Delírios Insanos escrita por Alana5012


Capítulo 8
O Conto dos Três Irmãos


Notas iniciais do capítulo

Legenda:
Narração: (Ponto de Vista dos Personagens - 1a Pessoa) Foi tudo o que me lembro antes de mergulhar num sono profundo, do qual temia jamais despertar.
Mudança de POV - Point of view (Ponto de vista): ●๋..●๋
Diálogos: - Disse que ela é uma das amiguinhas do Potter, Malfoy?
Lembrança: Negrito



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●๋•..●๋•

 Luna Lovegood

  Me beijou; para depois fugir, arrependido. Compreendia-o, afinal: somos muito diferentes. Ele é Voldemort, o Lorde das Trevas, um dos bruxos mais poderosos que já existiu, e que atualmente trama para dominar o Mundo da Magia e aprisionar os meus amigos; mas também é Tom Riddle, um garoto ambicioso e confuso, que deixou-se levar por uma vida de sofrimento e equívocos. E quanto a mim? Apenas uma menina boba que, por desventura do Destino, acabou se tornando sua prisioneira, como muitos outros.

  Eu poderia fugir; mas dei a minha palavra de que não o faria. Por isso, assim que saiu apressado, embreando-se em meio à mata densa que cerca a residência, entrei. Em minhas mãos, tomei ”Os Contos de Beedle, o Bardo”, que encontrara na Biblioteca do Sr. Riddle. Provavelmente estava lá por engano, quer dizer, por que ele se interessaria por um livro para crianças? Li e reli muitas histórias que ouvi de minha mãe quando ainda era pequena, inclusive “O Conto dos Três Irmãos”, que tornara-se meu favorito por meu pai tê-lo repetido tantas vezes. A ideia da personificação da própria Morte ser usada para ilustrar aquela alegoria me fascinava; e foi no momento em que lia esse texto, sentada nos degraus da escada, que a figura transtornada de Tom surgiu. Ele deve ter aparatado quando percebeu que tinha me deixado sozinha, sem qualquer armadilha ou feitiço de proteção que impedisse-me de abandonar a Casa dos Gaunts.

  - Luna? - Fitou-me completamente atordoado - Ainda está aqui? - Parecia surpreso em me ver; esperava que tivesse partido.

  - Preveniu-me quanto a tentativas de fuga, Sr. Riddle; lhe disse que não o faria. E, como pode ver, não o fiz. - Falei de modo indiferente. Pra mim isto tinha muito sentido, mas sei que nem todos enxergam as coisas do meu ponto de vista.

  - Hm. - Murmurou recompondo-se - É bom ver que é uma moça de palavra; claro que, do contrário, eu teria esquadrinhado o mundo para encontrá-la e aplicar a punição que lhe coubesse. - Concluiu, enquanto me analisava de forma minuciosa. Eu nada disse, e voltei a ler como se nada tivesse acontecido. Era uma tarde muito agradável para se desperdiçar. Ele continuou em pé, também calado, até que percebeu qual livro estava em minhas mãos.

  - Me entregue isso! - E, sem esperar um instante que fosse, tomou o objeto de minhas mãos bruscamente. Espantada, limitei-me a encará-lo sem compreender o que acarretara tal ímpeto; por que razão temeria que lesse um livro infantil? Eram apenas histórias para fazer crianças dormirem... - Conhece esse conto? - Seu semblante denotava preocupação, mirando a página do “Conto dos Três Irmãos” e a mim, alternadamente.

  - Sim; meu pai lia pra mim. É a minha história preferida. - Expliquei, dando de ombros. Meu pai sempre menciona as “Relíquias da Morte”: a Varinha das Varinhas, a Capa da Invisibilidade e a Pedra da Ressurreição; que diferença isso fazia?

  - É só isso? - Agora seu olhar estava fixo no meu rosto. Não entendo o por que de tanta exaltação!

  - É... - Concordei confusa. Então aquele livro pertencia mesmo a Voldemort? E por que o Lorde das Trevas possuiria algo de teor tão infantil? E por que tanta hesitação quanto a mim haver lido esse conto em especial? Alguma coisa está errada.

  - Não quero mais falar com você. - Disse seco - Sua presença me irrita; faça a gentileza de subir. - Franzi a testa. Ele estava tentando ofender-me? Pois posso afirmar que o insulto não surtiu qualquer efeito negativo sobre mim, ao contrário: só me deixou ainda mais intrigada quanto ao que Voldemort escondia. Primeiro o diadema da Ravenclaw e agora “Conto dos Três Irmãos”; definitivamente, tem algo muito estranho acontecendo.

  - Com licença. - Digo, me colocando de pé e subindo uns poucos degraus, para em seguida parar de repente, e voltar-me para o mesmo, que continuava a me observar da mesma forma fria - Me desculpe.

●๋•..●๋•

Tom Riddle

  Por que ela escolhera ficar? Seria mesmo louca? Ou apenas tola? Bem, de qualquer forma, Luna não fugiu; sequer tentou. Essa menina me fascina, ao mesmo tempo que confunde-me... Ao encontrá-la com aquele livro nas mãos, fiquei ainda mais nervoso: uma vez mais enganara-me. Assim como não sabia nada a respeito do diadema, também não conhecia a lenda real. Outra vez a Srta. Lovegood pregara-me um susto; realmente uma incrível coincidência. Dispensei-a de forma ríspida. Não gostaria de que o impulso que tive mais cedo fosse o bastante para que acreditasse que a enxergava de um modo diferente, deixando claro que nada mudaria. Porém, fiquei perplexo ao ouvi-la murmurar um “Me desculpe”. Essa garota é tão esquisita... Dirigi-me também aos meus aposentos.

  Nos encontramos na hora do jantar. Ela agia de maneira indiferente, parecia que não havia acontecido nada de mais naquela tarde; bom. Mas ainda sim, sinto que precisava esclarecer aquilo. Dissera gostar dela; havia sido estupidez, e agora, me arrependia (como previ que aconteceria).

  - Ouça... - De imediato a jovem ergueu os olhos para encarar-me - Hoje mais cedo... Eu não... - Estava pouco desconcertado. São circunstâncias inusitadas pra mim!

  - Tudo bem. - Pareceu compreender aonde pretendia chegar. Sorriu - Esqueça; não foi nada. - COMO ASSIM NÃO FOI NADA? Tudo bem, apesar de tudo, não posso mentir pra mim mesmo: ela significava alguma coisa pra mim. Talvez fosse a solidão na qual me encontrava, entretanto, desde que a trouxera pra lá, já não a via como um empecilho, do qual não tardaria para me livrar, mas sim uma companhia agradável que distraía-me, fazendo com que esquecesse por uns breves instantes de quem eu era e fosse simplesmente Tom Marvolo Riddle: um adolescente inconsequente, jovem astucioso, e não este ser repulsivo e temido que era Voldemort. Gostava da sensação de poder; mas adorava ainda mais o que sentia quando estava na presença dela. Ora, que se dane tudo: talvez, e somente talvez, eu esteja interessado na loirinha avoada.

  - Ótimo. - Engoli em seco. Não iria ferir o meu orgulho, não mesmo...

  - Boa noite. - Disse antes de se retirar. Resolvi me deitar pouco depois. Antes de dormir, pensei no dia que tivera; o passeio, o beijo... Tinha sido incrível. Fazia muito tempo que eu não sorria de forma sincera e, naquela manhã, ela havia me dado um motivo para sorrir.

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Notas finais do capítulo

Neste capítulo, faço uma homenagem à Dorothy_Kalil, uma leitora que, ao contrário do que pensava, já me acompanha desde outros projetos, assim como minha querida amiga Heloisa - adoro vocês, meninas! *----*