Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 82
Cap. 82: Verdade conveniente.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo foda. Muitas revelações. Valeu a pena escrever tanto. auhsahsuash



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--- Eu te amo. Como nunca amei alguém na vida, Charllottie. –Gustav olhava, friamente em meus olhos. Ele não os tirava da linha reta em que mantinham contato direto com os meus. 

--- O que... quis dizer? -Perguntei, ameaçadoramente.

  Falei como se dissesse; “Seu inseto,  não me faça perder tempo e diga logo o que quer ou eu vou arrancar sua garganta com os dentes.”

Gustav soltou uma grande e insípida gargalhada.

--- Estou apenas curtindo sua cara espantada, não estou a falar sério. –Gustav meu olhou e percebi que ele havia, realmente brincado. Mas não sorria.

--- Então, diga o que tem a dizer, rápido. –Ergui uma sobrancelha, agoniada com aquilo. Porém, ponderada como sempre.

--- Eu ajudei o seqüestrador de sua irmã. –Gustav dizia isso sem culpa ou hesitação. Mas parecia ter pensado muito antes de falar aquilo.

--- Termine. –Falei, agora sentindo uma pequena pontada de rancor que me invadiu a mente e os órgãos.

--- Bom, lembra-se, de quando sua mãe contratou um médico para te tratar em casa? –Gustav perguntou, olhando a mesa, depois olhando em meus olhos. 

  Ele ainda não tinha expressão alguma que me fizesse achá-lo abalado. O que me preocupava, pois não conseguia acreditar ainda no fato de ter convivido, todo este tempo, com ele me fazendo de idiota e ainda agir friamente. E pior ainda, Sam era a minha maior preocupação.

--- Sim, lembro-me bem. –Depois de falar, uma onda de recordações passou, bruscamente por meu subconsciente, me fazendo acordar em um turbilhão de pensamentos novos. Um deja vu estava me ocorrendo. –Oh,meu Deus!. Então... -Coloquei uma das mãos na cabeça, olhando-o, ainda meio desnorteada com o choque mental brusco que minhas pequenas partículas cerebrais haviam sentido. Como uma onda violentamente colossal. 

--- Sim, Charllottie, era eu. –Gustav agora fitava o teto, parecia negar com a cabeça, para si mesmo. Como se não acreditasse que tivesse feito aquilo. –A pessoa que te odeia me fez com que eu te deixasse mais debilitada, a cada visita que fazia. Eu sabia que você precisava urgentemente de um transplante, porém continuei a te envenenar com a quimioterapia, até que você ficasse tão débil, que morreria. –Gustav não me olhava nos olhos. Pelo menos, desta vez, para mim, era um sinal positivo. Ele não era um maníaco frio. Parecia se contorcer, por dentro, pelo que havia feito.

--- Você... –Olhei-o, pasma. –Precisa me detalhar melhor. –Não conseguia entrar no lado pessoal, porque meu senso de frieza e cautela não me permitia.

  Eu queria dizer para ele se afastar de mim por ter sido aquele crápula, porém eu queria saber, antes de tudo.

--- Antes de você ficar doente, o seu opressor já queria te matar. –Gustav continuou. –Ele só não sabia como fazer isso da maneira mais cruel possível, ainda. –Disse, olhando o chão, nervoso. –Então, deixou Joe e Bridget presos, enquanto decidia. Porém, quando soube que você ficou doente, ele logo pensou em te matar, dolorosamente. Matar-te aos poucos... –Gustav parecia não estar conseguindo continuar. –Mas não era o bastante para ele. –Gustav conseguiu pronunciar. –Ele, após te deixar débil e angustiada, pensou na maneira mais baixa e egoísta de fazer as coisas. Não sei, sinceramente, de onde um ser humano tira tanto ódio e crueldade para fazê-lo. –Gustav parou por uns três segundos. –Ele mandou Bridget, para te humilhar e te fazer sofrer, não aceitando o transplante dela com o seu orgulho. Com isso, ele te faria sofrer, calculadamente, fisicamente e psicologicamente. Faria até mesmo todos que você ama e que te amam sofrerem, mutuamente. Ele faria um inferno, na vida de cada um, no qual você ousou por os olhos e o coração. Feriria a todos, sem exceção ou casos particulares. Foi um homicídio de suas emoções e felicidade. –Gustav pareceu-me ter acabado boa parte do que ele tinha a dizer. 

  Um silêncio de quase um infernal minuto se fez na sala.

  Então, era ele! Todas as vezes que eu via aquele médico, eu o achava familiar! Eu sempre o achei familiar, na verdade, às vezes, eu até o confundia com todos os médicos a quem eu visitava. Então era isso...

--- Eu também sou da OSSPA. –Gustav disse, quebrando meus pensamentos em seu auge. –Sou um dos melhores médicos de lá. –Disse, olhando-me nos olhos.

--- Quem é ele? –Perguntei, sem titubear. Minha voz era meio trêmula. 

  Aquela era a questão. E eu estava a um passo de descobrir. Ou não...

  Um ódio corroia cada pedacinho de vida feliz que estivesse em meu corpo. Passava, como um solvente, aplacando cada pequena molécula de vida em meu sistema. Ele me corroia de uma maneira tão ardente, que se tornava prazeroso imaginar, como seria quando eu encontrasse a pessoa que o criou, o fez crescer e germinar, através dos poros, até se implantar, encarnando-se, tornando-se parte de todos os meus sistemas, efluviando de minha pele.

--- Sinto muito, não posso lhe dizer. –Gustav estava me olhando, deprimido. Agora seus olhos mostravam um grande pesar, vendo a minha fúria insuportável que parecia emanar. –Ele está com a minha mãe. Ele a mantém presa. Disse que só a soltará, quando eu fizer tudo o que ele quiser. –Gustav disse, ainda com pesar. –Mas eu te garanto... Eu vou pegá-lo. E quando eu pegá-lo... Eu vou te dar ele numa bandeja. Para que faça o que bem entender dele.

--- Ah, então o crápula disfuncional pega todos os nosso familiares para nos coagir... interessante. –Murmurei, dando pouca atenção a promessa de Gustav.

--- Sinto lhe dizer que, no começo ele não estava com ela. Fiz tudo o que fiz, porque quis. –Gustav afirmou, com precisão, porém ainda estava pesaroso.

  Olhei-o, com repressão.
--- Bastante interessante. –Na verdade, eu estava sendo sincera, porém com sarcasmo.

--- Eu era muito amigo dele... não podia abandoná-lo. Aliás, como um ser exímio da organização, não me importava de que carnificina participaria, seria divertido, se não fosse fazer mal a quem eu conhecia e convivia. Era um completo egoísta. –Continuou, ainda com pesar. –Mas Sam... –Gustav sorriu, estava inebriado e ainda pesaroso, foi incrível de se ver.

  Seus olhos cintilavam a luz da lâmpada azul para a qual ele olhava, como se estivesse viajando em algum lugar só dele. Os seus olhos eram cintilantes, bonitos, fixos. Fixos em algum ponto onde ele parecia enxergar o auge de algo bom.

---Ela me mostrou que havia mais do que eu. Mostrou-me que havia ela, você e as outras pessoas. Um dia, quando voltava à pequena casa que servia de abrigo fingido para que ninguém me encontrasse no hotel, tropecei com Sam, derrubando uns potes de geléia que ela levava para você. Ela ficou muito brava comigo. –Gustav sorria, mas parou depois de uns segundos. –Eu a olhei, achando-a linda, enquanto resmungava que iria ter trabalho fazer mais. Ofereci-me para fazer. Ela logo ficou interessada. Perguntou-me se eu era um alienígena por saber fazer geléia. Ela disse que não havia conhecido muitos homens que sabiam cozinhar... –Gustav não continou.

  Percebi que ele a amava, naquela hora.

  Tudo estava muito claro. Então... Gustav, com sua consciência pesada, resolveu se distanciar de Sam, naquela época em que ela e ele “deram um tempo”. Ele precisava deste tempo, para decidir, se continuaria com a mentira, e ficava com Sam, mentindo para ela. Se distanciaria-se, sem falar nada e a deixava apenas seguir sozinha. Se deixava a seu critério, contando a verdade e deixando-a decidir.E foi a última, a opção de Gustav. Deixá-la decidir, contando a verdade.

  Ele talvez achasse mais sensato contar primeiro a mim sobre isto, pois era minha vida que estava ali. Ele achou que seria muito mais justo, para começar sua penitência, contando-me a verdade. Mas ele sabia que iria ter de contar a Sam... e este momento chegaria logo. Logo após ele me contar.

--- Quando me apaixonei por Sam, fiquei louco. Minha vida era um verdadeiro inferno. Tudo que eu via em minha frente, era a angústia de saber que eu era a pior pessoa do mundo, e que eu a amava, assim. Ela não merecia aquilo. Por um tempo fiquei em silêncio, tentando, ao máximo, me convencer de que não a amava, de que era só mais uma garota. Até que isso foi bom, pois ele, –Gustav voltara a falar da pessoa que me odiava. Este, na verdade, já estava virando o seu nome. –também achava, assim, que eu não estava levando Sam a sério, pois, se achasse, me mandaria para o quinto dos infernos, pois ia estragar com seus planos. Quando ele percebeu que eu estava realmente interessado em Sam e que punha seus planos e risco, seqüestrou a minha mãe. E, antes que eu pudesse assumir para ele, que iria deixá-lo, deixar de ser seu capacho, para lhe contar a verdade, ele me contou que estava com ela, e que, se eu não fizesse tudo o que ele mandasse, ele a mataria, da forma mais dolorosa possível, além de não me deixar em paz para o resto de meus dias. –Gustav fez um sinal para que eu esperasse até ele falar, como se já soubesse o que eu ia perguntar. –Se vai me perguntar, porque então, estou te contando a verdade, digo-lhe, que foram ordens dele que eu te contasse, só agora. Eu ia lhe contar, quando ele pegou a minha mãe e não pude arriscar a vida dela. Ele... ainda está com ela. Ele me mandou que te contasse tudo, porém, ordenou-me que não lhe dissesse seu nome. –Gustav me olhou, esperando a minha reação.

--- Ah, então, ele quer que eu sofra mais ainda por antecedência, sabendo de tudo isto. Ele não perde a oportunidade... –Sorri, secamente.

--- Assim que comecei a ficar com Sam, ele aproveitou para mandar que eu a observasse, Charllottie, assim, era que ele ficava sabendo de tudo, pois colocar aquipamentos em sua casa, era mais complexo. –Gustav balançava a cabeça, negando para si mesmo, o que não podia evitar. Sam, de certo, nunca o perdoaria.

--- Gustav... eu sei que você deve estar preocupado com a reação de Sam, mas... dê um tempo a ela. Ela pode te perdoar, conheço ela. –Eu disse, sem deixar transparecer qualquer sentimentalismo na voz ou expressão. –Quanto a mim, não me peça isso. –Falei, em tom cordial. –Talvez, eu nunca o aceite de novo como alguém que posso viver perto de mim. –Eu disse, levantando-me do sofá e indo em direção ao quarto de Sam.

--- O que fará ai? –Gustav perguntou. 

--- Você não vai chegar perto dela, até dizer toda a verdade. Você não é confiável, agora.

Eu disse, virando o rosto e entrando no quarto de Sam. Tranquei a porta e jurei que ficaria quase a noite toda acordada, de vigia. Certo que, se Gustav fosse tão perigoso como eu imaginava, não estaríamos protegidas por uma mera porta. Mas eu precisava tentar. E rezar para que ele não o fosse.

--- Tudo bem. –Ouvi ele murmurar, baixinho, antes de entrar completamente no quarto.


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Notas finais do capítulo

õ/



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