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Kyrkje
ID: 87343
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  • 17/05/2011


  • Sou ansiosa, muita ansiosa. Começo a suar frio quando tenho que conhecer pessoas e pareço ser uma garota "sem sal" perto de quem não conhece.

    Queria poder ser mais aberta, mas a situação da minha vida não me ajuda muito.

    Gosto de conversar, gosto de ter amigos, mas não sei como conversar e tampouco como ser amiga. Minha mente atrofiou-se depois de tanto me fechar para o mundo.

    Sou uma pessoa de sonhos apodrecidos. Queria que eles fizessem-me feliz da mesma forma que eles me faziam há 3/5 anos atrás. Infelicidade alastrando-se pelas poucas coisas que ainda restam em mim da mesma forma que o bolor estraga uma fruta. Não sei mais qual caminho devo seguir. Estou vivendo de forma infeliz, atualmente. Mas de qualquer maneira, espero que não tenha que abandonar totalmente os meus sonhos para seguir algo que não gosto. Ai, que raiva, que tristeza, que saudades dos tempos antigos! Idiota fui eu, que em meio a momentos tão bons os desprezei como se fossem lixo. Agora como o pão que o diabo amassou. Que raiva, que raiva, que raiva! Se pudesse, cavaria uma cova e enterraria-me viva. Pois morto meu coração já está, mas ele ainda só tarda a parar de bater. [....]

    Não consigo me imaginar com quinze ou dezessete anos. Estarei diferente, ou a vida estará a mesma porcaria? Estarei viva até lá?

    Por ter desistido de todos os meus sonhos, hoje vivo consciente de que tudo que outrora imaginei ser esbanjado pelo luxo será um belo fracasso. E se não for, morrerei trabalhando em prol de algo que não gosto e que não me faz feliz em todas as maneiras. Ah, não sei o que de mau fiz para merecer tudo isso, toda essa falta de apoio das pessoas que mais deveriam ter me apoiado... Mas sou idiota por esperar apoio dos outros! Por que sou tão dependente? Eu só queria poder ser feliz e viver a vida da forma que eu quis: humilde e sem preocupações. Maldito seja tudo isso! Vivi tantas expectativas para ver tudo que almejava escapar como areia pelos vãos dos meus dedos.

    Cansei, cansei! Só quero ir embora, ver a chuva cair na rua e molhar-me com ela, esperando que em sua intrépida simplicidade ela possa molhar não só meu corpo, mas levar toda essa angústia junto com sua água gélida e que bate impacientemente contra minha pele.

    Quero sonhar, não ser feliz. Mas, infelizmente, nem sonhar posso mais. Essas inúteis grades da minha alma impossibilitam-me de fazê-lo. Maldição! Estou cansada, só quero ir dormir calma e sem ter nada para pensar. Legal, mais uma noite perdida em 7 dias.

    Queria ver a minha família, abraçá-los e sentir o cheiro de tê-los junto de mim. Esse contato, no entanto, está privado apenas àqueles que têm sorte, ou seja, por isso que estou aqui escrevendo esse inútil texto esperando que ele vá me fazer melhor. Hoje é aniversário de Tia Zezé. À esse horário devem todos estar cantando parabéns ou talvez não. Minha família toda de parte de mãe (a única que considero como família. Não gosto de nada que provêm de meu pai) está reunida em um buffet. Todos felizes, reunidos. E eu aqui vestindo apenas uma calça de tecido fino e sutiã, anestesiada contra qualquer sentimento de discórdia e apenas encarando aos copos que logo terei de deixar na pia. Podia estar lá, conversando com as pessoas que amo; mas não, o destino é tolo e traidor. Ele não me quer perto da minha própria família.

     Hoje só estou aqui pois eu larguei meu último sonho: Ser escritora. O primeiro era ser pianista, mas como não tinha um piano eu não pude me formar.

    Hoje conheci uma escritora. Ouvi-a contar sobre seu livro e a admirei. Perguntei-me o motivo de não poder ter a mesma inspiração como ela, não poder ser feliz como ela. Amaldiçoei-me. Eu queria ser como ela, mas não era mais feliz através da escrita, embora eu a amasse mais do que tudo.

    Quando cheguei em casa, ouvi uma breve discussão entre o meu pai e minha mãe (ambos divorciados) e quase desabei a chorar. Estava nervosa e sem esperanças em encontrar o meu próprio caminho, a dor de cabeça causada pelo bendito ar-condicionado do carro do meu pai estava me matando e eu só queria chorar, tomar um advil e dormir.

    Pois é, sofri por 43.800 horas em 5 anos para ver meu sonho deteriorar-se dessa maneira. Estou triste e sem nenhuma vontade de viver, talvez porque o meu sonho era o que mantinha-me viva.

    Enfim, é isso. Eu só queria desabafar para o ar aquilo que ninguém será capaz de ouvir e nem ouvirá. Não são capazes de entender a minha dor e minha mãe, caso falasse sobre isso com ela, certamente diria: Nossa, que bobeira, Juliana!

    Tchau, até amanhã... Ou não.



    LenkoKagamine mudou seu nome para Kyrkje04/05/2013