Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 81
Cap.81: Inútil resistir.


Notas iniciais do capítulo

Surpreendente.



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--- Você sabe que é inútil resistir a ir a essa corrida. –Sam disse, comendo sorvete direto do pote. 

--- É, acho que terei, realmente de ir. –Eu disse, comendo no outro pote. 

  Estávamos no hotel em que Sam e Gustav haviam se hospedado. Peter foi quem pediu para que eu dormisse no hotel. Eu disse que isso era demais, mas ele preferiu não arriscar. Depois, embora tivesse relutado no começo, concordei com Peter.

  Era inseguro para mim naquele lugar, neste momento. Peter detestava esta ideia de que eu tivesse que ficar com Sam, por ele estar em um lugar inóspito para mim.

--- Peter está triste e insatisfeito. –Eu balbuciei. Na verdade, nem queria que Sam me ouvisse dizer aquilo.

--- É, mas... –Ela pareceu desistir de me dar esperanças.

  Aquela nem parecia Sam. Talvez, a convivência com Gustav... ou os tempos longe de mim a fizeram repensar sobre o que realmente é possível para pessoas realistas.

--- É verdade... mas você não pode fazer nada para que ele não fique, Lottie. Não fique se culpando. –Sam estava como antes...

--- Acho que esse nosso sonho burlado pelo opressor maldito que me cerca de todos os lado, está perto de acabar. Na verdade, só duraram algumas horas. –Continuei a comer o sorvete, lentamente. Não fiz expressão alguma.

--- Sinto muito. –Sam disse. –Mas, Lottie, acho que é muito estranho que estejam assim, pensando que não podem escapar, afinal, esse tal opressor ditador é algo tão sublime assim, que pode ver e ouvir cada passo que vocês dão? –Ela disse, ainda implicando com as minhas teorias do pessimismo hibrido com o realismo universal que agora me atingira, e, eu não estava gostando disto.

--- Sam... é quase impossível de se fugir de algo do qual não se pode saber nada sobre. –Eu disse, ainda fazendo com que meu senso realista desse pontadas agudas de realidade em minhas emoções que estavam inquietas.

--- Tudo bem, não tentarei te deixar melhor. –Sam disse.

  Ela não estava emburrada como ficaria antes se eu tentasse fazer com que ela não tivesse razão. Mas talvez fosse porque agora eu queria que ela tivesse razão, mas não podia dar a razão a ela.

--- Terei mesmo de ir a tal corrida. –Lamentei mais uma enfadonha vez naquela noite.

--- É, se não alguém vai te pegar. Sinceramente, Lottie, acho que isso é um exagero. Estão morrendo por antecipação por acharem que um louco qualquer vai matar vocês... isso não entra na minha pequena cabeça, onde as pessoas normais convivem com outras sem achar que a população restante que odeia elas pode matá-las a qualquer momento. –Sam resmungou.

--- Sam, ela não é uma pessoa normal. É uma psicopata. Quem iria querer matar tão adorável pessoa como eu? –Meu humor negro voltara... -Essa pessoa quer me atcar psicologicamente de todas as formas e ela não é normal. Já teve muitas chances de me matar, aposto, com toda a minha ignorância sobre a organização, antes... Mas não me matou, porque é um desequilibrado que prefere me ver amargar do que me ver morta.

 --- É verdade... –Sam ficou desapontada.

--- Bom, parece que essa corrida pode não ser tão ruim. As pessoas da organização tem um tipo de adoração por ela. Então, acho que, no mínimo deve ser legal. –Falei, sem interesse.

--- Acho que você deveria ficar feliz por ir. Afinal, se as chances desse maníaco te pegar, longe deles, é maior, então você vai ficar “segura” e ainda vai se divertir. –Sam continuou a comer. –Lá vai ter uma multidão de pessoas, e, a não ser que você se enfie num lugar deserto por lá, acho difícil te atacarem...

--- Não sei direito como vai ser essa corrida, mas, se eu não vou poder ficar sozinha, terei de ir com Peter. Terei de andar na moto. É, Peter tambémvai participar... isso é tão inimaginável, não acha Sam? –Eu sorri.

--- Com certeza é mais que isso. –Sam riu.

--- Mas terei de ir com ele na moto. Não ficarei sozinha a esperar a morte como todos fazemos diariamente. –Sorri. –Nem deixarei-o sozinho de moto por ai. Não quero morrer antes dele. Deus me livre...

--- Vou dormir, Lottie. Você vai agora? –Perguntou Sam, rindo da minha última frase.

--- Não, Sam. Ficarei aqui. –Eu disse. Queria ligar para Peter antes de dormir.

  Sam calçou seus chinelos de ratinho. Eram amarelados e nojentamente estranhos. Ela bocejou mais uma vez e foi até a cozinha jogar o pote vazio de sorvete no lixo. Escovou seus dentes e abriu a porta que dava para o quarto.

--- Boa noite! –Eu disse, antes que ela adentrasse o quarto. 

--- Boa... noite. –Sam disse, preguiçosamente.

  Peguei a minha caneta multiuso que sempre estava comigo agora. Peter dissera para mim, depois desta série de incidentes desventurosos, que eu devia andar sempre com ela. Ele disse que sempre saberia onde eu estaria e que a caneta seria muito útil nas horas mais inoportunas. Liguei para Peter. Deixei a caneta sobre o sofá e uma tela com um holograma de Peter estava, de repente, exposta aos meus olhos.

--- Charllottie! –Ele estava radiante. –Que bom que ligou. Eu amo você. –Ele disse, sem cerimônia.

--- Tudo bem, Peter... adoro como esta caneta é espetacularmente interessante. –Eu exclamei, provavelmente com o brilho de empolgação no olhar.

--- Tudo bem que eu diga “eu te amo” e você diga que a caneta é super interessante. E tudo bem que eu esteja muito preocupado com a sua saúde física e que você esteja impressionada com uma caneta que te dei a algum tempo para que você percebesse que a ama antes de agora. –Peter parecia estarrecido e estressado. Parecia e expressava isto.

  Não fiquei com vontade de dizer “desculpe-me”, mas fiquei com raiva de mim mesma, por, por um estante, nem ligar para a preocupação de Peter.

--- Me desculpe. –Ele, provavelmente vendo que meu rosto esboçava uma expressão culpada, recuou mais em seu ímpeto nervoso. 

  Peter baixou a cabeça, lentamente. Colocou a mão na testa esbarrando em seus cabelos louros, divinamente belos. Depois disto, olhou para a tela novamente. Seus olhos estavam a lacrimejar. Ele parecia ter limpado algumas lágrimas. “Aquele chorão.” Pensei, sorrindo.

--- Peter, não faça isso. Por favor. Eu amo você. Não quero te ver assim. Por que não me deixou ficar ai com você? –Perguntei, angustiada ao vê-lo daquela maneira deplorável a qual eu não era acostumada a vê-lo. –Me desculpe. Abaixei a cabeça ao ver que ele olhava para o lado, se mantendo de perfil para mim, sem voz.

--- Não se desculpe, Charllottie. Eu... só sou um idiota que não sabe o que fazer além de ficar chorando pelo leite derramado. –Peter estava a se martirizar, enquanto eu tentava controlar meu ímpeto de abraçá-lo.

--- Peter, por favor, cale essa boca se for falar de nossa morte quase inevitável. Não quero viver mais dez segundos, pra me lembrar de que espero a morte como se ela chegasse, obrigatoriamente, em breve. –Falei, ignorando, propositalmente o que ele fosse falar. Se eu não o fizesse, ele com certeza ficaria pior, então tentei ser firme em minhas palavras indóceis. 

--- Tudo bem, vamos... aproveitar. –Ele sorriu, sarcasticamente. 

  Peter estava, realmente, crente de que nós não teríamos chances. O rosto iluminado e radiante que eu via sempre antes de nos casarmos e depois daquele único dia em que tivemos paz, não aparecera mais em nenhum momento. O rosto lindo e amável que eu encontrar sempre diante de dificuldades, estava triste, melancólico e escuro. Parecia se esconder em seu medo. Parecia angustiado. Pesaroso... era muito penoso ver aquilo.

  Não queria sentir pena dele. Aliás, deveria sentir pena de mim. Quando estava sentido dele.
--- Peter... vai ficar tudo bem. Nem que não seja aqui. Que seja após a morte então. Vai ficar. –Falei as últimas palavras fracamente. Olhei triste para ele. Minha intenção não era mais ter esperanças, já que não estava adiantando. –Eu te amo. –Sorri, sinceramente aliviada.

  Peter recuperou um pouco de sua auto-estima, pelo menos estava menos constrangedor de se ver aquele rosto, agora menos angustiado.

--- Charllottie... quero ficar com você, então. Amanhã, esteja aqui, logo. Não quero mais perder o tempo que nos resta. –Disse ele, ainda um pouco pesaroso, porém com um sorriso levemente colocado em seu rosto sôfrego.

--- Até logo, Peter. –Eu disse, sorrindo.

  Ele desapareceu.

--- Ah! –Dei um suspiro enfadoso.

--- Olá, Charllottie. -Uma voz baixa assumiu um tom um pouco mais alto ao se dissipar.

  Virei-me, bruscamente. Quase tropecei em minhas próprias pernas de susto e surpresa. Levantei o olhar, rapidamente para o homem alto e barbudo que espreitava a porta do quarto de Sam. Olhei para ele, penetrantemente, sem querer ser intimidadora, porém tentando enxergar o que sua expressão estranha tentava me dizer, já que ele não pronunciava palavra alguma.

  Fiquei parada, olhando-o. Ele não se movia. Somente sua respiração emanava de si. Olhava-me, com um olhar simples e calculado, mas com certo pesar. Olhava-me por baixo e lentamente levantou o olhar, meio envergonhado. Ele não falava, então, senti-me obrigada a dirigir-lhe qualquer indagação que me fizesse saber o seu propósito até aqui, desconhecido.

--- Ah... –Comecei em tom brando, mas claro. Franzi as sobrancelhas e olhei-o, por cima. –Gustav... –Baixei um pouco o olhar, erguendo apenas uma sobrancelha. Fiz isso numa tentativa, frustrada, de fazer com que ele falasse o que queria, sem ter de perguntá-lo. –Quer me dizer algo? –Indaguei, então.

--- Na verdade, -Ele falou, lentamente se aproximando, a tocar a mesa, distraído. –Quero dizer muitas coisas interessantes a você, Charllottie.

  Gustav suspirou e olhou-me, atentamente. Ele levantou a cabeça, e ficou de perfil, a sorrir para si. Depois disto, olhou-me novamente, com atenção. Ele não falava ainda, porém, senti que havia muito a ser dito, então, sentei-me no sofá, balançando a cabeça afirmativamente para que ele então começasse a despejar suas verdades inconvenientes.


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