Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 73
Cap.73: Chuva e casamento.




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Olhei para Peter, quando havia parado de prestar atenção nos rostos ansiosos que me fitavam, avidamente.

Ele estava simplesmente magnífico. Não havia nada demais em sua roupa para deixá-lo deste modo, mas havia em seu semblante. Ele parecia um Deus. Usava um terno preto bem normal e seu rosto estava incrivelmente feliz. Seus olhos azuis me fitavam, com uma espécie de alívio. Era como se ele estivesse bastante nervoso antes de eu chegar e naquele momento que ele meu viu, ele ter relaxado.

Com o início da marcha nupcial, andei, vagarosamente, até mais adiante, por isso estava visualizando melhor seu rosto.

Ele estava como qualquer noivo. De preto, bem normal. Seus cabelos loiros estavam soltos e esvoaçantes. Porém, agora estavam belamente encharcados. Vi que alguns fios caiam por seu rosto quando me aproximei mais. Aquilo o deixava com o seu ar natural de sempre, embora ele estivesse todo sofisticado.

Seu sorriso era bem visível agora. Os olhos se contraíam e eu nunca havia visto Peter com aquele semblante de amor antes. Parecia transbordar por seus olhos e boca a intensa alegria que ele sentia. Era como se ele a cada passo que eu dava sentisse que o paraíso estava mais perto, de tão iluminado que o seu rosto estava.

Ele estava verdadeiramente lindo. Tão lindo quanto um céu azul de um dia bonito.

Quando estava quase chegando ao altar, Peter me olhou, agora sério. Seus olhos penetrantes eram os mesmos do dia em que o conheci. Ele me olhava como se eu fosse a única coisa presente naquele lugar. A única coisa que realmente importava. Covinhas se abriam perto da sua boca com aquele sorriso fechado que ele dava. Um piano bem baixo começou a soar solenemente, antes que eu me acomodasse para começarmos a cerimônia. Ouvia o piano e via aquele rosto dele que me agradava como um bom perfume e me fazia ficar tão feliz em poder tê-lo para sempre perto de mim...

De repente, quando o piano parou, vi a garota. A garota que derramou lágrimas secas e tristes por minha causa. Uma garota inteligente e sarcástica que sempre achou que estava mais certa do que errada. Ou mesmo toda certa. Mas que, mesmo sendo assim tão difícil, me encantou pela sua sinceridade ao expressar seu rancor sem medo de represálias. Encantou-me por sentir uma das minhas maiores dores. E por amar o mesmo homem que aprendi a amar.

Ela estava atrás de mim, andando lentamente e eu não vira do onde tinha saído. Por isso não notei a sua presença.

Frida vinha de preto. Não me admirava nem um pouco aquela cena. Com certeza, ela quis provar o seu luto em contraste com ter aceitado vir ser a dama de honra em nosso casamento. Peter não escolheria outra pessoa se não uma das primeiras pessoas mais importantes de sua vida para estar ali, entregando os nossos laços. Também não me importava o fato de ela vir de preto. Sempre concordei com ela na parte de não ser cínica. Além disto, este casamento já tinha muitas excentricidades. Mais uma, e como aquela, só daria certo charme.

A chuva o regou com suas gotas geladas e mórbidas que o faziam parecer um velório em que todos estavam felizes com a desgraça alheia. A noiva, sem um acompanhante para entrar na igreja, também não era normalíssimo. E, uma dama negra, daria um ar introspectivo ao casamento. Estávamos felizes. Peter estava feliz. E era isso o que importava.

Quando chegou perto, Frida me olhou, atentamente. Ela ficou séria e eu também fiquei. Ela me olhou mais um pouco e, depois, me surpreendeu quando abriu um largo sorriso. Que não era falso. Mas também não era totalmente feliz. Ela demonstrava conformidade e aceitação, mas não felicidade. Mesmo assim, peguei em seu queixo, ao vê-la abaixar a cabeça após o sorriso, e beijei sua testa. Aquilo a deixou meio confusa sobre como agir, pelo seu rosto surpreso e depois enigmático. Mas ela não fez um escândalo e isso já era bom... Frida virou-se e se foi.

Seu vestido lentamente se arrastava pelo chão enquanto todos ao redor olhavam atentamente ela ir embora.
Enquanto o sacerdote falava as mesmas palavras de sempre, eu não prestava muita atenção. Ficava olhando para Peter e pensando que teria tanto tempo para ficar olhando para seu rosto e pensando... pensando...

–-- Ah... senhorita Charllottie Vanderwood! Aceita casar-se com Peter Uric? -O sacerdote me olhou, atentamente.

–-- S... Sim. -falei baixo, mas não inaudível.

Sentia-me assustada e confrontada por aquela pergunta enquanto eu estava devaneando com Peter. Mas chegara o momento e eu de repente me lembrara da angústia que a minha mãe passara depois de se tornar viúva. Isso porque o sim era o momento em que você escolhia aquilo para sempre. E a possibilidade de se casar sempre me arrepiava porque eu sempre pensava na hora do sim e lembrava do ocorrido com o meu pai e a minha mãe. Um arrepio me veio. Porém eu tirei forças de algum lugar e quis responder novamente.

–-- Sim. –disse eu, firme.

–-- Eu vos declaro marido e mulher. -Ele disse, fazendo com que os olhos de Peter brilhassem de excitação. -Pode beijá-la meu rapaz. -O velho rosado de bata preta sorriu.

Ele se aproximou de mim e me beijou. Foi o beijo mais leve e demorado que ele já havia me dado. Pareceu que nunca ia acabar. Pareceu que eu estava nas nuvens. Tão calmo... Tão amoroso.

–-- Peter, nós agora seremos eternos um para o outro. -disse.

Acho que estas minhas palavras o surpreenderam. Talvez porque fosse à primeira vez em que ele me visse demonstrar os sentimentos com flexibilidade e paixão. Minhas palavras foram ternas e absolutas. E ele sentiu a sinceridade e certeza com a qual eu as pronunciava.

–-- Aposto que sim. –disse aquele príncipe com um sorriso tão entusiasta e tímido que eu quase o beijei de novo.

Nós nos viramos e então a chuva finalmente cessou por uns dez minutos. Mas o céu ainda estava cheio de nuvens cinzas e o ambiente um tanto escuro e frio.

Olhei para todos os que estavam ali. Minha mãe, Sam, Joe, Bridget, Norma, Christopher, Jolie, Teddy... eu não conhecia o resto, porém, vi que todos estavam sorrindo de seu modo. E pensei que eu fosse um monstro por julgá-los mal. Pensei coisas absurdas. Pensei que a minha lógica talvez não fosse tudo no qual eu devesse acreditar.

Claro, que depois de alguns minutos, minha consciência voltou a ser sã. Eram apenas devaneios. Eu era Charllottie. Mais do que nunca. Havia me encontrado. No meio de tudo aquilo que eu havia construído. Não estava mudando. Estava refazendo novos critérios com base em velhos pensamentos.

Olhei-os, pensativa. Pensando que todos eles ainda teriam que me aguentar por muito tempo...

Entramos no carro, antes que chovesse mais e o silêncio misturou-se com as pequenas gotas de chuva que faziam um grande barulho.

Recostei-me no peito de Peter. Ele colocou seu braço em minha volta. Estava frio, mas eu estava aconchegada. O vestido tinha algumas anáguas que faziam-me sentir aquecida. Apesar de as minhas costas estarem um pouco descobertas, o pano do terno dele as aquecia enquanto eu enregelava com o ar condicionado do carro e pensando na chuva fria que lá fora caía.

Estava nos braços de algo parecido com um anjo na terra. Que estava disposto a fazer tudo que fosse possível para que eu não saísse de seu abraço de aço.


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