O meu corpo em suor. A minha respiração acelerada. Era a décima vez que eu acordava esta noite. Será que nunca mais consigo achar o sono ? Os meus pesadelos eram sobre pena, dor e sofrimento. Mas através dessa escuridão na qual eu me afogava, alguém sempre me estendia a sua mão. Um rapaz. Ele. Nunca pude esquecer-me do seu olhar. Os meus pesadelos eram cheios de tristeza, mas meus sonhos eram cheios de memórias felizes. Dos nossos risos. Das nossas brincadeiras. Dele. Em nove anos, o seu nome nunca saiu da minha memória. Amanhã de manhã eu irei embora. Irei abandonar mais uma casa. Irei de avião, depois de taxi. Eu irei voltar a vê-lo. Magoa quando penso no passado. Anseio quando penso no presente. Mas tenho medo quando penso no futuro. Será que ele é o mesmo ? Será que ele esqueceu-se de mim ? A minha cabeça está cheia de perguntas. Olhei para o relógio. 6H30. Já não há tempo para hesitar. Eu respirei fundo.

— Está quase, murmurei.