Bleeding - Projeto Paralelo escrita por caiquedelbuono


Capítulo 1
Cena 1: Tortura.


Notas iniciais do capítulo

Narrado por: Sophia.



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O único sentimento que Sophia conseguia demonstrar era o desespero. Não conseguia enxergar com clareza o ambiente em que se encontrava e nem sabia exatamente o motivo pelo qual cordas grossas e espessas estavam prendendo seu corpo a uma cadeira, mas ela lembrava-se muito bem como parara ali. Seu cérebro jamais se esqueceria daquela cena.

Estava imersa em um sono profundo quando foi despertada por um barulho irritante vindo da porta do dormitório. Seus olhos se abriram levemente e foi o suficiente para que percebesse que alguém estava ali. Devido ao calor, ela e seus companheiros de quarto nunca costumavam dormir de janela fechada, então a luz prateada da lua permitia que enxergasse com precisão quem estava ali. Sabia que ele atacaria depois de revelarem ao colégio todo a sua verdadeira identidade, mas apenas estava tentando descobrir como.

A presença dele foi ficando cada vez mais forte e Sophia agarrou-se aos cobertores como se isso fosse protegê-la. Tentou ao máximo se esconder por debaixo do tecido, mas isso não impediu que uma mão gelada e gosmenta abafasse seu grito quando entrou em contato com a sua boca. Ela se debatia e implorava mentalmente para que seu namorado acordasse e percebesse aquela agitação, mas quando ele a agarrou e a levou para fora do quarto, percebeu que isso não aconteceria de jeito nenhum.

Tentou se livrar de tantas maneiras que seu corpo começou a doer. Tentou gritar por socorro, mas a mão apertava firme sua boca. Tentou agredir de algum modo aquela criatura, mas seu corpo estava bem preso ao dele. Ela não teria como escapar.

Sophia foi levada a uma sala que mais parecia ter saído de um filme de terror. Era obscura e ao mesmo tempo assustadora. Seu corpo foi lançado contra uma cadeira de madeira e completamente envolto por cordas. Uma risada maléfica ao perceber que a garota estava completamente atada e ela foi deixada sozinha naquele ambiente aterrorizante.

E desde então era assim que Sophia se encontrava... Solitária e desamparada. Implorando para que aquilo não passasse de um pesadelo. Quem sabe ela não acordaria mais tarde e vir-se-ia sã e salva em sua cama?

Mas para que alimentar essa ilusão sabendo que estava bem acordada e que aquilo era real? Era inegável o fato de que agora estava submissa a uma criatura que ela considerava a mais desprezível entre tudo o que poderia viver. O que aconteceria em seguida? Quais seriam as verdadeiras intenções daquele monstro ao sequestrá-la e mantê-la em cárcere privado? Será que ele poderia causar mais dano do que ele já causara? Haveria ainda mais dor? Mais morte? Mais destruição? Mais choro?

Essas perguntas queimavam o cérebro de Sophia e uma lágrima escorreu dos seus olhos. Uma junção de sentimentos era o que preenchia o seu coração: impotência por ter sucumbido tão facilmente, ódio por estar amarrada sem poder fazer nada, desespero por saber que os amigos estavam procurando freneticamente por ela, saudades do seu namorado e, acima de tudo, decepção consigo mesma. Ela havia sido fraca demais ao pensar que juntamente com os amigos poderia derrotá-lo. Ele era mais forte que todo mundo e com certeza iria dominar tudo.

Sem mais forças para continuar pensando, Sophia fechou os olhos. Esvaziou a mente e permitiu que apenas uma pessoa a preenchesse: Logan. O namorado devia estar tão aflito. A esperança de que seu sequestro fosse um estopim para que ele criasse a coragem definitiva de enfrentar Kofuf estava viva dentro de seu coração. Ela sabia que a primeira coisa que ele faria quando descobrisse seria vir salvá-la, mas não podia deixar de ter medo por ele. Lutar contra Kofuf não seria fácil, principalmente porque ninguém sabia como matá-lo. Logan estaria lutando desarmado contra um zumbi que tinha um arsenal em suas mãos.

Um barulho na porta daquele ambiente desolador fez com que Sophia abrisse os olhos e se enrijecesse na cadeira. Pôde ouvir barulhos de passos e viu um vulto negro se aproximando.

Kofuf.

Depois de um longo tempo de espera (o dia provavelmente já havia amanhecido), o zumbi assassino resolvera que estava na hora de começar a torturá-la. Sophia respirou fundo quando seus olhos formaram a nítida imagem de seu rosto ensanguentado.

— Bom dia. — ele disse asperamente — A linda menina dormiu bem?

Sophia queria vomitar diante cena tão repugnante. A ironia carregada naquela voz ardilosa era insuportável de se ouvir.

Ela não disse nada. Apenas permitiu que seu olhar se fixasse em qualquer ponto que não fizesse parte de Kofuf, mas uma mão pegajosa tocando seu queixo fez com que inclinasse a cabeça e olhasse para aqueles olhos negros e profundos.

— Olhe para mim quando eu estiver falando com você. — Kofuf ordenou — E deveria saber que é falta de educação não desejar bom dia para as pessoas. Você me parece uma menina muito inteligente.

O zumbi sorriu e empurrou o rosto da menina. Havia uma mesa de escritório a alguns passos e Kofuf dirigiu-se até ela. Abriu a primeira gaveta e retirou uma faca metálica. Os olhos de Sophia se arregalaram e sua expressão de pânico ficou mais do que perceptível. Suas mãos amarradas tentavam sem sucesso desatar o nó que prendia seus pulsos.

— Estou pensando em como vou começar a me divertir. — disse Kofuf, voltando ao lado de Sophia e mostrando a ponta da faca para a garota — Tenho unhas afiadíssimas, mas acho que elas não são tão cortantes quanto essa faca.

Pela primeira vez desde que fora arrastada até ali, ela fez menção em dizer alguma coisa.

— Por que tudo isso? — sua voz estava abafada por um choro que ousava querer escapar de sua garganta — O que você pretende?

Kofuf riu ao ouvir a voz chorosa da menina.

— Não tenha medo. Eu apenas vou brincar com você.

A lâmina parecia brilhar diante a fraca luz que existia dentro da sala. Sophia conseguia ver seu reflexo quando a faca foi trazida para centímetros ante sua face e notou que sua expressão estava a mais aterrorizada possível.

Kofuf tocou a lâmina gélida sobre a bochecha de Sophia e a garota fechou fortemente os olhos quando um risco vermelho se formou nos pontos onde a faca tocara. Sentiu o sangue escorrendo pelo seu rosto e o mesmo risco foi feito do outro lado de sua face. A dor aguda foi se apossando de seu cérebro e um grito fino, quase inaudível, escapou de seus lábios.

— Sua pele é tão macia. — sussurrou aos ouvidos de Sophia — É uma pena eu ter que marcá-la com minha faca.

Kofuf deslizou a faca pelo pescoço, tomando todo o cuidado para não cortá-la. Sophia viu o sorriso maligno traçado na boca do zumbi, como se ele estivesse sentindo prazer ao torturá-la.

A dor novamente voltou a importuná-la e cortes em forma de X estavam sendo feitos em seus braços. Ela gritou mais alto dessa vez e sua voz pedia freneticamente por socorro. Kofuf cortava a pele de Sophia com uma naturalidade que a assustava. Parecia que ele estava compenetrado em um serviço artesanal ou qualquer outra coisa parecida. A única coisa que ela desejava era que ele parasse com isso.

— Por favor, pare. — seus olhos arderam e já não mais conseguia impedir que as lágrimas escapassem. Com a mão livre, Kofuf enxugou o líquido que escorria de seus olhos e afagou seus cabelos.

— Ainda nem comecei a fazer tudo o que está povoando a minha mente, baby. Não chore. Você vai gostar do que está por vir.

Por que ele não estava sendo rude com ela? Por que estava falando daquele jeito meloso, como se estivesse fazendo qualquer coisa que não fosse torturá-la?

Mais um sorriso maligno escapou dos lábios do zumbi e ele direcionou a faca para o peito de Sophia. Gotas de suor escorreram do rosto da menina quando a ponta encostou-se à pele que ocultava seu coração. O órgão estava pulsando rapidamente dentro de sua caixa torácica e isso apenas parecia atiçar a fome dele.

Ao invés de furá-la, Kofuf foi descendo com a faca até que toda a camisa de Sophia estivesse rasgada. Ele puxou o tecido e deixou-a desnuda, apenas com os peitos cobertos por um sutiã branco.

Quis perguntar o que ele estava fazendo, mas o zumbi agilmente repousou a faca no chão e deu alguns passos para trás. Ele fechou os olhos negros e seu corpo todo começou a tremer como se estivesse tendo uma convulsão. Uma energia pulsatória o envolveu e todas as partes do seu corpo começaram a se transformar. Os farrapos que cobriam seu corpo foram substituídos por uma calça jeans folgada, uma camiseta branca rígida à pele e um tênis esportivo. Os cabelos desgrenhados logo se transformaram em longos e sedosos fios loiros. Seus músculos ficaram mais firmes e definidos sob a pele tão branca como a neve. Ele abriu os olhos e um azul intenso quase ofuscou a vista de Sophia.

— Consegue me reconhecer agora? — ele perguntou e sua voz não era mais rouca, catarrenta e metálica. Era uma voz grave, mas ao mesmo tempo suave e sedutora.

Sophia estaria completamente perdida se o que estava prestes a acontecer se encaixasse às suposições que havia acabado de pensar. Kofuf não era mais um zumbi e agora havia assumido a aparência de Brian. Mas por quê? Isso não podia acontecer de novo com ela, não podia...

O olhar maquiavélico que escapou dos olhos de Brian fez com que ela emitisse um gemido de lamúria.

— Qual é? Não vai dizer nada? Não se lembra do nosso breve caso de amor?

Brian foi se aproximando de Sophia até que pudesse tocar seu rosto. A menina afastou o olhar, mas ele novamente segurou em seu queixo, apertando suas bochechas, deixando seu rosto completamente enrugado e forçando-a a encará-lo.

— Olhe para mim. — a voz sedutora invadindo seus ouvidos — Desejo que o seu corpo seja meu.

Não, eu não quero!, Sophia pensava desesperadamente, mas não conseguia fazer com que isso se transformasse em palavras.

Brian tocou as cordas que envolviam o corpo de Sophia e desatou com facilidade todos os nós que a prendiam. Uma ponta de esperança preencheu seu coração quando um pequeno plano formou-se em sua mente: se ela fosse rápida, conseguiria empurrá-lo e teria tempo para fugir daquela sala escura e assustadora. Quando percebeu que estava completamente livre das cordas por uma fração de segundos, ela esticou a mão para derrubar o zumbi. Seus dedos o tocaram, mas ela não tinha forças para nada. Parecia haver um escudo invisível o protegendo e ele apenas segurou firmemente em seu pulso e a obrigou a levantar-se da cadeira.

— Garanto que se tentar fugir vai ser muito pior.

Ele guiou-a até o canto direito da sala e jogou-a com toda sua força contra a parede. Suas costas bateram contra os tijolos que a preenchiam e a dor novamente voltou a inundar seu cérebro. Fechou os olhos e permitiu que seu corpo escorregasse até que atingisse o chão. Era frio e foi um convite para que deitasse e se encolhesse. Estava tremendo e chorando.

Sentiu Brian pressionando seu corpo contra o chão e percebeu que ele estava se apoiando nela. As mãos brincavam por toda a pele da garota e as lágrimas escorriam cada vez mais fortes. Aquele toque ousado arrancando toda sua inocência e transformando-a em um brinquedo. Queria gritar o mais alto que pudesse, mas suas forças foram aniquiladas por completo.

— Tire a calça. — ordenou o zumbi quando parou de afagar os pontos desnudos de seu corpo.

Tire-me daqui. Leve-me desse pesadelo.

Como ela queria que Logan abrisse aquela porta e aparecesse ali para salvá-la. Ele jamais permitiria que ela fosse abusada dessa maneira mais uma vez. Já não bastava tudo o que o pai havia feito a ela? Por que a vida estava sendo tão injusta fazendo-a passar por tudo isso de novo?

— O que está esperando, sua vadia? — Brian gritou e abaixou-se para dar um tapa na cara de Sophia.

Um grito desesperado escapou de seus lábios e ela abriu o zíper da calça e a puxou até que estivesse cobrindo apenas seus pés. A humilhação que estava preenchendo seu coração era a pior sensação que já poderia ter sentido. A violação de seu corpo era algo que jamais poderia esquecer. Qualquer ferimento causado por uma faca afiada seria melhor do que aquilo. Qualquer outra tortura que a mente maquiavélica de Kofuf pudesse inventar seria mais conveniente do que sentir a dor e a vergonha de ser abusada sexualmente.

Os lábios quentes de Brian agora tocavam as curvas de seu corpo, contrastando com as lágrimas frias que escapavam de seus olhos e banhavam seu rosto. Sophia retesava o corpo e tentava se agarrar a alguma coisa, mas não havia nada sobre o chão gelado. As mãos de Brian tocavam todos os pontos de sua pele e elas rapidamente arrancaram as peças que cobriam suas partes íntimas.

O corpo do zumbi estava sobre o dela e podia sentir que vibrava a cada parte nova que descobria. Ele estava completamente despido e sua pele quente e macia se chocava com a dela. Sophia virou o rosto quando a boca de Brian encostou-se ao seu pescoço, mas ele foi insistente e seguiu-a até que seus lábios pudessem se encontrar. Ela manteve a boca fechada e as sobrancelhas eriçadas em uma expressão de nojo, mas Brian mordeu seu lábio inferior e ela a abriu, permitindo que a língua de ambos se tocasse. Uma sensação de asco era a única coisa que podia sentir. Não encontrava nenhum sentimento naquele beijo, nada que pudesse ser descrito decentemente.

O cérebro de Sophia já estava borbulhando dentro de sua cabeça quando Brian parou de beijá-la e desceu o corpo. Um caminho de beijos pelo seu corpo nu e ela fechou os olhos, respirando fundo.

A única coisa que sentiu quando seu corpo foi invadido foi uma dor intensa. Não a dor física de estar sendo violada, mas a dor interna por estar se sentindo um lixo. Algo a rasgava por dentro, destroçando toda sua dignidade e fazendo com que não se sentisse humana. O que ela era agora? O brinquedo sexual de um zumbi psicopata.

Ouvia-o gemendo de prazer ao mesmo tempo em que ela gemia de dor e desespero. Seu choro desmantelado era a única coisa que restava de uma menina sem vida. Uma menina que estava completamente destruída externa e internamente. Uma menina que sempre viveria atormentada por fantasmas responsáveis por arrancar a inocência e a felicidade de dentro de seu peito.


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