Rose Weasley.

Tirei uma mala de dentro do guarda-roupas com violencia, arranquei minhas roupas do cabide e as joguei de qualquer jeito na mala, enquanto enxugava as lagrimas que insistiam em cair, eu não queria parecer fraca, não na frente de quem havia me humilhado, mas eu simplesmente não conseguia.

Estava fechando a mala quando ouço batidas na porta.

─ Rose, me deixe entrar. ─ Dominique falou.

Eu corri abrir a porta, e assim que vi seus cabelos platinados a abracei forte. Eu não a culpava por nada, afinal quem foi pra cama com outro foi eu, ela não me obrigou a fazer nada.

Quando eu abracei foi como se mais frustações insistissem em sair pelos meus olhos, e eu chorei mais do que me lembrava ter chorado um dia.

─ Rosie, calma, Rosie. ─ ela pediu, segurando meu rosto entre as mãos, enquanto eu soluçava. ─ Pra onde você vai? ─ ela perguntou.

─ Para qualquer lugar bem longe daqui. ─ falei voltando minha atenção para a mala quase pronta sobre a cama.

─ Você vai para a minha casa. ─ falou ela.

─ Eu não posso Domi. ─ resmunguei enxugando o rosto com a manga da blusa.

─ Pode sim, não vou deixar você sozinha nesse momento, você vai ficar na minha casa até que consiga alugar uma para você. ─ Eu abri a boca para protestar porém ela me cortou. ─ E não discuta comigo.

Eu sorri e a abracei novamente.

Momentos depois estavamos descendo as escadas, com duas grandes malas de rodinhas e uma de mão.

A maioria dos meus tios haviam ido embora, ali estavam apenas minha mãe, meu pai, Alvo, Roxi, Lily, Hugo e tio Harry.

Atravessei a sala sem olhar para trás, por que se eu olhasse, começaria a chorar novamente.

Estava quase saindo pela porta quando ouvi minha mãe gritar.

─ ROSE! ─ olhei para os seus olhos castanhos, banhados por lagrimas, e quase, quase corri abraça-la. ─ Não vá.

─ Eu preciso ir mamãe, me desculpe. ─ falei voltando a olhar para frente.

Senti que meus primos iriam dizer algo, mas foram calados por um olhar de Domi.

E meu pai? Meu pai permaneceu sentado em sua poltrona, assistindo a tudo.

Estava no quintal quando tio Harry me alcançou.

─ Rose.. Você não quer ir lá pra casa? A casa é grande e eu sei que você não tem para onde ir. ─ pediu ele.

─ Isso só iria fazer meu pai ter raiva de você tio, e eu não quero isso, pode deixar que eu já sou bem adulta, posso me virar sozinha.

Assim virei as costas e voltei a caminhar em direção a saida.

Assim que entrei no carro de Domi, devo ter cochilado, pois acordei com ela me chamando:

─ Rose, chegamos.. ─ ela sussurrou me despertando.

Sai do carro, apanhei minhas malas e entrei na casa.

Estava tudo como tinha deixado mais cedo ao sair dali, a mesa de bebidas extamente igual, a cama desfeita, copos e embalagens jogados pelo chão.

Engoli em seco e falei, com um falso tom brincalhão.

─ Parece que temos muito a fazer aqui, não é? ─ forcei um sorriso.

─ Parece que sim. ─ disse ela, sorrindo de leve.

Comecei a me ocupar em arrumar e limpar, para manter minha mente vazia de tudo que estava acontecendo, da humilhação de meu pai, do meu casamento perfeito indo pelo ralo, e do meu coração, que agora estava muito mais estilhaçado do que a minha dignidade.

Meu desejo era somente pensar, pensar e tentar colocar tudo em ordem, desfazer o nó em minha cabeça, mas novamente isso não foi possivel. Quase pulei quando uma montoeira de cabelos ruivos me atingiu.

─ Ai Rose, como você está? Não chore tá? Eu to aqui... Pronto, pronto. ─ falou Lily, desesperada, passando a mão por meus cabelos.

─ Lily, calma, tá? ─ falei me desvencilhando do abraço de tirar o folego. ─ Está tudo bem agora, eu vou ficar com Domi um tempo, e depois, eu vou me mudar, não sei...

─ Você quer ir lá para a casa? Lá é melhor, tem mais conforto... ─ falou Lily, e Domi pigarreou. ─ Desculpe Domi, sua casa é otima tambem...

─ Lily, calma! ─ falei chamando sua atenção, fazendo-a parar de tagarelar. ─ Você parece mais desesperada do que eu. ─ sorri de lado. Um sorriso tão falso que parecia rasgar os cantos da minha boca.

─ Só estou preocupada... ─ falou se jogando no sofá.

─ Hum... Mas já que está aqui, por que não ajuda na faxina? ─ falou Domi divertida, jogando uma vassoura para o lado dela.

Lily rolou os olhos e começou a limpar. Momentos depois Domi colocou um som alto, bom, estava fazendo bem para minhas primas, pois elas cantavam divertidas, mas para mim, parecia que a musica entrava dentro do meu cerebro, fazendo lá uma completa confusão de sentimentos.

E a ultima coisa que eu queria nesse momento, era mais confusão.

─ E, acabamos! ─ falou Domi, depois de muita limpeza, jogando um pano dentro do balde.

─ Nossa! Fizemos um otimo trabalho. ─ disse Lily olhando em volta.

E realmente haviamos feito, estava tudo brilhando de tão limpo.

─ Bom, vou tomar um banho... ─ falei indo para o banheiro.

Liguei a banheira e deixei encher, com agua bem quente, tirei minhas roupas e me analisei no espelho, eu não era bonita. Pele branca demais, cabelo vermelho demais. Talvez fosse apenas ilusão minha, mas nesse momento eu me sentia um monte de lixo, apenas isso.

Entrei na banheira e deixei que a agua quente fizesse seu efeito milagroso, relaxando meus musculos e aliviando um pouco da tensão em minha cabeça.

Eu já sabia o que iria fazer, eu iria trabalhar duro no hospital, eu iria alugar uma casa para mim, nunca mais me meter com nenhum homem e ficar bem velhinha, ao lado de quatorze gatos.

Otimo, quatorze gatos, um futuro perfeito. Gatos não gritam, não xingam, não humilham e não decepcionam. E no momento é só disso que eu preciso. Chega de decepções.