Sabe aquele momento em que você não sabe como se tornou a pessoa que você é?

Acho que a maioria das pessoas não sabem, e eu sou uma delas. Percebi um dia desses quem eu realmente sou, ou talvez eu não saiba ainda de verdade quem eu realmente sou. Então, em um dia onde tudo estava lindo pelo lado de fora, e feio por dentro, meu melhor amigo me disse:

— Você não entende? Você conhece todo mundo, e todo munto te conhece, menos você mesma.

E depois disto, eu comecei a pensar: quem sou eu?

Bem, não sei realmente se é algo exclusivamente meu, ou se vai haver alguém que se identifique, mas eu sou uma pessoa observadora. Observar é bom, mas sempre não. E era isso que eu estava fazendo. Invadindo os corações alheios, lendo seus pensamentos e gestos para ajuda-las. Eu pensei que estava aprendendo e ajudando, mas na verdade eu estava me afastando, e desaprendendo sobre “ser eu mesma”. Todos nós temos a nossa própria essência, algo só nosso, mas na maioria das vezes acaba se perdendo no canto mais escuro da nossa alma. E quando você menos perceber, está perdido também, tentando ajudar tudo e a todos, mesmo não conseguindo ajudar a pessoa mais importante, você mesmo.

E então eu cheguei a conclusão: como posso ajudar alguém, se não consigo ajudar eu mesma?

Como?

Isso me deixou pior. Eu não culpo meu melhor amigo por ter ficado assim. Eu apenas pensei demais. Esse sempre é o problema. Eu penso demais, e acabo chorando demais. Até perceber que eu posso voltar a me conhecer — confesso que ainda estou tentando. Eu posso ir na parte mais escura da minha mente, e me salvar. Porque, se eu não lutar contra os meus demônios, que vai lutar?

Descobri que não posso lutar nas batalhas alheias, não posso salvar pessoas, se ao menos não tiver lutado a minha, para então poder dar as direções corretas.