é egoísta.

E, sério, qual é a da minha consciência hoje? Puta que pariu, eu devo ter um grave distúrbio mental, só pode.

— Então o que estamos fazendo? – Rafael perguntou com um respingo de felicidade em sua voz. Oh, meu menino que agora eu poderia mesmo chamar de meu!

A luz piscou e se apagou, nos assustando. Apertei sua mão, mas a claridade da lua conseguia iluminar o quarto, ao menos que um pouco. Hm... Romântico. Um sinal? Meu estômago se revirou. Borboletas? Céus!

— Hein? O que estamos fazendo?

— Agora? Jogando um precioso tempo fora. – flertei. Sim!

— Por quê? – ele sabia muito bem aonde chegaríamos. Mordi meu beiço inferior e olhei para baixo, corando. Porém, quando voltei a encará-lo, estava mais decidida do que nunca.

— Porque – comecei. – poderíamos estar fazendo outra coisa com nossas bocas.

— Ah, é? Tipo o quê? – Rafael continuava meu jogo. Agora nenhum de nós conseguia esconder o sorriso.

— Tipo... – me aproximei, sussurrando. – Beijar.

E era isso. Ele se inclinou para frente e nossos lábios se encontraram. O beijo foi doce e delicioso. Abri minha boca e dei passagem a sua língua, que se enlaçou com a minha.

Hm... Quem diria que poderia ser tão bom?

Quando ambos estávamos sem fôlego, ele se afastou. Abri os olhos e encontrei os seus me fitando com intensidade. Com amor.

Quase gemi. Como seria ser amada? Amada de verdade? Seria possível?

Aquele mar de chocolate derretido que eram os olhos dele me revelavam que sim.

— Katie? – chamou. Corei e passei os dedos por seus lábios macios. Ele, por sua vez, ergueu a mão e me acariciou a bochecha. Fechei meus olhos com seu contato, estremecendo de tanta felicidade.

— Só me beija. – implorei e assim Rafael o fez.

Nossas bocas se uniram e eu me perguntei se aquilo representava um pouco do meu tudo. Felizmente começava a achar que sim.

Mas era apenas um pouco.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Não?
Particularmente eu curti mais o Rafa nesse *risos* e acho que quem é team (ó as ideia) Katie com Rafael (eu lá sei mesclar esses nomes?) curtiu o beijinho, né?!
E pra quem prefere o Vitor... Tenho alguns planos para ele. Relaxem e... Fiquem curiosos!
Enfim, eu espero que tenha agradado, porque, afinal, demorou pra caramba e eu acabei esse negócio a uma da manhã, após comemorar comigo mesma o aniversário do meu Ian gotoso! :3
Qualquer erro me avisem, tudo bem? Eu revisei, mas tô com sono... Então vocês sabem como é, né? Se escapa quando eu estou mais sã, imagina o que não sai quando meus olhos tão quase se fechando?
Bem, apple pies (acho muito fofo esse apelido), vou parar por aqui e ir dormir.
Aguardo os reviews de vocês, ouviram?! (viram, na verdade, porque ninguém aqui conhece - além de você, Vini - minha voz fina e dengosa).
Bons sonhos e até os comentários e o próximo capítulo! Beijos :*