Primavera Mentirosa escrita por fosforosmalone


Capítulo 6
Lie To Me


Notas iniciais do capítulo

Perdoem a enorme demora, mas a correria do fim de ano me atrasou bastante. Mas enfim, aqui esta o sexto capitulo. Espero que gostem.



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SALA DE ACOMPANHAMENTO

Ferguson entra em uma sala iluminada por monitores que mostram Nick sentado diante de uma mesa metálica. Helena, Sage, e dois policiais estão sentados em frente aos monitores.

HELENA

– Olsen disse alguma coisa quando vocês o trouxeram pra cá?

FERGUSON

– Ele admitiu ter dado em cima de Tina mais de uma vez, Mas negou que a conhecia antes disso. Olsen disse que ela o rejeitou, e foi só isso. Agora me diga Belli, Não vai mesmo dizer de onde tirou o palpite sobre o namorado de Kelly Wilson ter relação com Tina Becker?

Helena havia decidido que não contaria sobre as anotações de Tony. Lá, o jornalista registrou um comentário feito por uma colega de Tina sobre um sujeito que deu insistentemente em cima da amiga semanas antes do crime. Tony não deu importância a informação. Helena, ao saber da briga que Kelly teve com o namorado horas antes de ser morta achou que valia a pena tentar se aprofundar. Então, bastou ligar para Ferguson para ele fazer o resto do serviço.

HELENA

– Contatos. Agora, falando do que interessa. Eu gostaria de interrogá-lo, se não se importa.

FERGUSON

– Por que você? (pergunta ele com certa indignação)

HELENA

–Por que estudei o caso de 2001 em detalhes. Se for o Olsen, tenho mais chance de fazê-lo falar. Não temos o suficiente para uma acusação formal, e o advogado dele não vai demorar.

SALA DE INTERROGATÓRIO

Nick olha com raiva para Helena quando ela entra na sala. As paredes e o chão são cinza, e a única iluminação é uma lâmpada de luz fria localizada no teto.

HELENA

– Boa noite, Nick (Diz sentando-se em uma cadeira).

NICK

– Quem é você? (Pergunta cauteloso)

HELENA

–Sou a Agente Belli, do FBI. O que tem que saber sobre mim é que eu gosto de respostas diretas. Eu Soube que Kelly era sua ex namorada. Por que vocês brigaram na noite do crime?

NICK

– Eu tive um acesso de ciúmes. Tínhamos terminado, mas eu ainda tinha esperança de voltar. Eu bebi um pouco demais, e quando eu vi ela com outro cara, eu meio que... Perdi a cabeça.

HELENA

– você disse que tentou alguma coisa com Tina Becker, e foi rejeitado. Foi só isso mesmo?

NICK

– Sim (Diz parecendo mais tranquilo)

HELENA

– E o que você fez depois da briga com a Kelly?

NICK

– Aquela festa começou a me deixar deprimido, e eu resolvi sair pra dar uma volta.

HELENA

– Onde você foi?

NICK

– Eu... Eu não sei! Eu tava bêbado, e tinha toda aquela neblina! Eu mal via pra onde ia! Só lembro de ter acordado perto do lanchonete New Sharon pela manhã.

HELENA

– Estava com raiva da sua ex?

NICK

– Estava, mas eu...

HELENA

– Se lembra que estava com raiva, mas não aonde foi? Pode me dizer ao menos onde estava quando soube que Kelly morreu?(diz ela aumentando o tom de voz)

NICK

– Eu ouvi um pessoal comentando de manhã na lancheria sobre outro assassinato no campus. Me informei e soube... Soube que tinha sido a Kelly (diz coma voz trêmula)

HELENA

– Segundo a sua historia, você podia estar em qualquer lugar, o que inclui o quarto da Kelly.

Nick senta-se, intimidado pelo tom agressivo da agente. Antes que o interrogatório continue, ouve-se o som estridente de uma campainha. Ela olha frustrada em direção a porta. A morena levanta-se, e retira-se sem dizer nada, mesmo sob os protestos de Nick.

SALA DE ACOMPANHAMENTO

Helena entra na sala. Sage esta lá, sentado na ultima cadeira vaga. De pé, esta um homem de aparentemente 40 anos. O homem imediatamente dirige-se a Helena

NELSON

–Agente Belli, sou Gregory Nelson, o advogado que a família de Nick Olsen enviou. Eu vi como estava tratando meu cliente. A senhorita o estava tratando como se ele fosse um acusado!

HELENA

– Se eu o estivesse tratando assim, ele estaria algemado, Sr. Nelson (Responde ela friamente).

NELSON

– Eu quero falar a sós com meu cliente. Vocês não deveriam o estar interrogando sem uma intimação! Como eu disse, ele não foi acusado formalmente.

FERGUSON

– Seu cliente não tem álibi e discutiu com as duas vitimas. Percebe a situação dele?

NELSON

. Tudo o que disse é circunstancial. Agora, exijo falar com o meu cliente (Diz com autoridade)

Ferguson contrariado sinaliza a um de seus homens, que conduz Nelson até Nick.

SAGE

– Acho que eu preciso de uma xícara de café. Me acompanha Helena? (Diz levantando-se).

CORREDOR DA DELEGACIA

Sage e Helena caminham pelos corredores da delegacia, rumo à recepção.

HELENA

– Não acho que ele seja o nosso homem. Você o viu lá dentro? Parecia um coelho assustado. Não. Ele não é assassino. Só um garoto metido a garanhão. Pra mim, ele é só um ninguém. E você, o que acha?

SAGE

– Ainda não o descartei.

Os dois chegam à recepção, e se dirigem para a maquina de café. Enquanto serve-se de café, Sage olha para o banco de espera, e vê Bruce assistindo a TV presa em um suporte na parede.

SAGE

– Pode me dar licença um instante, Helena? Vou dizer ola para um conhecido.

Frank se aproxima de onde Bruce esta. O rapaz não parece surpreso ao ver o agente veterano.

BRUCE

–Boa noite, Bruce. Temos nos encontrado muito ultimamente. Veio acompanhar seu colega de quarto?

BRUCE

– Como sempre bem informado, Sr. Sage (Diz com um sorriso discreto).

SAGE

– Aceita um gole de café? (Bruce aceita o copo que Frank lhe oferece, e toma um gole do café)

BRUCE

– Você não iria falar comigo só pra oferecer café. Iria, Sr. Sage? (Diz devolvendo o copo)

SAGE

– Até iria. Mas quero mesmo uma opinião sua. O que acha da suspeita sobre seu colega?

BRUCE

– Acho a suspeita justificável. Mas conheço o Nick. Não acho que ele seria capaz de matar alguém, especialmente a Kelly.

Frank surpreende-se pelo rapaz responder a pergunta de forma tão diretamente. Neste momento, Helena aproxima-se dos dois, observando Bruce com atenção.

SAGE

– Agente Belli, este é Bruce Graham. Um colega do Nick. Você vai ter oportunidade de conhecê-lo melhor amanhã, durante o depoimento dos alunos de cinema.

HELENA

– Muito bem. Vemo-nos amanhã, Sr. Graham (Diz fitando Bruce com desconfiança).

O rapaz abaixa a cabeça em concordância, sem dizer palavras. Sage e Helena afastam-se.

HELENA

– Quem era aquele?

SAGE

– Um garoto que conheci na noite em que Kelly morreu. Que eu saiba, ele é só o colega de Nick e Kelly. Mas tem alguma coisa naquele rapaz. Não sei o que é, mas eu conto se descobrir. Agora, vou pegar mais um café antes de voltarmos.

HELENA

– Mas você nem terminou o primeiro!

SALA DE ACOMPANHAMENTO

Helena e Sage entram na sala, encontrando Ferguson na mesma posição em que o haviam deixado. Frank carrega dois copos de café na mão. Helena pergunta como estão indo as coisas.

FERGUSON

– Só o papo furado de advogado de sempre (Fala ele irritado).

SAGE

– Não seja tão duro. Ele só esta fazendo o trabalho dele. Alguém já ofereceu café a ele?

FERGUSON

– Por que alguém faria isso?(Pergunta ele indignado)

SAGE

– Por cortesia. Imaginei que não tivessem feito esta gentileza, e trouxe um pouco de café para o bom Sr. Nelson. Posso levar para ele? É melhor ter a simpatia dele do que a antipatia.

Ferguson permitiu mesmo achando um absurdo. Helena não disse uma palavra durante a conversa. E continuou em silencio, enquanto observava Frank sair da sala, para surgir em seguida nos monitores. Apesar de conhecer Frank Sage há pouco tempo, a agente sente que o veterano planeja algo, mas não consegue imaginar o que. Minutos depois, Sage esta de volta.

Ferguson olha mal humorado para Sage. Eles continuam a assistir o Sr. Nelson conversar com o cliente. Minutos depois, eles vêem Nelson pedir licença a Nick e sair da sala.

CORREDOR DA DELEGACIA

Ferguson sai da sala de vigilância a tempo de ver Nelson se afastando no corredor. Ferguson o chama. Ao ouvir seu nome, o homem se vira e anda apressadamente em direção ao policial. O advogado pergunta pelo banheiro com urgência na voz. Ferguson simplesmente aponta para trás, e o homem corre naquela direção. O policial sente certa satisfação em ver aquele metido assim, mas se pergunta o que terá dado no sujeito.

SALA DE VIGILÂNCIA

Ferguson volta à sala de vigilância, onde Helena e Sage o esperam.

HELENA

– Acho que devíamos aproveitar que o advogado saiu, e arrancar o que pudermos do Olsen.

SAGE

– Vale à pena arriscar.Talvez se eu falar com ele... Sei que não tenho autoridade legal, mas...

HELENA

– Mas eu tenho. E assumo toda a responsabilidade caso haja qualquer problema, Sr. Sage.

CORREDOR DA DELEGACIA

Quando Helena e Sage saem para o corredor, a morena olha inquisitivamente para o veterano.

HELENA

– O que pôs no café do Nelson, Frank? E como tinha certeza que ele ia tomar?

SAGE

– O que pus lá foi algo totalmente inofensivo. Mas que causa... Desconforto. Devemos ter em torno de vinte minutos Quanto a ter certeza... Eu não tinha (Diz com um sorriso discreto).

SALA DE INTERROGATÓRIO

Frank entra na sala. Nick permanece quieto. Há tensão nos olhos do rapaz. Sage vai até a cadeira vaga, e a arrasta até ficar ao lado de Nick. Frank senta-se na cadeira.

SAGE

– Meu nome é Frank Sage. Nelson lhe disse que você não era obrigado a nos dizer nada sem a presença dele. Tudo bem, não precisa falar nada se não quiser. Só precisa escutar.

Nick continua em silencio.

SAGE

–-Esta com medo? Talvez não, mas parece. Nelson talvez já tenha lhe dito, mas não precisa temer a policia. Pelo menos ainda não. Cá entre nós, não há nada de concreto contra você.

Na sala de vigilância, Ferguson amaldiçoa Frank, e faz menção de tirá-lo de lá, mas Helena o impede, dizendo que Sage sabe o que faz. Mas ela própria tem duvidas. Na academia, era ensinado que. Por mais que não houvessem provas contra um interrogado, o interrogador devia fazê-lo acreditar que sua situação era crítica. Mas Sage acabou de jogar tudo isso no lixo.

SAGE

– O assassino de Tina e Kelly não deixou pista alguma, sabe? Mesmo a arma que ele usou é difícil de rastrear. Deixe-me mostrar.

Sage enfia a mão no bolso interno do paletó, e retira uma faca de caça, a batendo com força na mesa. Os olhos de Nick arregalam-se de espanto. Seus punhos fecham-se, crispando-se.

SAGE

– Esta faca pode ser encontrada em qualquer loja de caça e pesca. Com uma dessas, O assassino estripou Kelly, Cravando a faca acima dos seios, e rasgando a carne até o umbigo.

Nick parece se controlar para não pegar a faca, e pular em cima de Sage. Frank fita o estudante com um olhar frio. O veterano levanta-se da cadeira, pondo-se de pé, e continua a falar.

SAGE

– Eu vou contar uma historia. Um rapaz chamado Carl Amalara namorava Gale Cerman, a primeira vitima do Calcanhar De Mola. Eles tambem brigaram, como você e Kelly. Quando ela morreu, a policia revistou o quarto dele, e encontrou uma faca como esta, manchada de sangue, embaixo da cama dele. Ele foi acusado do assassinato, e preso. Jack fez outra vitima antes que a pericia terminasse de analisar o sangue na faca. Carl foi solto, já que estava preso quanto à segunda morte ocorreu. Alem disso, o sangue na faca dele não era humano. Como Amalara, você pode estar nessa por acaso, mas talvez não. Já se perguntou por que ultimamente toda a garota que rejeita você acaba morta? Alguém tem algo contra você? Ou você as mata por não lida bem com o fato de elas perceberem o Don Juan de quinta que você é?

Nick levanta-se furioso, e avança contra Frank, tentando atingi-lo com um soco. O veterano desvia do golpe, segurando o pulso do estudante com uma mão, e levando a outra ao pescoço de Nick. Sage empurra Nick contra a parede, ainda segurando seu pulso e pescoço. Nick luta para conseguir respirar. A mão de Sage segura o centro do pescoço do rapaz. Frank fala com uma voz baixa, fria, e urgente, longe do tom jovial que usou durante o interrogatório.

SAGE

– Estou inclinado a acreditar no que disse. Claro que eu vou ficar muito bravo se descobrir que mentiu. Mas se falou a verdade, precisa nos ajudar a descobrir se existe um porque de você estar envolvido. Eu disse que você não precisa temer a policia. Mas existem outras coisas há temer. A vida de Amalara se transformou em um inferno em New Sharon, mesmo com todas as provas de sua inocência. O que acha que vai acontecer com você?!

Frank larga Nick, que arfa em busca de ar, no momento em que Helena e Ferguson entram apressadamente na sala. Sage ergue os braços como estivesse se rendendo a um assalto.

SAGE

– Todos viram, foi legitima defesa. Mas já resolvemos nossas diferenças, e acho que podemos esquecer este incidente. Nick não quer um processo por tentativa de agressão, não é?

Nick levanta-se, massageando o pescoço,

SAGE

– O Sr. Nelson deve voltar logo, Sr. Olsen. Nos vemos por ai (Diz retirando-se).

QUARTO DE ISADORA

Isa olha para o relógio, e vê que são sete e meia da manhã. Ela mesma fica surpresa de ter acordado tão cedo, levando em conta a mal dormida noite anterior. A jovem já se prepara para tentar pegar no sono novamente, quando seu celular toca. Contrariada, ela atende o aparelho.

BRUCE

– Alo Isa? Espero não ter te acordado.

ISADORA

– Oi Bruce. Não acordou não. O que você quer? (fala colocando os óculos no rosto).

BRUCE

– Eu preciso da sua ajuda. É urgente. Se importa de descer aqui pra gente poder conversar?

Isadora levanta-se e olha pela janela. Bruce esta na frente do prédio. O rapaz abana para ela.

Dez minutos depois, Isadora encontra Bruce sentado nos degraus da entrada do edifício dos dormitórios. Ele levanta-se ao escutar ela se aproximando.

ISADORA

– O que é tão importante pra você vir até a porta do meu prédio tão cedo?

BRUCE

– Quero ir á sede da Zeta Theta falar com Megan Hayes. Mas não queria ir sozinho. Então Pensei em te chamar pra ir junto.

Isadora é surpreendida pela resposta de Bruce. A Zeta Theta era a mais popular fraternidade feminina de New Sharon, onde diziam estar as mais belas garotas do campus. E ele ainda queria falar com Megan, a garota com quem Tony traiu Kelly. Isa não gostou nada da idéia.

ISADORA

– E o que você quer falar com ela? (Pergunta com agressividade mal disfarçada).

Bruce conta a garota sobre os eventos da noite anterior.

ISADORA

– Meu deus! Nick disse que não conhecia a Tina! Você não acha que o Nick...

BRUCE

– Acho que não. Por isso quero falar com a Megan. Acho que ela pode dar um álibi pro Nick.

ISADORA

– E por que precisa de mim?

Bruce fica um pouco encabulado.

BRUCE

– Ah, você sabe. Aquele lugar é meio intimidador. Todas aquelas garotas maravilhosas...

Isa o olha com reprovação.

SEDE DA ZETA THETA

Durante o caminho até a Zeta Theta, Isadora perguntou a Bruce como Megan poderia fornecer um álibi para Nick, se o próprio não se lembrava do que havia ocorrido. Bruce recusou-se a lhe contar, e pediu que a amiga esperasse até que eles se encontrassem com Megan.

Eles levaram dez minutos para chegar à sede da Zeta Theta.A casa se localiza na chamada área antiga de New Sharon, onde se localizam os setores mais antigos da universidade, incluindo o prédio dos dormitórios onde Kelly viveu dois anos de sua vida, e onde foi assassinada.

A moradia das Zeta Theta não é muito diferente da sede da Sigma Capa. É uma casa de dois andares, com sacada. Mas o jardim é um pouco menor, e não há piscina do lado de fora. Bruce e Isadora vão até a porta da frente, e tocam a campainha. Quem atendeu a porta foi uma garota loira de olhos azuis. Ela estava vestida somente com uma micros saia preta com renda branca, e um espartilho preto, tambem com rendas brancas. Ela calçava salto, e usava na cabeça um típico adereço das domésticas francesas. Um crachá dourado preso ao espartilho a identificava como Honey. Bruce e Isadora ficam mudos, olhando incrédulos para a garota.

ISADORA

– A gente quer falar com a Megan (fala com disfarçado desprezo na voz).

Honey, um pouco constrangida, os guia para dentro. A decoração é colorida, e evoca uma atmosfera jovem e feminina. Bruce se esforça para prestar atenção aos moveis e as paredes.

Isadora sabe que a garota deve ser uma candidata á Zeta Theta, que não teve a “sorte” de ser formalmente convidada pelo conselho da fraternidade e nem herdou a vaga da família. Portanto tinha que passar por provas humilhantes para entrar. Isa não entende como Honey aceita se submeter a isso para ser aceita por um bando de garotas mimadas.

Eles chegam à piscina, em uma área descoberta da casa, protegida por vidraças. Uma garota morena, de pele bronzeada toma sol, em uma cadeira própria para isso. Honey aponta para onde Megan esta, e se retira. Bruce disfarçadamente olha para a loira uma ultima vez.

ISADORA

– Não baba no chão se não a escrava Barbie tem que limpar depois (Sussurra para o amigo).

Bruce ignora o comentário, e vai até onde Megan esta tomando sol, sendo seguido por Isa. Bruce percebe que não foi a toa que Nick perdeu a cabeça por Megan. Ela de fato é uma bela garota. O rosto possui traços delicados, enquanto o corpo revela a preocupação que a garota tem com a beleza. Ela vira-se parecendo enfim se dar conta da presença dos intrusos.

MEGAN

– Eu conheço vocês? (Diz olhando os dois com desinteresse).

ISADORA

– Somos amigos do Nick, do curso de cinema. Ele eu tenho certeza que você conhece.

BRUCE

– Isa! (Diz em tom reprovador)

MEGAN

– Digam logo o que vocês querem! (Fala impaciente).

BRUCE

– É simples. Nick precisa de sua ajuda. A polícia desconfia dele no caso da morte da Kelly.

MEGAN

– Só por que eles brigaram na festa? Mas isso é um absurdo! (diz chocada)

BRUCE

– Tambem não acho que ele seja culpado. Mas Nick não se lembra de nada. Eu tava deitado essa noite, pensando nisso, quando me deu um estalo. Eu conversei com ele ontem, depois que voltamos da delegacia, e ele disse que acordou perto da Lanchonete New Sharon, a mais antiga do campus. É perto daqui, e você trabalha lá.

Isa entende o raciocínio do amigo, e pela expressão no rosto de Megan, ela tambem entende.

MEGAN

– Desculpe, mas eu não entendi como posso ajudar.

ISADORA

– Acho que você entendeu sim. Você estava com o Nick na hora em que a Kelly foi morta?

Megan tenta dizer algo, mas as palavras não saem.

BRUCE

– Nick é previsível. Ele se frustra, então tem que se reafirmar. Eu vi você na festa da Sigma Capa. Reparei que não tirava os olhos dele. Estranhei ele não ficar com você, mas acho que não fez por causa da Kelly. Mas dai eles brigaram, e ele saiu da festa. Você foi atrás dele?

Megan emudece diante da afirmação do rapaz. Isadora dá continuidade ao raciocínio.

ISADORA

– Você o trouxe pra cá ou o levou pra lanchonete? E por que negar? A não ser... Que isso viole as regras da Zeta Theta. E é claro, se foi na lanchonete, põe em risco o seu emprego.

MEGAN

– Vocês dois piraram! Caiam fora daqui! (Diz levantando-se)

BRUCE

– Tudo bem. Nós vamos embora. Mas lembre-se da situação em que o Nick esta, Megan.

Bruce se afasta, mas Isadora continua a encarar Megan, e fala quase com pena.

ISADORA

Não gosto de você, mas achava que você fosse melhor que as garotas daqui. Você não é como as outras Zeta Theta. Não é de família rica, e rala na lanchonete pra conseguir o próprio dinheiro. Falam muito bem de você por ai. Alem de bonita, é inteligente. Como veio parar aqui? Não importa. Eu me enganei. Você não é melhor que ninguém daqui. É até pior.

Isadora dá as costas à garota, e vai embora. Megan senta-se na cadeira, parecendo abalada.

LADO DE FORA DA FRATERNIDADE

Bruce e Isa afastam-se da fraternidade sem trocarem palavras entre si. Ele quebra o silencio.

BRUCE

– Valeu pela força.

ISADORA

– Tudo bem. Eu até que gostei. Você foi bem esperto em ligar a Megan a isso tudo. Não que o Nick mereça que a gente livre a cara dele.

Há um momento de silencio entre os dois que é mais uma vez quebrado por Bruce.

BRUCE

– Eu não me esqueci da nossa ultima conversa, Isa.

ISADORA

– Você me pediu ajuda. Achei que isso era um sinal que tava tudo bem entre a gente!

BRUCE

– E tá tudo bem. Mas é chato alguém insinuar que você esta envolvido em um assassinato.

ISADORA

– Eu não insinuei nada! Você que interpretou assim! (Diz ela na defensiva).

BRUCE

– Tem razão. Desculpe. Vamos esquecer isso, tá legal? Eu só não quero que você fique pensando... Pensando que eu sou algum tipo de maluco ou coisa parecida.

ISADORA

– Minha opinião é tão importante assim pra você? (Pergunta ela observando-o com atenção).

BRUCE

– Eu... Eu não sei você, mas tenho aula em meia hora, então apressa o passo.

UM BANHEIRO DO CAMPUS

Nick entra no banheiro, e vai até a pia. Ele abre a torneira, e após deixar a água cair nas mãos em concha, atira o liquido no rosto. Nick sente que há uma pedra sobre seus ombros. Enquanto andava em direção a aula, ele passou em frente a uma banca de jornal do campus, e leu a manchete do principal jornal de New London, que dizia que a policia tinha um suspeito no caso das mortes de New Sharon. Não havia foto, mas o nome de Nick estava no subtítulo.

O rapaz fita a sua imagem no espelho, com uma expressão de raiva. Neste momento, ouve-se a porta do banheiro abrindo-se. Nick vira-se a tempo de ver alguém com o rosto coberto por um blusão atingir-lhe um soco no rosto. O golpe derruba o rapaz de bruços . Antes que Nick possa reagir, dois pares de mão seguram seus braços, enquanto alguém chuta as suas costelas. Após receber três chutes, seu atacante agarra seus cabelos e bate sua cabeça no chão. Nick sente o sangue do nariz escorrer pelo rosto. O rapaz é virado de rosto para cima, e vê seus agressores. São três, e todos têm o rosto coberto por blusões e casacos enrolados na cabeça.

O agressor ergue a mão para desferir outro golpe, mas a porta de entrada range novamente. Os mascarados viram-se para ver uma assustada faxineira, que grita por socorro. Os agressores empurram a faxineira no chão e escapam pela porta aberta, derrubando o balde de água da mulher. Nick tosse no chão, com o nariz e a testa sangrando.

AUDITÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO

Helena, Frank, e Ferguson estão no palco do auditório do curso de comunicação, onde serão realizadas as “entrevistas” com os colegas de Kelly . Há tensão entre o grupo. Logo que Helena chegou à universidade no fim da manhã, foi informada sobre a agressão sofrida por Nick. O rapaz foi levado para cidade com muitas escoriações pelo corpo. A própria universidade pagaria os exames de raio x para certificar-se de que o rapaz não quebrou nenhum osso. Segundo Chambers, as investigações para identificar os agressores já estavam sendo feitas. Ferguson parecia furioso por outro vazamento ter ocorrido no seu departamento. Neste momento, Chambers entra no auditório, e anuncia em voz alta que o primeiros alunos do curso de cinema já estão ali para dar seus depoimentos, como foi solicitado.

E assim Ferguson começou a conduzir os depoimentos, com Sage e Helena interferindo ocasionalmente. Alguns jovens pareciam intimados com a situação, enquanto outros demonstravam disfarçada empolgação. Mas após interrogar dezenove estudantes do curso de cinema, tudo que conseguiram entre moças e rapazes foram respostas vazias ou comentários maldosos e inúteis sobre Nick e Kelly. Na opinião de Helena, todos estes depoimentos estavam sendo bastante infrutíferos. Ferguson dispensou com certa impaciência o décimo nono estudante, uma garota,. Quando a garota saiu do auditório, Chambers entrou, perguntando se o próximo estudante já poderia entrar para dar o seu depoimento. Ferguson confirma, perguntando sem grande interesse qual é o nome do aluno.

CHAMBERS

– É... Ah, lembrei. Bruce Graham (Diz antes de se retirar para chamar o próximo aluno).

Frank e Helena olham um para o outro. A agente levanta-se, dirigindo a palavra ao Chefe Ferguson.

HELENA

– Se importa se eu tentar esse, Ferguson?

O Policial faz um sinal de descaso, e senta-se na cadeira anteriormente ocupada por Helena. A jovem agente observa Bruce entrar pela porta do auditório, e olhar para o trio em cima do palco. O rapaz aproxima-se com as mãos nos bolsos passando pelo corredor formado pelas cadeiras da platéia. Enquanto observa o estudante, a morena percebe que ele parece um pouco nervoso, mas não intimidado, como os colegas. O rapaz chega ao pé do palco.

HELENA

– Boa tarde, Sr. Graham. Pode subir aqui em cima para conversarmos melhor?

Bruce sobe no palco, e ocupa a cadeira indicada por Helena em frente a uma grande mesa de madeira. Bruce fica de frente para Helena, podendo ver Ferguson e Sage sentados ao Fundo. A agente Belli senta-se em frente do rapaz, e consulta uma pasta de arquivos.

HELENA

– Sabe por que esta aqui, Sr. Graham, então podemos ir direto ao ponto. Segundo os arquivos, você entrou no curso juntamente com Kelly Wilson. Vocês eram amigos próximos?

BRUCE

– Não sei dizer se próximos. Andávamos juntos, e eu a achava uma garota super legal, uma grande amiga mesmo. Mas ela não era de falar da vida dela pra mim. Ela se abria bastante com a Isa... Isadora Thompson, que estudava aqui. E ela tambem namorava o meu colega de quarto, Nick Olsen, então talvez ela não quisesse me botar numa situação complicada.

Ferguson, que até então apresentava um ar entediado reage à menção do nome de Nick, mas contem-se, e não interfere no depoimento do rapaz.

HELENA

– Sabe dizer se havia algo diferente com ela nos últimos dias ou semanas?

BRUCE

– Ela estava brava com o Nick, e um pouco deprimida. Mas acho normal, considerando que foi traída. Mas vocês já devem ter ouvido sobre isso hoje, certo?

HELENA

– Muitas vezes. Sabemos com quem foi, quando foi, e onde foi. Não é necessário repetir. Vamos em frente. Onde o senhor estava quando soube que Kelly foi morta?

BRUCE

– Deixe eu lembrar. Eu tinha saído da festa da Sigma Capa, e estava voltando ao meu dormitório, quando eu ouvi as sirenes dos carros da segurança do campus passando por mim. Eu os segui até o Prédio Dos Dormitórios, e... Fiquei sabendo o que houve com a Kelly.

HELENA

– Estava sozinho?

BRUCE

Estava. Isso é ruim, né?

HELENA

– Seria melhor pro senhor estar com alguém. Mas falemos um pouco do seu colega de quarto, Nick Olsen. Há quanto tempo divide o quarto com ele?

BRUCE

– Quase três anos. Agente Belli, com todo o respeito, pudemos pular as perguntas padrão e ir direto para pergunta que você quer fazer?

Helena surpreende-se pela ousadia do rapaz. Não eram muitos que tinham a coragem de confrontar um agente federal deste jeito durante um depoimento.

HELENA

– E que pergunta é essa, em sua opinião?(Responde lançando um olhar frio ao jovem)

BRUCE

– Nick matou Kelly? Eu tenho certeza que a resposta é não (Diz com firmeza).

SAGE

– Ontem, você achava. Mas hoje tem certeza. O que mudou? (Pergunta afavelmente).

Ferguson olha para Sage sem entender.

SAGE

– Eu explico quando o depoimento acabar, Chefe Ferguson. E então, Bruce?

BRUCE

–Tenho certeza da inocência do Nick por que ele tem um álibi.

HELENA

– Nick não se lembra desse álibi (Acrescenta Helena calmamente).

BRUCE

– Alguém se lembra.

Nesse instante, ouvem-se vozes exaltadas vindas da entrada do auditório. A porta se abre, e Megan Hayes entra no recinto, sendo seguida de perto por Chambers.

MEGAN

– Eu preciso falar com o Chefe De Policia! É sobre Nick Olsen! (Diz em voz alta).

Chambers a agarra pelo braço, e começa a puxá-la para fora. Todos no palco levantam-se.

CHAMBERS

– Eu disse que ele estava ocupado garota!

HELENA

– Solte-a! Eu quero ouvir o que ela tem a dizer! (Diz ainda atônita pela interrupção da jovem).

Chambers solta Megan. Bruce olha para ela com um misto de surpresa e aprovação. Helena fala com a jovem de cima do palco.

HELENA

– Ouvi falar muito de você, Megan. O que tem a dizer sobre Nick Olsen que é tão importante?

MEGAN

– Ele não matou a Kelly. Não poderia. Ele... Ele tava comigo quando aconteceu. Estou disposta a depor afirmando isso.

Helena observa a garota por um instante antes de falar.

HELENA

– Muito bem, Srta. Hayes. Suba aqui, e conte a sua historia. Sr. Graham ceda a sua cadeira a ela, mas fique aqui. Acho que podemos precisar de algumas explicações.

Megan começou a historia. Ela se apaixonou por Nick, desde que o conheceu melhor há seis meses em uma festa da universidade. Desde então, os dois mantiveram contato através da internet. Megan narra como eles se encontraram em um shopping há pouco mais de um mês para conversar, mas acabaram trocando calorosos beijos, e sendo flagrados por Kelly.

Todos escutam a narrativa da garota em um silencio que é interrompido pouquíssimas vezes por perguntas pontuais de Helena. A agente imagina o quanto deve estar sendo difícil para a garota abrir sua vida pessoal dessa forma para pessoas estranhas, e admira a coragem dela. A historia de Megan chega agora ao ponto que a trouxe ali, a noite do assassinato de Kelly.

Megan conta que na noite da festa da Sigma Capa, observou Nick de longe. Durante o período entre o encontro dos dois no shopping, e a noite da festa, ela tentou entrar em contato com ele algumas vezes através das redes sociais, mas o garoto respondia sempre de forma esquiva. Pensou em procurá-lo pessoalmente, mas decidiu que não iria se rebaixar. Mas ao vê-lo na festa, a paixão que sentia por ele voltou de forma arrebatadora.

Ela amaldiçoou este sentimento, já que Nick só tinha olhos para Kelly. Mas eles brigaram, e pouco depois, ela o viu sair. Megan achou que aquela era a oportunidade perfeita para se acertar com Nick, mas que repensando agora, achava-se muito estúpida por pensar assim.

Megan conta que o seguiu por algum tempo através da névoa que dominava a universidade naquela noite, e então resolveu abordá-lo. Teve que ouvir Nick dizer o quanto gostava de Kelly. A garota admite com vergonha, que se propôs a ajudar o rapaz a esquecer a ex. Eles estavam próximos da sede da sua fraternidade, e todas as suas “irmãs” ainda estavam na festa da Sigma Capa. Megan então o levou para lá, onde eles transaram. A jovem conta que nenhuma garota da Zeta Theta pode levar um rapaz para a sede sem a permissão de uma das lideres, excetuando-se as noites de festa. Se fosse descoberta, seria imediatamente expulsa.

Ela diz que Nick saiu pouco tempo antes das “irmãs” chegarem com a noticia da morte de Kelly. Segundo Megan, ela procurou Nick para consolá-lo, mas ele agiu quase como se não a conhecesse. Achando ser proposital, ela diz ter se afastado, confessando ter ficado magoada.

Então ela chegou à parte em que Bruce entra na historia. Megan falou sobre a visita de Bruce e Isadora a ela naquela manhã, para lhe contar da situação em que Nick se encontrava. A jovem conta a forma como Bruce deduziu que ela estava com Nick na noite do crime, e admite ter ficado nervosa com a possibilidade de ser expulsa da Zeta Theta, mas tranqüilizou-se ao lembrar que a única forma de comprovar que algo havia acontecido lá, era sua palavra.

Megan chora quando diz que pensou mesmo em não contar a ninguém, como uma forma de se vingar de Nick. Mas ao saber da surra que o rapaz havia tomado, decidiu procurar a policia, e contar tudo. A estudante diz ter ligado para a delegacia central, onde soube que o Chefe De Policia estava em New Sharon. Então ela veio procurá-lo imediatamente, e ali estava ela.

Todos ficam em silencio com o fim da narrativa. Megan derrama suas lagrimas silenciosamente. Helena estica seu braço, e segura à mão do jovem.

HELENA

– Parabéns, Megan. Você foi muito corajosa em vir aqui e se expor desse jeito pra provar a inocência de alguém. Eu não sou ninguém pra dizer se o que você fez no passado foi certo ou errado, mas quero que saiba que agora, você com certeza esta fazendo a coisa certa.

A garota não agradece, apenas continua a chorar. Ferguson dirige a palavra a Chambers.

FERGUSON

– Acho que temos o bastante por hoje. Sr. Chambers. Se ainda houver algum estudante esperando, dispense-os. Os depoimentos estão encerrados por hoje.

Chambers sai para cumprir a ordem de Ferguson. O policial volta-se para Megan e Bruce.

FERGUSON

– Vocês podem ir. Os dois devem receber uma intimação para depor na delegacia em breve.

Megan levanta-se, e desce do palco, com a cabeça baixa. Bruce a segue de perto, mas Helena vai até a beira do palco e declara em voz alta.

HELENA

– Você foi muito perspicaz descobrindo o álibi do seu colega, Sr. Graham. Parabéns.

FORA DO AUDITÓRIO

Bruce e Megan saem do auditório, entrando em um salão com um brilhante chão encerado e paredes cobertas com cartazes publicitários. O lugar esta vazio.

BRUCE

– Megan, lá dentro você foi...

MEGAN

– Eu fiz o que você queria. O Nick tá limpo agora. Tchau.

A garota dá as costas ao rapaz, e sai pela porta. Quase no mesmo instante, Isadora surge descendo uma escada do outro lado do salão, e vai falar com Bruce.

ISADORA

– O que a Megan fazia aqui? (Fala com certo despeito).

BRUCE

– Ela veio contar tudo a policia e aquela agente do FBI.

ISADORA

– Mesmo? (Pergunta incrédula).

O rapaz confirma com a cabeça. Isa parece realmente impressionada com a atitude de Megan.

ISADORA

– Eu não acreditava que Megan fosse fazer isso mesmo. Acho que eu fui injusta com ela.

Os dois jovens não percebem Tony entrando pela porta que Megan usou para sair do salão.

TONY

– Isadora Thompson?

ISADORA

– Sou eu mesma. Nós nos conhecemos? (Pergunta educadamente).

TONY

– Na verdade, não. Eu sou Tony Stevenson, trabalho pra Gazeta De New London. Foi você que encontrou o corpo de Kelly Wilson, certo?

ISADORA

– Eu não quero falar sobre isso (Diz começando a se retirar).

TONY

– Isadora, espere. Talvez seja bom pra você falar um pouco sobre isso.

ISADORA

– Com a policia, talvez. Mas não com você (Responde agressivamente, virando-se para Tony).

TONY

– Mas Isadora...

BRUCE

– Ela disse não. Eu acho que isso basta (Diz de forma firme, colocando-se ao lado da amiga).

HELENA

– Algum problema? (Pergunta á agente, acabando de sair do auditório).

TONY

– Não. Nenhum problema, Helena... Quero dizer, Agente Belli.

Helena se incomoda por ser chamada pelo primeiro nome por um repórter diante de civis. Bruce olha de Tony para Helena com desconfiança. A agente percebe que o rapaz a observa.

HELENA

–Acho que vocês não tem mais nada a fazer aqui, a menos que tenham mais algo a declarar.

BRUCE

– Não temos não. Vamos Isa?

A garota e Bruce se retiram do salão, deixando Helena e Tony sozinhos.

HELENA

– O que esta fazendo aqui, Tony?

TONY

– O mesmo que você. O meu trabalho. A cidade inteira já sabe o que houve com Nick Olsen.

HELENA

– Eu posso imaginar.

TONY

– E você? Tem alguma informação pra me dar?

Helena olha com frieza para Tony.

HELENA

– Eu vou esclarecer uma coisa, Tony. Você me passou informações por que quis, e eu agradeço. Mas eu não pretendo retribuir o favor.

Tony vai responder, mas cala-se quando Sage e Ferguson surgem saídos do auditório.

SAGE

– Sr. Stevenson! Que surpresa! Esta aqui a trabalho, suponho? (Diz jovialmente).

TONY

– Como sempre, Sr. Sage.

FERGUSON

– Como vai, Tony?

TONY

– Vou bem, Al.

HELENA

– Vocês se conhecem? (Pergunta surpresa).

FERGUSON

– Nossos filhos são amigos do primário.

SAGE

– Curioso. Por que não comentou nada conosco?

FERGUSON

– E por que eu deveria? Se me dão licença, eu vou entregar a chave do auditório a Chambers.

Chambers tranca o auditório, e retira-se do salão. Frank retira um cigarro do bolso, e o acende.

SAGE

– Helena me contou sobre as anotações que deu a ela, Sr. Stevenson. Tem mesmo grande interesse em Jack Calcanhar De Mola, não é mesmo?

TONY

– É um mistério que me atormenta desde a faculdade, Sr. Sage. Confesso que sou um pouco obcecado por isso. Mas como eu disse a Helena, eu simplesmente preciso saber quem ele é.

SAGE

– Acho que entendo você, Sr. Stevenson. Mas lembre-se, que quando encaramos o abismo por muito tempo, ele acaba nos encarando de volta.

CASA DE TONY: NOITE

Já é quase meia noite. Tony entra em sua casa, sentindo o cansaço daquele dia. Não havia conseguido muitas informações sobre o caso Calcanhar De Mola naquele dia. Claro que a agressão a Nick Olsen foi um fato bastante relevante, e era bizarro como a historia estava se repetindo, já que dez anos antes, Carl Amalara estivera em situação semelhante.

O silencio reina na residência dos Stevenson. Tony deduz que sua esposa Valerie, e seu filho Josh já devem estar dormindo. O homem tira um pen drive do bolso, e dirige-se para o escritório ao lado da sala de estar, para fazer o backup de alguns arquivos antes de ir dormir.

Ele entra no escritório, acende a luz do abajur, e liga o computador. Após sentar na cadeira, Tony larga o pen drive sobre a mesa, e estala os dedos das mãos, enquanto o computador inicia. O jornalista puxa um bloco de notas do canto da mesa, e abre a gaveta da mesa, com a intenção de pegar uma caneta. Sobre as canetas, há uma folha de oficio grampeada. Lê-se impresso sobre a folha a frase “Para Tony”.

Tony não se lembra de ter visto tal folha ali antes. Ele pega a folha grampeada, e a vira, encontrando uma segunda folha anexada, contendo um pequeno texto impresso. Intrigado, Tony começa a ler o texto, que dizia o seguinte.

Caro Tony. Antes de mais nada, quero dizer que sou grande admirador de seu trabalho, assim como você parece ser do meu. Devo confessar entretanto, que seu trabalho mais popular, o livro “Os Crimes Da Primavera Vermelha”, é justamente o que menos aprecio. Mas ainda sim, gosto muito de suas crônicas e matérias investigativas.

Mas não é por isso que lhe escrevo. Escrevo para lhe alertar, Tony. Fique longe daquela agente do FBI. Sei que talvez se sinta atraído por ela. Helena Belli é realmente uma mulher bonita. Mas não vale o risco. Eu sei o que você fez, e confesso não ter gostado nem um pouco. Você é um expectador, e não um jogador. Não interfira de novo. Você tem uma bela família, e eu odiaria ter que usar minha faca em sua mulher e em seu filho.

Você é legal Tony. Por isso, eu envio este aviso. Limite-se a relatar os acontecimentos, algo que você sempre fez muito bem. E eu lhe prometo acontecimentos, Tony. Meu próximo numero será ótimo, tenho certeza que vai gostar.

Ass. Jack


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Como este capitulo foi basicamente baseado em interrogatórios, com os personagens tentando arrancar a verdade uns dos outros, o titulo do ca´pitulo acabou sendo uma homenagem a série que tem justamente esta têmatica.
As coisas ainda foram um pouco paradas por aqui, mas aguardem, pois no proximo capitulo, as coisas vão esquentar bastante.
Obrigado por ler. Em breve, o Capitulo 7.