Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn
Estava uma linda lua cheia. Muito branca e redonda. Olhei a metade dela, pela janela. Estava sentada no chão, na frente do espelho, e a via pela metade.
Eu estava sentada na cama penteando os restos que me sobraram de cabelos. Eles estavam começando a cair incessantemente e eu estava preocupada. Nunca havia sido vaidosa, mas a ideia de ficar careca de assustava.
Em alguns pontos, meu couro cabeludo estava com pouquíssimos cabelos. Então passei a amarrá-los no alto de minha cabeça onde estavam presentes os “buracos”.
De repente, mamãe entrou em meu quarto.
--- Charllottie, tem certeza de que não posso te obrigar a ir no hospital? –Ela perguntou.
--- Não. Eu morrerei aqui. –Disse eu, emburrada. –Sabe que ninguém pode fazer nada para obrigar ninguém. Principalmente um moribundo... Conhece as leis...
--- Então eu terei de pelo menos chamar um médico exclusivo. –Ela colocou a mão na cabeça. –Como você é problemática!
--- Mãe... Eu...
--- Está bem, está bem, filha... Nada de hospital... –Ela ficava mais aturdida.
--- Mãe... Eu... Não quero...
--- Filha, eu já disse que está tudo bem. –Ela quase gritou e sua expressão estava agravada.
--- Sim. –Eu disse, retraída.
--- Mas quando você ficar desacordada, sua teimosa, eu irei te levar. –Ela disse, em palavras pausadas e com um rosto que em deu medo. –E... Eu já vou, preciso cuidar de umas coisas.
Quando ela o disse, eu presumi que as coisas fossem me arrumar um médico particular.
Fiquei em silêncio, porque era o melhor que eu faria.
De repente, enquanto eu suspirava da tensão que tinha acabado de passar, ouvi novamente o barulho da porta.
Peter entrou, com toda a sua leveza. Sem fazer barulho na porta, ou ao pisar.
Vi-o no espelho, com uma blusa vermelha que realçava seu rosto branco. E a gola da blusa realçava seu rosto anguloso.
Fechou a porta, lentamente e me olhou, com um olhar preocupado.
--- Olá... –Ele disse, jogando para mim uma maçã que eu não distinguia de onde havia tirado.
Estendi a mão para pegá-la. Era tão vermelha e límpida em sua cor, que chegava a reluzir fracamente.
--- Tire isso daqui... –Eu disse com ar repugnante.
Eu era uma pessoa repugnante as vezes. Agora eu era sempre.
--- Você não gosta? –Ele me olhou, espantado. Sorriu levemente. Com sue sorriso perfeito.
Até parecia que ele vinha de uma terra onde as maças eram sagradas, com aquele olha devoto à maçã.
--- Não. –Disse, com tom óbvio.
Continuava sentada no chão olhando-me no espelho e me divertindo, apesar de tudo, com aquela cena, meu vestuário, meu rosto morto. Meus cabelos mortos...
Enquanto isso, Peter aproveitava para sentar no chão junto a mim, me deixando estranha.
--- Meu Deus! E quem não gosta de maças? –Ele falou, com ironia. Estava apenas zombando e rindo de mim.
--- Eu. Muito bem, agora todos têm que gostar de maças? –Eu disse, calmamente enquanto em virava para não ver seu lindo rosto zombeteiro
--- Todos que eu conheço gostam. Eu gosto muito.
--- São só... Bonitas. Na verdade, não acho que tenham um gosto específico. São tão... Insípidas.
--- O gosto é bom e são lindas. –Peter continuava a me contradizer.
--- Hm.
--- Você não acha que a maçã tem um alto teor artístico?
--- Acho, mas...
--- Vocês querem parar de falar de maças?! – Uma voz feminina e fina ecoou em meus ouvidos. –Traga macarrão, da próxima vez. Macarrão, garotão. –Sam disse. E depois ficou ponderando sobre a riam inútil.
Peter pegou a maçã, que eu ainda segurava distraída e deu uma mordida.
No silêncio absoluto, aquilo fez um barulho estridente. O suco da maça escorreu pelas saliências. Eu e meu senso detalhista...
E Peter estava esplendorosamente iluminado pela luz fraca da lua, que iluminava a sala no centro, por meio da janela. Ele mordeu com vontade e esta vontade estava deixando a mim e a Sam, hipnotizadas.
--- É, maças podem ser boas. –Sam disse, com um olhar engraçado para o Peter.
--- Então, o que veio fazer aqui, cavalheiro Peter Uric? –Ela se recompôs e perguntou, zombeteiramente.
--- Nada do seu interesse, criada. –Peter disse, sem muito entusiasmo, mas muito sério.
--- Há há. –Foi bom ver a cara de imbecil dela. Meu mal humor só piorava.
--- Então, o que veio fazer aqui, Peter? –Eu perguntei, por fim ganhando a competição de quem era pior piadista.
--- Tenho notícias.
--- Notícias? –Como uma idiota cotidiana, perguntei.
--- Sim.
--- Diga logo.
--- Você me disse que Joseph Baker tinha uma casa na Holanda, certo?
--- Sim. – Assenti.
--- Bom, eu tenho uma teoria, mas ele é bem fraca e não podemos confiar de todo nela.
--- Por quê?! –Sam perguntou.
Peter ficou calado pro alguns instantes.
--- Acho que Joseph está nessa casa. E... Como não há motivos aparentes para ele ter ido embora de repente, só posso presumir que ele está sendo forçado a estar longe de você, Charllottie. Mas ele precisaria de uma pressão muito propícia. E, se alguém o quer longe e está o pressionando, seria melhor para ele que não ficasse por perto. Que Joseph não o visse. Que não soubesse sua identidade, pois assim ele ficaria vulnerável. Isso me leva a crer que ele está na sua casa, pois é um lugar onde quem o está pressionando quer que ele fique. Porque este é um lugar de onde não poderiam tirá-lo, porque é seu. E é um lugar longe de quem o está pressionando, mas onde quem o estaria pressionando pode manter os olhos nele. Um lugar fixo. Além disso, quem o procuraria na sua casa, sendo que ele está como desaparecido?! Ele desapareceria e iria para a sua casa? É muito óbvio. A polícia não o procuraria lá. No mínimo a polícia já decidiu que ele fugiu com a sua irmã...
Sam e eu ficamos caladas pro alguns instantes. Estávamos absortas naquela teoria fantástica.
--- O que foi? Digam algo. –Disse ele, quase preocupado.
--- É razoável. –Disse eu.
--- Mas e agora? –Sam perguntou...
--- Alguém vai pra Holanda buscar Joseph desacordado num avião particular. –Ele disse, despreocupadamente.
--- O quê?! –Sam disse olhando ele com uma cara de: “Eu sempre soube, que ele era completamente pirado” E depois, ela me olhou com um ar polêmico de: ”Eu avisei!”
Eu apenas revirei os olhos, com nenhum entusiasmo de responder.
--- Era brincadeira. –Ele disse, rindo nervosamente.
--- Qual parte era brincadeira? –Sam perguntou, quase engolindo a fala dele.
Ela parecia ter descoberto, depois daquela teoria, e daquela brincadeira totalmente “três espiãs demais”, que ele era mais estranho para ela do que nunca.
--- A de trazê-lo desacordado.
--- Ah. –Ela disse, respirando novamente, depois de prender o fôlego.
--- Alguém vai ter que fazer isso e eu não vai ser eu, porque Charllottie tem uma dívida comigo de não prejudicar nenhuma parte viva dela e eu não posso apenas acreditar que ela não o fará. Tenho que estar aqui, para ver.–Ele disse, sorrindo e dando outra mordida na maçã.
--- Mesmo?! Que ótimo. –Disse eu, revirando os olhos, pela quadragésima vez naquela noite.
--- Está bem, príncipe encantado comedor de maçãs, eu estou no avião, na maior furada da minha vida, por sua causa e da sua lady encantada.
--- Leu meus pensamentos! –Ele sorriu, quase fechando os olhos. –Você vai! –É a sua vez! –O príncipe pronunciou as últimas palavras da noite, comendo o último pedaço de maçã da noite. E tudo que restou, foi a secura e morte, daquela maçã, acabada.
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