Delírios Insanos escrita por Alana5012


Capítulo 7
O Passeio


Notas iniciais do capítulo

Legenda:
Narração: (Ponto de Vista dos Personagens - 1a Pessoa) Foi tudo o que me lembro antes de mergulhar num sono profundo, do qual temia jamais despertar.
Mudança de POV - Point of view (Ponto de vista): ●๋..●๋
Diálogos: - Disse que ela é uma das amiguinhas do Potter, Malfoy?
Lembrança: Negrito



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●๋•..●๋•

Luna Lovegood

  Já estava ali há alguns dias; dezesseis pra ser mais exata. Aquela era a décima sétima manhã em que me levantava e lembrava de que estava presa naquele lugar. Fitava os poucos raios do Sol que conseguiam atravessar as pesadas cortinas com certa aflição; temia não tornar a vê-los. Fui de encontro à janela e abri-a o máximo que pude. Já habituara-me a observar o jardim, no entanto, sem nunca poder deixar a casa. Passava horas mirando a paisagem do lado de fora daquela janela pensativa... Não tentaria fugir; estou ciente de que é muito arriscado. Não espero ser salva; muito menos libertada. Que posso fazer se não aguardar o futuro incerto?

  Encontrei um bonito vestido vermelho no guarda-roupa de Mérope. Sim, descobrira mais tarde que os aposentos que ocupava pertenceram anteriormente a Sra. Riddle; descobrira também um velho álbum de fotografias dos Gaunts. Ela era muito bonita. Morrera muito jovem. Realmente uma pena...

  Após me arrumar, deixei o quarto; não sem antes dar uma breve espiada na última porta do corredor: a suspeita de que aquele era o dormitório de Voldemort só intensificava-se conforme os dias se passavam. Já estivera nos outros dois quartos, no entanto, não atrevera-me a entrar neste terceiro. Não que Tom tivesse me proibido de fazê-lo; na verdade, nada mencionara a respeito. Entretanto, sentia um grande receio com relação aquele cômodo...

  Antes que pudesse me perder nos novos devaneios que povoavam os meus pensamentos com relação aquele quarto, estava descendo as escadas, de encontro ao hall de entrada. Porém, diferente das outras dezesseis vezes, as cortinas estavam escancaradas, permitindo que a claridade invadisse o ambiente. Os raios de Sol incidiam com tal intensidade que podia jurar que naqueles poucos segundos a mansão adquirira um ar mais alegre e menos tristonho do que o de costume. Continuei seguindo em direção a sala de jantar, onde sabia que ele já estava aguardando-me.

  - Bom dia. - Cumprimento-o. Tom Riddle lia a edição matinal do "Profeta Diário". Desviou os olhos de sua leitura para me encarar, indiferente como sempre, calado.

  - Não vai se sentar? - Pergunta-me por fim. Eu sempre esperava que me convidasse para sentar a mesa ao seu lado; considerava falta de decoro acomodar-me sem o consentimento do mesmo. Todas as manhãs tomava café em sua presença. Até que ele não era tão ruim assim: me tratara muito bem no decorrer dos últimos dias. Sempre conversávamos; vivia questionando-me a respeito de Harry, Hogwarts, Dumbledore... Jamais deixei de responder suas indagações; entretanto, tentava também mostrar o outro lado das coisas, que não a Guerra. Comentava a respeito do bom caráter de Harry, contava das vezes em que ele me defendera dos que criticavam minhas ideologias, como Hermione, que o fazia frequentemente; dizia o quanto admirava Dumbledore e a falta que este fazia na escola; falava sobre os alunos, as aulas e o tempo em que passava caminhando pelo castelo... Ele nunca reclamava (na verdade, dificilmente dizia algo): me agradecia por ser, em suas próprias palavras, "tão boa companhia". 

  - Rabicho não era tão bom com palavras... - Disse-me, naquela tarde nublada, alheio. Tive a sensação de que, apesar de não demonstrar, ele havia perdido não apenas um servo, mas um quase amigo - Eu gosto de você, Luna. - Eram poucas às vezes em que dirigia-se a mim apenas como "Luna", e quando o fazia, geralmente me deixava pouco encabulada - Quero dizer que gosto realmente de você. - Falou aquilo com o olhar fixo no meu. 

  - Deseja ver meu jardim, Srta. Lovegood? - A pergunta fez com que eu desviasse o meu olhar, antes fixo nas janelas abertas, para fitar o seu semblante. Ele sorria. 

  - Quer dizer... Sair? - Ainda que sem compreender o por que daquilo, a mera possibilidade de ver outro cenário que não aquela casa fúnebre encantou-me.

  - Sim. Creio que seria ótimo passear um pouco. Talvez isso te anime... - Concluiu. Eu prontamente aceitei; terminei de comer, esperando ansiosa pra conhecer o exterior da casa: seria a primeira vez que veria o jardim de perto. Estava tão feliz!

●๋•..●๋•

Tom Riddle

  - Mademoiselle... - Digo, estendendo-lhe a mão. Ela hesita, mas acaba por ceder. Encosto a porta assim que seus pés tocam a grama. Começamos a caminhar pelo vasto espaço. Estamos em silêncio - Então, além de ser fluente no inglês, também fala francês? De fato, uma Corvinal! - Rio. Desejava conversar um pouco naquela manhã; estou farto de cercar-me de patifes, e a Mansão dos Malfoys é cheia destes. Preciso esquecer um pouco as circunstâncias desagradáveis nas quais me encontro, não quero ser Voldemort, hoje desejo ser somente... Tom. 

  - Minha mãe era francesa... Ela me ensinou um pouco. Mas acho que já sabia disso, não é? - Referia-se ao dia em que invadi sua mente. Sim, eu estava ciente daquilo.

  - Diga-me algo em francês. - Peço de uma forma extremamente gentil, que chega a surpreender a mim mesmo.

  - À quelque chose malheur est bon. - Seu sotaque era maravilhoso! Era uma francesa genuína - Há males que vêm para bem. - Traduziu em seguida. Referia-se ao fato de estar confinada ali. Ignorei a indireta que me lançou; continuamos andando - "Frère Jacques, Frère Jacques, Dormez vous? Dormez vous? Sonnez les matines, Sonnez les matines, Din, din, don! Din, din, don!" Minha mãe cantava essa cantiga pra mim, todas as noites, antes de me pôr na cama... - Seu tom era melancólico. Não era a primeira vez que a escutava cantarolar; já tinha notado antes o quanto possuía uma voz doce. Espere, realmente pensei isso?!

  - Importa-se se lhe fizer uma pergunta?

  - O que o senhor deseja saber? - Outra vez fazia uso deste termo!

  - Eu não sei esse "senhor" de quem fala, mas o Tom gostaria de questionar-lhe: é mesmo amiga do Potter? - Arqueio levemente uma de minhas sobrancelhas, curioso por sua resposta.

  - Ora, invadiu meus pensamentos; já deveria saber que sim. Ele é um garoto muito gentil. Vocês se parecem um pouco... Talvez, se não estivéssemos enfrentando toda essa situação - Falava da Guerra -, também não fossem bons amigos? - Era algo que parecia-me impossível; porém, não pude evitar sorrir. Não era a primeira vez que dizia algo do gênero. Suas ideias pouco convencionais e excêntricas fascinavam-me... De onde surgia tamanha criatividade?

  - Acho que você não entendeu... - Ela parou de andar, para me encarar confusa. Prossegui, incerto sobre onde eu mesmo pretendia chegar com aquilo - Quero saber se você, Luna Lovegood, e Harry Potter são somente bons amigos, ou... - Detive-me por um momento, pensando se seria prudente continuar.

  - Ou...? - Ela pareceu não entender.

  - Ou se vocês são um jovem casal enamorado. - Sua expressão permaneceu fria de início, para depois converter-se numa careta perplexa e explodir numa gostosa gargalhada. ELA ESTÁ RINDO DE MIM? Ousadia!

  - Eu e o Harry? Não! - Ainda ria - Por que acha isso? - Me senti absurdamente ridículo.

  - Esqueça. Só estava curioso, apenas isso. Se você e o Potter fossem namorados, seria mais fácil fazê-lo cair numa armadilha... - Menti. Menti? Não era aquilo que queria? Usá-la para capturar o moleque?

  - Entendo... - Ela deu de ombros novamente, como costumava fazer periodicamente quando dava um assunto por encerrado. Outra vez ficamos os dois mudos.

  - E quanto ao tal Neville? - Por que razão insistia naquilo?! 

  - O que tem ele? - Às vezes, Luna citava-o, apenas vez ou outra...

  - Também é só outro amigo? - Nem mesmo eu entendia o motivo de estar tão ansioso para ouvir que tinha a dizer. A menina refletiu por um instante, mirando o céu.

  - Temos muito em comum; concordamos em quase tudo. Ele é muito corajoso: um rapaz muito doce. Um amigo muito leal. - Por que ela elogiava-o tanto? E por que diabos eu me importava com o que ela dizia ou não a respeito dos "amigos"?!

  - Ah... - Por que estava me sentindo tão estranho?

  - E quanto a você e a Lestrange? Ela é a sua namorada?

  - O QUE? NÃO! - Discordei veementemente; algo que deve ter sido, no mínimo, hilário, pois fez Luna rir mais ainda - Ela é apenas minha serva... - Completei com desdém - Por que diz isso?

  - Bom, você fica querendo saber se estou ou não tendo um caso com algum de meus amigos... Também quis provocá-lo para ver a sua reação; mas não imaginei que seria tão engraçada. - Terminou com um sorriso divertido. Bufei.

  - Isso quer dizer que não tem namorado? - E POR QUE ISSO ME INTERESSARIA?

  - Não. Me acham esquisita, lembra? Ninguém namora uma louca...

  - Fico feliz em saber disso. - Pensei em voz alta; arrependi-me amargamente por isso. A loira olhou-me intrigada uma vez mais.

  - Feliz por todos me acharem estranha? - Ao que tentei me justificar:

  - Feliz por saber que não tenho que me preocupar com nenhum rapazinho idiota correndo atrás de você. - Ao notar o que havia acabado de dizer, senti-me um completo imbecil! Era minha prisioneira... Eu não podia afeiçoar-me a ela e nem a ninguém; não deveria, não podia e, sobretudo, não queria! A cólera tomou conta do meu ser; estava frustrado comigo mesmo e com a jovem ao meu lado. E lá estávamos nós de novo, ambos calados.

  - Sabe que às vezes eu não te entendo? - Encarava-me sem nenhuma expressão específica, para depois voltar-se para frente e suspirar - Gosto do seu jardim; mas acho que ele ficaria lindo com algumas flores... - E foi com um movimento de sua varinha que fez nascerem belos lírios brancos por todos os cantos - O que achou? - Perguntou-me. Porém, eu ainda não havia me dado conta de que falava das flores, por ainda estar mirando-a intensamente. E foi sem pensar que a beijei. Beijei-a de um jeito luxurioso e ardente; há quanto tempo não ficava com uma mulher? Não importava. Era de meu conhecimento que estava cometendo um erro terrível e que, mais tarde, arrepender-me-ia; entretanto, estava farto de ser sempre tão cauteloso. Queria ser um pouco louco, pra variar; tão insano quanto ela...

  - Então... - Sussurrou, quando permiti que se afastasse um pouco - Por que fez isso?

  - MAS QUE DROGA! - Bradei exasperado. Embora aquele jeito ingênuo me encantasse, podia irritar-me, dependendo da situação; aquela havia sido uma indagação desnecessária e boba. Espera, o que estou dizendo? Estava realmente tão claro assim?! Ora, que se dane! Ainda a segurava pela cintura, de um jeito possessivo; era a minha forma de mostrar que ela me pertencia agora. A reação de Luna, que sequer correspondera-me, mantendo-se distante, me analisando com uma expressão curiosa e ao mesmo tempo aturdida, fez com que eu soltasse-a de súbito, frustrado comigo mesmo por ter agido de modo tão impulsivo e impróprio, e desaparecesse entre as árvores e arbustos que envolviam o terreno. Só me dei conta de que deixara a Srta. Lovegood livre, sem qualquer feitiço para prendê-la ali, depois de algumas horas. Retornei imediatamente transtornado: estava certo de que não iria encontrá-la ali.

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Notas finais do capítulo

Dedicado à laah2001, amiga que eu adoro demais! *------* Visitem o blog dela >>> http://babyjaera.blogspot.com/