Bleeding - Projeto Paralelo escrita por caiquedelbuono


Capítulo 2
Cena 2: Sofrimento mortal.


Notas iniciais do capítulo

Narrado por: Mark.



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O canto dos pássaros foi o único ruído capaz de transportar Mark do mundo onírico para o mundo real. A melhor alternativa para que pudesse continuar a se sentir feliz era permitir que o sono o embalasse novamente. As imagens que seu cérebro inventava quando estava sonhando era uma ilusão a qual ele gostaria de vivenciar verdadeiramente. Mas o mundo lá fora estava o esperando, pronto para talvez surpreendê-lo. O dia de hoje não seria de tão ruim porque havia uma esperança para que sua amarga vida pudesse mudar drasticamente, de um jeito que ele jamais pensou que um dia poderia acontecer.

Depois que o peso sob suas pálpebras diminuiu e que imagens nítidas de seu quarto inundaram seu campo de visão, Mark espreguiçou-se em meio aos lençóis de sua cama macia e tocou os pés descalços sobre o chão gelado. Aquela sensação gélida subiu pelo seu corpo, causando arrepios e eriçando os pelos que estavam à mostra.

Olhar para o seu quarto e se sentir desapontado com a bagunça era uma coisa mais do que comum. Dezenas de peças de roupas estavam espalhadas pelo chão e era difícil conseguir enxergar algum pedaço do ladrilho. Toalhas úmidas estavam penduradas na porta entreaberta do guarda-roupa e uma pilha com quatro pratos sujos se equilibrava entre os livros jogados no seu criado-mudo. Um quarto normal se ele fosse um adolescente normal.

Uma batida na porta fez com que seu corpo todo se enrijecesse.

— Saia logo desse quarto imundo ou vai se atrasar. — ele pôde perceber com clareza o tom irritado na voz da mãe.

Mãe. Ele não sabia se podia chamar aquele ser-humano de mãe. Não conseguia se lembrar de uma razão que pudesse ser boa o suficiente para explicar o ódio que os pais sentiam do menino. Era quase irracional se considerasse o fato de que saíra de dentro da mulher que o obrigava a limpar a casa como se ele fosse um empregado.

Era tanto ódio que os pais resolveram que o melhor que poderiam fazer era levar Mark até um internato de regime fechado intitulado Shavely. Segundo eles, lá seria o lugar perfeito para ele desenvolver novas amizades e receber uma boa educação: há quilômetros de distância. Sentia-se tão frustrado que não conseguia descrever o vazio que estava sentindo dentro de seu peito. A única coisa que gostaria de compreender era o que ele havia feito. Era por que ele não era inteligente e sempre tirava más notas na escola? Ou era por que nunca fora bom em nada e jamais ganhara algum prêmio que pudesse impressionar os pais? Será que isso era motivo para terem vergonha do filho? Ódio? O que justifica o fato de uma mãe cuspir no prato que dá para o seu próprio filho?

Mark não conseguia entender e a primeira lágrima daquele dia já escorrera dos seus olhos. Respirou fundo e concentrou-se em apenas encarar tudo de cabeça erguida. Era o que sempre fazia.

Abriu o guarda-roupa e escolheu seu traje casual: sua calça jeans surrada e desgastada, uma camiseta com a estampa de uma banda de rock (a única coisa a qual ele podia se agarrar na vida) e um All Star. Ele não tinha muitas roupas. Se pudesse contar cinco camisetas seria demais.

Uma olhada no espelho da porta do guarda-roupa apenas para evidenciar a tristeza escorrendo de seus olhos. Eles eram castanhos, mas estavam tão murchos que todo o brilho que às vezes escapava sumira. Era como se a única expressão que pudesse encontrar fosse a de tristeza.

Ao lado da porta havia uma mala que ele havia feito no dia anterior. Não havia muita coisa lá dentro: apenas as roupas que precisaria durante sua estadia eterna no internato e mais alguns livros que gostava de ler. Não havia nenhum vídeo game ou nada que pudesse significar diversão. Ele já tinha esquecido o que essa palavra significava há muito tempo.

Segurou na alça da mala e a arrastou para fora do quarto. Desceu as escadas que levavam para o primeiro andar e alcançou a porta da cozinha. Por entre o vão, conseguia enxergar a mãe colocando algumas coisas na mesa. Uma rápida desviada de olhar para a direita e conseguia enxergar um pedaço do pai, que estava escondido atrás de um jornal.

Pousou a mala ao lado da porta e permitiu que toda coragem do mundo invadisse seu peito quando a abriu.

— Bom dia. — ele arriscou dizer em um tom de voz quase inaudível.

Sabia que não deveria ter dito nada. Os pais desviaram o olhar e o fuzilaram.

— Péssimo dia para você. — respondeu a mãe, arremessando um prato com um pão ressecado recheado com um pouco de manteiga — Fique feliz por eu ter gastado meu tempo preparando essa porcaria para você comer.

Mark fechou os olhos e mordeu o lábio inferior. Aquilo não era a pior coisa que ela já tinha dito a ele, mas doía demais. Era como se um pedaço de seu coração fosse arrancado cada vez que ela o maltratava.

Sentou-se à mesa e mordeu o pão. Estava mais duro que pedra e ele jamais conseguiria comê-lo. Cuspiu o pedaço que estava dentro de sua boca e afastou levemente o prato.

Isso foi o suficiente para que a fúria da mãe ficasse mais do que visível. Mark sentiu uma mão apertando fortemente o seu pescoço e empurrando sua cabeça para baixo.

— Aprenda a comer tudo o que lhe é dado.

A dor foi ficando cada vez mais forte e ele parou de tentar resistir. Sua boca entrou em contato com o pão duro e ele tentou morder, mesmo que apenas tivesse arrancado algumas migalhas.

— Pare. — ele sussurrou. A mãe empurrou sua cabeça violentamente contra o prato e soltou o pescoço do garoto.

— Nojento. — ela disse e saiu da cozinha.

As lágrimas já saíam desesperadamente de seus olhos e percebeu que estava soluçando. Até quando ele seria obrigado a passar por isso? Por quê? Era a única coisa que ele queria entender.

Olhou para o pai e ele observava à cena sem nenhuma reação. Parecia se sentir indiferente perante aquilo, como se o menino que estava chorando bem na sua frente não fosse o seu filho, mas alguém qualquer e sem a menor importância.

— Não olhe assim para mim. — disse o pai com a sua voz rouca e logo em seguida acrescentou: — Por favor.

O coração de Mark estava tão ferido que não tinha mais forças para chorar. Seu estoque de lágrimas secara.

— Apenas queria saber o motivo de vocês me odiarem tanto.

Os músculos faciais do pai mexeram levemente.

— Já lhe disse tantas vezes para não fazer perguntas cujas respostas você não pode obter.

Mark queria poder dizer milhares de coisas. Queria despejar no ouvido do pai tudo o que estava subindo pela sua garganta. Dizer tudo aquilo que estava entalado, pedindo para sair. Mas isso só pioraria as coisas...

— É tão desumano, tão...

— Cale a boca. — disse o pai, sério — Será melhor para você.

Talvez Mark devesse tentar ser um pouco mais ousado. Sempre escutava calado a todas as coisas horríveis que os pais lhe diziam. Daqui a alguns minutos partiria para um internato e nunca mais os veria. Então, pegou toda a ironia que conseguia encontrar e despejou em seu tom de voz.

— É mesmo? E o que você vai fazer? Bater em mim pela milésima vez?

Os olhos do pai pareceram se espantar. Talvez nunca pudesse pensar que o filho responderia daquela maneira.

— Não creio que você vai querer ir para o internato com o peso de uma surra sobre suas costas. Você deve estar cansado de servir de saco de pancada.

— Você pelo menos é capaz de reconhecer. A mamãe sempre me xinga, me humilha e diz coisas horríveis a mim quando encontra uma oportunidade e você sempre me bate quando está estressado. O que eu sou para vocês? Apenas me responda isso e eu prometo que não falarei mais nada.

As sobrancelhas do pai se eriçaram como se ele estivesse desafiando o garoto, pronto para levar aquela discussão adiante de um modo provocativo e irônico.

— Se eu disser que você não significa absolutamente nada para nós ficaria muito magoado?

Mark deu de ombros.

— Eu já sabia disso.

— Interessante. Mas há algumas coisas que você não sabe e eu estou disposto a contá-las antes de seu táxi chegar e levá-lo a um lugar bem longe de nós. — o pai continuou a falar quando notou que Mark estava disposto a ouvir. — A última coisa que sua mãe desejava era uma gravidez e quando percebeu que estava lhe carregando no ventre quis abortá-lo. Infelizmente, ela descobriu muito tarde e já havia passado dos cinco meses, mas você não deve ser inteligente o suficiente para saber que depois desse período o aborto se torna intangível. Ela decidiu pari-lo e afirmou que quando você nascesse, o amarraria dentro de um saco de lixo e o jogaria dentro de um rio. Sabe o único motivo pelo qual ela não fez isso? Dinheiro. Ela pensou que talvez pudesse tirar proveito do fato de ter um filho, caso você crescesse inteligente e sadio. Queria que arranjasse um dos melhores empregos a fim de nadar em notas valiosas de dinheiro para que ela pudesse usufruir de tudo isso também. Mas olhe para você. O que é agora? Um nada. Um menino com a inteligência de um asno que só serve para trazer desgosto a todos nós. Ela nunca conseguiu te amar. Sempre olhava para você como se fosse um monstro.

A visão de Mark chegou a ficar levemente turva com o impacto das palavras, que o atingiam como se fossem flechas perfurando seu coração. Ele perdeu o controle e seu tom de voz se elevou.

— Cale a boca! Eu não quero ouvir mais nada!

Por sorte, ouviu a buzina do táxi e teve tempo de levantar rapidamente da mesa antes que o pai pudesse lhe dar um soco no rosto.

Com os olhos ardendo em lágrimas de profunda tristeza, segurou na alça da mala e a levou até a porta da frente. Já não sabia se o que estava sentindo era tristeza, raiva, ódio ou tudo isso misturado. Antes de sair, cuspiu no tapete de entrada e passou a sola do sapato por cima. Estava deixando o inferno para trás.

O táxi o esperava e ele rumou para uma vida que seria melhor a partir de agora.

A reflexão foi a única coisa que preencheu sua mente durante o trajeto. Permitiu que seu cérebro excluísse qualquer coisa que pudesse fazê-lo se lembrar dos trágicos momentos que ficaram para trás como páginas já viradas de um livro. Sabia que não seria nada fácil esquecer tudo aquilo; sempre viveria atormentado pelos fantasmas dos seus pais maléficos. Só estava a procura de paz, nada mais além disso.

O sol de manhã já estava aquecendo seu corpo e ele conseguia perceber a luz tentando entrar através de suas pálpebras fechadas. Não gostava muito de claridade. Sempre vivera preso às sombras, remoendo seu interior e fazendo milhares de perguntas cujas respostas ele jamais encontrou.

Uma estranha sensação começou a tomar conta dele e logo sentiu a alegria lhe subindo à cabeça. Não conseguia se lembrar da última vez que sentira isso, mas era tão bom. Pela primeira vez em muito tempo seus lábios esboçaram um sorriso verdadeiro.

Abriu os olhos e viu um enorme prédio entre a janela do táxi. Estava cercado por um muro de cimento completamente livre de pichações. O portão enferrujado estava trancado com um cadeado e através dele era possível perceber os detalhes: o chão era coberto por uma grama recém-aparada, ao fundo destacava-se um pomar com um número de árvores que ele não conseguiu contar, também era perceptível uma piscina e uma quadra de esportes, isso sem falar no enorme prédio de três andares.

Ele enfim havia chegado a Shavely. À primeira vista, o internato não parecia uma prisão estudantil onde os dormitórios eram celas sem o menor saneamento e os alunos delinquentes juvenis sem o menor conceito de educação. Parecia um colégio comum e bem conceituado. Seu coração se encheu de alegria e teve a certeza de que sua vida mudaria para melhor. Pela primeira vez na vida teria amigos e alguém a se apoiar. Jamais se sentiria sozinho e choraria em silêncio. Teria pessoas para compartilhar suas alegrias e mágoas. Amaria e se sentiria amado. E, o melhor de tudo, viveria longe de seus pais. Não poderia pensar em nada que fosse melhor.

Mark percebeu que o táxi estava parado há alguns minutos enquanto deslumbrava o colégio. Ele despertou-se do transe e abriu a porta do carro, colocando a mala para fora e logo em seguida um de seus pés. Lembrou-se de que talvez o motorista pudesse querer algum dinheiro, mas ele não havia nenhuma nota no bolso de sua calça.

— Hã, eu sinto muito. — disse Mark — Eu não tenho dinheiro aqui comigo.

O motorista sorriu.

— Não se preocupe, garoto. Sou amigo do seu pai e não cobrarei nada pelo serviço.

Mark assentiu e saiu do carro, mas não sem antes ouvir o motorista lhe desejando “boa sorte”.

Sorte era uma coisa que ele já não mais precisaria, sendo que um mundo novo estava prestes a lhe dar um abraço. Respirou fundo e encarou o portão enferrujado com certo interesse. Não sabia o que deveria fazer agora e um frio na barriga começou a lhe importunar. Será que estava sentindo medo? É claro que estava, seria estranho se não estivesse. Uma vida nova estava se aproximando. O que ele encontraria quando aquelas grades metálicas se abrissem? Quem ele veria? Será que seria bem recepcionado? Será que faria amizades facilmente? De repente, toda aquela esperança estava sendo aniquilada aos poucos.

Mark olhou à volta e percebeu que Shavely era embalada por pequenas florestas. Por todo canto podia-se ver, ao longe, pequenos aglomerados de árvores. Aquele era um ponto bem afastado do centro da cidade e considerado por muitas pessoas como um bairro sombrio.

Seus olhos estavam perdidos quando percebeu uma agitação diferente. Havia algo vindo em sua direção e ele precisou estreitar os olhos para perceber que não era um ser-humano e muito menos um animal. Era algo que não conseguia identificar. A coisa andava calmamente e à medida que ia se aproximando, Mark conseguia identificar os detalhes: a pele era cinzenta e escamosa e lembrava a de um crocodilo; os olhos eram negros e vazios, como se os globos oculares tivessem sido arrancados; os dentes pontiagudos estavam à mostra; o pescoço estava completamente desfigurado e rastros enormes de sangue eram responsáveis por preenchê-lo. Percebeu que o brilho no olhar da criatura ficou evidente quando notou a presença de Mark e ela apressou o passo para chegar ao seu encalço.

Já conseguia sentir o gosto de bílis tomando conta de sua boca e quis vomitar. O que estava acontecendo? Será que todos aqueles anos de tristeza e isolamento fez com que começasse a ter alucinações? Aquilo não podia ser real. Criaturas como a que estava se aproximando não existiam de verdade.

— Finalmente encontrei carne nova no pedaço. — uma voz rouca e catarrenta foi expelida para fora da boca da criatura.

A única coisa que Mark conseguiu fazer foi gaguejar.

— O-o quê é você?

A criatura exibiu um sorriso que Mark jamais vira na vida. Um sarcasmo desafiador misturado com voracidade. Algo realmente assustador.

— Uma criatura que irá dilacerar seu corpo e se alimentar de cada pedaço.

— O que está acontecendo?

As unhas afiadas do monstro ficaram à mostra e Mark começou a sentir o terror ordenando que suas pernas corressem.

E foi isso que ele fez quando a criatura exibiu o mínimo de movimento. Não sabia para onde estava indo, mas a única coisa que queria era se livrar daquela coisa nojenta.

Não conseguia entender. Era para estar entrando em um mundo novo, livre de qualquer ameaça ou humilhação, mas agora estava fugindo de uma criatura que ele não sabia o que era. Olhava periodicamente para trás e apressava o passo, enquanto sentia o cheiro do medo percorrendo suas narinas.

A criatura não desistiria tão fácil. Ela parecia sedenta por carne humana e logo se sentiu estranho por pensar isso. Era indescritível. Estava fugindo para não virar comida de um canibal desvairado.

Mark já estava ligeiramente longe do internato e entrara em um lugar onde várias árvores permitiam que a luz do sol não atravessasse. A criatura ainda estava em seu encalço e seu coração parecia que sairia pela boca. A fadiga tomou conta de seu peito e ele não mais aguentaria correr. Fechou os olhos enquanto ainda corria e tentou controlar o fluxo de ar que entrava em seus pulmões. Respirou e expirou lentamente, sem perder o ritmo das pernas.

Mas tudo fora inútil. Uma mão gosmenta tocou sua perna e ele caiu de boca no chão. Sentiu o sangue escorrendo por entre sua gengiva e o gosto metálico logo tomou conta de seu paladar. Foi forçado a se deitar de barriga para cima e ainda conseguia olhar para o céu. Ele estava tão azul...

O peso da criatura fora transportado para cima de seu corpo. O céu fora tapado e a única coisa que seus olhos podiam captar era o rosto asqueroso da criatura.

— Diga adeus à sua vida amargurada e transforme-se em comida de zumbi.

Zumbi. Então era isso o que aquela criatura era.

Que bela rasteira a vida lhe dera. Seu cérebro inventara tantas ilusões que sentiu vontade de rir. Saíra da panela para acabar na frigideira. Sofrera a vida toda na mão de seus pais, sendo humilhado e desrespeitado e quando uma única esperança se abriu, ele foi levado para virar comida de zumbi. Será que havia no mundo alguém mais azarado que ele?

As dores físicas e emocionais se misturaram quando o zumbi enfiou as garras em seu peito e rasgou a pele que protegia seu coração. Quis gritar, mas não tinha mais forças para isso. A vida já não significava mais nada para ele e morrer seria a melhor opção. Não adiantaria nada alimentar ilusões de que um dia poderia ser feliz. Nascera para sofrer.

O zumbi enfiou a mão no buraco que se formou no peito de Mark. O coração palpitava desesperadamente e aquilo apenas atiçava ainda mais a fome da criatura. Sentiu quando as mãos gosmentas tocaram o órgão pulsante e já não mais conseguiu pensar em nada quando um espasmo fez com que seus olhos se fechassem e mergulhasse na escuridão sombria da morte.


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