Delírios Insanos escrita por Alana5012


Capítulo 9
O que Há Além da “Porta Misteriosa”


Notas iniciais do capítulo

Legenda:
Narração: (Ponto de Vista dos Personagens - 1a Pessoa) Foi tudo o que me lembro antes de mergulhar num sono profundo, do qual temia jamais despertar.
Mudança de POV - Point of view (Ponto de vista): ●๋..●๋
Diálogos: - Disse que ela é uma das amiguinhas do Potter, Malfoy?
Lembrança: Negrito



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●๋•..●๋•

Luna Lovegood

  Três semanas, quase um mês: era o tempo que transcorrera desde a minha chegada a Casa dos Gaunts agora. Até então ninguém viera me salvar - duvido que venham. Tom até que não é má companhia, mas às vezes sinto saudades do meu pai, dos meus colegas de Hogwarts, da minha vida antes disso tudo... E quanto a Harry? Que fazia nesse tempo todo para derrotar Voldemort? Caçava as horcruxes? Espero que tenha conhecimento da existência destas; do contrário, será tudo em vão. Não consigo imaginar alguém que divida a própria alma em fragmentos: ainda mais sendo que, para fazê-lo, deve se tornar um assassino. Lembro de ter lido uma vez que a única maneira de reintegrar todas as partes é se a pessoa se arrepender de verdade. Não enxergo Voldemort sentindo qualquer tipo de remorso, por menor que seja...

  Hoje estou com uma sensação estranha... Pela primeira vez não sinto receio ao voltar meus olhos para a última porta do corredor. Curiosidade: quando percebo, estou de frente a mesma. Num ímpeto, giro a maçaneta; destrancada. Empurro a madeira devagar, respirando pesadamente. A ansiedade me consome: fecho os olhos por um instante. Entro. Não tem ninguém: uma cama forrada com lençóis brancos imaculadamente impecáveis; uma janela encoberta por pesadas cortinas negras; na parede oposta, uma estante repleta de livros, que pelos títulos, referem-se a Artes das Trevas; e uma cobra. UMA COBRA? Sim, uma cobra!

  - Por favor, não me machuque! - Suplico, de olhos cerrados, sentindo a presença daquele ser bem próxima de mim. Estou trêmula e ofegante. É quanto sinto uma respiração gelada contra o meu rosto, um terceiro que aparecera de súbito. Ele diz algo que não entendo; ofidioglota? - T-Tom? - Chamo-o num sussurro, ainda sem abrir os olhos.

  - O que? - Murmura de um modo estranhamente gentil, me fazendo estremecer. Quando finalmente decido fitá-lo, percebo o quão próximos estamos e estanco - Por que está no meu quarto?

  - Eu não... - Tento explicar, entretanto, sou interrompida por um “Shii”. O rapaz continua.

  - Estava mesmo te esperando. - Pisco repetidas vezes sem entender.

  - Como assim? - Indago.

  - Pensei que você não viesse... - Prossegue, ignorando-me - Mas você está aqui. - E sua face vai ficando cada vez mais perto, mais perto, mais perto... Desta vez eu correspondi o beijo. Enlacei seu pescoço com uma de minhas mãos, enquanto a outra subia ao encontro de seu rosto. Ele era tão... frio. Suas mãos geladas apertavam minha cintura, fazendo-me ir de encontro a si. Por que ele estava fazendo isso? Por que eu estava aceitando aquilo? Afinal, tudo não passara de um impulso?

  - Por que? - Pergunto num fio de voz.

  - Eu estava te esperando... E você veio... - Era só o que dizia. Ainda não compreendia: Tom Riddle era uma pessoa esquisita.

●๋•..●๋•

Tom Riddle

  - Huumm... - Gemia contra seus lábios. Luna era sem dúvida uma excelente distração; desde aquele dia esperava que viesse ao meu encontro. Sabia que mais cedo ou mais tarde ela apareceria. E finalmente o momento chegara! Jamais a proibi de entrar em meus aposentos, na verdade, nem mesmo lhe disse que aquele era o meu quarto. Era ali que passava a maior parte do tempo, com Nagni, minha única e verdadeira amiga, antes dela chegar.

  - Por que fica tanto tempo com ela? - Nagni questionou-me naquela noite de terça-feira. Era verdade que agora não conversávamos tanto quanto antes... Refleti por um momento.

  - Gosto dela. - Respondi de forma vaga.

  - E quanto a mim? - Sorri. Então minha cobra sentia ciúmes de seu dono?

  - Ela é só uma companhia. - Comentei indiferente.

  - Pensei que eu lhe fizesse companhia... - Constatou, de um jeito que definiria como triste. Tento consolá-la:

  - Nagni, você é a única que entende as minhas reais preocupações; mas preciso de alguém que me distraia, faça-me esquecer da realidade vazia em que vivo. Eu gosto muito de você; é parte de mim. - Tanto que a tornara uma de minhas horcruxes - Mas o que tenho com aquela menina é diferente; não sei explicar. - Confessei.

  - Ela é sua prisioneira. - Tinha razão.

  - Eu sei; no entanto não consegui evitar afeiçoar-me a ela. - Suspirei pesadamente. Me considerava um completo idiota!

  - Você se apaixonou... - Escutei-a silvar com espanto. Fiquei em silêncio.

  Nagni nos deixara a sós; agora ali estávamos aos beijos e carícias. Foi quando ela distanciou-se de mim. Mirei-a de um jeito desaprovador e diria, até mesmo, indignado.

  - Por favor, não faça mais isso. - Meu semblante converteu-se numa expressão aturdida e perplexa.

  - Por que? Você... Não gostou? - Indaguei deixando, não intencionalmente, que minha insegurança transparecesse. Ela sorriu, da mesma forma que sempre fazia quando não concordava com que eu dizia, pouco antes de contrapor o assunto com algum argumento inusitado.

  - Sabe, essa noite sonhei com Narguilés: haviam muitos no jardim da minha casa... - Olhei-a completamente transtornado; como ousava mudar de assunto daquela forma tão repentina e irracional?! Baguncei meus cabelos freneticamente para só então encará-la frio e murmurar um “Hm“, saindo irritado logo em seguida. Francamente, já não sei mais o que fazer! Tentei ignorá-la, esquecê-la, convencer-me de que aquilo era impossível... Desistir e não mais resistir; absolutamente nada funcionara!

  Aparatei para longe dali: já não era Tom Riddle, agora era o cruel e inescrupuloso Voldemort. Outra vez estava na Casa dos Malfoys; Bellatrix falava com o sobrinho a respeito de algo que não me interessava nem um pouco naquele momento.

  - M-milorde? - A Lestrange balbucia surpresa com a minha presença tão súbita.

  - Não devia estar na escola, Draco? - Ignorando-a, questiono o rapaz que desviara os olhos para fitar os próprios pés, provavelmente muito assustado em me ver.

  - Papai mandou me buscar para tratar de uns assuntos, senhor. - Responde-me num fio de voz.

  - Dirija-se ao Lorde como seu superior, tratando-o como “milorde”, garoto! - Sua tia o repreende, com aquela maldita voz esganiçada que tanto incomoda-me; ora, se assim fosse, eu mesmo resolveria aquilo. Detesto ser interrompido... Reviro os olhos e continuo:

  - Lembre-se de que todos os bruxos menores do país devem frequentar Hogwarts; sem exceção. - Ele assente. Bellatrix continuava a me mirar intrigada - E quanto a você... - Digo apontando-a com desdém - Saia.

  - M-mas, m-mas, milorde... - Como aquela inútil podia contestar uma ordem direta minha?!

  - IMEDIATAMENTE! - Vocifero zangado. Estava muito impaciente para lidar com qualquer tipo de desobediência vinda dos meus servos: não hesitaria nem um pouco em lançar um Avada Kedrava no primeiro que desafiasse-me! Assim que ela se retira, Draco faz menção de levantar-se da poltrona onde se encontrava sentado - Você fica. - Falo de modo seco. Ele reluta, mas acaba concordando - Agora me diga: - Prossigo - conhecia bem a Srta. Lovegood?

  - A “Di-lua”? - Pergunta nervoso, uma das sobrancelhas arqueadas.

  - NÃO A CHAME ASSIM! - Berro frustrado.

  - P-perdão... - Desculpa-se, trêmulo.

  - Ainda não respondeu a minha pergunta. - Encaro-o de forma fria, titubeando os dedos. Percebo que o menino engole em seco.

  - N-na verdade, ela era amiga de um amigo, Blaize Zabine. - Explica.

  - Um sonserino? - Retruco. Mediante a confirmação, continuo - E o que sabe sobre ela?

  - Como já disse, conhecia-a apenas de vista; só sei o que dizem. - Encolhe ligeiramente os ombros.

  - Hm. Me falou que a garota era amiga do Potter, não?

  - S-sim.

  - E está certo disso? - O rapaz me mira confuso - Quero dizer se não sabe que tipo de relacionamento ambos tinham; seria apenas amizade ou... haveria algo mais? - Tento não parecer interessado, embora a ansiedade me consuma para ouvir o que tem a dizer.

   - Potter namora Gina Weasley. - Comenta, compreendendo ao que me refiro - Ele e Luna são apenas amigos; se conheceram no quinto ano. Desde então, passam algum tempo juntos e só. Ao que parece, ela é muito solitária, não tem muitos amigos... - Por favor,se eu quisesse mesmo saber daquilo, bastava usar outro Legilimens na moça. Permiti-me divagar em meio a devaneios, ignorando a presença de Draco, quando: - Posso fazer uma pergunta, milorde? - Emprega a palavra com ênfase, talvez recordando-se do que a Lestrange dissera.

  - Se for realmente necessário... - Franzo o cenho. Ainda que hesitante, o garoto me encara.

  - O que houve com Luna Lovegood? - Titubeio por um momento.

  - Está morta. - Digo com a típica indiferença e frivolidade com a qual todos já estavam acostumados. Ele parece ficar perplexo por um instante, mas logo recompõe-se - Já pode se retirar. - O jovem Malfoy sai rapidamente do grande salão, deixando-me sozinho. Seria melhor se acreditassem que ela estava morta; ora, e não o estava de fato? Com exceção de mim, ninguém mais possuía conhecimento de sua existência. Confinada a Casa dos Gaunts, onde está presa, para sempre. Comigo. Minha! Como uma propriedade. Não há qualquer possibilidade de liberdade pra ela - a não ser que o Santo Potter apareça. Está morta.

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Notas finais do capítulo

Em agradecimento à Jill pela recomendação! *----*